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3. RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.1. O Universo dos trabalhos encontrados

3.1.7. A distribuição dos trabalhos por Orientadores e Grupos de Pesquisa

Para nortear a leitura desse tópico é importante que se saiba que, por Grupos de pesquisa, tomam-se aqueles cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (CNPq, 2013). Segundo essa instituição, trata-se de um grupo de pesquisadores, estudantes (bolsistas ou alunos voluntários) e pessoal de apoio técnico com envolvimento permanente com a atividade de pesquisa, organizando-se em torno de temas aglutinadores de estudos científicos, as conhecidas Linhas de Pesquisa que articulam e fomentam projetos que guardam afinidades entre si (CNPq, 2013).

Conforme discussão iniciada a partir das tabelas, principalmente, a partir das tabelas 9 e 10, quando pensada em termos de sua distribuição por orientadores a produção tende a ser considerada dispersa. No total, foram encontrados 1.514 diferentes orientadores para os 2.953 trabalhos, sem incluir aqueles que apareciam listados como co-orientadores27.

27 330 trabalhos foram fruto de co-orientações, desses, somente o primeiro nome apresentado na lista dos orientadores foi contabilizado.

TABELA 10 – Distribuição das pesquisas segundo número de trabalhos orientados por orientador. N.

TRABALHOS N.ORIENTADORES TOTAL

1 936 936 2 308 616 3 102 306 4 63 252 5 33 165 6 27 162 7 9 63 8 6 48 9 8 72 10 3 30 11 9 99 12 2 24 13 1 13 17 2 34 18 1 18 20 1 20 27 1 27 22 1 22 46 1 46 TOTAL 1.514 2.953

Algo importante a se destacar é que a penúltima linha da tabela acima (última linha branca) se refere ao número de trabalhos cujo nome do orientador, ou orientadores - no caso de co-orientações - não foram disponibilizados. Isso nos remonta à hipótese de um subpreenchimento dos dados requeridos (e disponibilizados) pela Base CAPES e possível viés quanto à realidade frente ao número de trabalhos orientados por um mesmo orientador no período de tempo estudado. Vale, contudo, lembrar que os professores pesquisadores recém-incluídos em Programas de pós- graduação podem, ainda, não ter tido tempo de consolidar sua produção, contabilizada a partir dos critérios de avaliação dos programas instituído pela CAPES.

Através desses achados, ao mesmo tempo em que se nota uma larga extensão da temática, questiona-se o nível de aprofundamento possibilitado. Acredita-se que

esse quadro assim colocado favorece que a questão das juventudes seja discutida/desenvolvida amplamente, porém, sem um aprofundamento maior, uma vez que pouco se dá continuidade às pesquisas pelo viés de um mesmo orientador. No entanto, sugere-se uma investigação mais minuciosa para averiguar a distribuição desses orientadores junto às universidades, bem como junto aos grupos de pesquisa nos quais se encontram inseridos, dando real dimensão da dispersão ou não desse conhecimento em termos de polos de desenvolvimento de pesquisas sobre a temática.

De forma geral, salienta-se como um dos possíveis caminhos a seguir em continuidade a essa pesquisa seria uma investigação mais minuciosa acerca das trajetórias acadêmicas daqueles que têm se debruçado sobre a temática da juventude, em função do número de trabalhos produzidos ligados à temática. Haveria, ainda, a possibilidade de um estudo analítico acerca das mudanças de trajetória e/ou quais são os principais motivos que afastam a temática de marcar, mais fortemente, a presença nos programas de doutorado. Uma outra hipótese quanto à distribuição dessa produção pode ser retomada à luz da discussão proposta por Sposito (2009) de que, muitas vezes, a dispersão da produção centra-se na acolhida de temáticas propostas pelos orientandos e que nem sempre se aproximam das áreas de interesse e investimento por parte desses orientadores, que abrem concessões.

Caberia ainda, nesse ponto, introduzir a questão de Sposito (2009, p.40) acerca da necessidade de um auxílio a esses pesquisadores na soleira dos processos de pós- graduação, na direção de se promover o entendimento de que “suas dissertações e teses são parte de um projeto de produção de conhecimento que não se esgota em um único texto”, constituindo, assim, uma perspectiva para o debate mais amplo acerca dos rumos, possibilidades e desafios que constituem o cenário da Pós-graduação na realidade nacional junto à temática em debate.

Para Brandão (2005), a ênfase excessiva na originalidade das produções tem contribuído para a fragmentação das pesquisas, podendo acarretar em superficialidade da mesma. Diante disso, caberia a investigação de estratégias de articulação possíveis

ao estabelecimento de eixos de diálogo, no intuito de fomentar o debate, a articulação e a co-construção da/na produção intelectual.

