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Caracterização da Escola Pesquisada

6 SUJEITOS, MÉTODO E METODOLOGIA

6.5 Caracterização da Escola Pesquisada

Quadro 3: IDEB observado e IDEB projetado para a rede municipal de ensino IDEB observado IDEB projetado

Rede de ensino 2011 2013 2015 2017 2019 2011 2013 2015 2017 2019 municipal 5,5 5,7 6,4 6,9 7,3 5,6 5,8 6,1 6,3 6,5 Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do INEP 2021.

Em relação ao IDESP, os índices não têm se apresentado tão altos quanto o IDEB, como se observa no quadro 4, mas vêm subindo a cada ano.

Quadro 4: IDESP observado na rede municipal de ensino (2011-2019) IDESP observado

Rede de ensino 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2018 Municipal 3,97 4,03 3,99 4,18 4,87 5,25 5,76 Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do Boletim da Escola 2011 a 2018.

polivalentes e especialistas nas áreas de arte e educação física), um secretário, 15 auxiliares gerais e 17 monitores. A escola, por meio do Serviço Social Escolar, conta com duas assistentes sociais para intervenções em casos de abandono, evasão, e taxa de frequência discente inferior ao que é obrigatório e casos de vulnerabilidade social.

Não é só pelo espaço físico e número de matrículas que a escola L se caracteriza, mas pela implementação e condução de várias mudanças e projetos, tais como: projeto Fora de Série, implementado no ano 2000 para resolver o problema dos alunos não alfabetizados, que à época somavam 79% dos grupos atendidos pela escola no ensino fundamental anos iniciais. O projeto Fora de Série, que se fundamentou no artigo 23 da Lei 9.394/96, preconizava o agrupamento dos alunos por habilidade, por idade, ou por qualquer outro critério cuja justificativa educacional fosse pertinente. Exercendo o grau de autonomia que a escola possui, o projeto se diferenciava do que a Secretaria Municipal de Educação orientava, seguindo os preceitos do Ministério da Educação, porém, o projeto, por meio de atuação conjunta dos profissionais e da equipe gestora junto ao Conselho Municipal de Educação, obteve autorização especial para trabalhar na perspectiva de um único ciclo de cinco anos nos anos iniciais do ensino fundamental, quando na rede este é dividido em dois:

ciclo de alfabetização, do 1º ao 3º ano, e 4º e 5º ano.

No ano de 2012 foi criado o projeto Olhar de Pertinho, com o intuito de mapear estudantes apontados pelos docentes como os que mais precisam de acompanhamento individualizado, para serem apadrinhados por profissionais da escola a fim de monitorá-los em diversos aspectos que interferem na vida escolar, desde a realização das tarefas escolares às condições de higiene pessoal.

Além de projetos desenvolvidos pela própria equipe, parcerias com universidade públicas foram estabelecidas para melhorar o desempenho acadêmico do corpo discente, como é o caso da parceria com a Universidade Estadual Paulista – UNESP, iniciada em 2001, em que os pesquisadores da área de desenvolvimento motor identificaram diversos estudantes com problemas motores e orientaram os professores a realizarem trabalho de intervenção para superação das dificuldades diagnosticadas. E a parceria com a Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR, que desenvolveu, até 2013, por meio da disponibilização de softwares e formação docente, um trabalho com alunos com problemas na alfabetização no Programa Liga da Leitura.

Atualmente, esses projetos foram encerrados e são utilizados como estratégias para problemas pontuais. Em face da realidade em que está inserida e em vista de políticas externas, a escola L foi se tornando uma escola de período integral, onde todos os alunos matriculados no ensino fundamental e na educação infantil têm aulas curriculares e oficinas com atividades complementares voltadas a diversas áreas.

O Período Integral teve início em 2013, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e apoio da gestão municipal, que se renovara nas eleições municipais de 2012. A escola atendia aproximadamente 200 crianças em turno e contraturno, ofertando oficinas de reforço em leitura, matemática e alfabetização, informática, esporte e cultura, utilizando-se dos espaços de Centros Comunitários disponíveis nos bairros de sua rede física. Esse atendimento foi ampliado em 2014 com nove horas de permanência dos estudantes na escola e nos espaços de equipamentos públicos do seu entorno, como os Centros Comunitários.

