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CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.7 A formação de professores e os modelos mentais

Os sistemas de ensino na formação de professores inicialmente eram caracterizados pelo modelo 3+1 que promovia a separação entre teoria e prática e as posteriores mudanças nas grades curriculares dos cursos de Química Licenciatura. Com o objetivo de possibilitar uma maior articulação entre estas duas extremidades (teoria e prática) ocorreram reformas nos currículos ao longo dos anos, porém essas mudanças não obtiveram êxito em solucionar problemas de formação dos futuros professores (PEREIRA, 1989).

Como consequência, temos a formação inadequada dos futuros professores na área de ciências. Ora, se os professores recebem uma má formação logo eles não estão preparados para darem aulas consistentes, o que pode gerar empecilhos para uma aprendizagem significativa por parte do aluno. Schnetzler (2000) enfatiza as consequências de uma má formação do professor “geralmente os professores têm sido mal formados e que, por isso, não são/estão preparados para darem “boas aulas” em quaisquer níveis de escolaridade” (p. 13).

É de fundamental importância que durante a formação dos professores tenhamos a teoria, a prática e a reflexão agindo em conjunto, reflexão essa que leva a pensar e repensar a prática enquanto mediador da construção do conhecimento. É importante que o professor tenha consciência dos elementos que influenciam na sua formação e que reflete na sua prática pedagógica.

Gil-Pérez e Carvalho (1993) apontam algumas necessidades que devem ser consideradas ao longo do processo de formação de professores e suas relações como observado na figura 4, que são:

 Conhecer e dominar os conteúdos específicos a serem ensinados;  Romper com visões simplistas sobre ensino e sobre ciências;

 Planejar, desenvolver e avaliar atividades que contemplem a construção e reconstrução de ideias visando o aprimoramento do conhecimento, consequentemente viabilizando uma aprendizagem significativa;

 Questionar e refletir sobre ideias de senso comum, apresentadas pelos docentes;  Adquirir fundamentação teórica e manter contato com as pesquisas produzidas no

campo do ensino de ciências entre outras;  Ter senso crítico;

 Analisar criticamente a formação atual dada aos professores a fim de gerar resultados que possam contribuir para a sua melhoria.

Pontos a serem considerados durante os cursos de formação de professores, dentro desses daremos destaque ao conhecer e dominar os conteúdos específicos a serem ensinados.

Figura 4: Esquema das variáveis da formação de professores (CARVALHO, A.M.P.; D. GIL-PÉREZ. 1993, p. 19)

Faz-se necessário, portanto, que o professor conheça a matéria a ser ensinada, suas limitações, seus conceitos e, principalmente, os modelos usados para auxiliar na aprendizagem por parte dos alunos, modelos esses que podem ser facilitadores do processo caso o professor tome consciência do seu próprio modelo mental, dos modelos utilizados para melhor compreensão dos alunos, neste caso não estamos falando de modelos mentais, mas de modelos conceituais e que ao ministrar suas aulas, possa auxiliar seus alunos na construção dos modelos mentais deles.

Para Maldaner (2000), saber mediar de forma adequada os conteúdos, permita que os alunos deem significados coerentes aos conceitos adquiridos, torna-se uma forma de promoção para uma aprendizagem mais eficaz sem prejuízo ao desenvolvimento cognitivo do aluno.

Alarcão (1998) contempla que uma formação tendo por base essas características acima citadas, passa a delegar ao professor responsabilidades como auxiliar os alunos a enfrentar e superar dificuldades, respeitar o conhecimento trazido para a sala de aula pelos alunos, ajuda-los a entender como funciona o processo de formação do conhecimento consequentemente o processo de desenvolvimento cognitivo.

Entender que a aprendizagem de novos conceitos depende não só do conhecimento inicial, mas também dos modelos mentais criados tornando-se ponte para uma aprendizagem cada vez mais eficiente, através das relações internas ou externas fazendo o reconhecimento das habilidades cognitivas dos alunos que são individuas que visam proporcionar momentos de atuação da construção do conhecimento e a busca incansável no processo de aprendizagem de conceitos voltado para a teoria pedagógica dos modelos mentais na construção do conhecimento.

Para um melhor resultado durante o processo de formação do professor Freire (2001) ressalta que este deve se basear essencialmente na reflexão sobre a prática, para o autor somente com uma reflexão crítica, os problemas poderão ser corrigidos, minimizados resultando num processo de ação-reflexão-ação.

Para Schnetzler (2000) existe uma relação entre reflexão, pesquisa e uma boa formação profissional “implica, por sua vez, em qualificar a reflexão e a pesquisa que se colocam necessárias ao desenvolvimento profissional docente e à melhoria da qualidade educativa” (p. 25).

Mas para que um professor reflita sobre a própria prática é fundamental a integração entre os conhecimentos teóricos e os conhecimentos adquiridos com a prática e que estes ajam em conjunto em um processo de contínuo de ação/reflexão/ação, como considera Ferreira (2007):

“atualmente ressalta-se a necessidade da busca de uma prática reflexiva por parte do profissional de educação, na qual suas atitudes e instrumentos de trabalho possam propiciar ao educador, meios de aumento de qualidade de seu fazer pedagógico” (p.42).

Assim sendo, Maldaner (2000) destaca que a partir do momento que o professor tomar consciência da sua prática como prática fundamental e simples que deve acontecer constantemente, alguns dos problemas que ocorrem no processo de ensino e aprendizagem começarão a ter possibilidades de solução. No entanto, enquanto os professores não se derem conta da reflexão e mais dos processos que envolvem a construção do conhecimento, os erros continuarão a se repetir.

Portanto, podemos concluir que durante a formação do processor integrar a teoria a prática somente não gera resultados promissores, porém a partir do momento que a reflexão entra nesse contexto como elemento essencial no processo de construção do saber, no processo de ensino e aprendizagem, este passa a ter um direcionamento para uma aprendizagem significativa.