• Nenhum resultado encontrado

5 DIÁLOGOS SOBRE A FORMAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

6.1 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS OFERTADA PELA REDE

Desde a municipalização, ocorrida em 1998, a Rede Municipal de Educação de Colatina oferta as séries iniciais do ensino fundamental para alunos da Educação de Jovens e Adultos em algumas escolas. O curso ofertado nas escolas municipais tem a duração de dois anos letivos, organizado em quatro etapas, agrupadas em semestres, com 100 dias letivos cada uma, totalizando 400 horas presenciais por semestre.

Sobre a oferta da modalidade EJA – séries iniciais do ensino fundamental –, tendo como referência os dados do Censo Escolar 2010 divulgados pela Sedu, havia 70 alunos matriculados nas séries iniciais do ensino fundamental na modalidade EJA na zona urbana e 14 alunos da zona rural. Em 2011, houve uma redução, pois o número de alunos matriculados era 50, distribuídos nas quatro escolas municipais, no turno noturno, estando uma dessas escolas localizada na zona rural, com 15 alunos, conforme informado pela coordenadora e pela Subgerência de Estatísticas Educacionais da Sedu.

As informações transmitidas pela coordenadora sobre o ano de 2012 indicaram que houve o fechamento de duas turmas de EJA que ofertavam as séries iniciais do ensino fundamental devido à falta de frequência dos alunos. Portanto, no ano letivo de 2012, apenas duas escolas municipais localizadas na zona urbana ofertavam as séries iniciais do ensino fundamental.

A definição das escolas que atendem/atenderão alunos da EJA é feita em observância ao cumprimento de algumas etapas, dentre essas a realização de uma pesquisa (em parceria com as associações de moradores) para verificar a demanda daquele curso, no bairro. Feito isso, alguns procedimentos são necessários para que se abram turmas da EJA, naquela instituição. Uma vez atendida aquela demanda, outras unidades escolares que necessitarem da oferta serão contempladas com o curso. Segundo a coordenadora, a Secretaria Municipal de Educação possui um “mapa” dos bairros onde há o maior número de pessoas que necessitam de

atendimento nessa etapa e pretende consolidar a abertura de novas turmas em 2013.

Além dessa oferta, a rede municipal participou de programas de alfabetização de jovens e adultos, tais como: “Brasil Alfabetizado”, “Fazendo Escola” e “Alfabetização é um direito”, todos em parceria com os governos federal e estadual. O Programa “Alfabetização é um direito” foi criado em 2004, com carga horária de 360 h e duração de 10 meses. Como programa estadual foi extinto em 2011 e, neste ano de 2012, conforme ressaltou a coordenadora, está sendo lançado o Projeto “Ações para a redução do Analfabetismo46”.

De acordo com informações encontradas no site da Secretaria Municipal de Educação, houve um pré-cadastro para o Projeto “Ações para a redução do Analfabetismo”, no período de 09/07/12 a 15/07/12, e que foi prorrogado até 15/08/12. Além de Colatina, outros 27 municípios participam desse projeto, cujo objetivo é:

contribuir para erradicar o analfabetismo no Espírito Santo, universalizando a alfabetização de jovens, adultos e idosos e a progressiva continuidade dos estudos em níveis mais elevados, promovendo o acesso à educação como direito de todos (COLATINA, 2012).

Quanto aos professores da EJA na rede municipal, apenas um (dos quatro que havia em 2011) era efetivo com extensão de carga horária. Os demais foram contratados por Designação Temporária e atuaram na EJA pela primeira vez. A coordenadora exemplifica que na escola onde há oferta da EJA desde 1998, a professora efetiva se aposentou em 2010.

Diante do exposto, observa-se uma rotatividade de professores, visto que as vagas na EJA são consideradas provisórias nas escolas, pois as turmas são “instáveis”. Dessa forma, os professores que atuam na EJA são de contratos temporários, pois

46

Esse Projeto, segundo a coordenadora, é um redesenho feito pelo Governo Estadual do Programa Brasil Alfabetizado, lançado pelo Governo Federal. No município de Colatina o Projeto será desenvolvido pela Prefeitura Municipal por meio da Secretaria Municipal de Educação, tendo a parceria dos governos estadual e federal.

