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Capacitação dos assistentes operacionais em primeiros socorros: intervenção de enfermagem comunitária

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Academic year: 2021

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Capacitação dos Assistentes Operacionais em Primeiros Socorros:

Intervenção de Enfermagem Comunitária

Estágio e Relatório

Mestrado em Enfermagem Comunitária

Gil Domingos Fonseca Cabral

Orientadores

Professora Doutora Maria da Conceição Alves Rainho Soares Pereira Professora Isabel Maria Antunes Rodrigues da Costa Barroso

Vila Real, 2017

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Capacitação dos Assistentes Operacionais em Primeiros Socorros:

Intervenção de Enfermagem Comunitária

Estágio e Relatório

Mestrado em Enfermagem Comunitária

Gil Domingos Fonseca Cabral

Orientadores

Professora Doutora Maria da Conceição Alves Rainho Soares Pereira Professora Isabel Maria Antunes Rodrigues da Costa Barroso

Composição do Júri:

Presidente: Professora Doutora Maria João dos Santos Pinto Monteiro Prof.ª Coordenadora da ESEnfVR-UTAD

Arguente: Doutora Maria Emília Lopes Gonçalves Sarmento EEECSP na USP, Vila Real

Arguente: Professor Doutor Francisco Firmino dos Reis Prof. Adjunto da ESEnfVR-UTAD

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Este trabalho foi expressamente elaborado como estágio e relatório original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Enfermagem Comunitária, sendo apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Dedico a todos os que tornaram possível esta concretização:

À minha filha, Mariana, à Susana, aos familiares e amigos, pelo tempo que estive ausente.

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Um agradecimento a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste relatório, em especial:

Às orientadoras, Professora Doutora Maria da Conceição Alves Rainho Soares Pereira e Professora Isabel Maria Antunes Rodrigues da Costa Barroso, por me orientarem com mestria, dedicação, paciência e disponibilidade e com incentivos oportunos e assertivos.

Ao Conselho Executivo das escolas, por terem autorizado a realização da recolha de dados nas mesmas.

Aos assistentes operacionais, por terem permitido que este trabalho fosse possível e pelo carinho, disponibilidade e interesse em colaborar no mesmo.

À minha família, pela força, apoio, palavras de incentivo e encorajamento, e pela confiança e amor que depositaram em mim.

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A realização deste relatório, sendo requisito do processo de avaliação da unidade curricular estágio e relatório que integra o curso de mestrado em Enfermagem Comunitária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, tem como objetivo efetuar uma análise crítico reflexiva do processo de desenvolvimento e aquisição de competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária e de saúde pública. O estágio decorreu no período de 18 de setembro de 2014 a 23 de janeiro de 2015, na Unidade de Cuidados na Comunidade Mateus e na Unidade de Saúde Publica de Vila Real, pertencentes ao Agrupamento de Centros de Saúde Douro I - Marão e Douro Norte. No que concerne à sua organização, efetuou-se uma análise e reflexão sobre a descrição das atividades realizadas no contexto das referidas unidades. O foco centra-se no estudo empírico que tem como grupo alvo os assistentes operacionais que desempenham funções na comunidade escolar. Dado que realizam um acompanhamento de proximidade dos alunos fora da sala de aula, existe, portanto, uma maior probabilidade de presenciarem acidentes, sendo necessário possuírem conhecimentos e competências em primeiros socorros. Este estudo teve como objetivo geral Capacitar os assistentes operacionais em primeiros socorros.

Trata-se de um estudo longitudinal e de seguimento temporal, com uma abordagem quantitativa e de tipo descritivo e correlacional. Decorreu em três fases: na primeira aplicou-se um questionário com questões relativas às características sócio demográficas e profissionais, os estilos de vida e conhecimentos em primeiros socorros, na segunda, implementou-se o plano de formação “Formar para atuar” e na terceira fase aplicou-se novamente o questionário e foram avaliadas as competências (desobstrução da via aérea, posição lateral de segurança e suporte básico de vida) através de uma grelha de observação.

