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CAPÍTULO III ± O PROFESSOR ENTRE A INOVAÇÃO E A MUDANÇA

1.1 O conceito de Inovação

O conceito de inovação surge associado a contextos empresariais do tipo industrial e está intimamente ligado a estratégias de incremento de ³eficácia H UHQWDELOLGDGH GH XP GHWHUPLQDGR VLVWHPD SURGXWLYR´ (Vilar, 1993: 13).

Apesar das diferenças entre as organizações do tipo empresarial e as escolas, existe na opinião de Barroso (1992: 24), um movimento de influência das teorias da organização e da administração, sobre os processos de gestão das escolas, O Projecto de EVFROD FRPR GRFXPHQWR ³que orienta a organização, a gestão e o funcionamento da escola na diversidade das suas estruturas e funções, assemelha-VH DR SURMHFWR GH HPSUHVD´ (Op. cit.: 23), que põe em evidência a necessidade das organizações terem uma missão. Por isso, ´Toda a organização tem uma missão a cumprir; ela é, ao mesmo WHPSRDVXDUD]mRGHVHUDVXDILQDOLGDGHHDVXDUHIHUrQFLD´ (idem, ibidem).

O projecto de escola é na opinião de Barroso (Op.cit: 52), um instrumento facilitador da inovação e promotor da qualidade e eficácia da organização. Falar em inovação em educação requer uma adaptação conceptual e uma contextualização porque, como refere Vilar a escola é uma organização muito diferente (Op. cit.: 13).

O termo inovação reveste-se de uma certa ambiguidade, recaindo sobre si diversas definições. Recorrendo a uma definição considerada FOiVVLFD³inovação é uma melhoria mensurável, deliberada, durável e pouco susceptível de produzir-VH FRP IUHTXrQFLD´ (HUBERMAN, cit. por BRITES FERREIRA, 2001: 83).

Já, Gonzalez e Escudero (cit. por HERNÁNDEZ, 2000: 29) definem LQRYDomR FRPR ´uma série de mecanismos e processos que são o reflexo mais ou menos deliberado e sistemático por meio do qual se pretende LQWURGX]LUHSURPRYHUPXGDQoDVQDVSUiWLFDVHGXFDWLYDVYLJHQWHV´.

Miles (cit. por CORREIA, 1991: 22), considera, ³LQRYDomR FRPR XPD intenção deliberada, original, específica, que se supõe contribuir para DXPHQWDUDHILFiFLDGHXPVLVWHPDFRPDILQDOLGDGHGHRPHOKRUDU´.

Por sua vez, Sebarroja (2000: 11), descreve-D FRPR ³um conjunto de ideias, processos e estratégias, mais ou menos sistematizados, mediante os TXDLVVHLQWURGX]HSURYRFDPXGDQoDVQDVSUiWLFDVHGXFDWLYDVYLJHQWHV´.

Continuando nesta linha, Hernández (1998: 26), diz-nos que inovar é ³PRGLILFDUIRUPDVGHDFWXDomR´.

Pela definição da OCDE (cit. por CORREIA, 1991: 31), assume-se inovação como, ³Uma tentativa que visa, consciente e deliberadamente LQWURGX]LUXPDPXGDQoDQRVLVWHPDFRPDILQDOLGDGHGHRPHOKRUDU´.

Sobre as múltiplas definições em torno do conceito, uma ideia subjaz, a de que a inovação tem sempre uma intenção positiva de melhorar, nomeadamente o Sistema de Ensino ao qual se reporta a nossa abordagem.

&RPEDVHQDGHILQLomRGH+RUGVHJXQGRRTXDOLQRYDomRp³qualquer DVSHFWR QRYR SDUD XP LQGLYtGXR GHQWUR GH XP VLVWHPD´, Correia (Op.cit :30) refere que a sua definição torna-se um pouco ambígua, no sentido em que depende da interpretação que cada um faz do conceito, mediante a posição que assume enquanto agente envolvido num processo de inovação. Nesse sentido, inovação não é a mesma coisa para quem concebe, para quem recebe, ou para quem a põe em prática.