Acredita-se nessas discussões enquanto agentes de conscientização dos desafios pelo caminho acadêmico e, que, como tal, podem levar a um amadurecimento dos esforços investigativos, tanto no que diz respeito ao delineamento de objetos e metodologias quanto dos próprios objetivos a que se propõem. Dessa forma, desenvolvidos os trabalhos em maior quantidade e qualidade, aumenta-se as possibilidades de que temáticas ainda incipientes ocupem outro estatuto entre nós.

Esse processo já foi iniciado por através da parceria com o projetos de Iniciação Científica, de Amanda Cassaro. Nesse processo considerou-se o volume de trabalhos orientados por um mesmo orientador, em relação à temática das juventudes, separando-se aqueles que se apresentavam três ou mais trabalhos; em seguida, buscou-se conhecer a que grupos e linhas de pesquisa se filiavam. Através desse levantamento, foi possível identificar 502 diferentes grupos de pesquisa, dos quais 46 não foram localizados devido ao fato da base de buscas, o Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil28, pertencente ao CNPq, sítio escolhido por trazer informações sobre os grupos de pesquisa em atividade recente no País, disponibilizar informações que são atualizadas continuamente, ofertando, assim, fotografias dessa realidade.29

Com base nesses dados, 456 Grupos de Pesquisa restantes, empenhou-se um esforço por selecionar aqueles cujo título faziam menção à adolescência e/ou juventude, restando, assim, 30 grupos de pesquisa (ANEXO 4). Cabe destacar que, entre todos esses grupos de pesquisa foram encontrados apenas dois cujos títulos evidenciam a juventude e/ou algum recorte a ela associado: o “Grupo de Estudos em doenças reumatológicas juvenis - UFBA” e “Grupo de Pesquisa sobre Juventude e Educação na Cidade (GPJEC) - UFMG”, sendo o primeiro um grupo ligado à Medicina e este segundo, um Grupo das Ciências Humanas; os outros 28 grupos inventariados

28 http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional

29 O CNPq realiza Censos bi-anuais para acompanhar as atualizações das informações pelos líderes desses grupos, pesquisadores, estudantes e dirigentes de pesquisa das instituições participantes. http://memoria.cnpq.br/gpesq/apresentacao.htm#p3

se debruçam sobre as questões da adolescência e/ou do universo infanto-juvenil (ANEXO 4) e, merecem destaque, ficando como sugestão para continuidade dessa pesquisa, um maior trabalho investigativo junto ao grupos que apareceram repetidas vezes, sugerindo a associação de diferentes pesquisadores em torno da temática.

Através desse levantamento, também, foi possível conhecer as áreas em que concentram essa produção, dessa forma, a Medicina abarca 19 grupos de pesquisa, enquanto 9 grupos de pesquisa estão circunscritos à Saúde Coletiva, 3 à Enfermagem, 5 à Nutrição, 1 à Educação Física; 1 à Odontologia e 1 às Ciências Humanas, Educação. Embora nosso levantamento se foque na Área da Saúde, aparece um grupo circunscrito nas Ciências Humanas e Educação, atrelado à trajetória da pesquisadora Janete Ricas. Cabe lembrar que a base é uma fotografia atual dos grupos onde estão inscritos os pesquisadores, podem não ser os mesmos da época da produção dos trabalhos mas, de certa forma, revelam parte da trajetória do pesquisador. Sugere-se uma investigação mais minuciosa acerca da trajetória acadêmica dessa pesquisadora, bem como dos trabalhos por ela orientados, na busca por se conhecer possíveis interfaces entorno da temática da juventude, na área da saúde. A possibilidade dessa interlocução parece uma via bastante fecunda na promoção de multidisciplinaridade no entendimento e trato desse fenômeno social tão complexo; contudo, esse dado também nos revela uma certa fragilidade da área tanto em compor essas interfaces, visto não existir outros grupos dessa natureza, quanto, em si mesma, promover maiores investimentos na compreensão da temática.

Reiterando os achados de Sposito (2009) que sugere que, embora não haja necessidade da criação de um domínio específico para que alcance solidez teórica frente à temática, no interior da pós-graduação na área da saúde a juventude se apresenta como um campo disciplinar com necessidade de aprimoramento de reflexões e metodologias para que se criem e/ou se fortaleçam os debates que o toma como objeto.

Tendo esse desafio como norte, a articulação entre grupos e linhas de pesquisa que têm se debruçado sobre uma mesma temática, no decorrer dos processos de pós-

graduação, nos parece uma opção razoável na busca por pares que se voltem à construção de uma agenda de pesquisas comum, uma vez que se pontua a relevância dos grupos de pesquisa como veículos de orientação mais coletiva e como possibilidade de interlocução com outros grupos, mais consolidados, podendo fomentar a crítica e a colaboração permanentes.