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A Educação Básica no Município

6 SUJEITOS, MÉTODO E METODOLOGIA

6.2 A Educação Básica no Município

financeira, projetos e infraestrutura, planejamento, tecnologias e departamento de alimentação escolar.

Cada unidade escolar na rede municipal pode contar com uma equipe gestora, que se compõe de um diretor de escola, um ou dois vice-diretores, a depender da quantidade de turmas atendidas, um a quatro coordenadores pedagógicos, a depender também da quantidade de turmas na escola. Por pactuar do princípio da gestão democrática, as escolas da rede têm constituídos em seus âmbitos órgãos colegiados como os Conselhos Escolares, com função deliberativa nas tomadas de decisões que se referem à vida escolar, e as Associações de Pais e Mestres – APM, que cumprem função de unidade executora no gerenciamento dos recursos financeiros próprios e ligados aos programas federais ou municipais, respectivamente o PDDE e o Termo de Colaboração.

A rede municipal incialmente atendia apenas à educação infantil, situação que se modificou com a municipalização do ensino a partir de 1998, após a reorganização do ensino no estado de São Paulo, que separou estudantes de anos iniciais de ensino fundamental em escolas diferentes de onde ficariam os estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio.

A partir de organização iniciada ao final de 1997, com a celebração oficial da municipalização em 2 de julho de 1998, a rede abarcou as escolas de ensino fundamental anos iniciais e construiu algumas unidades para acolher a demanda, uma delas foi a escola lócus dessa pesquisa.

O Conselho Municipal de Educação, com forte atuação no município, indica as competências da Secretaria Municipal de Educação. Os profissionais da rede municipal de ensino são regidos por estatuto próprio do magistério, que foi promulgado em junho de 2009, sendo antes amplamente discutido pelos docentes na Conferência Conjunta de Educação – COCEM. Professores e diretores de escolas têm seus cargos providos por concurso público tornando-se efetivos com opção de remoção para outra unidade escolar se for de sua escolha. Coordenadores pedagógicos são professores eleitos por seus pares e vice-diretores são indicados pelo diretor de escola com anuência dos membros do Conselho de Escola.

A criação do FUNDEF contemplava o objetivo de subvinculação de recursos de natureza contábil distribuídos a estados e municípios pelo número de matrículas no ensino fundamental, com um valor mínimo por aluno. Mas as matrículas de educação infantil que já existiam antes da municipalização, não receberiam recursos.

Dessa forma, elas foram agregadas às escolas de ensino fundamental, na grande maioria, para que fossem também contempladas pelo recurso que não beneficiava até então essa etapa da educação básica, situação que foi alterada com a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, em 2007, contemplando todas as matrículas da rede municipal.

No primeiro ano da municipalização do ensino em Limeira, foi realizado concurso público para provimento de cargos de professores de ensino fundamental e de educação infantil. Foi montado departamento pedagógico com formação para professores e adotada a concepção construtivista para a rede, seguindo a rede estadual de ensino.

A organização do trabalho pedagógico se deu em 2000, pela análise dos planos de ensino das escolas municipais levados à discussão por docentes representantes de cada unidade escolar em reunião realizada na Secretaria municipal de educação. Como resultado dessa discussão, e tendo como referência os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, para o ensino fundamental, e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI, em 2002, a rede unificou os planos analisados, seus conteúdos, habilidades e competências, no documento

“Plano de Referência Curricular”, conhecido pelos docentes como rol de habilidades.

Antes que esse documento tivesse sido finalizado, a Secretaria de Educação implementou uma avaliação externa para as escolas de ensino fundamental em 2001.

O Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar Municipal – SAREM foi aplicado pelo Instituto de Qualidade no Ensino, para avaliar as habilidades descritas no PCN. Era uma avaliação para todos os anos de escolaridade.

Houve, então, uma grande formação sobre habilidades e competências realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, junto aos professores formadores que repassaram para todos os professores da rede.

E dentre os programas adotados, um dos primeiros foram as Classes de Aceleração (SÃO PAULO, 1996)8, em consonância com ações do estado de São Paulo, cujo objetivo era eliminar a distorção idade-série apresentada por grande número de alunos do ensino fundamental, utilizando proposta didático-metodológica própria.

8 A Secretaria Estadual de Educação criou esse projeto com o objetivo de eliminar a defasagem entre série e idade regular de matrícula, por meio da Resolução nº 77, de 03 de julho de 1996 (SÃO PAULO, 1996).

Com a aplicação do SAREM, composta de itens e conteúdos diferentes a cada ano, os resultados subsidiavam as ações de formação para sanar as defasagens evidenciadas em língua portuguesa e matemática. Um dos programas adotados com essa finalidade foi o Programa Estudar Para Valer 9 para melhorar a leitura e a escrita dos estudantes das escolas municipais que apresentaram menor desempenho.

Alunos e professores das escolas contempladas recebiam material e formação desenvolvidos pela Fundação Volkswagen, a coordenação técnica era de responsabilidade do Centro de Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária – CENPEC. O programa esteve presente na rede de 2004 a 2008.

