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A LEGISLAÇÃO PARA O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: DO REGIME MILITAR AO GOVERNO DILMA

3.2 A educação como mercadoria

3.2.3 A financeirização do capital no ensino superior

A expansão da financeirização do capital pode ser considerada como uma fase do sistema capitalista, onde as negociações nos mercados financeiros foram aumentadas de forma considerável na economia mundial, e cuja primazia para o seu significativo crescimento foi conduzida, a partir dos anos de 1970, pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, com o aparecimento de novos instrumentos financeiros.

Como exemplos desses últimos, citam-se a desregulamentação dos mercados de capitais e financeiros, ou a ampliação dos instrumentos de derivativos, de securitização, de contratos futuros, entre

outros106. Com isso, a educação é apenas mais um dos setores que se enquadram dentro desse processo, particularmente de maneira recente.

Antes de tratar das questões nacionais, que em muitos pontos tem relações estreitas com as internacionais, abre-se a discussão em alguns parágrafos para a experiência dos Estados Unidos, país pioneiro na financeirização do capital no ensino superior desde o início dos anos de 1990. A intenção não é a de começar uma descrição e a caracterização sobre os modelos de ensino superior norte-americano, em especial no setor com finalidades lucrativas, mas sim separar certos pontos que podem ser pertinentes para os objetivos deste tópico.

A primeira empresa educacional a abrir o seu capital, conhecida como Initial Public Offering (IPO), ou Oferta Pública de Ações (OPA), numa bolsa de valores107 foi a Devry Education Group, Inc., em 1991, na National Association of Securities Dealers Automated Quotations (NASDAQ). Essa abertura geralmente permite a capitalização de importantes somas de recursos financeiros, que muitas vezes são gastos nos processos de aquisições e de fusões108 com outras empresas, ou na reestruturação e na abertura

de novas unidades para a expansão do negócio.

No ano de 1995, as ações da Devry começaram a ser negociadas na New York Stock Exchange (NYSE) – Bolsa de Valores de Nova York -, e no ano seguinte na Chicago Stock Exchange (Bolsa de Chicago). Depois vieram vários outras empresas educacionais, a exemplo do Apollo Educational Group,

Inc., que realizou a sua OPA em 1994 na NYSE. Em 2011, esse grupo, que atuava também na Europa,

Chile, México e Índia teve uma receita líquida de US$ 4,7 bilhões e um valor de mercado estimado em US$ 2,29 bilhões (SOUSA, 2012).

Em pesquisa feita no endereço eletrônico109 da NASDAQ, no dia 15 de maio de 2014, para o setor

schools havia 25 empresas listadas. Moretti (2013), em consulta semelhante no final de novembro de

2012, encontrou 27 empresas.

O grupo Apollo, segundo Carvalho (2012), iniciou a sua OPA ao preço de US$ 2,0 por ação, e no período de 20 anos obteve uma valorização acima de 1.300,0%, pois em 15 de maio de 2014, as suas ações estavam sendo comercializadas na NASDAQ a um valor próximo de US$ 29,0. A Strayer

106 Para expandir o estudo sobre o tema, na perspectiva crítica, podem-se consultar alguns autores, como Almeida Filho e

Paulani (2011); Arienti e Inácio (2010); Belluzzo (1997); Chesnais (1996, 1998, 2005); Coutinho e Belluzzo (1996); Fiori (1997); Garagorry (2007); Gonçalves (1999); Guttmann (2008); Harvey (2010, 2011); e Teixeira (2007).

107 Além dos Estados Unidos e do Brasil, países como a África do Sul, a Índia e o Reino Unido também possuem empresas

educacionais comercializando as suas ações em bolsas de valores (BALL, 2005; MORETTI, 2013).

108 Sobre o tratamento, de forma geral favorável ao tema associado às fusões e às aquisições, sugere-se a consulta de Barros

(2001, 2003); Brito, Batistella e Famá (2005); Camargos e Barbosa (2009, 2010); Matias e Pasin (2001); Miranda e Martin (2000); Pinto Jr e Iooty (2005); e Tanure e Cançado (2005).

109 Consultar: <http://www.nasdaq.com/markets/barchart-

Education, Inc. realizou a sua OPA em 1996, ao preço de US$ 10,0 por ação (MOREY, 2001) e, na data

acima, tinha sido comercializada a US$ 56,0 (alta de 460,0%, em 18 anos).