Participaram no estudo 49 assistentes operacionais que desempenhavam funções em três escolas do ensino Secundário/3ºciclo, do concelho de Vila Real, a maioria era do sexo feminino (71,4%), com idades compreendidas entre os 36 e 62 anos e uma média de 50,6 anos. No que respeita aos estilos de vida, 73,5% dos assistentes operacionais classificou-se num estilo de vida muito bom ou excelente, mas com necessidade de melhorar as dimensões “tabaco”, e “ atividades físicas/associativismo”. Após implementação do plano formativo “Formar para atuar”, verificou-se um aumento significativo de conhecimentos dos AO em primeiros socorros, dois meses após a implementação do plano de formação “Formar para

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atuar”, traduzido pelo aumento do número de respostas corretas sobre os conhecimentos em primeiros socorros, em 10 das 17 submetas. Os resultados permitem-nos concluir que a meta1 foi parcialmente atingida, em virtude de não se ter observado aumento significativo em todas as submetas. Quanto à avaliação de competências dos assistentes operacionais, relativas a Desobstrução da Via Aérea, Posição Lateral de Segurança e Suporte Básico de Vida, salienta-se que na maioria dos procedimentos salienta-se obsalienta-servou uma proporção elevada de assistentes operacionais a executar corretamente os procedimentos. Será pertinente desenvolver mais estudos na área que permitam dar novos contributos para a implementação de projetos que visem a capacitação dos AO em primeiros socorros, dando continuidade a processos de formação contínua de forma a manter os conhecimentos teóricos e a atualização de competências, a promoção do conhecimento, que se traduzirá no aumento da probabilidade de eficácia e sucesso na execução dos procedimentos em suporte básico de vida, diminuição da morbilidade e garantia das condições de segurança em contexto escolar, até que seja possível uma intervenção especializada.

Palavras-chave: Enfermagem comunitária; Primeiros socorros; Suporte básico de vida; Competências; Assistentes operacionais.

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The completion of this report, being a requirement of the evaluation process of the curricular unit traineeship and report integrating the Master's degree course in Community Nursing from the University of Trás-os-Montes and Alto Douro, aims to make a reflexive critical analysis of the development process and skills acquisition of the nurse specialist in community nursing and public health. The traineeship occurred in the period from 18 september 2014 to 23 january 2015, in the Care Unit in Mateus Community and in the Unit of Public Health of Vila Real, belonging to the Health Centers Grouping Douro I - Marão North Douro. With regard to its organization, it was performed an analysis and reflection on the description of the activities carried out in the context of such units. The focus focuses on the empirical study that targets the group of operating assistants who perform functions in the school community. Given that they conduct a close monitoring of students out of the classroom, there is, therefore, a greater probability of witnessing accidents, being necessary to possess knowledge and skills in first aid. The objective of this study was to train operations assistants in first aid.

This is a longitudinal study and follow-up time, with a quantitative and a descriptive and correlational approach. It took place in three phases: in the first, it was applied a questionnaire with questions concerning sociodemographic and professional characteristics, lifestyles and knowledge in first aid; in the second, it was implemented the training program "Training to act"; and in the third, the questionnaire was again applied and the skills were evaluated (airway clearing, recovery position and basic life support) through an observation grid.

The study included 49 operations assistants who worked in three Secondary/3rd cycle schools, in the municipality of Vila Real, the majority was female (71.4%), aged between 36 and 62 years, with an average of 50.6 years. With regard to lifestyles, 73.5% of operating assistants ranked in very good or excellent lifestyle, but with the need to improve the dimensions "tobacco" and "physical activity/associativism". Following the implementation of the "Training to act" training plan, there was a significant increase in the knowledge of the OA in first aid, two months after the implementation of the "Training to act" training plan, translated by an increase in the number of correct responses on first aid knowledges in 10 out of 17 sub-targets. The results allow us to conclude that goal 1 was partially achieved, since no significant increase was observed in all sub-targets. Regarding the assessment of competencies of the operations assistants, regarding Airway Clearing, Recovery Position and Basic Life Support, it should be noted that in most of the procedures a high proportion of operations assistants were observed to perform the procedures correctly. It will be pertinent to develop further studies in the area that will allow new contributions for the implementation of projects that aim at the qualification of the OA in first aid, continuing the processes of continuous training in order to

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maintain the theoretical knowledge and the update of competences promoting knowledge, which will result in an increase in the probability of effectiveness and success in performing basic life support procedures, reducing morbidity and ensuring safety conditions in a school context until a specialized intervention is possible.