Em 2009, as escolas municipais passaram a realizar as avaliações SARESP também por meio de convênio com o estado de São Paulo, aferindo a aprendizagem dos estudantes nas disciplinas de língua portuguesa e matemática nos 2º e 4º anos do ensino fundamental e, após a implementação do ensino de nove anos, nos 3º e 5º anos de escolaridade. Os resultados ainda demandavam ações junto à rede no que se refere à formação do professor e aprendizagem dos estudantes.

Outro programa adotado na tentativa de melhorar os índices de alfabetização e letramento e que tinha foco na formação de professores alfabetizadores foi o Programa Letra e Vida10. Implementado pela Secretaria Estadual de Educação, teve a adesão do município de Limeira, com realização de duas edições de capacitação aos professores, uma em 2008 e outra em 2009. Já em 2010, o Programa Ler e Escrever11 foi implementado na rede municipal a partir de convênio realizado com a Secretaria Estadual de Educação, que articulava formação, acompanhamento e distribuição de materiais pedagógicos aos estudantes e professores. Incorporadas ao Programa Ler e Escrever estavam as salas de Programa Intensivo de Ciclo – PIC12, com uso de material específico e organização curricular diferenciada. Em uma mesma turma eram inseridos alunos que ainda não sabiam ler e escrever no ciclo do ensino

9 O programa tinha por objetivo o fortalecimento do trabalho do professor com a linguagem em sala de aula, para desenvolver as capacidades de oralidade, leitura e produção de texto dos estudantes (CENPEC, 2022).

10 Programa com foco na formação de professores alfabetizadores, implementado e realizado através de convênio com o governo do estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2003).

11 Decreto nº 54.553, de 15 de julho de 2009, que institui o Programa de Integração Estado/Município para o desenvolvimento de ações educacionais conjuntas que proporcionassem melhoria da qualidade da educação nas escolas das redes públicas municipais (SÃO PAULO, 2009).

12As salas de PIC destinavam-se à recuperação da aprendizagem dos alunos do 3º e 5º anos de escolaridade, visando impedir que as crianças prosseguissem nos estudos sem terem desenvolvido as competências de leitura e escrita (FDE, 2022).

fundamental, na tentativa de sanar as dificuldades a tempo de evoluírem para o próximo ciclo. O Programa Letra e Vida se encerrou em 2012.

No percurso entre a municipalização e o ano de 2012, as ações, programas e políticas se destinavam quase exclusivamente ao ensino fundamental e, nesses 16 anos, a concepção construtivista fundamentou as práticas pedagógicas nas unidades escolares. No final de 2012, foi realizado processo seletivo para formar equipe de professores replicadores do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, que iniciou as atividades no ano de 2013, estendendo-se até 2016. Após a implementação desse programa de formação, foi recomendado aos diretores de escolas que atribuíssem as turmas de alfabetização aos professores que participaram da formação do PNAIC, sendo necessário justificar se não o fizessem.

Com a entrada de um governo mais progressista e tendo a rede já expressado um descontentamento com os resultados de desempenho dos estudantes, formou-se um novo departamento pedagógico para repensar as questões curriculares e a concepção a ser adotada na rede. O novo secretário de educação trouxe para Limeira a linha da Pedagogia Histórico-Crítica, teoria que subsidiou e fundamentou o Currículo Municipal de Limeira, publicado oficialmente em 2016 e republicado em 2019, após revisão para adequação à BNCC. A rede municipal, então, passou a seguir as diretrizes da Pedagogia Histórico-Crítica expressas no currículo municipal. A secretaria de educação passou a discutir também os resultados das avaliações em larga escala, em especial o IDEB.

Após dois anos, houve uma mudança na gestão da Secretaria de Educação.

A partir da nova gestão, os departamentos pedagógico e de gestão escolar implementaram uma avaliação de monitoramento bimestral utilizando os dados para ações de discussão e reflexão junto à gestão escolar de cada unidade de ensino fundamental da rede municipal com visitas periódicas pela equipe de formação da Secretaria a cada uma delas e ações de formação in loco nas unidades com maior necessidade em razão do desempenho dos estudantes com a finalidade de melhorar o IDEB.

Essa avaliação de monitoramento, realizada até hoje, faz uso da tecnologia.

Os formadores da diretoria pedagógica da Secretaria Municipal de Educação elaboram e cadastram os itens da avaliação na plataforma da Secretaria, que gera uma avaliação a ser acessada pelos estudantes pelo laboratório de informática de cada unidade escolar. As questões, apesar de serem as mesmas para os estudantes

de mesmo ano de escolaridade, são aleatórias na ordem em que aparecem para cada um e, ao finalizarem a avaliação, o resultado já pode ser acessado pelo professor, coordenador ou diretor da escola. Os resultados podem ser vistos em tempo real, pelas equipes gestora e docente, conforme os estudantes vão respondendo às questões.