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A Escola Complementar de Itapetininga

3.1 – O Ensino na cidade de Itapetininga

No primeiro capítulo da presente dissertação, analisamos o contexto econômico, social e político no qual o município de Itapetininga estava inserido. O segundo versou sobre a forma de educação escolarizada forjada no interior da fase monopolista do capitalismo e como os republicanos buscaram, em um processo permeado de contradições, introduzir essa forma educacional então vista como modernizadora e capaz de conduzir a nação ao progresso vivido na Europa e nos Estados Unidos. Neste capítulo, adentraremos aos portões da Escola Complementar de Itapetininga. Antes, porém, faz-se necessário compreender o panorama geral da educação no município para possibilitar um melhor entendimento do impacto que ela causou no município e se ele foi significativo ou não.

De acordo com Nogueira (1962, p. 440), em linhas gerais, a educação formal no município passou por três estágios de desenvolvimento. O primeiro se estende desde o início do povoado até 1875 e se caracteriza pela insipiência do próprio ensino elementar. Este, além de ser o único disponível, era privilégio dos elementos masculinos econômica e socialmente mais favorecidos que aspiravam ao exercício de funções e cargos públicos. O ensino era ministrado por professores sem formação especializada.

No segundo período, entre 1875 e 1900, assiste-se à extensão do ensino elementar ao sexo feminino e à propagação do interesse pela instrução à diferentes camadas sociais, inclusive fora do quadro urbano. Encontramos aqui, ainda que efêmeras, as primeiras iniciativas do ensino médio. Finalmente, no terceiro período, que abarca a primeira metade do século XX, houve o desenvolvimento do ensino médio, o incessante aumento da capacidade da rede de estabelecimentos do ensino elementar, a substituição do professorado improvisado pelos professores formados na escola complementar e depois pela escola normal, o movimento da renovação dos métodos, das técnicas e da organização disciplinar das escolas, o crescimento do ensino pré-primário e a proliferação do supletivo.

Nos anuários de ensino de 1908-1909, 1909-1910 e 1910-191139, encontramos alguns dados estatísticos sobre o município de Itapetininga que nos ajudam a compreender melhor o contexto educacional da cidade:

Tabela 7 – Dados estatísticos da população escolar de Itapetininga (1908-1910)

Ano Pop ulaç ã o G er a l Pop ulaç ã o e m i dad e es co lar Mat ri cu lado s em es co las es tad uai s Mat ri cu lados em es co las m un ici pa is Mat ri cu lados em es co las pa rt icu lare s Pop ulaç ã o e m i dad e es co lar nã o at endida Porcen tage m da pop ulaç ã o qu e fre qu en ta a s e scol as 1908 16.600 2.371 872 --- --- 1.499 36,7 1909 19.000 2.714 927 25 35 1.727 36,5 1910 19.200 2.742 1.221 --- --- 1.521 44,5

Tabela adaptada pelo autor. Fonte: Anuários de Ensino do Estado de São Paulo

É possível apreender pelos números que, em 1908, apenas 36,7% da população em idade escolar estavam matriculadas. Esse número teve tímido aumento em 1910. Portanto, mesmo após mais de uma década de funcionamento da escola-modelo e da escola complementar no município, mais da metade da população em idade escolar ainda não tinha acesso à educação formal em estabelecimentos oficiais. Os mesmos documentos nos informam que, em 1908, a cidade contava com 18 escolas isoladas providas e 10 classes na escola-modelo40. Esse número aumentaria para 20 classes no grupo escolar e as 18 escolas isoladas foram mantidas.

Em 22 de fevereiro de 1895, o inspetor do 29º Distrito Literário do Estado de São Paulo, José Carlos Dias, apresentou ao Conselho Superior da Instrução Pública seu relatório sobre a instrução pública em Itapetininga em 1893 e 1894.41

39 Inspetoria Geral do Ensino. Annuario do Ensino do Estado de São Paulo.

40 A escola-modelo foi convertida no Grupo Escolar “Dr. Peixoto Gomide”, pela Lei nº 930, de 13 de agosto de

1904.

41 Relatório do 29º Distrito Literário do Estado de São Paulo. Arquivo do Estado de São Paulo. Ano 1895, Caixa

No relatório, o inspetor atesta ter visitado sete escolas no município. Segundo ele, essas escolas estavam longe de corresponder às suas expectativas. A maior parte dos professores não possuía as habilitações necessárias. Entre eles, havia os que estavam tentando se adaptar aos novos métodos propostos pela reforma e também outros que se colocavam em posição refratária. Consta no relatório que em todo o Distrito não havia nenhum professor normalista.

