Conservação de alimentos

Os equipamentos que constituem o uso final são a geladeira de uma porta, os aparelhos combinados, ou duplex, e o freezer. No censo de 1991, é verificado a existência da geladeira elétrica e seu tipo: uma só porta ou mais de uma porta e a existência de freezer. Já no censo de 2000, é levantada a existência de geladeira ou freezer. Neste trabalho considerou-se que a média desse valor numa UEH equivale à posse de geladeiras nesse local. A posse de freezer, no ano de 2000, pode ser obtida pela interpolação dos valores de posse desse equipamento, levantada nos anos de 1999 e 2001, na PNAD. Com esses dados, é possível aplicar a Equação 4.1 para o cálculo do consumo de energia por uso final.

O consumo médio considerado dos equipamentos é apresentado no Catálogo do Selo PROCEL (ELETROBRAS/PROCEL, 2001). Esta escolha se deu por serem os valores medidos de equipamentos disponíveis no mercado à época do estudo. Para compensar o fato de que esses valores referem-se a equipamentos novos, foram multiplicados fatores de aumento de consumo, conforme apresentado nos próprios catálogos do Selo PROCEL. Esses valores são apresentados na Tabela 4.2, a qual apresenta o consumo de referência, dado pelo mesmo catálogo, e os consumos dos anos de 2000 e 1991 com os fatores que foram acrescidos ao valor de referência.

Tabela 4.2: Consumo mensal dos equipamentos de conservação de energia ano, em kWh/mês Volume Referência Consumo em Consumo em Equipamento médio (l) 2001 (PROCEL) 2000 (+15%) 1991 (+40%)

Geladeira 1 porta 300 27,38 31,48 39,36

Geladeira combinada 362 58,94 67,50 84,38

Freezer vertical 215 59,84 48,63 60,79

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do ELETROBRAS/PROCEL (2001)

4.2.5 Iluminação

Em uma residência, o consumo de energia para iluminação é dado em função do tipo de lâmpada, sua potência, do número de cada tipo de lâmpada existente na residência e do número de horas de uso. Nos censos não há levantamento sobre posse de lâmpadas, apenas da

existência de iluminação elétrica. Foi observada sua presença em 99,63% e 99,83% das residências de Belo Horizonte, em 1991 e em 2000, respectivamente.

Como não há posse de lâmpada nos censos, esse valor foi substituído pelo número médio de cômodos de uma residência da UEH considerada, para o cálculo de consumo de energia para o uso final iluminação, visto que é uma aproximação razoável considerar que cada cômodo de uma residência é iluminado por uma lâmpada. No ano de 2000, nas regiões cuja classe de renda familiar é superior a 20 salários mínimos, foi adotado como posse de lâmpadas o número de cômodos multiplicado por 1,25. Esse fator foi utilizado para compensar o maior uso de lâmpadas nessas classes, por terem cômodos maiores ou por utilizarem lâmpadas mais potentes. Os critérios de posse são apresentados abaixo na Tabela 4.3 por ano.

Tabela 4.3: Critérios de posse de lâmpadas (Plam) adotados, por ano estudado Ano do Censo (j) Classe de renda familiar (l) Posse de lâmpada (Plam)

1991 Todas Número de cômodos da UEH

2000 até 20 s.m. Número de cômodos da UEH

2000 superior a 20 s.m. (Número de cômodos da UEH) x 1,25

Fonte: Elaboração própria

Até a crise de abastecimento de energia elétrica ocorrida em 2000, o principal equipamento utilizado nas residências brasileiras era a lâmpada incandescente, sendo a lâmpada de 60 W a mais comumente encontrada (AROUCA, 1982; ACHÃO, 2003). Por isso, esse modelo foi o único utilizado no cálculo do coeficiente de consumo específico nos anos de 1991 e 2000. Para o tempo de uso, foi adotado 5 horas diárias, todos os dias do ano. Considerando que nem todas as lâmpadas de uma residência são acionadas ao mesmo tempo, foi aplicado um fator de não-simultaneidade de 0,65 (ACHÃO, 2003) ao cálculo do tempo de uso das lâmpadas. Esses valores estão listados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4: Critérios adotados para o cálculo do coeficiente de consumo das lâmpadas, em 1991 e 2000

Símbolo Descrição Valor adotado

plam potência da lâmpada 0,06 kW

tlam tempo de uso da lâmpada 5 h por dia, 365 dias por ano

fator de não-simultaneidade 0,65

clam coeficiente de consumo anual da lâmpada 71,175 kWh

Fonte: Elaboração própria

4.2.6 Lazer

Nos Censos de 1991 e 2000, foram levantadas a existência de rádio e a posse da televisão colorida nas residências. Além desses bens, no ano de 1991 foi investigada a existência de televisão em preto e branco e, em 2000, a existência do microcomputador e videocassete nas mesmas. Esses dados foram utilizados no cálculo do consumo de energia do uso final de

lazer, pela Equação 4.1, sendo que a posse da TV preto e branco foi desconsiderada em 2000. Como o mercado do videocassete estava consolidado em 1991, foi adotada a posse por classe de renda do ano de 2000 e para compensar o crescimento do número de equipamentos, esse valor foi dividido pela taxa de crescimento da televisão, entre os anos de 1991 e 2000.

O coeficiente de consumo específico dos equipamentos desse uso final pode ser calculado pela Equação 4.4. Os valores de potência e tempo de uso utilizados em cada ano são apresentados abaixo na Tabela 4.5, assim como o coeficiente de consumo obtido e as fontes dessas informações. No caso da TV a cores, o valor apresentado para 2000 refere-se à média dos valores de potência e consumo em standby de modelos disponíveis no mercado, medidos pelo INMETRO (2009d), e o valor de 1991 é o mesmo do censo posterior, multiplicado por um fator de perda de eficiência de 1,25, tomado como referência.

Tabela 4.5: Critérios adotados para o cálculo do coeficiente de consumo dos equipamentos utilizados no uso final lazer

Equipamento Potência (kW) Tempo de uso Consumo (kWh/ano) Fonte 1991 2000 valor unidade 1991 2000

Computador – 0,1200 2 h / dia – 87,6 ANEEL19

Televisão a cores 0,098 0,0780 5 h / dia 178,9 142,4 INMETRO (2009e)

Standby da TV 0,002 0,0012 19 h / dia 13,9 8,3 INMETRO (2009e)

TV em preto e

branco 0,060 – 5 h / dia 109,5 – PROCEL

20

Rádio 0,100 0,0800 2 h / dia 73 58,4 PROCEL

Videocassete 0,040 0,0400 5 h / sem 10,6 10,6 ANEEL

Standby do vídeo – 0,0001 163 h / sem – 0,9 ANEEL

Fonte: Elaboração própria