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A distribuição temporal e nível de formação das pesquisas

2 REFERENCIAL TEÓRICO

3 O MAPEAMENTO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE A EDUCAÇÃO DE SURDOS

3.1 A distribuição temporal e nível de formação das pesquisas

A figura 2 apresenta a distribuição temporal e por nível de formação das produções acadêmicas conforme o recorte temporal estabelecido (2010 a 2014), considerando-se a data de defesa das dissertações e teses. Apontamos que o ano de 2010 não consta na figura 2 pois não identificamos frequência de produções nesse ano mediante os recortes de busca estabelecidos.

Figura 2 - Distribuição temporal e por nível de formação das dissertações e teses 0" 2" 4" 6" 8" 10" 12" 14" 16" 18" 2011$ 2012$ 2013$ 2014$ 2$ 2$ 1$ 3$ 18$ 18$ 17$ 7$ 1$ 1$

Doutorado$ Mestrado$acadêmico$ Mestrado$profissional$

Fonte: Elaboração própria.

Observamos, na figura 2, uma distribuição equivalente das dissertações - provenientes de cursos de mestrado acadêmico - nos anos de 2011 (n=18), 2012 (n=18) e 2013 (n=17), com uma acentuada queda no ano de 2014, apresentando somente sete produções. Embora a coleta de dados realizada na BDTD/IBICT em novembro de 2014 possa ter omitido uma parcela de teses e dissertações referente ao mês de dezembro desse mesmo ano, supomos que mesmo com o acréscimo das produções relativas ao mês de dezembro, não haveria mudanças significativas nos resultados obtidos. Ainda, examinando os dados do Sistema de Informações Georreferenciadas da Capes (GEOCAPES, 2015), os quais compreendem o sistema nacional de pós-graduação, notamos uma pequena queda no total de dissertações provenientes de cursos de mestrado acadêmico no ano de 2014, a despeito de um crescimento gradativo das respectivas produções no período entre 2010 e 2013. Isso posto, podemos nos perguntar se o declínio observado é somente um reflexo dos índices do sistema nacional de pós-graduação, ou está sinalizando uma queda nas investigações acerca da educação de alunos surdos nos próximos anos?

Em contrapartida, referente às teses de doutorado, verificamos um pequeno acréscimo no ano de 2014 (n=3) em relação aos anos anteriores, embora não apresentem diferenças significativas no total de produções defendidas a cada ano.

Em relação ao percentual de produções por nível de formação: doutorado (n=8) perfazendo 11,42%, mestrado acadêmico (n=60) 85,71% e mestrado profissional (n=2) 2,85%, constatamos que tais resultados correspondem àqueles encontrados nos estudos

desenvolvidos por Pagnez e Sofiato (2014) e Ramos, D. M. (2013), referentes à educação de alunos surdos, bem como, em estudos que analisaram a produção acadêmica sobre diferentes temas no campo da Educação e da Educação Especial (CAMPOS; FÁVERO, 1994; NUNES et al. 2003; BUENO, 2008; 2014), que apontam maior frequência de dissertações de mestrado, em relação às teses de doutorado. Além disso, apresentam índices aproximados aos observados no sistema GeoCapes (2015), no que concerne ao total de títulos por nível de formação, no período entre 2010 e 2014.