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Dedicatória ... v

Agradecimentos ... vii

Resumo ... ix

Abstract... xi

Lista de Figuras ... xv

Lista de Tabelas ... xvii

Lista de Abreviaturas e Siglas ... xix

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO I – ANÁLISE E REFLEXÃO CRÍTICA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS ... 7

1.1. No contexto da Unidade de Cuidados na Comunidade de Mateus ... 12

1.2. No contexto da Unidade de Saúde Pública ... 17

CAPÍTULO II - ESTUDO EMPÍRICO ... 21

2.1. Enquadramento Teórico ... 23

2.1.1. Enfermagem comunitária no contexto escolar ... 23

2.1.2. Empowerment e saúde ... 25

2.1.3. A formação profissional para o desenvolvimento das competências ... 27

2.1.4. Estilos de vida ... 30

2.1.5. O acidente no contexto escolar e os primeiros socorros ... 33

2.1.6. Suporte básico de vida ... 37

2.2. Enquadramento Metodológico ... 43

2.2.1. Definição de objetivos e metas ... 44

2.2.2. Tipo de estudo ... 45

2.2.3. População alvo e amostra em estudo ... 46

2.2.4. Execução ... 46

2.2.5. Variáveis ... 51

2.2.6. Instrumento de recolha de dados ... 54

2.2.7. Procedimentos de análise de dados ... 55

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2.3. Apresentação e Discussão dos Resultados ... 56

2.3.1. Caracterização da amostra ... 57

2.3.2. Caracterização dos estilos de vida ... 58

2.3.3. Conhecimentos em primeiros socorros ... 60

2.3.4. Competências nos procedimentos desobstrução da via aérea, suporte básico de vida e posição lateral de segurança ... 65

2.4. Conclusões ... 68

SÍNTESE CONCLUSIVA ... 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 79

APÊNDICES ... 91

Apêndice A - Formação sobre doenças cardiovasculares (PowerPoint) ... 93

Apêndice B - Formação Cheque-dentista (PowerPoint) ... 95

Apêndice C - Atividades sobre estilos de vida saudáveis no dia mundial da alimentação .. 97

Apêndice D - Jogo de cartas (PowerPoint) ... 99

Apêndice E - Cromograma de atividades ... 109

Apêndice F - Plano da sessão “Primeiros socorros na escola” ... 111

Apêndice G - Plano da sessão “Primeiros socorros - Suporte básico de vida na escola”... 113

Apêndice H - Categorização das variáveis DVA, SBV e PLS ... 115

Apêndice I - Instrumento de recolha de dados ... 117

Apêndice J - Consentimento informado ... 125

Apêndice K - Autorização para a recolha de dados ... 127

Apêndice L - Pedido de autorização para aplicação do instrumento de recolha de dados e intervenção... 129

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Tabela 1. Conhecimentos em primeiros socorros ... 53

Tabela 2. Caracterização sociodemográfica dos AO ... 57

Tabela 3. Caracterização socioprofissional dos AO ... 58

Tabela 4. Categorização dos domínios dos estilos de vida ... 59

Tabela 5. Níveis de classificação de estilos de vida, FANTÁSTICO ... 60

Tabela 6. Conhecimentos dos AO em primeiros socorros - relação entre o momento 1 e momento 2... 61

Tabela 7. Análise dos procedimentos de DVA no momento 2 ... 65

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ACE - Atendimento Cardiovascular de Emergência ACeS - Agrupamento de Centros de Saúde

AHA - American Heart Association AO - Assistentes Operacionais cit - citado

cm - centímetro

CODU - Centro de Orientação de Doentes Urgentes CPR - Conselho Português de Ressuscitação

CSP - Cuidados de Saúde Primários DGE - Direção Geral de Educação DGS - Direção-Geral da Saúde DVA - Desobstrução da Via Aérea

EEECSP - Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública EpS - Educação para a Saúde

INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica nº - número

OE - Ordem dos Enfermeiros

OMS - Organização Mundial de Saúde OVA - Obstrução da Via Aérea

p. - página

PCR - Paragem Cardiorrespiratória PLS - Posição Lateral de Segurança

PNPAS - Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável PNPSO - Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral

PNS - Plano Nacional de Saúde

PNSE - Programa Nacional de Saúde Escolar PNSO - Programa Nacional de Saúde Ocupacional RCP - Reanimação Cardiopulmonar

