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2. Caraterização das condições de estágio

2.7. A estagiária

Estou a exercer a função de treinadora no LSC desde a época desportiva de 2013/2014, passando primeiramente por estagiária do curso do 1º Ciclo de Ciências de Desporto da FADEUP, no ramo de treino desportivo em natação, na equipa de juvenis. Graças ao trabalho desenvolvido e dedicação, surgiu a excelente oportunidade de na época seguinte assumir o cargo de treinadora adjunta de juniores de primeiro ano e de juvenis. Mantendo o empenho, vontade de aprender e pelos resultados desportivos alcançados que na atual época desenvolvi as funções de treinadora adjunta de juvenis. No entanto, pretende-se proporcionar as condições necessárias para a realização do estágio profissionalizante do 2º Ciclo em Treino de Alto Rendimento Desportivo da FADEUP.

Neste sentido, viso desenvolver as competências e exigências de treinadora com vista a promover uma evolução desportiva de bom nível competitivo e pessoal dos nadadores pertencentes à faixa etária dos 13 aos 16 anos. Esta evolução desportiva requer uma construção a longo prazo das várias componentes, influenciadoras do rendimento desportivo: psicológica, bioenergética, biomecânica, genética e contextual (Fernandes & Vilas-Boas, 2002). Para assegurar um ótimo desenvolvimento ao longo do percurso do nadador é fundamental que a prática, o treino, a competição e a recuperação sejam específicos e bem planeados (Barros, 2011; Bompa, 1999; Matvéiev, 1991). Rumo a este objetivo geral, os meus objetivos específicos são: (i) participação no planeamento da época desportiva, incluindo a construção e discussão dos macro, meso e microciclos em conjunto com a treinadora principal e o coordenador técnico; (ii) responsável pela Avaliação e Controlo de Treino (avaliação da hidrodinâmica e das caraterísticas hidrostáticas, da velocidade crítica e da dimensão psicológica dos nadadores); (iii) responsável pelo treino fora de água, incluindo aquecimentos e alongamentos antes e no fim das sessões de treino; (iv) elaboração de um plano de reforço muscular baseado em exercícios com banda elástica, em conjunto com o fisioterapeuta do clube; (v) encarregada de organizar uma competição desportiva; (vi) responsável por

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introduzir e sistematizar o controlo da frequência gestual nos nadadores; (vii) responsável por traçar e analisar a evolução dos resultados desportivos dos nadadores; (viii) assumir a liderança da equipa juvenil em algumas sessões de treino; (ix) desenvolver as funções de treinadora principal, em pelo menos uma competição desportiva. Apesar de assumir a função de treinadora adjunta, ao longo da época desportiva fui tendo um papel de destaque e de relevo, dada a reforma do treinador Sr. Domingos Pinto e à ausência da treinadora Mestre Mariana Marques por motivos profissionais relacionados com o seu cargo de diretora técnica nacional da natação sincronizada. Assim, assumi a liderança de várias sessões de treino, bem como de provas importantes (por exemplo, Campeonatos Regionais de inverno e o Torneio de Nadador Completo).

O planeamento e a construção do processo de treino basearam-se na literatura e na troca de conhecimentos entre a treinadora principal e supervisora de estágio, Mestre Mariana Marques, o orientador, Professor Doutor Ricardo Fernandes e o coordenador técnico de infantis, juvenis, juniores e seniores, Sr. José Baltar Leite. Porém, preocupei-me em respeitar o contexto desportivo, social e económico do clube. Nos dias de hoje, as responsabilidades do treinador exigem que este tenha uma preparação académica, profissional e pessoal, de forma a nutrir um conhecimento multidisciplinar e um conjunto de habilidades próprias ao nível das competências de ensino (Araújo, 2001). A formação é um meio essencial para a constituição da identidade profissional, devendo ser contínua e contextualizada, acompanhado toda a carreira do treinador (Rodrigues, 2010).