Em 2009, a capitalização das 12 maiores empresas no ensino superior norte-americano com finalidades lucrativas alcançou US$ 30,6 bilhões, e os preços de suas ações, de forma geral, continuaram em ascensão mesmo durante a crise financeira iniciada em 2008 nos Estados Unidos. Nessa fase turbulenta, a Grand Canyon Education, Inc. fez a sua primeira OPA em novembro desse ano, com um preço de US$ 12,0 por ação (BENNETT; LUCCHESI; VEDDER, 2010), que já havia chegado a US$ 45,0, em 15 de maio de 2014, com uma alta de aproximadamente 275,0%.

Conforme os autores acima, no ano acadêmico norte-americano de 2008-2009, aproximadamente 1,8 milhão (9,2%), de um total de mais de 19,5 milhões de estudantes no ensino superior estavam matriculados em IES do setor privado com fins lucrativos, onde atingiram um crescimento de quase 600,0%, num período de pouco mais de 20 anos. Com relação ao número de IES nesse segmento, chegaram a quase 2.900 (mais de 40,0%) de um total próximo a 6.700.

A média de matrículas foi de aproximadamente 600 estudantes nas IES do setor privado com fins lucrativos, 2.000 nas IES do setor privado sem fins lucrativos e 7.000 nas IES do setor público. Contudo, como mostra a Tabela 31, apenas pouco mais de 0,5% das primeiras instituições reuniam algo próximo a 61,0% de todos os estudantes no segmento.

TABELA 31: Número de matrículas em 15 Instituições de Ensino Superior com fins lucrativos nos Estados Unidos (2008-2009)

Instituição Matrículas % no total de matrículas para o setor

Apollo Group 395.361 21,2

Education Management Corporation 104.547 5,6

Career Education Corporation 97.645 5,3

Corinthian Colleges 85.029 4,6

DeVry 78.544 4,2

Kaplan Education 67.897 3,7

ITT Educational Services 60.890 3,3

Strayer Education 45.491 2,4

Laureate 37.201 2,0

Bridgepoint Education 25.746 1,4

Capella Education 25.245 1,4

Lincoln Educational Services 23.403 1,3

Grand Canyon Education 22.025 1,2

American Public Education 21.729 1,2

Universal Technical Institute 15.735 0,9

Total 1.106.488 59,5 Fonte: (BENNETT; LUCCHESI; VEDDER, 2010).

Diante da importância nos índices de crescimento de tais empresas no âmbito do ensino superior norte-americano, algumas delas têm atuado em diversos lugares do planeta, inclusive no Brasil. Como no

país não há ainda nenhuma restrição quanto à participação do capital estrangeiro110 nesse nível de ensino, o que remete às questões conflituosas entre os interesses nacionais e a busca por maiores taxas de lucro que possam ser remetidas para o exterior, desde o começo dos anos 2000, várias movimentações financeiras, sobretudo aquisições111 de IES têm sido realizadas no território nacional.

Em 2001, o grupo Apollo estabeleceu parceria com a Rede Pitágoras para a criação de suas primeiras faculdades, a qual durou até 2005, quando decidiu vender a sua participação para os fundadores da empresa que hoje é conhecida como Kroton Educacional S.A.

A CM Consultoria destacou a ampliação da participação do capital estrangeiro a partir da segunda metade dos anos 2000, quando observaram a fragmentação no ensino superior brasileiro e a possibilidade de boas taxas de retorno financeiro (CMCONSULTORIA, 2014). O Quadro 4 mostra as principais transações envolvendo empresas educacionais estrangeiras no país, para o período de 2007 a 2013.

QUADRO 4: Fusões e aquisições no ensino superior do setor privado brasileiro envolvendo empresas estrangeiras (2007-2013)

Ano Compradora Adquirida Aquisição Localização Total (R$ mil) Valor/Aluno (R$) Nº alunos

2007 Laureate Universidade Anhembi

Morumbi

51% São Paulo (SP) 165.000,00 - -

2007 Laureate Business School - - - - -

2007 Laureate Universidade Potiguar - - - - -

2007 Laureate Faculdade dos

Guararapes

- - - - -

2007 Laureate Faculdade Potiguar da

Paraíba*

- - - - -

2008 Laureate Centro Universitário

do Norte

- - - - -

2008 Laureate Escola Superior de

Administração, Direito e Economia**

- - - - -

2009 Devry Faculdade Nordeste 69% Fortaleza (CE) - - -

2010 Laureate Centro Universitário

Hermínio da Silveira

90% Rio de Janeiro

(RJ)