SAV - Suporte Avançado de Vida SBV - Suporte Básico de Vida

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xx SIEM - Sistema Integrado de Emergência Médica SM - Submeta

SNS - Serviço Nacional de Saúde

UCC - Unidade de Cuidados na Comunidade

UCSP - Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados UMS - Unidade Móvel de Saúde

URAP - Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados USF - Unidade de Saúde Familiar

USP - Unidade de Saúde Pública

UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro VIH - Vírus da Imunodeficiência Humana

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No âmbito da unidade curricular Estágio e Relatório, do 2º ano, do Mestrado em Enfermagem Comunitária da Escola Superior de Enfermagem de Vila Real da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) elaboramos o presente relatório. Este documento, sendo elemento promotor do desenvolvimento profissional e pessoal, obriga a uma análise pessoal, crítica e reflexiva e à fundamentação das atividades realizadas, relacionando os conhecimentos com as competências desenvolvidas ao longo da referida unidade curricular. O estágio decorreu na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) de Mateus e na Unidade de Saúde Pública (USP) do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Douro I - Marão Douro Norte. O desenvolvimento deste estágio decorreu entre 08 de setembro e 23 de janeiro de 2015, cujo prolongamento foi necessário para a consecução dos objetivos estabelecidos.

As atividades de promoção e educação para a saúde (EpS) são parte integrante e fundamental das competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária e de saúde pública (EEECSP), exigindo comprometimento para o desenvolvimento de comportamentos saudáveis, sendo o contexto da saúde escolar muito pertinente para a intervenção do âmbito da enfermagem comunitária por permitir um acesso fácil a um grande número de pessoas e à interação com toda a comunidade educativa da qual fazem parte os assistentes operacionais (AO).

Na comunidade educativa, os AO são os profissionais que estão numa posição de proximidade com toda a comunidade, em particular com os alunos, pois efetuam a vigilância dos espaços escolares, nomeadamente no exterior da sala de aulas, onde existe uma maior probabilidade de ocorrência de acidentes. A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2011) e o Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE, 2015) e as estratégias Europeias de Saúde, Health 2020, sugerem a implementação de procedimentos e boas práticas com intervenções seguras nos espaços escolares, no que concerne à prevenção de acidentes por parte de quem supervisiona (Carvalho, Costeira, Santos, Gonçalves & Moreira, 2015). Neste sentido, é recomendável que estes profissionais possuam conhecimentos atualizados em primeiros socorros, para atuarem de forma rápida, eficaz e segura. Justifica-se, assim, a importância de capacitar os AO em primeiros socorros com a finalidade de potenciar a segurança nos estabelecimentos escolares, em caso de acidente ou doença súbita.

A pertinência deste tema, no que concerne à relevância dos objetivos de investigação, é bastante atual. Dixe e Gomes (2015) sugerem a realização de estudos longitudinais na

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Introdução

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comunidade escolar no que diz respeito à formação teórica e prática, a fim de avaliar a sua eficácia. A esta temática tem-se dado pouca importância, tanto na investigação como na formação, sendo notório que as instituições de ensino necessitam de promover um maior investimento na formação dos agentes educativos não docentes, em primeiros socorros bem como a abordagem das questões sobre as necessidades de pré-socorro e de socorristas (Bonito, 2002). Por outro lado, também são escassos os instrumentos para avaliação de conhecimentos sobre primeiros socorros. Também, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em 2014, realizou uma formação específica em primeiros socorros dirigida a trabalhadores não‐docentes, considerando que estes profissionais são mais facilmente contactáveis em caso de emergência, uma vez que a atividade dos docentes concentra-se em determinados espaços como gabinete, sala de aulas e laboratórios.

É consensual aceitar-se que o período escolar é um período crítico, de modo particular, para as crianças e adolescentes devido ao estádio de desenvolvimento em que se encontram e, como tal, com frequência, desvalorizam o risco e adotam hábitos ou comportamentos que podem comprometer o estado de saúde (Direção-Geral da Saúde [DGS], 2013). A mesma fonte sublinha que é importante diminuir o número de acidentes escolares, e quando estes ocorrem é crucial saber agir, conhecer as situações de risco e prestar os primeiros socorros, no sentido de reduzir a gravidade e minimizara as consequências das lesões. É de destacar o plano de ação para a segurança infantil (DGS, 2012a), que considera os traumatismos e as lesões como as principais causas de morte das crianças e adolescentes entre os 0 e os 19 anos de idade, sendo responsáveis por 24% do total de mortes.

