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4. O PERFIL DO GEÓGRAFO E O TRABALHO

4.1 A formação do geógrafo e as exigências do mercado de trabalho

objetivos do recém-formado e as exigências e a alta competitividade dificultam este processo. Sendo assim, para que o profissional ingresse no mercado, é preciso fazer o diferencial, na busca continua de conhecimentos. Segundo Nunes (2004), há dois mercados de trabalho para os profissionais formados em Geografia – o licenciado dá aulas e o bacharel atua como técnico em órgãos de planejamento, consultoria e em atividades semelhantes. No caso do Geógrafo bacharel, a sua atuação profissional vai depender das exigências do mercado de trabalho, ou seja, em que área as empresas estão exigindo mais desse profissional.

É sabido, neste contexto, que as novas configurações territoriais no qual a terra está inserida têm demandado uma nova postura do profissional de Geografia, isto quer dizer que, os geógrafos devem estar preparados para as novas respostas a questões pertinentes ao espaço. Nesse sentido, as modificações no qual o espaço vem passando, tem mudado rapidamente a configuração dos lugares, territórios e regiões. A facilitação de ferramentas tecnológicas para responder tais processos, tem exigido dos profissionais qualificações para poder atuar no mercado de trabalho. Podemos citar o crescimento da demanda por conhecimentos técnicos em Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento como exemplos. Para que este profissional não fique de fora das vagas exigidas, é importante que este tenha uma formação qualificada para não perder seu lugar no mercado de trabalho.

De acordo com Signori e Verdum (2009), a expansão de oportunidades no mercado de trabalho para os geógrafos nos setores públicos e privados é marcada pelo sombreamento das habilidades deste profissional com a de outras carreiras, o que tem levado a conflitos, são estes – os engenheiros

cartógrafos, biólogos, arquitetos entre outros. Este sombreamento é devido as técnicas de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e Sensoriamento Remoto amplamente utilizadas por esses profissionais no âmbito do CONFEA. A competitividade entre eles já se presencia na abertura dos concursos públicos, que muitas vezes as atribuições listadas nos editais são igualmente aplicadas para o geógrafo como para de outro profissional, fazendo com que as oportunidades de trabalho sejam insuficientes, além do desconhecimento das habilidades do geógrafo por parte da sociedade em geral.

Com base no Quadro 16, observa-se as várias áreas em que o geógrafo

pode atuar. Entretanto, há uma certa dificuldade de empregabilidade do geógrafo, visto que há uma competição deste profissional com outros, sobretudo com engenheiros da área ambiental. Porém, é importante destacar que o geógrafo possui em sua formação a função técnica (que permite um fazer geográfico) e a função social (adquirida durante sua formação na graduação através de disciplinas da área de humanas) o que faz deste profissional diferenciado, pois este responde questões formuladas pela sociedade, sob a ótica de um “olhar geográfico”.

Conforme Callai (2003), a atitude profissional do geógrafo e sua atuação vão depender de uma formação específica e continuada. Trata-se inegavelmente de um conhecimento significativo, a compreensão de sua função social. Assim, reveste-se de particular importância refletir sobre a dimensão pedagógica na formação do geógrafo. Sob essa ótica, ganha particular relevância o perfil desse profissional e o curso de graduação que o habilita. A autora deixa claro que o geógrafo como profissional tem o dever de interpretar a realidade, fazer a análise do espaço enquanto um resultado de ações do homem. Perceber que os problemas do território são bem mais que problemas do espaço, são questões sociais. Por isso, a importância da função social da Geografia atrelado a função técnica e instrumental para fazer deste diferenciado no seu fazer profissional.

Pode-se dizer que há uma dificuldade do recém-formado em atuar no mercado de trabalho, isto é, devido aos conhecimentos adquiridos na graduação que dizem mais a respeito da formação teórica do que pratica afinal a função primordial da universidade é formativa e não de treinamento. Neste contexto, fica claro que a competitividade entre os geógrafos e os profissionais das engenharias, tem dificultado a inserção deste no mercado de trabalho, conforme Signori e Verdum (2009, p. 134) assinalam:

Embora os bacharéis em Geografia e suas entidades representativas afirmem que há uma expansão de oportunidade no mercado de trabalho e um maior conhecimento nos setores privado e público, é nítido o desconhecimento da profissão pela sociedade

Isto é verificado pelo fato das pessoas só conhecerem o profissional da Geografia como professor. O mais preocupante, contudo, é constatar que normalmente o profissional formado acaba partindo para a carreira de docente, isto é verificado pelo fato de haver mais oportunidades para geógrafos professores do que para geógrafos técnicos.

Neste sentido, o mercado de trabalho para o geógrafo perpassa por um desconhecimento da atuação desse profissional por parte da sociedade. Mesmo tendo uma legislação profissional definida, lamentavelmente, o geógrafo como técnico dos serviços geográficos ainda é pouco reconhecido. As atividades que são realizadas pelo geógrafo, comumente são realizadas por outros profissionais, por exemplo, a fabricação de mapas através de ferramentas de geoprocessamento para análise ambiental, também é realizada por engenheiros florestais, ambientais, agrônomos entre outros. Pedroso (1995, p. 30) ressalta que:

Como o amplo conjunto de atribuições legais do geógrafo é de interfaces com atribuições de outros profissionais, é importante que ele mostre as suas atividades com o objetivo de aumentar a produção geográfica tanto na área do conhecimento como na área de planejamento, uma vez que dirige pesquisas, pessoas, ideias e até ações.

Conforme citado acima, as atividades inerentes aos geógrafos têm interfaces com a de outros profissionais, frisando que é importante que os

profissionais atuantes mostrem suas habilidades para que as empresas tenham conhecimento das funções realizadas pelos geógrafos.

Por fim, habitualmente os recém-formados por não conseguirem emprego nas áreas de planejamento técnico, acabam partindo para área de docência, muitos já entram no mestrado ou acabam indo para a licenciatura pelo fato de haver mais oportunidades para professores. No entanto, para que haja a sua inserção no mercado de trabalho é importante que a universidade torne as disciplinas de instrumentalização, práticas de campo e em laboratórios com uma maior qualidade, além de atividades práticas de estágio – tão importantes para a vida profissional do aluno. Vale salientar que na grade curricular do curso de Geografia da UFRN, campus Natal não existe a disciplina de estágio obrigatório. Portanto, cabe ressaltar a importância de se ter formação adequada tanto para a área técnica como para a área científica, é nesse contexto que o estágio poderia ser uma prática importante para os alunos, pois, a experiência no mercado de trabalho durante o curso ajudaria os estudantes a se prepararem para o futuro e exigente mercado de trabalho.

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