9.000,00 8.181,82 1.100

2010 Laureate Universidade Salvador 100% Salvador (BA) 100.000,00 6.622.52 15.100

2010 Grupo Britânico

Pearson

Sistema Educacional Brasileiro

- - 900.000,00 - -

2010 Laureate Centro Universitário

Ritter dos Reis

100% Canoas (RS) 50.000,00 7.692,31 6.500

2012 Devry Faculdade Boa Viagem 100% Recife (PE) - - 5.800

2013 Laureate Universidade Anhembi

Morumbi

49% São Paulo (SP) Acima de

400.000,00***

- 30.000

2013 Laureate Centro Universitário

Das Faculdades Metropolitanas Unidas

100% São Paulo (SP) 1.000.000,00 15.000,00 -

* Hoje Faculdade Internacional da Paraíba; ** Hoje Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul; *** Valor estimado, pois não foi divulgado.

Fonte: CMCONSULTORIA (2014).

110 Mais uma vez, no PL nº 7.200/2006, que ainda tramita no Congresso Nacional, consta que para a manutenção de uma IES

com fins lucrativos, pelo menos 70,0% de seu capital votante associado às mantenedoras tem que pertencer a brasileiros natos ou naturalizados, o que impede também a abertura de franquias, que não cumpram as regras.

111 Nos próximos capítulos, quando dos estudos das 3 empresas educacionais selecionadas, tratar-se-á com mais propriedade de

A Laureate, que tem atuação em 29 países e um número aproximado de 750 mil estudantes matriculados, foi a empresa educacional estrangeira que mais adquiriu IES no período observado, onde esteve envolvida em 12 transações. Pelos dados disponíveis, o montante total investido por essa instituição ultrapassou os R$ 1,8 bilhão no país, o que abarcou aproximadamente 52.700 estudantes.

Um ano antes do início dos primeiros dados apresentados no quadro anterior, em 2006, Moretti (2013) colocou que a Whitney International University System havia comprado parte das ações da Faculdade Jorge Amado (hoje Centro Universitário Jorge Amado), pelo valor de R$ 23,0 milhões.

No ano de 2010, o Grupo Britânico Pearson, dono também do jornal Financial Times e da revista

The Economist, adquiriu o Sistema Educacional Brasileiro (SEB112, em 46,0% do capital votante e 69,04% do capital social), que controla os grupos Colégio Oswaldo Cruz (COC), Dom Bosco, Pueri

Domus e Núcleo de Apoio a Municípios e Estados (NAME). Em 2011, outro negócio da empresa no país

foi a compra de 45,0% das ações da editora Companhia das Letras.

No endereço eletrônico113 da Devry, em consulta feita no dia 16 de maio de 2014, a empresa, que

conta com 90 campi e 110 mil alunos em 30 países, possuía 8 IES no Brasil, no caso, a chamada Área 1, em Salvador (BA); a Faculdade Autônoma do Brasil, em João Pessoa (PB); a Faculdade Integral Diferencial, em Teresina (PI); as Faculdades Nordeste, em Fortaleza (CE); o Centro Universitário do Vale do Ipojuca, em Caruaru (PE); a Faculdade Boa Viagem, em Recife (PE); a Faculdade Ruy Barbosa, em Salvador (BA); bem como um Programa de Pós-Graduação Internacional, em Fortaleza (CE).

Além de serem submetidas a todas as regras que qualquer IES teoricamente deve respeitar no país, essas empresas educacionais multinacionais, que como observado, têm atuado principalmente na região Nordeste, não apenas com o ensino presencial, mas também a distância, com a venda de materiais didático e de tecnologias, beneficiam-se de algumas políticas públicas para a área, a exemplo do FIES e do PROUNI.