A inovação em educação advém da necessidade de esta se adaptar ao dinamismo do sistema social. Como refere Pardal, o dinamismo da sociedade, não prescinde da inovação no Sistema de Ensino, (PARDAL, 1997: 9), tornando-se por assim dizer um processo causa efeito em que a inovação se WRUQD XPD ³WDUHID VRFLDOPHQWH QHFHVViULD HVFRODUPHQWH ~WLO ´ (CORREIA, 1991: 29).

Normalmente a questão da inovação encontra-se associada aos conceitos de mudança, evolução e reforma, gerando entre os autores opiniões diversificadas sobre o assunto. Segundo Wallling e Berg (cit. por Hernández, 2000, p: 26)DUHIRUPDp³um processo que pretende modificar as metas e o marco global da instituição educativa´ QR HQWDQWRLQRYDU VLJQLILFD

³PXGDU DV IRUPDV GH DFWXDomR´ e se se pretende produzir mudanças educativas é preciso levar em conta estes dois processos.

Já, Neto Mendes (2005: 3), diz-QRVTXH³as inovações têm sempre uma intenção reformadora e procuram deliberadamente provocar a mudança das SUiWLFDVHGXFDWLYDVHHVFRODUHV´.

Pardal (1997: 9) VRE D PHVPD ySWLFD DFUHVFHQWD TXH ³inovação é PXGDQoDPDVQmRVHFRQIXQGHFRPHVWD´ .

Sebarroja (2002, p:12), não compadecendo da mesma opinião distingue reforma de inovação, não associando necessariamente uma à outra, considerando o âmbito da reforma de FDUiFWHU³PDFUR´TXHDIHFWDR6LVWHPD EGXFDWLYRQDVXDWRWDOLGDGHHDLQRYDomRGHFDUiFWHU³PLFUR´HGHkPELWRPDLV reduzido, reportando-se à escola ou à comunidade educativa. Refere ainda o autor que por vezes as reformas não têm em conta as inovações, muito pelo contrário, por vezes ignoram-nas e paralisam-nas. O que acontece normalmente quando as políticas educativas exercem um controle rígido sobre o currículo uniformizando-o e burocratizando-o.

Sob a mesma perspectiva, Canário (1992.a: 198) define reforma como ³uma mudança em larga escala, com carácter imperativo para o território nacional, implicando opções políticas, a redefinição de finalidades e objectivos eduFDWLYRVDOWHUDo}HVHVWUXWXUDLVQRVLVWHPDDTXHVHDSOLFD´

Considerando o termo reforma como objecto de várias definições, este FKHJD D VHU XWLOL]DGR SDUD GHVLJQDU ³LQRYDo}HV GH kPELWR UHGX]LGR´ou ³mudanças radicais com incidência na ideologia, nos objectivos, nas estratégias, nas estruturas e nas prioridades da educação ´UNESCO, cit. por BRITES FERREIRA, 2001: 85).

Mudar significa alterar. Diz-se que há mudança quando se processa uma alteração estrutural, que pode ser ao nível social, mas também mental dos indivíduos. Em termos de desenvolvimento organizacional, torna-se necessária a implementação da mudança, como factor determinante do bom acompanhamento mundial em termos económicos, tecnológicos e científicos, necessidade esta imperiosa na era da globalização.

Como diz Chievanato (1993:  ³o mundo de hoje caracteriza-se por XP DPELHQWH HP FRQVWDQWH PXGDQoD´ As dinâmicas das organizações exigem um constante processo de adaptação, para fazer face às exigências do meio exterior. A mudança organizacional sugere alterações nos procedimentos, nas estruturas, relações com os clientes, valores e RUJDQL]DomR GR WUDEDOKR ³A mudança acompanha o ciclo de vida das RUJDQL]Do}HV´ (KATZ e KAHN, 1996:323).