As escolas se achavam “completamente destituídas de móveis e mais utensílios para o ensino”. Os móveis eram antigos e não se harmonizavam “com as leis que presidem a moderna pedagogia”. Nos bairros mais afastados, algumas escolas chegavam mesmo a carecer de bancos. O relator mostra grande preocupação de, em suas visitas, orientar os mestres quanto à aplicação do método intuitivo – “unico capaz de produzir bons resultados” – e à situação da higiene nas escolas. Neste ponto, o inspetor afirma não poder ser muito rigoroso na fiscalização, devido à falta de “predios apropriados, de mobilias e mais utensilios que satisfaçam as exigencias do ensino moderno e ainda mais – o estado de pobreza de muitas crianças que frequentam as escholas publicas”.

Na conclusão do relatório, mesmo diante dos problemas apresentados, encontramos aquilo que para o inspetor se configurava em um lampejo de esperança:

Itapetininga e por isso mesmo o 29º Districto Litterario, do qual sou humilde representante, na qualidade de seu inspector, pode-se dizer que vai passar por uma nova phase de grandezas e prosperidades. Sua posição topographica, seu clima incomparavel, as bellesas naturaes de que é dotada e finalmente o patriotico e acertado acto do Exmo. Governo, decretando a creação da eschola normal nesta cidade, e bem assim, a recente instalação da eschola modelo, que deve ser anexa àquella; tudo isso, alliado ao grande patriotismo de seus filhos, ha de contribuir infallivelmente para que a risônha e encantadora cidade Itapetiningana venha a brilhar no centro da grande zona sul paulista, como um astro de primeira grandeza.

Em 14 de junho de 1901, o Inspetor Municipal, Manoel José e Almeida Castanho, encaminhou ofício à Câmara de Vereadores pedindo às autoridades municipais que não suprimissem as escolas isoladas da cidade. Segundo Castanho, essa medida prejudicaria muito o povo. Para embasar seu argumento, o inspetor apresenta alguns números que nos revelam um pouco mais sobre a educação primária do município. Em seu ofício encontramos o seguinte relato:

Pois como supprimir taes escholas quando tem ella frequencia superior a exigida pelo Regulamento respectivo e quando alem disso ha perto de uma centena de crianças de ambos os sexos – só de 7 a 12 annos que não frequentam escola alguma? De mais é sabido que as crianças que frequentam as referidas escolas não podem em geral frequentar as escolas Modelo cujas despesas não podem acarretar os

responsaveis por elles. A instrucção publica enfim deve aproveitar, sobretudo, os filhos dos pobres, e supprimir as escolas isoladas, seria difficultar, senão privar a estes de receberem instrucção, será uma clamorosa injustiça.42

Por meio do documento, podemos perceber a dualidade do ensino ofertado no município. A Escola Modelo – criada em 1895 – destinava-se aos filhos das camadas mais abastadas. Já as escolas isoladas abrigavam as camadas mais pobres. Além disso, o inspetor aponta que uma centena de crianças de ambos os sexos em idade escolar estavam fora da escola. Devido ao fato de ele estar se referindo apenas ao centro urbano do município, é razoável supor que esse número fosse ainda maior.

A esse respeito, Pereira (2013), em sua pesquisa sobre a implantação dos grupos escolares da cidade de Campinas-SP e as diferenças existentes entre os prédios centrais e os da periferia campineira, evidencia a existência de dois movimentos nos investimentos públicos na construção de prédios escolares. O primeiro, destinado aos prédios da região central, caracteriza-se pelo alto investimento financeiro para a construção de edifícios com arquitetura magnífica, com salas de aulas amplas e bem arejadas. O segundo, a manutenção de prédios escolares implantados na periferia em casas ou cômodos improvisados, com ou sem sanitários, pátio ou refeitório. A autora conclui que as diferenças entre os espaços arquitetônicos das escolas apontam os diferentes tratamentos dados às crianças e isso está relacionado à sua condição de classe.

