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A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

4 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

4.1 A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

O Setor Elétrico Brasileiro apresenta como principais estruturas funcionais inúmeros organismos. Tais organismos têm influência sobre a integração dos sistemas de eletricidade com os demais países membros do MERCOSUL, assim como com os demais vizinhos sul- americanos. Tais organismos e suas relações de hierarquia podem ser visualizadas no Gráfico

abaixo, e terão suas principais atribuições detalhadas adiante:

Figura 3.1: Principais Instituições do Setor Elétrico Brasileiro

Fonte: RODRIGUES, Larissa Araujo. Análise Institucional e Regulatória da Integração de Energia Elétrica entre o Brasil e os Demais Membros do MERCOSUL.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) é órgão vinculado diretamente à Presidência da República e presidido pelo Ministro de Minas e Energia, e que propõe “as políticas para o setor energético, articulando-as com as demais políticas públicas nacionais”96 (MME, 2015). Já o Ministério de Minas e Energia (MME) apresenta como principal papel institucional o de “formular e programar as políticas para o setor elétrico nacional em

96 MME. Ministério de Minas e Energia, 2011. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/web/guest/acesso-a-

consonância com as diretrizes que são estipuladas pelo CNPE”97, tendo uma secretaria dedicada somente ao setor elétrico, estando vinculados à sua estrutura uma Agência Reguladora (Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), uma Empresa de Pesquisa (Empresa de Pesquisa Energética – EPE) e a Eletrobrás.

Cabe à Secretaria de Energia Elétrica do MME a coordenação das ações relacionadas ao setor de energia elétrica, de modo a garantir ao país o suprimento de tal insumo, “considerando, dentre de outras premissas, a integração energética nacional e com os países vizinhos”98 (BRASIL, 2011). Igualmente, cabe à Secretaria o acompanhamento e a coordenação das ações de integração elétrica com os países sul-americanos da vizinhança através dos respectivos acordos internacionais, assim como as compras e vendas de energia elétrica de tais países.

Já o CMSE, criado em 2004, é presidido pelo Ministro de Minas e Energia e acompanha o suprimento de energia elétrica no Brasil, sendo composto por 4 Representantes do MME, e 1 representante de cada uma das seguintes organizações: ANEEL, Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A ANEEL, criada em 1996 pela Lei 9.427 de 26.12.1996 - que também disciplina o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica - é vinculada ao MME como autarquia em regime especial, tendo como atividade precípua a

[...] regulação e a fiscalização das atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização da energia elétrica; o poder de conceder, permitir e autorizar as instalações e serviços de energia; a realização de leilões de concessão de empreendimentos de geração e transmissão; os processos de licitação para aquisição de energia para os distribuidores; a mediação de conflitos entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores; o estímulo à competição entre os operadores e a garantia de tarifas justas e serviços de boa qualidade99.

O ONS trabalha sob a hierarquia da ANEEL, como pessoa jurídica de direito privado e sem fins lucrativos, tendo sido criado em 1998 pela Lei 9.648 de 27.05.1998, com alterações introduzidas pela Lei 10.848/ 2004 e regulamentada pelo Decreto 5.081/ 2004, para “operar e supervisionar a geração de energia elétrica e a rede de transmissão no Sistema Interligado

97 RODRIGUES, Larissa Araujo. Análise Institucional e Regulatória da Integração de Energia Elétrica Entre o Brasil e os Demais Membros do MERCOSUL. 2012. Dissertação (Mestrado em Energia) - Energia,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/86/86131/tde-19042012-132609/>. Acesso em: 4 set. 2015.

98 BRASIL. Ministério de Minas e Energia, 2011. Disponível em: <http://www.mme.gov.br>. Acesso em: 4 set.

2015.

99 ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica, 2015. Disponível em:

Nacional (SIN), definindo as condições de acesso à rede, sempre buscando garantir a segurança e a moderação econômica no suprimento de energia elétrica no país”100 (ONS, 2015).

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), criada em 2004 pelo Decreto 5.177 de 12.08.2004, é uma associação civil, igualmente uma pessoa jurídica de direito privado, composta pelos agentes de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica, tendo como principal função

[...] o registro e a administração dos contratos de compra e venda de energia elétrica firmados entre os agentes no SIN, tanto no mercado regulado como no mercado livre. Além disso, é responsável pela contabilização e liquidação financeira das operações de comercialização no mercado de curto prazo (mercado spot). 101

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) foi criada pelo Decreto 5.184, de 16.08.2004, “é diretamente responsável por estudos, pesquisas e projeções que servem de base para a elaboração do planejamento energético do país, tais como os Planos Nacionais de Energia e os Planos Decenais de Energia”102 (EPE, 2015).

