SOCIOECONÔMICA BÁSICA DA ÁREA DE ESTUDO
3.3 A escala adotada de trabalho: a Unidade Espacial Homogênea
O cálculo do consumo de energia no setor residencial, apesar de complexo, é tarefa que pode ser realizada por diferentes metodologias e é periodicamente realizado para regiões, e até para o país, pelos dos Balanços Energéticos. Contudo, este cálculo é feito de modo agregado, não havendo distinções espaciais, nem mesmo a separação entre o consumo em áreas densamente urbanizadas e o consumo em áreas rurais.
Na escala do município de Belo Horizonte, informações na escala intra-urbana são produzidas pelo IBGE. Como exposto por Umbelino e Barbieri (2008), nessa escala é difícil encontrar dados, sendo que os disponibilizados pelo IBGE são praticamente os únicos produzidos com abrangência nacional e confiabilidade, e por esta razão são os mais utilizados na demografia brasileira.
Nos censos, os dados estão disponíveis em escalas desde o País, os Estados, as Regiões, os Municípios, as Áreas de Ponderação e finalmente, o Setor Censitário. Este é definido como a menor unidade territorial com limites físicos identificáveis em campo, com dimensão adequada à operação de pesquisas e cujo conjunto esgota a totalidade do Território Nacional, o que permite assegurar a plena cobertura do País (IBGE, 2003).
Para a coleta das informações nos censos, são usados dois modelos de questionário:
• Questionário básico: aplicado em todas as unidades domiciliares, que contém a investigação das características básicas do domicílio e dos seus moradores.
• Questionário da amostra: aplicado nas unidades domiciliares selecionadas para a amostra; além da investigação contida no questionário básico, abrange outras características do domicílio, como a posse de bens duráveis.
Os resultados do questionário básico podem ser agregados e obtidos até o nível do setor censitário. Já para os resultados do questionário da amostra, chamados de Microdados do Censo, a escala do setor não pode ser utilizada sob pena de perda de precisão de suas estimativas. Usualmente esses dados são apresentados na escala de áreas de ponderação que é um agrupamento mutuamente exclusivo de setores censitários espacialmente definidos pelo próprio IBGE.
Para a RMBH há outra subdivisão espacial baseada em agrupamento de setores censitários, cujo tamanho foi definido também de forma a garantir consistência estatística no tratamento dos microdados dos censos demográficos (MENDONÇA, 2008).
Essa divisão foi estabelecida pela Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana (PLAMBEL), em 1981 e posteriormente revista em 1991. Soares e outros (2006, p. 7) colocam que essa regionalização baseava-se no “princípio da centralidade, reflexo da articulação dentro de uma rede de fluxos intra-metropolitanos, que permitiu a identificação de ‘macro-unidades espaciais’, depois desagregadas em recortes hierarquizados”. A partir do reagrupamento dos setores, foram definidas unidades espaciais que agrupavam áreas homogêneas contíguas, com perfil social e urbanístico semelhante. As regiões obtidas dessa divisão e reagrupamento foram denominadas Unidades Espaciais Homogêneas – UEH. Para os censos de 1980 e 1991, foram delimitadas 121 UEH em toda a RMBH. Para o ano de 2000, a divisão da RMBH foi revista para 142 unidades, das quais 77 se encontram no município de Belo Horizonte. Essas UEH são apresentadas abaixo no Quadro 3.1.
UEH NOME UEH NOME
1 Centro 41 Maria Emília
2 São Lucas/Savassi 42 Alípio de Melo/Serrano
3 BarroPreto/Lourdes 43 Ouro Preto/São Luís
4 Carlos Prates/Santo André 44 São Bernardo/Santo Inácio
5 Senhor Bom Jesus/Santo André 45 Planalto/Clóris/Itapoã
6 Floresta 46 Maria Goretti/São Paulo
7 Santa Teresa 47 Gorduras
8 Novo São Lucas/Santa Efigênia/Paraíso 48 Betânia
9 Mangabeiras/Serra 49
Bairro das Indústrias/Adalberto
Pinheiro
10 Cruzeiro/Anchieta 50 Barreiro de Cima/Pilar
11 Sion/Belvedere 53 Pindorama
12 Cidade Jardim/ São Pedro 54 Leblon/Jardim Atlântico
13 Prado/Calafate 55 Floramar
14 Cachoeirinha 56 Tupi
15 Renascença 57 São Gabriel
16 Sagrada Família 58 Barreiro de Baixo/Milionários
17 Horto 59 Conjunto Teixeira Dias/Miramar
18 Pompeia/São Geraldo 68 Céu Azul
19 Flamengo/Vera Cruz 69 Lagoa/Rio Branco
20 Mansões / Santa Lúcia / São Bento 70 Santa Mônica
21 Barroca/Gutierrez/Grajaú 71 Venda Nova
22 Monsenhor Messias/Celeste Império 72 Barreiro de Cima
23
Pe Eustáquio/Coração Eucarístico/ D.
Cabral 73 Tirol
24 Caiçara 74 Lindeia
25 Aparecida/São Francisco 78 Serra Verde
26 Cidade Nova 80 Ribeiro de Abreu
27 Ipiranga/Santa Cruz 81 Vale do Jatobá
28 Casa Branca/Boa Vista 82 Independência/Mineirão
29 Santa Inês/Nova Vista 90 Lagoinha/Nova América
31 Jardim América 91 Nova América/SESC
33 Califórnia 124 Favelas da Zona Sul
34 Ipanema 125 Favelas Barroca/Nova Suiça
35 Jaraguá/Aeroporto 126
Favelas do Padre
Eustáquio/Cachoeirinha
36 Aarão Reis/Primeiro de Maio 127 Favelas de Santa Efigênia
37 São Marcos 129 Favelas da Cabana
38 Nova Barroca/Salgado Filho 130 Favelas Venda Nova/Norte
39 Nova Cintra/Vista Alegre 131 Favelas São Gabriel/Gorduras
40
Jardinópolis/Nova Gameleira/Maria
Gertrudes
Quadro 3.1: Unidades Espaciais Homogêneas de Belo Horizonte Fonte: Mendonça (2008)
A distribuição espacial das 77 UEH é apresentada nas Figuras 3.2 e 3.3. A primeira figura mostra a distribuição das unidades com maior área e a segunda, a distribuição das menores. A numeração presente nessas figuras corresponde à numeração do Quadro 3.1. Em ambas as figuras estão destacadas a Lagoa da Pampulha e a região central do município que é a área projetada por Aarão Reis.
Figura 3.2: Localização espacial das UEH de Belo Horizonte, conforme a divisão para o Censo de
2000 – Fonte: Elaboração própria
Figura 3.3: Localização espacial das menores UEH de Belo Horizonte, conforme a divisão para o Censo
de 2000 – Fonte: Elaboração própria
Os dados socioeconômicos e de posse de bens dos microdados dos Censos de 1991 e 2000 são a base para o desenvolvimento do modelo de consumo de energia desse trabalho, sendo as UEH, apresentadas nas Figuras 3.2 e 3.3, as unidades espaciais adotadas nesse modelo.
O próximo item apresenta uma caracterização do perfil socioeconômico das famílias residentes em cada unidade espacial. Essa caracterização foi elaborada a partir das informações obtidas nos microdados dos Censos de 1991 e 2000, e constitui o ponto inicial para elaboração de um modelo de consumo energético e dos cenários de consumo, que serão apresentados nos próximos capítulos.