3.2 – A Criação e Instalação da Escola Complementar de Itapetininga

No relatório de 1895, o inspetor do 29º Distrito aponta a criação da Escola Normal Primária na cidade como pedra fundamental para uma nova fase de grandezas e prosperidades. De fato, conforme já apontado, a escola foi criada por meio do Decreto nº 245, de 20 de julho de 1894, assinado pelo presidente do Estado Dr. Bernardino de Campos e pelo secretário do interior, Dr. Cesário Motta Júnior. No entanto, por si só, o ato legal de criação não gerava as condições materiais de existência das escolas. Por isso, a instalação da escola normal acabou não se efetivando na prática, sendo adiada para 1911.

Em 14 de janeiro de 1895, foi instalada na cidade, em prédio alugado pela Câmara de Vereadores, sob a direção do Major Antônio Augusto da Fonseca, uma Escola-Modelo – também a primeira do interior paulista – que seria anexa à escola normal até então prevista. Na edição do dia 25 de novembro de 1896 do Jornal Tribuna Popular43, encontramos a publicação da Lei Municipal nº 24 que apresenta o relatório financeiro da cidade. Nele consta o valor de 2:400$000 referente ao aluguel do prédio em que funcionava a escola.

Como a legislação preconizava a participação dos municípios para a instalação de novas escolas, a Câmara de Itapetininga se comprometeu com a doação do terreno para a construção dos prédios onde funcionariam os novos estabelecimentos de ensino. Na sessão do dia 7 de dezembro de 1895, encontramos o seguinte projeto de lei44:

A Camara Municipal de Itapetininga decreta: considerando que essa camara municipal teve de doar ao Governo o terreno para edificar o prédio da escola normal e suas dependências e tendo o engenheiro encarregado da escolha o local preferido na Avenida Peixoto Gomide as duas primeiras quadras a partir da rua Campos Salles, ao lado direito que desce para a estação. A Camara Municipal de Itapetininga decreta: Art. 1º ficam declarados de utilidade pública as duas quadras de terrenos situadas (...) na Avenida Peixoto Gomide a partir da rua Campos Salles pelo lado direito descendo dessa para a Estação, tendo todo o terreno 180 metros de frente para a Avenida e 100 metros de fundo. Art. 2º Fica instituída a autorização para fazer a desapropriação particular ou judicialmente e entregar os mesmos terrenos ao Governo do Estado.

Há de se destacar que o terreno escolhido não se encontrava no centro da cidade. Na verdade ele se encontrava nos limites do centro, local para onde a urbanização da cidade começava a se expandir. No entanto, o local não deixa de ser estratégico, pois a avenida que passava em frente ao terreno da escola terminava na estação ferroviária, principal ponto de chegada da cidade. Desse modo, aqueles que vinham a Itapetininga e se dirigiam ao centro necessariamente passariam em frente ao terreno, podendo vislumbrar os majestosos prédios que seriam construídos no local. O terreno escolhido contribuiu em grande medida como vetor de urbanização para a cidade. Tal qual a Escola Normal da Capital (WOLFF, 2010, p. 149-150), o prédio monumental atuou como polo de atração para o desenvolvimento do seu entorno. O terreno foi dividido em três partes. O prédio central possuía 75 metros de frente e os dois laterais 52.

43

Fundado em 31 de março de 1887 por Antônio Galvão, o jornal Tribuna Popular era publicado semanalmente em quatro folhas. O jornal possuía orientação republicana.

Os terrenos escolhidos foram adquiridos por meio de permuta. Na sessão de 15 de agosto de 190145, os cidadãos José de Moraes Rosa, Christiano de Arruda Moraes e Norbertina de Moraes Rosa pedem a Câmara que esta lhes passasse o título dos terrenos que receberam na troca. Em sessão extraordinária, no dia 23 de outubro do mesmo ano, foi aprovado o parecer para a concessão do título.

Em maio de 1896 foi lançada a pedra fundamental do edifício destinado à Escola Normal.

O projeto desenvolvido por Ramos de Azevedo foi uma das mais imponentes concepções de arquitetura do interior do Estado. Foi projetado um conjunto de três prédios – um central para a Escola Normal, ladeado por dois prédios gêmeos destinados à Escola- Modelo Preliminar e à Escola-Modelo Complementar. Coube ao engenheiro Antônio By o detalhamento em desenhos e o levantamento de custos. No ofício nº 1279, de 8 de outubro de 189646, encontramos o orçamento e o pedido de liberação dos recursos para a construção dos edifícios. O orçamento total foi da ordem de 290:947$300.47 O prédio principal e um dos laterais foram concluídos em 1899. O segundo prédio lateral só foi concluído em 1911. Em frente aos prédios foi implantada uma praça pública.