Com a abertura de adesão voluntária ao Programa Mais Educação pelo MEC em 2014, o projeto de educação integral da escola L se ampliou, efetuando, em 2015, o atendimento em período integral de todos seus estudantes matriculados no ensino fundamental. Por meio desse programa, a escola recebia verba para ressarcir os voluntários que atuavam nas oficinas do contraturno e comprar materiais para o desenvolvimento das atividades. Mas, para conseguir a manutenção do atendimento em nove horas diárias, contava também com o investimento da gestão municipal em parceria com outros setores e secretarias da municipalidade, uma intersetorialidade sustentada pela Instrução Operacional e Manual de Orientações nº 01 (BRASIL, 2014)17. O horário de atendimento dos estudantes continuava sendo nove horas e meia diárias. Não só os Centros Comunitários foram utilizados como espaços de atividades, mas ginásios e centros esportivos, além de espaços da Secretaria de Cultura, com transporte fornecido pela própria Secretaria de Educação. Os profissionais eram contratados pela prefeitura municipal e voluntários de escolha da escola ressarcidos pelo Programa Mais Educação.

Em 2016, com o decreto municipal nº 18 (LIMEIRA, 2016), as atividades da escola integral foram estruturadas em eixos temáticos: cultural, esportivo e intelectual,

17 Orienta a atuação dos gestores, equipes de referência, trabalhadores dos Municípios, Estados e Distrito Federal em relação à articulação e integração das ações do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV e o Programa Mais Educação - PME.

além das aulas curriculares. O horário foi ajustado para oito horas e meia de atendimento diário e o trabalho pedagógico foi reorganizado para aulas por área.

Antes regrada pelo programa federal Mais Educação, o decreto municipal instituindo a escola integral formalizou a parceria intersetorial entre secretarias, que já disponibilizavam seus equipamentos públicos, como centros comunitários ou esportivos, para a prática de esportes e oficinas culturais.

No ano de 2017, o Programa Mais Educação foi encerrado e cedeu espaço para o Programa Mais Alfabetização. Os subsídios para voluntários e aquisição de materiais foram interrompidos. A escola integral passou a se sustentar apenas pela Secretaria Municipal de Educação, que anualmente provê os professores especialistas de arte para trabalhar com o eixo cultural, os professores de Educação Física para trabalhar com o eixo esportivo e professores polivalentes para o eixo intelectual. A intersetorialidade continuou em vigor, possibilitando que os estudantes frequentassem diferentes espaços públicos para atividades complementares diferenciadas como judô, xadrez, basquetebol, voleibol, fanfarra entre outras.

A trajetória da escola com a educação em período integral proporcionou algumas mudanças organizacionais, incluindo a jornada do professor, que passou a ter Horário de Trabalho Pedagógico – HTP garantido, no início ou final do período de trabalho. Segundo a lei 11.738 de 16 de julho de 2008, “na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos” (BRASIL, 2008). O terço restante seria destinado para planejamento, estudo, preparação de atividades, pesquisa e formação. Para cumprimento dessa lei, a rede municipal colocou professores especialistas em Educação Física ou arte na grade de horários.

O professor polivalente dependia desse professor para ter seu terço de jornada para atividades sem interação com estudantes. Se o especialista faltasse, atrasasse ou não houvesse sido contratado, o docente ficaria sem esse direito garantido. Com a escola integral, o horário de atendimento aos estudantes é das 8 às 16 horas e 30 minutos, o que garante que os docentes tenham horário de trabalho pedagógico das 7 horas às 8 horas ou das 16 horas e 30 minutos às 17 horas e 30 minutos.

Para os discentes, a escola ficou mais dinâmica também, não sendo uma divisão de turno e contraturno de aulas, mas uma grade de horário que contempla

diversas disciplinas e atividades complementares durante o dia e a semana, como se pode observar no cronograma de uma das turmas no quadro 5.

Quadro 5: Grade de atividades semanais 4º ano 1 da Escola L

Horário 4º ano 1

08h00 portuguesa língua

educação física

língua

portuguesa informática ciências

09h50 portuguesa língua teatro língua

portuguesa ciências robótica

12h30 esporte matemática dança matemática arte

14h15 música matemática história e

geografia matemática matemática Fonte: dados da unidade escolar compilados pela autora (2021).

Antes que se chegasse a essa configuração, a escola passou por vários modelos e jornadas de tempo integral. Na interlocução entre o programa Mais Educação e a gestão municipal, a ampliação da carga horária dos estudantes em período integral passou a contemplar os dois períodos: matutino e vespertino, mas ainda dividindo as atividades em curriculares e complementares em turno e contraturno. Esse modelo foi alterado em 2016, conforme se observou no quadro 5 e se mantém atualmente.