“fica complexo a rede de ensino permitir que haja escolhas de efetivos nessas turmas”, relata a coordenadora.

Os docentes que atuam na EJA participam de encontros mensais de formação continuada, assim como todos os professores da rede. Esses encontros fazem parte do projeto Foco, realizado pela Semed Colatina, e propiciam o diálogo acerca de questões referentes à EJA, aos alunos atendidos, ao planejamento das aulas, etc. Durante a entrevista, a coordenadora apontou diversos desafios e dificuldades a serem superados na EJA, dos quais se destacam a rotatividade de professores, o planejamento de aulas para turmas multisseriadas com o desenvolvimento de atividades multiníveis e a permanência dos alunos até a conclusão de todas as etapas. Quanto a isso, considera-se, especialmente, o cansaço físico e mental ocasionado pelo trabalho como fatores que impulsionam a “desistência” dos alunos.

Todas essas informações nos permitiram conhecer a oferta da EJA como responsabilidade da rede municipal. Parte dessa oferta é decorrente da adesão da rede aos projetos e programas em parceria com os governos Estadual e Federal, centrados na alfabetização dos alunos. A última adesão, até o momento, é do Projeto “Ações para a redução do Analfabetismo”, estando no período de cadastramento dos alunos, como já informado.

Os dados dos Censos Escolares 2010 e 2011, assim como a informação de que houve fechamento de turmas em 2012, devido à não frequência dos alunos, demonstraram uma redução nas matrículas e a oferta centrada na zona urbana do município, com duas escolas funcionando atualmente.

Sobre a redução de matrículas dos alunos da EJA, em âmbito nacional, o Resumo Técnico do Censo Escolar da Educação Básica 2011 indicou uma queda de 6% nas matrículas da EJA no período 2007-2011, o que representa 254.753 matrículas a menos, do total de 3.980.203 alunos matriculados no referido ano, sendo que 67% das matrículas são realizadas no ensino fundamental.

Dessa forma, os dados indicam que a oferta da EJA está muito aquém do que deveria para assegurar o direito à educação em todos os níveis, como responsabilidade dos governos municipais, estaduais e federal.

O resultado do Censo Escolar 2011 apontou, ainda, um aspecto em relação ao perfil etário dos alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental, o que, de acordo com o documento, exigirá uma investigação minuciosa. Constatou-se, a partir dos resultados, que a idade dos alunos que frequentam as séries iniciais do ensino fundamental na modalidade EJA é “muito superior aos que frequentam os anos finais e o ensino médio dessa modalidade” (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2012, p. 24). Esse fato sugere, de acordo com o documento, que:

[...] os anos iniciais não estão produzindo demanda para os anos finais do ensino fundamental de EJA. Considerando as idades dos alunos nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio de EJA, há fortes evidências de que essa modalidade está recebendo alunos provenientes do ensino regular (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2012, p. 25).

Retomando o número de analfabetos em Colatina - 6.872 pessoas - mesmo que haja oferta das séries iniciais pela rede estadual, como veremos a seguir, o município, a partir dos dados, não tem (ou parece não ter) uma política para a modalidade EJA entendida como uma oferta regular e a EJA como direito. Embora busque identificar demanda para situar sua tarefa de atendimento, a oferta segue em poucas escolas e também através de parcerias com programas do governo estadual e federal.

Entretanto há expectativas do município ampliar a oferta da EJA para o próximo ano (2013), em observância às demandas identificadas, conforme informado pela coordenadora. Porém diversos desafios ainda precisam ser superados para que essa oferta se estenda, inclusive, para os jovens e adultos trabalhadores que se encontram na zona rural do município.

6.2 A REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO E OS SUJEITOS DA EDUCAÇÃO DE