Sem formação, não há conhecimento possível do conteúdo geral e específico da intervenção social que o treinador tem que desempenhar. Ao adquirir conhecimentos, este é capaz de tomar decisões assertivas e corretas. Esta importância advém do facto do sucesso desta profissão requerer o domínio e a articulação de diversas áreas de conhecimento (Rodrigues, 2010). Deste modo, deve existir consciência para a necessidade da inovação e renovação profissional, por forma a evoluir-se permanentemente (Knowles et al., 2005). Assim, também estive presente em momentos formativos importantes, tais como congressos (por exemplo, International Seminar For Aquatic (And Other)

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Coaches. New Scientific Findings In Aquatic Activities: applications to high level training), ações de formação (por exemplo, Apresentação de um novo programa

informático de avaliação e controlo das provas competitivas), reuniões técnicas (por exemplo, reunião com todos os presidentes das associações regionais da FPN para a discussão do calendário competitivo da época 2016/2017) e conversações com membros pertencentes à realidade desportiva (por exemplo, Sr. José Baltar Leite), com o intuito de crescer enquanto treinadora.

Para além da formação profissional do treinador, o comportamento deste desempenha um papel crucial na experiência desportiva, influenciando variáveis como a performance, a aprendizagem, o prazer e o desenvolvimento psicossocial dos mais jovens (Silva, 2010). Nos adolescentes, especificamente entre os 13 e os 15 anos, a sua necessidade de se divertirem é complementada pela necessidade de realizarem treinos adequados e estruturados com cargas progressivas, e de adquirirem competências específicas para atingirem elevados níveis de rendimento desportivo (Côté et al., 2007).

Os treinadores exercem um elevado impacto junto dos jovens, porque determinam a experiência desportiva e a edificação dos valores e atitudes das crianças. Estes são um modelo que depressa é aprendido pelos mais novos, o que revela o valor do comportamento (Silva, 2010). Optou-se por se demonstrar uma atitude exemplar, de respeito, confiança e por vezes autoritária, criando-se um clima positivo entre mim (treinadora) e o nadador. Interessei-me pela vida escolar e familiar dos praticantes, procurando ajudá-los e orientá-los em busca do desenvolvimento pessoal e desportivo dos mesmos. Incentivei-os a alcançar os seus objetivos, aprendendo a concentrarem-se e a superarem-se (Côté et al., 2007). Durante os exercícios de treino, decidi adotar uma linguagem clara, objetiva, construtiva e de demonstração corporal para uma melhor compreensão e comunicação. Nas competições desportivas, assumi uma atitude calma e serena, refletora de confiança, uma vez que o controlo emocional é tido como importante. Assim, o treinador assume diversos papéis: líder, professor, organizador/planificador, motivador, guia/conselheiro e disciplinador (Araújo, 2001), que nem sempre é fácil de concretizar.

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Paralelamente, treinar adolescentes requer a consciência de um jovem com o corpo em crescimento, quer na componente física, como psicológica. Nestas idades é comum abandonarem a prática da modalidade por vários motivos, sendo que a não exibição de bons desempenhos desportivos é um deles. Apesar da maturação precoce permitir evidenciar resultados desportivos mais cedo em competição, sabe-se que os nadadores de maturação tardia alcançarão ou ultrapassarão os primeiros, quando o seu processo maturacional permitir (Rama & Alves, 2007). Torna-se essencial explicar esta situação com vista a um ambiente favorável na construção desportiva do nadador juvenil.Entende-se que a própria adolescência pode limitar o progresso desportivo, mas nunca esquecer que cada nadador é um caso, devendo ser considerado como tal (Raposo, 2004). O processo de treino a longo prazo tem como objetivo a melhoria contínua da

performance desportiva, à qual depende de uma multiplicidade de fatores

(Fernandes & Vilas-Boas, 2002; Rama & Alves, 2007). A Figura 3 apresenta o modelo síntese dos fatores determinantes do rendimento desportivo do nadador (adaptado de Fernandes & Vilas-Boas, 2002), à qual as variáveis biomecânicas, bioenergéticas ou fisiológicos e psicológicas tem uma influência direta e as genéticas e contextuais uma influência indireta sob a prestação desportiva. Conhecendo os principais domínios influenciadores do desempenho desportivo é essencial avaliá-los e controlá-los (Fernandes & Vilas-Boas, 2002), buscando o progresso desportivo.

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Figura 3 – Diagrama de síntese dos fatores determinantes do rendimento desportivo do nadador (adaptado de Fernandes & Vilas-Boas, 2002).

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