De acordo com Bennett, Lucchesi e Vedder (2010, p. 46, tradução minha), algumas instituições norte-americanas, com a intenção de aumentar as taxas de lucro para maximizar a riqueza dos acionistas, tinham sido investigas por supostas práticas de fraude, a exemplo da:

Career Education Corporation por "acusações de falsidade ideológica e inflação dos

valores das ações", o Grupo Apollo de deturpação acionária em relação à "natureza material de uma investigação do Departamento de Educação na Universidade de

Phoenix", o Corinthian Colleges por "alegações dos acionistas de que eles estavam sendo

112 O SEB realizou a sua OPA no ano de 2007 na BM&FBovespa e, após ter sido adquirido pelo grupo Pearson, pouco tempo

depois, em 2011, fechou o seu capital na bolsa de valores. Por ter parado de comercializar as suas ações, essa empresa de ensino superior no setor privado ficou de fora das análises mais detalhadas deste trabalho. Cabe também destacar que no final de 2013, os grupos Ser Educacional S.A. e Anima Educação S.A. fizeram o seu IPO.

enganados sobre a situação financeira da empresa", e o ITT Educational Services por "supostamente falsificar registros de notas e de frequência".

Segundo Schreiber (2010), de 2006 a 2010, o investimento estrangeiro no ensino superior brasileiro já tinha chegado a R$ 2,6 bilhões, e cerca de mais R$ 4,4 bilhões ainda poderiam ser gastos no setor. Outros atores importantes nesse cenário consistiram nos fundos de Private Equity, que compreendem fundos financeiros que compram participações em empresas, de capital aberto ou fechado, no intuito também de melhorar a gestão corporativa do negócio e elevar as suas margens de lucro. Conforme Alonso (2010, p. 1):

[...] as empresas que recebem os aportes já estão consolidadas e possuem faturamento na casa das dezenas ou centenas de milhões de reais. O objetivo dos recursos é de dar um impulso financeiro à companhia para que ela se prepare para abrir capital na bolsa de valores, por exemplo. Empresas de capital aberto também podem receber os recursos dos

private equity. Neste caso, o capital é destinado a alterações financeiras, operacionais ou

estratégicas, visando a um novo posicionamento no mercado aberto.

Só para citar alguns exemplos, o Cartesian Capital Group havia obtido participação minoritária no grupo Maurício de Nassau, hoje parte da Ser Educacional S.A., em 2009, cujos valores não foram revelados; o Capital International, Inc. investiu R$ 130,0 milhões no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) e nas faculdades Veris, no ano de 2010; enquanto o Actis comprou 37,0% do Grupo Cruzeiro do Sul, por R$ 180,0 milhões, em 2012 (CMCONSULTORIA, 2014).

Ainda pelos dados da empresa de consultoria mencionada acima, outros atores internacionais têm tido atuação importante no setor, como por exemplo, a IFC, que fez um empréstimo para a Laureate, como o que ocorreu em 2013, no valor de US$ 150,0 milhões, além de outros empréstimos para a Anhanguera Educacional Participações S.A. e a Estácio Participações S.A. nos últimos anos, como será tratado no último capítulo.

No Quadro 5, selecionaram-se as aquisições e as fusões no ensino superior do setor privado brasileiro envolvendo empresas nacionais, de 2007 a 2013, mas com exceção daquelas feitas pela Anhanguera Educacional Participações S.A., pela Estácio Participações S.A., e pela Kroton Educacional S.A., as quais receberão tratamento particular nos próximos capítulos, e que, no entanto, foram os maiores atores nessa atividade comercial no período.

Ano Compradora Adquirida Aquisição Localização Total (R$ mil) Valor/Aluno (R$) alunos

2007 SEB ESAMC - Instituto de Ensino

Superior de Salvador Ltda. - Grupo NOBEL/Itaigara Educacional EPP – PL Empreendimentos Educacionais

Ltda.

100% Salvador (BA) 4.200,00 3.661,73 1.147

2007 SEB Sociedade Brasileira de Programação

Educacional - Faculdade Metropolitana

100% Belo Horizonte (MG) 10.000,00 3.703,70 2.700

2008 Cruzeiro do Sul Centro Universitário do Distrito Federal

100% Distrito Federal (DF) - - 7.000

2008 IUNI Faculdade Unicen 100% Tangará da

Serra/Sinop Primavera do Oeste (MT) - - - 2008 IUNI UNIR-UESP-AESACRE-CIEJ- FACSUL-FACDELTA 100% MT/BA/AC 50.000,00 4.385,96 11.400

2008 IUNI União das Escolas Superiores de

Rondonópolis e União de Escolas Superiores Sobral Pinto

100% Rondonópolis (MT) - - 3.200

2008 SEB Instituto de Ensino, Pesquisa e

Atividade de Extensão em Direito Ltda.