Neste sentido, no âmbito do Programa Nacional de Saúde Ocupacional (PNSO), a DGS (2014a) reforça a importância dos primeiros socorros na medida em que permite uma atuação em situação de emergência no local de trabalho em consequência de lesão ou de doença súbita e que são fundamentais até que o atendimento especializado de emergência seja proporcionado, visando evitar ou minimizar o agravamento do estado de saúde do trabalhador e assegurar as suas funções vitais. No contexto particular do ambiente escolar, Leite, Freitas, Mesquita, França e Fernandes (2013) sugerem que os acidentes ocorrem com muita frequência no intervalo das aulas, no horário das refeições, nas pausas e tempos livres e quando os alunos aproveitam para correr e brincar. Durante estas atividades ocorrem acidentes que podem provocar sequelas irreversíveis se o socorro não for efetuado de imediato, o que justifica a promoção de ações de formação em primeiros socorros, de forma

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contínua e regular. Segundo Alba Martín (2015), a formação em primeiros socorros é fundamental para todas as pessoas que possam estar perante situações que exijam uma intervenção necessária para assegurar as funções vitais. O PNSE (DGS, 2014b) refere que os primeiros socorros dependem da situação em que se encontra a vítima, e que pode ocorrer perante um traumatismo, na proteção de feridas, na imobilização de fraturas, no controlo de hemorragias externas, na desobstrução das vias respiratórias e na realização de manobras de suporte básico de vida (SBV).

Diversos instrumentos normativos e legais reforçam a importância da formação permanente em “Emergência e Primeiros Socorros no local de trabalho”, sendo de referir que o seu enquadramento legal consta da lei n.º 102/2009, de 10 de setembro. Esta área tem sido preocupação por parte dos profissionais de saúde, nomeadamente a formação dos profissionais da educação para a prevenção de acidentes e atendimento de emergência nas escolas (Souza & Tibeau, 2008), isto porque existe evidência que o nível de conhecimento destes profissionais ainda não é satisfatório (Bernardes, Maciel & Vecchio, 2007). Assim sendo, é necessário investir na formação em primeiros socorros, para dotar de conhecimentos fundamentais e capacitar estes profissionais para uma análise rápida e objetiva na resposta a possíveis situações de emergência de modo a conseguirem intervir (Canário, 2000).

Subscreve a relevância da formação o Conselho Português de Ressuscitação (CPR, 2010), ao propor ao Ministério da Educação a introdução dos primeiros socorros nas escolas e a necessidade dos cidadãos possuírem uma boa formação em SBV, práticas já implementadas em outros países europeus. Esta necessidade vem ainda plasmada no projeto de resolução nº 590/XII/, (2013), aprovado em Assembleia da República (Resolução da Assembleia da República nº 33/2013, de 15 de março), que recomenda ao governo que:

…introduza nas escolas nacionais, no início do ano letivo de 2013-2014, uma formação de frequência obrigatória dirigida aos alunos do 3.º ciclo do ensino básico e com uma duração total de seis a oito horas. A formação em suporte básico de vida seja ministrada através de parcerias institucionais a celebrar no respeito pela liberdade de escolha de cada escola com as instituições tuteladas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em conformidade com as disposições legais em vigor no que concerne à formação em socorro, bem como a possível inclusão das escolas com sistema autónomo de socorro no Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM). (p.1630)

O INEM e a DGE, em 2015, assinaram um protocolo de cooperação entre as duas entidades, na área do ensino e formação em SBV, dirigida aos professores, alunos do 3º ciclo do ensino

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Introdução

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básico e assistentes operacionais, com vista a aquisição de competências básicas direcionadas ao socorro pré-hospitalar, enquanto ato de cidadania.

