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A Educação Pré-Escolar na Lei de Bases do Sistema Educativo

Capítulo I A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR E A NOVA REORGANIZAÇÃO

1. A Educação de Infância em Portugal: Contextualização Histórica Politica

2.1 A Educação Pré-Escolar na Lei de Bases do Sistema Educativo

A Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86 de 14 de Outubro), define os princípios gerais pelos quais se rege o Sistema Educativo. Por ela se criou um quadro estável de orientações políticas que viabilizou uma reforma global articulada do sistema educativo e proporcionou a concretização de um plano de desenvolvimento da educação.

Pela referida Lei determina-se que o Sistema Educativo se desenvolve ³segundo um conjunto organizado de estruturas e de acções diversificadas, por iniciativa e sob responsabilidade de diferentes instituições e entidades públicas, particulares e FRRSHUDWLYDV« (nº 3 do art. 1º) cuja coordenação política, ´independentemente das instituições que a compõem, incumbe a um PLQLVWpULR HVSHFLDOPHQWH YRFDFLRQDGR SDUD R HIHLWR´ (nº5 do art.1º)., estabelecendo-se assim a diversidade e a repartição das iniciativas e responsabilidades na realização do Sistema Educativo e a atribuição da responsabilidade coordenativa a um único ministério.

Numa análise da sua estrutura formal, concretamente no que à organização do Sistema Educativo diz respeito, fica assim definido que este

se constituirá por 3 sistemas distintos; a educação Pré-Escolar, a educação Escolar e a educação Extra-Escolar (nº1, Art.4º).

Embora a Lei se ocupe da totalidade do Sistema Educativo, a maior parte refere-se fundamentalmente à educação Escolar (PIRES, 1987: 28). No que diz respeito à educação de Infância não se verificam significativos avanços, senão o facto de a integrar no sistema.

Considera-se, assim, que educação Pré-Escolar, é complementar ou supletiva da acção educativa da família, constituindo um sector da educação em regime facultativo que precede a educação Escolar e se destina a crianças dos 3 anos até à idade de ingresso no Ensino Básico. Da referida Lei retiram-se 4 ideias fundamentais que clarificam a perspectiva com que é encarada a educação pré-escolar:

x A especificidade e autonomia da educação pré-escolar em relação à educação Escolar, traduzida em objectivos próprios.

x A articulação com a família como elemento fundamental deste nível educativo.

x A educação Pré-Escolar estende-se a iniciativas de várias ordens que poderão ser, do poder central, regional, local, associações de pais, associações de moradores, organizações cívicas, organizações confessionais, instituições de solidariedade social e outras entidades colectivas ou individuais, cuja existência é assegurada pelo Estado.

x A unidade de orientação da educação Pré-Escolar sob um único ministério, o Ministério da Educação.

Por sua vez, a educação Extra-Escolar engloba actividades de alfabetização e de educação de base de aperfeiçoamento cultural e profissional, concretizáveis em 4 sectores fundamentais:

x As actividades de reconversão e aperfeiçoamento profissional, pelo desenvolvimento das aptidões tecnológicas e do saber técnico.

x A educação cívica.

x A educação para a ocupação criativa dos tempos livres.

Já a educação Escolar compreende os ensinos Básicos, Secundário e Superior, integrando modalidades especiais e actividades de ocupação de tempos livres e constituir-se-á por três ciclos sequenciais (1º, 2º e 3º).

O ensino básico foi o que sofreu mais profundas alterações, tanto quanto à sua concepção como estrutura e organização, destacando-se como características mais significativas:

x O alargamento do ensino Básico para nove anos. x A sua unidade global.

x A sua organização em três ciclos sequenciais.

x O sentido da sequencialidade, conferindo a cada ciclo a função complementar do anterior.

x Subordinação dos objectivos específicos de ciclo aos objectivos gerais do ensino Básico.

x A transição gradual do professor único para o elevado nº de professores por turma.

x A possibilidade de obtenção do diploma do termo do ensino Básico e/ou do certificado de aproveitamento por ciclo ou ano.

x A possibilidade de existirem escolas especializadas nomeadamente no ensino artístico ou de educação física e desportiva.

x Modelo de administração único para os estabelecimentos

Infere-se da leitura deste documento, que na criação dos três ciclos sequenciais, há a intenção de promover uma efectiva articulação entre eles. No entanto, pelo seu carácter facultativo e pelo sua função complementar supletiva da acção da família (nº2 do Art. 4º), a educação Pré-Escolar fica fora desta intencionalidade. No nosso país, educação Escolar é sinónimo de obrigatoriedade.

O ensino superior compreende os 10º, 11º, 12º anos de escolaridade, deixa de ser um ensino comum e assume a possibilidade de poder ser especializado e diversificado. Retira-se dos seus objectivos fundamentais, a preparação do indivíduo para a vida activa, como cidadão interveniente do mundo a que pertence, munido de uma qualificação especializada, baseada numa formação tecnológica profunda.

O ensino secundário organiza-se segundo um modelo binário, em dois sistemas distintos; o ensino universitário e o politécnico.

Reportando-nos à análise da educação Pré-Escolar, intenção desta nossa abordagem, a referida L.B.S.E., determina que esta se destina a crianças na faixa etária dos 3 aos 6 anos e precede a educação Escolar (nº3, Art.5º). Realizar-se-á em instituições próprias, que poderão estar incluídas em estabelecimentos onde funcione o 1º Ciclo do ensino Básico (nº1, Art. 40º), e será desempenhada por profissionais especializados, com formação adequada, obtida em estabelecimentos de ensino Superior (nº1, als a, e, Art.30º)

Da rede pública farão parte os jardins-de-Infância implementados pelo estado, pela iniciativa privada, pela solidariedade social e por outras entidades colectivas ou individuais, cabendo ao estado tomar iniciativas próprias, bem como impulsionar as restantes iniciativas (nº 6, Art.5º)

A todos eles assiste uma unidade de orientação educativa ministrada pelo Ministério da Educação (nº7, Art.7º).

Pela Lei de Bases, a educação de Infância conheceu uma identidade e a definição dos seus objectivos gerais, que incitou à criação de um quadro de referências comum para todos os Educadores da rede nacional de Educação

Pré-Escolar, que veio a materializar-se na elaboração da Lei - Quadro da Educação Pré-Escolar.