75% Belo Horizonte (MG) 11.176,00 2.280,92 4.900

2009 Universidade

Do Oeste de Santa Catarina

Faculdade Exponencial 100% Chapecó (SC) 13.300,00 - -

2009 Anima Centro Universitário de Belo

Horizonte 100% Belo Horizonte (MG) - - 15.000 2009 União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo (UNIESP)

Faculdade Evolução 100% São Roque (SP) - - -

2009 Grupo Campos

de Andrade

Universidade Ibirapuera 100% São Paulo (SP) - - 6.000

2009 UNIESP Faculdade de Diadema 100% Diadema (SP) - - -

2009 UNIESP Faculdade Bandeirantes 100% Ribeirão Preto (SP) - - 1.320

2009 Faculdades

Montes Belos

Faculdade de Iporá 100% Iporá (GO) - - -

2009 UNIESP Faculdade Leone Farias 100% Santo André (SP) - - -

2010 Grupo Campos

de Andrade

Universidade Gama Filho 100% Rio de Janeiro (RJ) - - 47.000

2011 Grupo Saggin

de Educação

Faculdade Cathedral - Barra do Garças 100% Barra do Garças (MT) 5.000,00 3.846,15 1.300 2011 União Brasileira Educacional

Fusão das Seguintes Faculdades: Faculdade São Vicente, Faculdade de Caraguá, Faculdade de São Sebastião e Faculdades Integradas Paulista

Fusão Litoral e Capital de São Paulo (SP)

- - 6.500

2012 Grupo Cruzeiro

do Sul

Universidade Cidade de São Paulo 100% São Paulo (SP) - - 15.000

2012 Grupo CETEC

Educacional

Faculdade IBTA e Escola Superior de Administração de Empresas

100% São José dos

Campos e São Paulo (SP)

- - 2.300

2012 Grupo CETEC

Educacional

Faculdade FAETEC 100% Jacareí (SP) - - -

2013 UNIESP Instituto de Ensino Superior de Bauru 100% Bauru (SP) - - 1.800

2013 Anima HSM Educação 50% - 50.000,00 - -

2013 Grupo Cruzeiro

do Sul

Universidade de Franca e do Colégio Alto Padrão

100% Franca (SP) 120.000,00 6.315,79 19.000

2013 Ser Educacional Faculdade Decisão/Joaquim Nabuco 100% Paulista (PE) 3.380,00 5.160,31 655

2013 Ser Educacional Faculdade Juvêncio Terra 100% Vitória da Conquista

(BA)

5.000,00 9.433,96 530

2013 Grupo Rhema

Educação

Fatec- Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí

100% Ivaiporã

(PR)

- - -

QUADRO 5: Fusões e aquisições no ensino superior do setor privado brasileiro envolvendo empresas nacionais (2007-2013)

De todas as transações acima referenciadas, a esmagadora maioria foi de aquisições - ou segundo a Lei nº 6.404/1976 (art. 227), de incorporações, que correspondem a operações onde uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, sucedendo-lhe em todos os direitos e obrigações -, entre IES do setor privado.

Houve apenas uma fusão, em 2011 - que consiste na operação onde se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova, a qual lhe sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228 da Lei nº 6.404/1976) -, entre a União Brasileira Educacional e a Faculdade São Vicente, Faculdade de Caraguá, Faculdade de São Sebastião e Faculdades Integradas Paulista, a qual envolveu 6.500 alunos.

No ano de 2010, a Universidade Gama Filho foi adquirida pelo Grupo Campos de Andrade, com a formação da segunda maior empresa de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro, atrás apenas da Estácio Participações S.A.

Em janeiro de 2014, tanto a Universidade Gama Filho quanto o Centro Universitário da Cidade foram descredenciados e, segundo Néri (2014, p. 1), o MEC justificou a deliberação em virtude da “baixa qualidade acadêmica, o grave comprometimento da situação econômico-financeira da mantenedora [das instituições] e a falta de um plano viável para superar o problema, além da crescente precarização da oferta da educação superior”.

O Gráfico 50 mostra o número total de fusões e de aquisições no ensino superior do setor privado brasileiro, de 2007 a 2013114, que foi de 168 transações. Para a sua construção, utilizou-se duas fontes de consultas, a da CM Consultoria e da KPMG115, já que a segunda não disponibilizou os dados para o primeiro ano, enquanto a primeira apresentou as referências até o ano de 2011.

