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A formação profissional para o desenvolvimento das competências

CAPÍTULO II E STUDO E MPÍRICO

2.1. Enquadramento Teórico

2.1.3. A formação profissional para o desenvolvimento das competências

Nos últimos anos, a noção de competência tem evidenciado muita importância, sendo utilizada na linguagem quotidiana em diversas situações, tornando-se, por vezes, difícil compreender exatamente o significado que lhe está associado (Ceitil, 2007). Este autor refere que as competências são comportamentos específicos que as pessoas evidenciam com uma certa constância, no âmbito do seu exercício profissional, o que constitui fator determinante para que as ações possam ser consideradas competentes. Neste sentido, a competência traduz o conjunto das aprendizagens que exigem prévia apreensão, formação e avaliação para que, se necessário, possam ser introduzidas melhorias de modo a promover a sua atualização (Ceitil, 2007).

O desenvolvimento das competências profissionais assentes na autonomia, criatividade, polivalência e flexibilidade possibilitam a competente participação na tomada de decisão, fomentando a satisfação das pessoas que se sentem envolvidas, o que, por sua vez, contribuirá para a eficácia da organização numa sequência lógica entre mobilização de competência, envolvimento do indivíduo/participação e motivação (Almeida, 2007). Este autor reafirma que a mobilização das competências acarreta vontade e envolvimento pessoal de modo a inovar e colocar algo de si próprio na ação, por isso se compreende facilmente que a probabilidade de ação competente aumentará com o grau de satisfação da pessoa.

Neste contexto, apelando a uma gestão do trabalho que valorize as suas competências individuais, os AO tenderão a ser mais competentes e satisfeitos se tiverem formação adequada, e forem motivados para a envolvência da vida escolar, tal como preconiza o seu conteúdo funcional. Este, para a categoria de AO no grau de generalidade, deixou de ser um

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conteúdo funcional rígido, passando a ser descrito de forma abrangente e adaptável às necessidades de cada estabelecimento escolar no que decorre do previsto na lei nº 12-A/2008, de 27 de fevereiro, que introduziu alterações ao revogado no decreto-lei nº 184-2004, de 29 de julho, com:

…funções de natureza executiva, de carácter manual ou mecânico, enquadradas em directivas gerais bem definidas e com graus de complexidade variáveis. Execução de tarefas de apoio elementares, indispensáveis ao funcionamento dos órgãos e serviços, podendo comportar esforço físico. Responsabilidade pelos equipamentos sob sua guarda e pela sua correcta utilização, procedendo, quando necessário, à manutenção e reparação dos mesmos. (lei nº 12-A/2008, de 27 de fevereiro, p. 1326-[27])

Neste âmbito, os AO, entre outras funções, fazem a vigilância nos espaços exteriores à sala de aula, prestam assistência em situação de primeiros socorros e em caso de necessidade acompanham o aluno às instituições de saúde, dão apoio a alunos, docentes e encarregados de educação (Manual de funções da Escola Secundária das Laranjeiras, 2010). Estes profissionais têm uma importância fundamental para o bom funcionamento da escola, pois estão em interação constante com alunos, famílias e professores, contribuindo decisivamente para o bem-estar da comunidade educativa. Sendo a escola considerada o ambiente favorável à formação para a mudança de comportamentos e aquisição de novas práticas, aplicáveis na saúde e na comunidade (Albuquerque et al., 2015). Assim, os AO devem ser alvo de processos de formação no sentido de responder aos desafios que lhe são colocados relacionadas com a segurança e saúde.

Atualmente, a formação profissional apresenta-se como o motor das transformações que devem ocorrer nas instituições, indispensável a qualquer grupo profissional, numa visão estratégica de apostar em formação de qualidade como garantia de receber num futuro próximo o retorno desse investimento. A necessidade de investir na formação é crescente como instrumento para democratizar o acesso das pessoas à informação (Garcia, 1999). Neste sentido, também, os AO devem dispor de formação adequada para poderem atualizar os seus conhecimentos e garantir o bom desempenho das suas funções.

No decreto-lei nº 515/99, de 24 de novembro, o capítulo VII, artigo 49º alusivo à formação inicial do pessoal não docente, explicita que esta é a forma de qualificar e dotar os funcionários e agentes com conhecimentos técnicos que lhes permita desempenhar melhor as suas funções no local de trabalho. Este diploma atribui-lhes o direito, dentro do período laboral, a um crédito de 35 horas, por ano civil, para o desenvolvimento do processo de

autoformação. É-lhes concedida alguma autonomia para procurar e frequentar momentos de formação de acordo com a autoavaliação das suas necessidades de modo a aumentar os seus conhecimentos, por forma a melhorar o seu desempenho profissional e as exigências do contexto laboral. É enquadrada na autoformação, a formação que decorre através de processos e projetos de formação desenvolvidos e conduzidos pelo indivíduo, que controla os objetos, processos e resultados da sua formação (Lourenço, 2008).

Por outro lado, é importante a frequência da formação específica para o desempenho profissional. No caso dos AO, esta ocorre nos estabelecimentos de educação/ensino, numa abordagem de formação de adultos, associada e direcionada aos contextos profissionais, considerando que a aprendizagem dos adultos é um processo dinâmico e íntegro (Sarapicos, 2008). Este autor argumenta que esta formação deve ser integrada e articulada com a valorização e importância da experiência, da autonomia e capacidade de reflexão, atribuindo à pessoa o papel central na sua aprendizagem que não é limitada aos espaços e aos tempos das instituições.

No que respeita à formação permanente em “Emergência e primeiros socorros no local de trabalho”, o seu enquadramento legal é efetuado pela lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que explicita os principais objetivos desta formação, nomeadamente em dotar os trabalhadores de conhecimentos e competências, adequados e específicos à sua realidade de trabalho, de modo a permitir a estes profissionais aplicar as medidas de primeiros socorros em situações de emergência que ocorram no seu contexto de trabalho e contribuir para minimizar as consequências adversas à saúde em situações de acidentes e/ou de doença súbita no local de trabalho (DGS, 2014a). Esta formação tem como destinatários os trabalhadores em geral e prioritariamente os trabalhadores responsáveis pela aplicação de medidas de primeiros socorros, que devem adquirir esta competência pela frequência e avaliação positiva em formação específica, de modo a que, após esta formação, tenham adquirido competências para assegurar uma rápida atuação e eficaz avaliação das situações de emergência. Devem ser preparados para atuar, na eventualidade de situações de emergência que possam ocorrer no seu local de trabalho, executando as técnicas necessárias que permita evitar o agravamento de lesões resultantes de acidentes e de situações de doença súbita, acionando de forma adequada o pedido de socorro, ações que poderão contribuir significativamente para diminuir a mortalidade e a morbilidade no contexto de trabalho (DGS, 2014a).

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Assim, a formação em contexto escolar, reveste-se de importância vital sendo, neste caso, imprescindível que os AO adquiram os conhecimentos e as técnicas necessárias para que, diante de uma situação de emergência, consigam rapidamente perceber a sua gravidade e atuem até à chegada da emergência pré-hospitalar. Esta formação pode surgir integrada no âmbito da EpS, como uma forma de prevenir sequelas de acidentes ou mesmo de salvar vidas (Gomes, Santos, Vieira & Barbosa, 2011, cit. por Rosário & Linhares, 2014).

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