Deste modo, justifica-se a importância da capacitação dos AO, que assume neste relatório um maior aprofundamento. De forma sucinta relevamos o conteúdo funcional dos AO que é adaptável às necessidades de cada estabelecimento escolar no decorrer do previsto na lei nº 12-A/2008, de 27 de fevereiro. A título de exemplo, o Manual de funções da Escola Secundária das Laranjeiras (2010) estabelece que estes profissionais têm funções de vigilância dos alunos e espaços promovendo a segurança no interior da escola, prestam assistência em situação de primeiros socorros e em caso de necessidade acompanham o aluno aos cuidados de saúde. Assim, está implícito que podem identificar precocemente situações críticas e prestar os primeiros socorros, contribuindo para a diminuição de complicações, incapacidades e morte súbita nas escolas.

É neste enquadramento que definimos como objetivo geral do estudo de intervenção:

Capacitar os assistentes operacionais em primeiros socorros.

Para este relatório onde será descrito o percurso desenvolvido no âmbito da unidade curricular estágio e relatório, estabelecemos os seguintes objetivos: i) Aprofundar conhecimentos para uma abordagem abrangente, integrada e projetiva na fundamentação das práticas em enfermagem comunitária; ii) Dar continuidade à aplicação da metodologia do planeamento em saúde iniciada na unidade curricular estágio de enfermagem comunitária I; iii) Consolidar a intervenção especializada em enfermagem comunitária relativamente à capacitação dos AO em primeiros socorros; iv) Aprofundar a reflexão sobre as atividades desenvolvidas ao longo do estágio, no âmbito da prática especializada em enfermagem comunitária.

Neste sentido, dividiu-se este documento em capítulos, procurando articular as diferentes atividades com uma sequência lógica e temporal. Do capítulo I consta a análise e reflexão crítica do desenvolvimento de competências, tendo por base a descrição das atividades desenvolvidas na UCC Mateus e USP do ACeS Douro I - Marão Douro Norte. O capítulo II diz respeito ao estudo empírico, privilegiando-se o enquadramento teórico e metodológico, a apresentação e discussão dos resultados e as conclusões. Este relatório termina com uma síntese conclusiva, relevando os aspetos essenciais para a construção do perfil do EEECSP.

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CAPÍTULO

I

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A enfermagem comunitária consiste numa prática contínua e globalizante, baseada na comunidade e focada na população, dirigida a todos os indivíduos ao longo do seu ciclo de vida, descentrando os cuidados no indivíduo para cuidados centrados na população e na comunidade, em diferentes locais (Ordem dos Enfermeiros [OE], 2010). Como prática focada na população, os problemas são definidos ou diagnosticados e as soluções são as intervenções propostas para as populações, sendo o processo de enfermagem aplicado ao cliente que pode ser um indivíduo, grupo ou comunidade. Neste sentido, a enfermagem comunitária, mesmo quando se dirige a clientes individuais, tem em mente a perspetiva e o foco da comunidade, onde o enfermeiro tem um papel preponderante no processo de capacitação ou empowerment, tendo o dever e a responsabilidade para com a comunidade, de participar em atividades de promoção da saúde e dar respostas adequadas às necessidades em cuidados de enfermagem (artigo 80ª do código deontológico do enfermeiro - decreto-lei nº 104/98, de 21 de abril e lei nº 111/2009, de 16 de setembro).

Salienta-se que a enfermagem comunitária não tem apenas por missão a prestação de cuidados a um grupo e a uma determinada comunidade (OE, 2015), acresce ainda competências específicas para o estabelecimento de programas e projetos que visam a identificação dos problemas para, posteriormente, elaborar intervenções contribuindo para a sua resolução. No âmbito das competências específicas, o regulamento n.º 128/2011, de 18 de fevereiro, refere que o enfermeiro especialista em enfermagem comunitária e de saúde publica:

…estabelece com base na metodologia do planeamento em saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade; contribui para o processo de capacitação de grupos e comunidades; integra a coordenação dos Programas de Saúde de âmbito comunitário e na consecução dos objectivos do Plano Nacional de Saúde; realiza e coopera na vigilância epidemiológica de âmbito geodemográfico; lidera processos comunitários de modo a capacitar os grupos e as comunidades na realização de projetos de saúde, estimulando ao exercício da cidadania e participação na avaliação multicausal e nos processos de tomada de decisão dos principais problemas de saúde pública; estimula a independência e o direito dos indivíduos, famílias e comunidades a tomar as suas próprias decisões e a assumirem as suas próprias responsabilidades no que diz respeito à saúde. (p.8667)

Uma compreensão mais abrangente das competências deve incluir uma preocupação com todas as populações dentro de uma comunidade e considerar a relação entre as necessidades de saúde da população e os recursos de cuidados da comunidade.