45 D.O.V (1899-1902) – Leis Municipais, p. 79-80 46

S. Manuscritos. “Oficios Diversos”. Ordem 4202, Caixa 84, ano 1896

47 Nesse total estão inclusos o valor 280:901$000 - referentes à escola - somados ao valor de 10:046$300,

Figura 2 – Orçamento da construção do prédio para a Escola Normal assinado pelo Engenheiro Antonio By

Acervo: Arquivo Público do Estado de São Paulo

Em sua planta, o prédio central é uma versão simplificada da Escola Normal de São Paulo. No trecho a seguir, temos a descrição do prédio:

Com menor número de salas, não chega a formar um “U” e desalinhando-se as salas das extremidades do eixo predominante do prédio, obtém-se um movimento na fachada principal. Esses mesmos segmentos do edifício são guarnecidos por frontões arrematando as cimalhas. O acesso principal centralizado, recebe também decoração especial. A ornamentação é ainda mais sóbria que a de seu modelo, a Escola Normal da Capital. Ainda como na concepção desse projeto, um auditório semicircular localiza-se defronte à entrada principal.

Os dois prédios gêmeos vizinhos têm uma planta muito simples, a mesma que Ramos de Azevedo e a Superintendência de Obras Públicas – denominada de “tipo para grupo escolar” – vinham empregando desde o Grupo Escolar de Campinas. (WOLFF, 2010, p. 176)

Figura 3 – Planta dos três prédios projetados por Ramos de Azevedo

Fonte: Arquitetura Escolar: Restauro, 1998, p. 44

A ornamentação dos prédios era composta por um misto de elementos clássicos com neorromânticos. A figura 4 traz o prédio no ano de sua inauguração. Na figura 5 – uma fotografia de 1908 – podemos visualizar os dois prédios. Em primeiro plano o prédio da Escola Normal e, ao lado, o prédio da Escola Modelo-Preliminar. A figura 6 nos revela os três prédios já construídos, destacando o último prédio construído e destinado a abrigar a Escola Modelo Complementar.

Figura 4 – Frente do prédio em 1899

Fonte: Arquitetura Escolar Paulista: Restauro, 1998, p. 37

Figura 5 – Prédios da Escola Complementar e da Escola Modelo (1908)

Figura 6 – Os três prédios construídos (1914)

Fonte: LISBOA, 2006, p. 279

Figura 7 – Estudo realizado pelo escritório de Ramos de Azevedo, por volta de 1895

Enquanto os prédios eram construídos, o Governo do Estado decidiu adiar a instalação da Escola Normal – devido aos altos investimentos que esta demandava - e optou por instalar, em seu lugar, uma Escola Complementar.

Outro motivo que certamente influenciou a decisão do governo de adiar a instalação da Escola Normal está relacionado ao público alvo dessa instituição. Reis Filho (1995, p. 161) aponta que a clientela das escolas complementares do interior paulista era constituída da classe média urbana, que encontrava no magistério primário condições de trabalho. A historiografia tem demonstrado, além disso, que as elites estaduais preferiam que seus filhos estudassem nas faculdades de Direito, Medicina e Engenharia, no Brasil ou no exterior. O filho48 do Coronel Fernando Prestes, por exemplo, formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1906. Nosella e Buffa (2002, p. 59-64), em estudo sobre a Escola Normal de São Carlos, demonstram que, até 1940, no tocante ao sexo feminino, o seu público era composto por jovens da classe média alta. Já o público masculino era oriundo de grupos sociais menos favorecidos. Em Teixeira Junior (2005) encontramos a informação que a classe dirigente campineira desejava uma escola complementar para a cidade com o intuito de que suas filhas pudessem concluir o ensino primário, já que os meninos tinham acesso ao Ginásio de Campinas. Portanto, como a Escola Normal de Itapetininga teria como público apenas uma fração da elite estadual e como esta modalidade de ensino destinava-se sobretudo ao sexo feminino, a instalação da instituição acabou sendo adiada.

