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SETOR RESIDENCIAL

5.2 A evolução do perfil das famílias em Belo Horizonte

5.2.1. a A população desagregada por UEH

Na demografia, as projeções populacionais para áreas, como, por exemplo, distritos, bairros e unidades territoriais de planejamento, normalmente são limitadas pela falta de dados, pois demandam informações históricas de nascimentos, óbitos e fluxos migratórios. Comumente, para solucionar o problema de ausência de dados, são adotados métodos de estimação demográfica, como modelos de extrapolação de dados populacionais passados, de repartição de acréscimos populacionais de uma área maior ou de emprego de um modelo estatístico de regressão baseado em séries históricas correlacionadas ao crescimento populacional (JANUZZI, 2007)

Considerando que a UEH não é uma subdivisão oficial do município em questão, não há disponibilidade de dados para se realizar uma projeção demográfica específica para este trabalho. Como alternativa, é possível fazer uma repartição da população total projetada para Belo Horizonte. O parâmetro adotado como projeção do crescimento populacional total é o estudo elaborado pelo CEDEPLAR (CEDEPLAR; LABES/FIOCRUZ, 2008), apresentado no Capítulo 2.

Para realizar a subdivisão espacial, existem alguns modelos matemáticos utilizados por demógrafos. A princípio, todos os modelos matemáticos utilizados devem estar sujeitos a restrição de fechamento, isto é, a soma das estimativas das áreas menores tem que ser igual ao resultado obtido para a estimativa da população total. A escolha do método mais adequado dependerá da disponibilidade de dados e das hipóteses adotadas.

Neste trabalho adotou-se o método conhecido por “AiBi”, desenvolvido pelos demógrafos Madeira e Simões (1972), para se estimar, entre dois Censos Demográficos consecutivos, a tendência de crescimento populacional de uma área menor - como um município - em relação a mesma tendência de uma área geográfica hierarquicamente superior (área maior). Essa técnica é considerada por Januzzi (2007) a mais adequada quando se supõe que a dinâmica populacional de pequenas áreas é fortemente condicionada às tendências passadas. No Brasil, a técnica é utilizada em estimativas oficiais das populações de municípios entre dois Censos, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE21.

Madeira e Simões (1972) utilizam uma função linear para estimar os tamanhos das subpopulações a partir da população total, de tal forma que seja assegurada, ao final das estimativas das áreas menores, a reprodução da estimativa total pré-conhecida.

Neste método, considera-se que a população estimada de uma área maior, como o município, em um ano j, é Hj. Essa área encontra-se subdivida em n áreas menores, as UEH, cuja

população de uma determinada área i, na época j, é Hi,j. A soma das populações das áreas

menores deve ser igual à população total, num mesmo momento. Desse modo, tem-se a Equação 5.2. , 1 =

=

n t i j i

H

H

(5.2) Onde: 21

Essa metodologia também está descrita no site do IBGE: http://www1.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ estimativa_pop.shtm. Acessado em 20/04/2010

Ht = Número de habitantes do município de Belo Horizonte, no ano j;

Hi,j = Número de habitantes da UEH i, no momento j, sendo i = 1, 2, 3, ... n.

Por hipótese, a população da UEH i pode ser decomposta em dois termos: aiHj, que depende

do crescimento da população total, e bi . Assim, obtém-se a Equação 5.3.

(5.3)

Onde:

ai = coeficiente de proporcionalidade do incremento da área da UEH i em relação ao

incremento da área do município; bi = coeficiente linear de correção.

Para a determinação destes coeficientes utiliza-se o período delimitado por dois censos demográficos. Sejam j0 e j1, respectivamente, as datas dos dois censos. Ao substituir-se j0 e j1

na equação acima, tem-se as Equações 5.4 e 5.5.

(5.4)

(5.5)

Através da resolução do sistema de equações 5.4 e 5.5, é possível obter os valores de ai e bi de

cada UEH. O valor do coeficiente ai é dado pela variação dessa área dividida pela variação

total, como colocado pela Equação 5.6.

(5.6)

E o valor do coeficiente de correção de cada área menor é dado pela Equação 5.7.

(5.7)

A metodologia AiBi é usualmente aplicada em condições onde há o crescimento populacional da área maior, mesmo quando isso não é observado em algumas áreas menores. Contudo, de acordo com a projeção do crescimento demográfico de Belo Horizonte (CEDEPLAR; LABES/FIOCRUZ, 2008), após 2015, ocorrerá redução da população total do município. Desse modo, a aplicação direta dessa metodologia em toda a série temporal acarreta em erros nas estimativas.

Esse método foi aplicado para se obter a população das UEH entre 2000 e 2030, e o resultado, por década é exposto abaixo nos Gráficos 5.1 e 5.2. Por essas figuras, nota-se que nos anos de 2020 e 2030 ocorre uma inversão na curva de número de habitantes das unidades espaciais: as que estavam em crescimento demográfico (GRAF. 5.1) passaram a ter queda no número de habitantes e o oposto ocorreu nas que estavam em processo de redução populacional (GRAF. 5.2).

Gráfico 5.1: Evolução da população estimada das UEH com crescimento populacional entre 1991 e 2000, conforme o método AiBi

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 5.2: Evolução da população estimada das UEH com decréscimo populacional entre 1991 e 2000, conforme o método AiBi

10 20 30 40 50 60 1991 2000 2010 2020 2030 Mi lh a r e s d e h a b it a n te s Ano 10 20 30 40 50 60 1991 2000 2010 2020 2030 Mi lh a r e s d e h a b it a n te s Ano 1 4 5 6 7 8 10 12 13 14 15 16 17 18 19 21 23 25 28 29 33 36 39 40 41 59 125 129 UEH

Fonte: Elaboração própria

Para a correção do problema da evolução populacional das unidades espaciais com taxa de crescimento negativa (GRAF. 5.2), foi mantido o decréscimo populacional anual dessas UEH, observado entre 2000 e 2010, no restante do período considerado, conforme mostrado pela Equação 5.8.

(5.8)

Onde:

Hi,j0 = Número de habitantes da UEH i, no ano j0;

Hi,j1 = Número de habitantes da UEH i, no ano j1 após j0;

A população das UEH calculadas pela Equação 5.8 foi somada e subtraída do total projetado para Belo Horizonte. A população restante foi redistribuída pelas demais UEH por meio do método AiBi. O resultado obtido é apresentado abaixo no Gráfico 5.3.

Gráfico 5.3: Evolução da população estimada das UEH com decréscimo populacional entre 1991 e 2000, conforme o método AiBi ajustado

Fonte: Elaboração própria