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3 2 A COMPETENCIA DOS TRIBUTOS DA UNIÃO

Assim, relativamente aos Impostos da competência da União, dispõe o artigo 153, da Constituição Federal:

“Art. 153. – Compete à União instituir impostos sobre:

I – importação de produtos estrangeiros;

II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III – renda e proventos de qualquer natureza; IV – produtos industrializados;

V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI – propriedade territorial rural;

VII–grandes fortunas, nos termos de lei complementar;

§ 1º. – É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e VI.

§ 2º. – O imposto previsto no inciso III – será

informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da

lei;

§ 3º. – O imposto previsto no inciso IV:

I – será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante

cobrado nas anteriores;

III – não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

§ 4º. – O imposto previsto no inciso VI terá sua alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.

§ 5º. – O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita- se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do caput deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:

I – trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem; II – setenta por cento para o Município de origem.”

O Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros consiste no tributo que recai sobre as mercadorias de procedência estrangeira e destinadas ao consumo do país, tendo, pois, como fato gerador, a entrada destes produtos em território nacional.

A base de cálculo do imposto é: I – quando a alíquota for específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II – quando a alíquota for ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no país; III – quando se tratar de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação.

Ressalte-se, ainda, que o Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

Por fim, como contribuinte do Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros, da competência da União, tem-se: I – o importador ou quem for, por lei, equiparado à ele; II – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

No que tange ao Imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados, trata-se de um tributo que recai sobre a saída da produção, é a cobrança de um tributo que incide sobre as mercadorias encaminhadas para a fora do País que as produziu.

Para o direito público brasileiro, exportar consiste em enviar mercadorias para o estrangeiro, pagando para isso uma certa contribuição ao fisco, que é o imposto de exportação.

O fato gerador de tal imposto é a saída dos produtos nacionais ou nacionalizados para fora do país de origem, tendo como base de cálculo: I – quando a alíquota for específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II – quando a alíquota for ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.

Ressalte-se, ainda, que a entrega é efetivada no porto ou lugar de saída do produto.

De igual forma, como ocorre no imposto previsto no inciso I, o Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

O contribuinte do imposto de Exportação é o exportador ou quem, a ele, a lei equiparar.

Vale, ainda, a ressalva no sentido de que, o referido imposto deve ser utilizado de forma cautelosa, já que a regra que impera em âmbito internacional, é a exportação de produtos, e não de impostos, o que, por sua vez, bloquearia o País no comércio internacional.

No que diz respeito ao imposto sobre a renda, ou proventos de qualquer natureza, previsto no inciso III, do mesmo artigo 153, encontra-se, ainda, regulado nos artigos 43 a 45 do Código Tributário Nacional.

“o produto anual de propriedades urbanas e rurais

dadas em aluguel; de exploração comercial e industrial; da aplicação de capitais em títulos ou empréstimos de ordenados, subsídios, emolumentos, gratificações, pensões e remuneração de serviços sob qualquer título e forma contratual.

É este o conceito de renda na esfera fiscal.

Falando num sentido, a renda (que difere de patrimônio) deve representar uma nova riqueza, uma riqueza que antes não existia, e que se vem produzindo de mão, derivada de uma energia produtiva, com a qual a própria riqueza está em relações de interdependência. Assim, pois, a renda para se produzir supõe uma fonte produtora, que pode ser um capital material ou capacidade individual. Na renda pode estar contido o lucro, sendo este uma das parcelas que constituem aquela; mas é preciso reconhecer que as suas naturezas são diversas. Produzido o lucro, pela maneira que lhe é própria, este passa automaticamente a constituir a renda. Lucro e renda têm de comum é que ambos são fatores de riqueza, embora diversas sejam as suas naturezas.”.72

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O Direito Tributário preocupa-se, especialmente, com o conceito de renda, uma vez que tal conceituação é-nos fornecida pelo legislador, segundo os critérios da legislação tributária própria.

Ressalte-se, todavia, que a competência preceituada pelo inciso III, além de recair sobre a “renda”, recai, também, sobre “proventos de qualquer natureza”, que significa, além da renda já conceituada, os demais ganhos do trabalho, ou melhor, ganhos do servidor público.