Nesta estrutura detalhada na figura acima, “Principais Instituições do Setor Elétrico Brasileiro", finalmente chega-se ao aprofundamento de históricos e principais atribuições da Eletrobrás e de Itaipu Binacional. A Eletrobrás, instituída pelo Decreto 3.890-A de 25.04.1961 como empresa de economia mista e capital aberto,

[...] é a maior companhia de capital aberto do setor de energia elétrica da América Latina e atua nos segmentos de geração, distribuição, transmissão e comercialização por meio das empresas Eletrobrás holding, CGTEE, Chesf, Eletronorte, Eletronuclear, Eletrosul, Furnas, Amazonas Geração e Transmissão de Energia, Distribuição Amazonas, Distribuição Acre, Distribuição Alagoas, Distribuição Piauí, Distribuição Rondônia, Distribuição Roraima e metade do capital de Itaipu Binacional. Além disso, controla o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Eletrobrás Cepel) e a Eletrobrás Participações S.A. (Eletrobrás Eletropar)”, tendo o governo federal como seu maior acionista (54,46% das ações ordinárias)103.

Com capacidade instalada total de 44.156 MW, a Eletrobrás é a maior empresa de geração de energia elétrica brasileira e tem uma participação de um terço do total da capacidade instalada do país, fazendo com que a Eletrobrás seja “uma das maiores do mundo em geração de

100 ONS. Operador Nacional do Sistema Elétrico, 2015. Disponível em:

<http://www.ons.org.br/institucional/o_que_e_o_ons.aspx>. Acesso em: 4 set. 2015.

101 RODRIGUES, Larissa Araujo. Análise Institucional e Regulatória da Integração de Energia Elétrica Entre o

Brasil e os Demais Membros do MERCOSUL. 2012. P. 40, Dissertação (Mestrado em Energia) – Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/86/86131/tde-19042012-132609/>. Acesso em: 4 set. 2015.

102 EPE, 2015. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/quemsomos/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 4 set.

2015.

103 ELETROBRAS, 2015. Disponível em:

energia limpa e renovável e a maior responsável pela matriz elétrica brasileira”104. A Eletrobrás possui uma malha de linhas de transmissão de abrangência nacional, com

[...] aproximadamente 60.502 quilômetros, equivalente a 48% do total do país em sua rede básica, em alta e extra-alta tensão. No segmento de distribuição, a Eletrobrás cobre uma área correspondente a 31% do território brasileiro, distribuindo energia elétrica a mais de 6,6 milhões de consumidores, por meio de uma rede de distribuição com mais de 464 mil quilômetros. A Eletrobrás também trabalha de forma constante na busca de fontes alternativas de energia e na criação de novos modelos de negócio, como as participações em Sociedades de Propósito Específico (SPEs) e operações no exterior105.

Enquanto isso, Itaipu Binacional – como propriamente já discrimina o nome – é uma entidade binacional pertencente a Brasil e Paraguai, constituída pelo Tratado de Itaipu, assinado em 26.04.1973, para a operação da Usina Hidrelétrica binacional de Itaipu binacional, cujo reservatório começou a ser formado em outubro de 1982, quando foram concluídas as obras da barragem, e as comportas dos canais de desvio fechadas. Em maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora, de um total de 20 delas, com potencial de geração de 700 MW cada, fazendo que o potencial total de geração da planta hidráulica chegue aos 14.000 MW e uma média anual de 90 milhões de megawatts-hora (MWh). O aspecto de empresa jurídica de direito privado binacional deve-se ao ordenamento jurídico de ambos países às quais está submetida. Brasil e Paraguai possuem rigorosamente a mesma participação na entidade: a Eletrobrás possui 50% e a sua contraparte paraguaia – a ANDE (Administración Nacional de Electricidad) – os demais 50%. Ambos indicam paritariamente os doze membros do Conselho de Administração da Entidade Binacional. Dos seis membros de indicação brasileira, um é da Eletrobrás e outro do Ministério de Relações Exteriores. O Conselho elege a Diretoria Executiva também de forma paritária.

O Sistema Interligado Nacional brasileiro (SIN) apresenta tamanho e características que o fazem único em âmbito global, fazendo do Brasil um sistema de geração e transmissão de energia hidrotérmica de grande porte, com forte predominância da geração hidráulica (aproximadamente 80% do total da matriz de geração) e com a presença de múltiplos proprietários. Conforme pode-se detectar numa simples leitura do mapa abaixo, o SIN “é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas 1,7% da energia requerida pelo país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica”106.

104 Idem. 105 Idem.

106 ONS, 2015. Disponível em: <http://www.ons.org.br/conheca_sistema/o_que_e_sin.aspx>. Acesso em: 8 set.

Figura 3.2: O Sistema Interligado Nacional (SIN)

Fonte:< http://www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx>. Acesso em: 7 set. 2015.

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