O baixo percentual de teses de doutorado pode dever-se, sobretudo, ao número restrito de cursos de pós-graduação em nível de doutorado em nosso país, quando comparado aos cursos em nível de mestrado acadêmico. De acordo com o sistema GeoCapes (2015), em 2014 havia no Brasil 1.896 programas de pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado e doutorado, 1.199 em nível de mestrado acadêmico e 58 em nível de doutorado (GEOCAPES, 2015). Para preencher essa lacuna, o atual Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2011- 2020 (CAPES, 2010, p. 127) recomenda a implantação, nos próximos dez anos, de cursos diretos de doutorado em áreas básicas e tecnológicas, propiciando “[...] a absorção, pelos setores acadêmico e extra-acadêmico, de profissionais de alto nível, em idade muito mais favorável à atividade de criação de conhecimento; além de ter, socialmente e economicamente, um custo mais adequado.”. Contudo, considerando-se que muitos estudantes têm contato com a atividade de pesquisa apenas tardiamente, já no contexto da pós-graduação stricto sensu, nos perguntamos se essa medida não tornaria ainda mais frágil a formação do futuro pesquisador, que inicialmente ficaria restrita ao doutorado, comprometendo, por sua vez, a produção de conhecimento científico. De acordo com Almeida, M. H. T. (2010, p. 22), “O ideal seria que o ensino superior brasileiro se aproximasse do modelo de Bolonha, no qual o mestrado corresponde aos anos finais de uma graduação de cinco anos.”. O que exigiria, por seu turno, uma profunda reforma dos cursos de graduação brasileiros.

Retomando as nossas considerações, podemos dizer que o mesmo pode ser atribuído ao mestrado profissional, modalidade recente na história da pós-graduação brasileira, instituído ao final da década de 1990, que apesar de apresentar um expressivo incremento nos últimos anos - entre 2004 e 2009 o crescimento do número de mestrados profissionais foi de 104,2% (CAPES, 2010) - estima-se que atualmente existam 589 cursos em funcionamento (PORTAL BRASIL, 2015). Ainda, o percentual de cursos de mestrado profissional segundo as áreas de conhecimento Ciências Humanas e Linguística, Letras e Artes - as quais reúnem a maior parcela de produções sobre a educação de alunos surdos, como veremos adiante (tabela

1) - é ainda escasso (CAPES, 2010). Para Bueno (2014), a área de Educação, por exemplo, tem sido tradicionalmente contrária à criação de mestrados profissionais. Além disso, de acordo com a Portaria Normativa n. 17 de 2009 (BRASIL, 2009), no mestrado profissional os trabalhos de conclusão poderão ser apresentados em diversos formatos, como descritos na citação a seguir, o que pode refletir, em certa medida, no percentual escasso de dissertações observado nesse nível.

O trabalho de conclusão final do curso poderá ser apresentado em diferentes formatos, tais como dissertação, revisão sistemática e aprofundada da literatura, artigo, patente, registros de propriedade intelectual, projetos técnicos, publicações tecnológicas; desenvolvimento de aplicativos, de materiais didáticos e instrucionais e de produtos, processos e técnicas; produção de programas de mídia, editoria, composições, concertos, relatórios finais de pesquisa, softwares, estudos de caso, relatório técnico com regras de sigilo, manual de operação técnica, protocolo experimental ou de aplicação em serviços, proposta de intervenção em procedimentos clínicos ou de serviço pertinente, projeto de aplicação ou adequação tecnológica, protótipos para desenvolvimento ou produção de instrumentos, equipamentos e kits, projetos de inovação tecnológica, produção artística, sem prejuízo de outros formatos, de acordo com a natureza da área e a finalidade do curso, desde que previamente propostos e aprovados pela CAPES. (BRASIL, 2009, p. 3).

Por fim, podemos dizer que embora a literatura científica aponte um crescimento constante no número de dissertações e teses na área nos últimos anos (RAMOS, D. M., 2013; PAGNEZ; SOFIATO, 2014; AZEVEDO; GIROTO; SANTANA, 2015), os resultados encontrados expressam uma acentuada queda no número de produções em 2014, em média 50% a menos, a despeito de uma distribuição equivalente no período entre 2011 e 2013, o que pode indicar uma tendência à redução na produção de pesquisas sobre a educação de surdos nos próximos anos.

Também, nos chamou a atenção a ausência de produções defendidas no ano de 2010, contudo, inferimos que esse dado pode ser resultado dos mecanismos de busca estabelecidos na presente pesquisa, uma vez que as informações estatísticas da BDTD/IBICT (2015), bem como do sistema GeoCapes (2015), apresentam uma evolução constante no número de produções defendidas no decorrer dos anos, sem registros de queda em 2010.