O imposto de renda importa muito ao mundo moderno, inobstante todas as especulações e discussões a seu respeito. Fundamenta-se, tal alegação, na função econômica e social que ele exerce, impedindo, inclusive, de desarticular a estrutura da democracia social. Mesmo porque, o Imposto de Renda é um imposto arrecadatório e representativo da justiça fiscal distributiva.

Com relação ao imposto sobre produtos industrializados, previsto no inciso IV, do artigo 153, da Constituição Federal – IPI, veio este a substituir o antigo imposto de consumo, pelo Decreto-Lei nº. 34/66.

Considera-se produto industrializado aquele que se submete à uma mudança na sua natureza ou na sua finalidade, aperfeiçoando-se para o consumo, sem contudo, alterar- lhe a sua essência.

Como fato gerador do referido tributo, tem-se: I – o desembaraço aduaneiro do produto, quando a sua procedência é estrangeira; II – a sua saída dos estabelecimentos; III – a sua arrematação quando abandonado ou apreendido e levado a leilão.

A base de cálculo do referido imposto é: I – quando tem por fato gerador o desembaraço aduaneiro, o preço normal, acrescido do montante: a) do imposto sobre importação; b)

as taxas cobradas para a entrada do produto no Brasil; c) dos encargos cambiais pagos pelo importador ou dele exigidos; II – no caso de ter como fato gerador a saída do estabelecimento: a) o valor da operação de que deriva a saída da mercadoria; b) na inexistência do valor, o próprio preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente; III – no caso de arrematação, o próprio preço da arrematação.

Os contribuintes do IPI são: I – o importador ou a pessoa a este equiparada pela lei; II – o industrial ou a pessoa a este equiparada por lei; III – o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes mencionados no item II; IV – o próprio arrematante dos produtos apreendidos ou abandonados, quando levados a leilão.

Por natureza jurídica do Imposto sobre Produtos industrializados, considera-se o referido imposto como sendo arrecadatório, e, subsidiariamente regulatório.

WAGNER (1982, p.231 – 232), a respeito da matéria, entende que:

“O que determina a natureza de um imposto? A meu ver, é o fenômeno econômico por ele onerado. Ou, se for o caso, o fato ou hipótese que, praticada pelo contribuinte, implica a obrigação de satisfazer a prestação fixada em lei para com a Fazenda Pública competente.

Qual é o fenômeno ou a operação econômica onerada pelo IPI (o elemento material da hipótese de incidência)? É a produção – a industrialização – de mercadorias. Ao tratar do fato gerador do IPI, mais adiante, far-se- á melhor destaque da diferença entre operação tributada e o fato integrante dessa operação,

escolhido pelo legislador para caracterizar a ocorrência da hipótese de incidência. No IPI, o fenômeno econômico tributário é a industrialização e o fato que revela em definitivo a sua prática é a saída do estabelecimento industrial ou a ele equiparado. Repetindo: o IPI é imposto que recai sobre a fabricação – sobre a produção – de mercadorias industrializadas. É imposto sobre a produção; sobre o fenômeno econômico da produção; sobre o valor econômico de mercadorias sujeitas a processos industriais de produção em sua movimentação para o consumo.”

§3º O imposto previsto no inciso IV:

I – Será seletivo, em função da essencialidade do produto.

O texto comanda que o Imposto sobre produtos Industrializados seja seletivo. Isso quer dizer que deverá haver variação de alíquota em função da essencialidade do produto, de sorte que a alíquota maior incidirá sobre os produtos menos essenciais para a vida e o bem-estar das população.

II – Será não- cumulativo, compensando-se o que for devido em cada oposição com o montante cobrada nas anteriores.

A não- cumulatividade será impedir a chamada tibrutação em cascata, que onera sobremodo o preço final do produto. De fato, posto de lado o principio da não cumulatividade, o imposto incide sobre o próprio tributo já pago em operação anterior, ocorrendo a

sobreposição de incidência e a piramidizaçãodo mesmo (Cr. Ruy Barbosa Nougueira, Direito Tributário, Cit,. p.94)

III – Não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

Entende-se portanto, que há imunidade nas exportações de produtos industrializados no país.

No tocante ao imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários – IOF, previsto no inciso V, do artigo 153, tem-se por operações de crédito, câmbio e seguros, todas aquelas operações efetivadas pelo sistema financeiro, securitário e cambial.

O fato gerador das operações de crédito, pelo artigo 63, inciso I, do Código Tributário Nacional, é a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante do valor ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado.