No dia 11 de novembro de 1896, o jornal Tribuna Popular49 traz uma nota em sua segunda página, informando que os políticos já falavam que a cidade receberia uma escola complementar no lugar da normal. Na publicação de 20 de janeiro de 189750, o mesmo jornal noticiava que a escola começaria suas atividades no mês seguinte e alertava os estudantes para se prepararem para a matrícula.

A criação da Escola Complementar de Itapetininga se efetivou através do Decreto nº 428, de 6 de fevereiro de 1897, assinado pelo presidente do Estado, Dr. Manoel Ferraz de Campos Salles, e pelo Secretário do Interior A. Dino Bueno:

48

Trata-se de Júlio Prestes de Albuquerque. Exerceu as funções de Deputado Federal e presidente do Estado de São Paulo (1927-1930). Foi o último presidente eleito da Primeira República. Contudo, não chegou a assumir devido à Revolução de 1930.

49 Tribuna Popular, 11 de novembro de 1896, Anno X, nº 402 50 Tribuna Popular, 20 de janeiro de 1897, Anno X, nº 412

Art. 1º - Fica creada uma eschola modelo complementar, annexa à Eschola Modelo

de Itapetininga, destinada aos exercicios praticos do ensino (...), servindo a alumnos de ambos os sexos.

No dia 17 de fevereiro, o jornal Tribuna Popular engrandece a criação e instalação da escola e relaciona esse fato como vetor de progresso para o município:

Como todos devem estar scientes, foi creada em Itapetininga uma eschola complementar, cujo fim, por uma sabia resolução do Congresso, é formar professores preliminares com as mesmas regalias a que tem direito aquelles que são diplomados pelas Escholas Normaes do Estado.

Semelhante instituição já era ansiosamente esperada pela mocidade estudiosa desta cidade; mas ainda mesmo assim, não foi sem muito especial agrado que a noticia de sua creação foi por nós recebida, visto ser este um dos novos e pujantes elementos cooperadores do progresso intelectual da terra de Venancio Ayres.

Todos aquelles que amam o estudo e o progresso e tem verdadeiro interesse pelo seu berço, devem mostrar-se muitissimo jubilosos com semelhante nova. Com a eschola complementar, Itapetininga só tem a auferir immensas vantagens que não são precisas especificar. E’ mais um templo que se abre; é mais luz que se irradia; é mais vida que apparece e conseguintemente mais progresso para esta nossa terra querida. Não são precisas mais considerações e commentarios em prol da Eschola Complementar; o tempo realmente nos mostrará as verdadeiras e utilissimas vantagens que por alto estamos agora fazendo mensão. Por ora limitamo-nos a dar em nome do povo sinceros parabéns aos propugnadores do progresso de Itapetininga por terem conseguido do governo do Estado mais esse grande auxilio, que equivale para Itapetininga a um enorme e inestimavel melhoramento.

(...) a Eschola Complementar abrir-se-á no começo de Março, faltando para isso preparar a casa em que a mesma deverá provisoriamente funccionar.

Consta-nos mais que se trata de alugar para esse fim um prédio espaçoso situado á rua Campos Salles, nesta cidade.51

Como o prédio ainda estava em construção, a escola foi acomodada em um edifício alugado para recebê-la. Conforme relato presente no Anuário de 1907-1908, a escola foi instalada em prédio particular, previamente adaptado, no dia 29 de março de 1897. O Jornal Tribuna Popular dá destaque a esse fato em sua primeira página no dia 31 de março do mesmo ano52:

No dia 29 do corrente, ao meio dia, fez a inauguração da Escola Complementar desta cidade, no predio da rua Campos Salles, pertencente a D. Damazia M. Prestes. O acto da installação fez-se sem ruido, sem caracter festivo, attendendo-se á morte recente de dois cidadãos estimados de nossa sociedade – o bom dr. Coutinho e o nunca esquecido Antonio Paulino.

51 Tribuna Popular, 17 de fevereiro de 1897, Anno X, nº 416 52 Tribuna Popular, 31 de março de 1897, Anno X, nº 422

A reunião, entretanto, foi muito concorrida, notando-se a presença do dr. Peixoto Gomide que congratulou-se com Itapetininga pelo melhoramento que acabava de obter, pedindo em seguida aos circumstantes que o acompanharam em suas saudações, ao Major Antonio Augusto da Fonseca e ao Coronel Fernando Prestes, como tendo grande parte na creação da Escola Complementar.

Oraram também alguns professores da Escola Modelo e Complementar, e alguns