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Capítulo I – Análise e reflexão crítica do desenvolvimento de competências

10

O Programa do XVII Governo reconheceu os cuidados de saúde primários (CSP) como o pilar central do sistema de saúde. “Na verdade, os centros de saúde constituem o primeiro acesso dos cidadãos à prestação de cuidados de saúde, assumindo importantes funções de promoção da saúde e prevenção da doença, prestação de cuidados na doença e ligação a outros serviços para a continuidade dos cuidados” (decreto-lei nº 28/2008, de 22 de fevereiro, p.1182).

Segundo Biscaia et al. (2008), subjacente ao conceito de CSP, os cuidados de saúde devem ser fulcrais e acessíveis a todo e qualquer indivíduo assim como às respetivas famílias da comunidade. Deste modo, visam a resolução dos principais problemas de saúde e promoção de ações de sensibilização relacionadas com a saúde, a prevenção da doença, a reabilitação ou os cuidados terminais. É objetivo dos CSP fomentar a autorresponsabilização, a autonomia e a participação ativa da comunidade e dos indivíduos no planeamento, organização, funcionamento e controlo dos cuidados de saúde, aproveitando ao máximo os recursos locais, nacionais e internacionais.

Os CSP são o pilar do serviço nacional de saúde (SNS) em Portugal e, neste sentido, têm sido objeto de transformação e adaptação às mudanças da sociedade culminando com a criação dos ACeS constituídos por um ou mais centros de saúde, cuja missão é garantir a prestação de CSP à população de uma determinada área geográfica. Estão organizados em unidades funcionais com funções específicas e complementares, como as Unidade de Saúde Familiar (USF), Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP), USP, Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados (URAP) e UCC.

Neste enquadramento, o estágio realizado decorreu em duas destas unidades funcionais, UCC e USP, cujos contributos do EEECSP consistem em olhar para a comunidade como um todo, levantar questões sobre o seu estado geral de saúde e os fatores associados e trabalhar para melhoria do estado de saúde da população. As alterações organizacionais que ocorreram apresentam uma oportunidade para uma participação ativa das populações e profissionais de saúde, evidenciando a importância de cuidados de saúde de proximidade.

A realização do estágio de enfermagem comunitária deu-nos a oportunidade de desenvolver atividades nas unidades funcionais: UCC Mateus e USP de Vila Real que integram o ACeS Douro I - Marão Douro Norte, criado pela portaria n.º 273/2009, de 18 de março, e abrange a área geográfica correspondente a sete concelhos: Alijó, Mesão Frio, Murça, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião e Vila Real (ACeS Douro I - Marão Douro Norte, 2013).

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Estas duas unidades comtemplam diferenças organizacionais e estruturais com áreas de atuação diferenciadas, mas complementares articulando-se de forma sinérgica para o seu papel de promoção da saúde da comunidade.

A UCC Mateus encontra-se em funcionamento desde 06 de outubro de 2010, sendo uma das unidades funcionais do ACeS Douro I - Marão Douro Norte, sediada no Centro de Saúde de Vila Real nº 2. É constituída por uma equipa multidisciplinar de referência, que presta cuidados de saúde e apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário, nomeadamente às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis, em situação de maior risco ou dependência física e funcional ou doença que necessitem de um acompanhamento próximo. Atua também na EpS, na integração em redes de apoio à família e na implementação de unidades móveis de intervenção (ACeS Douro I - Marão Douro Norte, 2013).

A UCC Mateus, conforme o despacho nº 10143/2009, de 16 de abril, tem por missão contribuir para a melhoria do estado de saúde da população da sua área geográfica de intervenção, visando a obtenção de ganhos em saúde e concorrendo, assim, de um modo direto para o cumprimento da missão do ACeS Douro I - Marão Douro Norte. Esta unidade assegura respostas integradas, articuladas, diferenciadas e de grande proximidade às necessidades em cuidados de saúde e sociais da população onde está inserida. Orienta-se pelos princípios da cooperação, da solidariedade e trabalho de equipa, da autonomia assente na auto-organização funcional e técnica e na articulação efetiva com as outras unidades funcionais do ACeS (ACeS Douro I - Marão Douro Norte, 2013).