Quanto ao fato gerador das operações de câmbio, prevê o artigo 63, II, do Código Tributário Nacional, a sua efetivação pela entrega da moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este.

Já no tocante às operações de seguro, o fato gerador é a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável, conforme preceitua o artigo 63, inciso III, do Código Tributário Nacional.

Por fim, o fato gerador das operações relativas a títulos e valores mobiliários, é a transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável, tendo em vista o disposto no inciso IV, do mesmo dispositivo legal.

A base de cálculo prevista para o IOF encontra-se prevista no artigo 64, do CTN. Assim, a base de cálculo para as operações de crédito, incide sobre o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros (artigo 64, I).

A base de cálculo das operações de câmbio, incide sobre o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição (artigo 64, II).

Quanto às operações de seguro, a base de cálculo incide sobre o montante do prêmio (artigo 64, III).

Por fim, quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a base de cálculo incide: a) na emissão, sobre o valor nominal, mais ágio, se houver; b) na transmissão, sobre o preço ou o valor nominal ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei; c) no pagamento ou resgate, sobre o preço.

É também da competência da União, instituir o ITR (Imposto sobre Propriedade Territorial Rural).

O fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, mediante definição dada pela Lei Civil, em local fora da zona urbana do município; tendo como base de cálculo, o seu valor fundiário – a propriedade objetivamente considerada.

O contribuinte do Imposto sobre a Propriedade Rural é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título, ressaltando que o

possuidor indireto (v.g., o arrendatário), não é elevado à condição de contribuinte do referido imposto, a não ser que haja transferência deste encargo mediante contrato.

O ITR, ao lado dos outros dois impostos patrimoniais previstos na Constituição Federal de 1988, tem natureza regulatória e patrimonial. Além disso, tem também uma finalidade extrafiscal de política econômica agrária, mais do que instrumento regulatório.

Segundo Pinto Ferreira, o imposto de Propriedade Territorial Rural (ITR), previsto no artigo 153, 4º, disciplina uma modalidade de reforma agrária mediante a tribulação sobre propriedades improdutivas. Deverão ser fixadas alíquotas progressivas desestimulando o proprietário de mantê-las em seu poder ou contribuir com a improdutividade.

O inciso VII, do artigo 153, da Constituição Federal, prevê, ainda, como competência da União, a instituição do Imposto sobre grandes fortunas, nos termos da lei complementar.

Vale salientar, contudo, que, tendo em vista a subjetividade da extensão da “fortuna”, o referido imposto tem uma abrangência perigosa, muito embora seja, na sua essência, um instrumento complementar do imposto de renda.

O artigo seguinte, da Constituição Federal, alarga a competência impositiva da União,

in verbis:

“Art. 154. – A União poderá instituir:

I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não

tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

II na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais são suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.”

O dispositivo legal acima transcrito trata do que se denomina competência residual, no inciso I, e dos impostos extraordinários, no inciso II.

Acerca da competência residual da União, trata-se de um mecanismo de evitar a bitributação, ou seja, evitar que coexistam tributos, da mesma espécie, por parte de duas entidades distintas de direito público.

No que tange aos impostos extraordinários, também da competência da União, em casos de guerra externa e na sua iminência.

O fundamento dos impostos extraordinários é ilustremente assinalado por FERREIRA (1989, p. 422):

“Por ocasião de uma guerra os aumentos das despesas públicas são enormes, especialmente com a compra e o armazenamento de materiais bélicos, no País e também no estrangeiro, que geram lucros, por vezes, incomuns, para firmas intermediárias e fornecedoras, que devem ser tributados especialmente.”

O artigo 155, da Constituição Federal, sob a epígrafe “Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal”, estabeleceu-se a competência dos Estados e do Distrito Federal para instituir impostos, quando diz:

“Art. 155. - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I – transmissão ‘causa mortis’ e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que sobre as operações e as prestações se iniciem no exterior;

III – propriedade de veículos automotores; § 1º. – O imposto previsto no inciso I:

I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal;

II – relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;

III – terá a competência para sua instituição regulada por lei complementar:

a) se o doador tiver domicílio ou residência no exterior;

b) se o de cujos possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;

IV – terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal.

§ 2º. – O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

I – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

II – a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes;

b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

III – poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;

IV