114 Os dados de 2008 a 2013 foram retirados da KPMG, enquanto o de 2007, da CMCONSULTORIA. Convém ressaltar que

de 2008 a 2011 houve divergências nos números apresentados pelas fontes.

115 Devido ao importante crescimento das aquisições e das fusões no ensino superior do setor privado no país, até 2007, a

KPMG, que colocava a movimentação do setor na rubrica “outros”, criou, a partir de 2008, uma seção especial denominada “Educação”.

GRÁFICO 50: Número total de fusões e de aquisições no ensino superior do setor privado brasileiro (2007-2013)

Fonte: CMCONSULTORIA (2012); KPMG (2014).

Para os dados da KPMG (2014), em 2013, o número de transações na área da Educação foi de aproximadamente 3,0%, em relação ao total no país, ou seja, 24 para um montante de 796, a qual foi colocada na 10ª posição no ranking setorial dessa agência, que foi liderado pelo setor de Tecnologia da Informação (na 1ª posição desde 2008).

Em 2008, período onde ocorreu o maior número de aquisições e de fusões na Educação, em relação ao total, alcançou 8,0% (53 de um total de 663), e ficou na 3º posição entre todos os setores. Já em 2009, ano em que a crise econômica internacional se fez mais evidente no país, as operações chegaram ao total de 12, e o setor ficou na 12ª posição. O Quadro 6 mostra a movimentação dos negócios no ensino superior do setor privado para o período de 2008 a 2013.

QUADRO 6: Fusões e aquisições, por tipo de negócio, na área do ensino superior no setor privado brasileiro (2008-2013)

Ano D* CB1* CB2* CB3* CB4* CB5* Total Ensino Superior (1) Total Brasil (2) 1/2 (%)

2008 53 0 0 0 0 0 53 663 8,0 2009 8 3 0 1 0 0 12 454 2,6 2010 15 5 0 0 0 0 20 726 2,8 2011 25 1 1 0 0 0 27 817 3,3 2012 12 7 0 0 0 0 19 816 2,3 2013 15 5 0 2 2 0 24 796 3,0 * D: Doméstica.

* CB1: Empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no Brasil. * CB2: Empresa de capital majoritário brasileiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no exterior. * CB3: Empresa de capital majoritário brasileiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no Brasil. * CB4: Empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no Brasil. * CB5: Empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no exterior. Fonte: KPMG (2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013).

Com relação às 24 transações na área Educação de 2013, 15 envolveram empresas que a classificação da KPMG apresentou como domésticas, as quais se constituíram como a maioria; 5 de

empresas de capital majoritário estrangeiro adquirindo de brasileiros, capital de empresas estabelecidas no Brasil; 2 de empresas de capital majoritariamente brasileiro adquirindo de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no Brasil; e 2 de empresas de capital majoritário estrangeiro adquirindo de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no Brasil.

De acordo com os valores mostrados pela CMCONSULTORIA para os montantes globais gastos nas fusões e nas aquisições, de 2007 a 2013, no ensino superior do setor privado brasileiro, como mostra o Gráfico 51, esse último ano foi o que apresentou o maior índice, de aproximadamente R$ 3,64 bilhões. No total para o período, os investimentos chegaram a R$ 10,457 bilhões (sem correção inflacionária).

GRÁFICO 51: Valor total despendido nas fusões e nas aquisições para o ensino superior no setor privado brasileiro (2007-2013) – em R$ milhões

Fonte: CMCONSULTORIA (2014).

Os gastos com as aquisições e as fusões no ensino superior do setor privado brasileiro cresceram aproximadamente 752,5%, de 2007 a 2013. Para as IES particulares, no geral, o faturamento cresceu 29,6%, quando passou de R$ 24,7 bilhões, em 2011, para um valor estimado de R$ 32,0 bilhões, em 2013 (GUILHERME; GLENIA, 2013).

Há também fundo de Private Equity nacional investindo no ensino superior do setor privado brasileiro, a exemplo do BR Investimentos, que em 2012 aplicou R$ 100,0 milhões na Anima Educação S.A., ou ainda gestoras de recursos independentes, como no caso da Pollux Capital Administradora, que em 2012 aumentou a sua participação acionária na Estácio Participações S.A. para 5,16%, em relação ao