• Nenhum resultado encontrado

3. RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.1. O Universo dos trabalhos encontrados

3.1.9. A distribuição dos trabalhos segundo os objetivos explicitados

Na busca por conhecer a finalidade dos trabalhos encontrou 17,40% deles apresentando ausência na descrição dos objetivos; 38% revelando preocupação com práticas e serviços ligados a ações curativistas e de promoção à saúde; 38,6% com

ações diagnósticas e/ou de pautadas nos quadros sintomatológicos e 6% dos trabalhos se ocupando de questões mais subjetivas ligadas à análise de percepções e compreensões de certos fenômenos.

De forma mais detalhada é possível dizer que notou-se um número importante deles que não traziam a definição de seu objetivo (514 trabalhos, ou seja, 17,40% do total geral), o que compromete a compreensão sobre o objeto central da pesquisa. Nesse processo de releitura dos resumos foram encontradas sínteses só com a descrição dos resultados, como o trabalho “Estudo exploratório sobre a formação clínica em psiquiatria da infância e adolescência na cidade de São Paulo”, de 1998, por exemplo, e “Perfil de gestantes atendidas na Maternidade Escola Assis Chateaubriand e associação entre idade materna e baixo peso ao nascer”, do ano de 2002; outros só com a descrição do processo da pesquisa, e, ainda, aqueles que só repetiram o título no campo destinado ao preenchimento do resumo, como é o caso dos trabalhos “Avaliação neuropsicológicas de crianças e adolescentes portadores de TDAH: estudos com amostras clínicas e não clínicas”, e a pesquisa “Mal-estar na cidade maravilhosa: juventude desafiliada, rua e saúde mental”, ambos produzidos em 2008.

Dos 2.439 trabalhos restantes encontrou-se 38% (1.122 resumos) dos autores revelando explicitamente seus objetivos entre ações de promoção, prevenção e tratamento em saúde, distribuídos da seguinte forma: 21% dos trabalhos tiveram como mote o tratamento à saúde, 11,5% se concentrou na promoção de saúde dos adolescentes e jovens; 5% dos trabalhos teve como preocupação central a questão da prevenção e, por fim, apenas 0,5% dos trabalhos, apresentaram, em alguma medida, preocupação com medidas de reabilitação, quer avaliando serviços voltados à essa prática, como fizeram os autores do trabalho “Reabilitação Fonoaudiológica da disfagia em pacientes pediátricos com tumor de fossa posterior “e “Utilização de serviços de reabilitação pelas crianças e adolescentes dependentes de tecnologia: um estudo de caso no Instituto Fernandes Figueira”, quer conhecendo as subjetividades que atravessam os processos de reabilitação, como se propôs discutir o autor do trabalho

“A Paralisia Cerebral na Adolescência: representações sobre o processo de (re) habilitação”.

Desse universo, ainda é possível apontar 38,6% de trabalhos, ou seja, 1.140 que não trouxeram explicitamente o objetivo do mesmo; entretanto, buscamos desvelá- lo através da leitura mais cuidadosa do resumo. Assim, encontramos uma concentração dos trabalhos voltados a estimar frequência/incidência e prevalência de fenômenos ligados às condições de saúde dos adolescente e jovens estudados e/ou conhecer um quadro clínico/sintomas e/ou estimar uma associação entre características e/ou comportamentos dos sujeitos e sintomas e diagnósticos. Esses trabalhos, embora pontuando seus objetivos, não nos permitem inferir a serviço de que se colocam à sua ocupação central. Como exemplo temos o trabalho “Avaliação epidemiológica dos eventos relacionados a causas externas de morbidade em adolescente atendidos no hospital João XXIII-FHEMIG”, que se colocou à tarefa de realizar uma avaliação epidemiológica dos eventos relacionados a causas externas de morbidade em adolescentes atendidos em um hospital de referência em trauma sem, contudo, apontar o uso final dessa avaliação.

Os outros 6% dos trabalhos, ou seja, 177, se ocuparam de aspectos mais subjetivos; questões como qualidade de vida e conhecimento de representações e significados pessoais e sociais.

Esses dados nos remetem à uma concentração das pesquisas na compreensão e/ou no cuidado à doença, ao conhecimento dos indicadores de saúde e de hábito e comportamentos enquanto fatores predispositivos a esses agravos, tomando a juventude como categoria empírica, enquanto os trabalhos que se debruçaram sobre a juventude como categoria analítica somaram pouco mais de 4%, sendo, sobretudo, aqueles que se ocuparam das questões subjetivas que envolvem as juventude, como visão de si e do mundo.

Apesar de preconizado pela PNJ a articulação das áreas de promoção, prevenção, cura e recuperação, com destaque para as ações e reflexões voltados à promoção de saúde dos jovens, parece que a dimensão do cuidado à doença ainda encontra-se em evidência, em detrimento dos outros, como a dimensão da promoção

da saúde. Frente a isso, a interlocução entre essas diferentes instâncias se faz mais frágil e de difícil execução.

A PNJ aponta a juventude como um momento do ciclo da vida em que se goza de boas condições biofisiológicas, talvez seja esse um dos motivos em que se priorize estudos para as ocorrências em que essa “estabilidade” seja, de alguma forma, alterada. Além disso, a abordagem à promoção da saúde pressupõem uma visão mais integrada da área (BRASIL, 2013), demandando estratégias intersetoriais para as quais nem sempre estamos prontos e/ou disponíveis no sentido de mobilização de uma complexidade de fatores. Por isso, a PNJ apresenta a promoção da saúde como uma das vias que privilegiam a abordagem de jovens e, como tal, como uma das estratégias a se investir prolongada e continuamente, uma vez que se faz como um importante instrumento na correlação das dimensões da vida dos sujeitos, das ações e das políticas que permeiam seus interstícios.

Nessa demanda por estratégias que extrapolem uma área de conhecimento e/ou setor, se reconhece uma lacuna entre os estudos pesquisados: apenas 9 trabalhos fizeram referência à questão intersetorial, sendo que desses, apenas 3 pesquisas (como exemplo, temos os trabalhos “O esporte e o lazer na formulação de uma política pública intersetorial para a juventude: a experiência do PRONASCI”; “A saúde e a intersetorialidade no enfrentamento à violência: a rede de atenção integral à criança e ao adolescente do município de NiteróI”; “Aparato de Apoio Social à Juventude: Intersetorialidade e Integralidade? (Reflexões a cerca do discurso intersetorial)”) tomam essa temática por foco, sendo as demais apenas um viés às outras discussões.

Aponta-se esse caminho como uma via de promoção de conhecimento das necessidades desses grupos populacionais, bem como as possibilidades de oferta de ações, serviços e políticas a eles destinados, podendo constituir fecundos instrumentos para qualificação dos serviços de saúde do SUS para o atendimento.

3.1.10. A distribuição dos trabalhos segundo a metodologia/procedimentos