A USP situa-se a nível do ACeS, dotada de uma organização flexível, funciona como observatório de saúde da população e diagnostica as necessidades de saúde da população da sua área geográfica de intervenção. Abrange uma área geodemográfica de sete concelhos e uma população constituída por 102.282 habitantes (ACeS Douro I - Marão Douro Norte, 2015). Funciona em articulação com os serviços e instituições prestadoras de cuidados de saúde e em ligação com o serviço de saúde pública a nível regional, e as demais USP dos outros ACeS. É uma unidade de dinamização de parcerias e estratégias intersetoriais, entre os quais se destacam as autarquias locais e a autoridade da proteção civil, desenvolvendo atividades de vigilância e investigação epidemiológica, de prevenção da doença, promoção da saúde e avaliação do impacte das intervenções no nível de saúde da comunidade.

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Capítulo I – Análise e reflexão crítica do desenvolvimento de competências

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Nestas unidades realizamos um conjunto de atividades que permitiu oportunidades de aprendizagem conducentes ao aprofundamento de conhecimentos e desenvolvimento de competências nos domínios de atuação do EEECSP.

1.1. No contexto da Unidade de Cuidados na Comunidade Mateus

O estágio decorreu na UCC Mateus do ACeS Douro I - Marão Douro Norte, no período de 18 de setembro de 2014 a 23 de janeiro de 2015. No seguimento do estágio anterior, onde procuramos clarificar a natureza do problema de saúde decorrente do diagnóstico de saúde, deu-se continuidade às etapas do planeamento em saúde.

O diagnóstico de situação de saúde permitiu identificar os problemas de saúde, tendo também por base o plano de ação da UCC e estabelecer as prioridades dando lugar à intervenção comunitária “Formar para atuar” em primeiros socorros, cujo alvo de intervenção foi um grupo de assistentes operacionais. Esta intervenção tinha por objetivo dotar os AO de conhecimentos e competências, estimulando a participação ativa destes profissionais.

Apesar do planeamento, execução e avaliação da intervenção comunitária ter absorvido grande parte do tempo, outras atividades foram realizadas e muito contribuíram para a melhoria do nosso desempenho, que passamos a descrever.

i) Formação sobre doenças cardiovasculares

O Programa Nacional para Doenças Cérebro-Cardiovasculares foi considerado um programa prioritário pela DGS no âmbito do PNS 2012-2016, dando relevância ao facto das doenças cérebro-cardiovasculares continuarem a ser a principal causa de mortalidade na população portuguesa. Embora nos últimos anos, tenham sido criadas estratégias de prestação de cuidados designadas “vias verdes” (“via verde do acidente vascular cerebral” e “via verde coronária”) acompanhadas da educação e literacia em saúde da população e os resultados apontem para um decréscimo de redução da mortalidade prematura, abaixo dos 70 anos, as doenças cérebro-cardiovasculares continuam a ter uma magnitude muito elevada. Efetivamente, em 2014, o acidente vascular cerebral isquémico representou cerca de 20 mil episódios e 250 mil dias de internamento, o que traduz uma mortalidade importante, embora inferior à média europeia (DGS, 2015). Consequentemente, o Programa Nacional para

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Doenças Cérebro-Cardiovasculares tem como objetivo reduzir a mortalidade por estas doenças.

Enquadrada neste programa, realizamos uma ação de formação sobre doenças cardiovasculares, onde abordamos os fatores de risco (Apêndice A), que ocorreu no dia mundial do coração, dirigida a um grupo vulnerável de 15 pessoas no “Espaço Humanus” da Caritas Diocesana de Vila Real, visando a sensibilização para a adoção de estilos de vida saudáveis que minimizem os riscos cardiovasculares. Assim, os aspetos relacionados com uma alimentação saudável, particularmente no que diz respeito ao consumo de sal, e a importância do não consumo de substâncias (tabaco, álcool e drogas) foram temas centrais na atividade. Nesta sessão, os formandos foram muito participativos, partilhando as histórias das suas doenças e falta de compromisso e responsabilização na adoção das medidas de prevenção. De um modo geral, percecionamos que os participantes tomaram consciência sobre a importância de adotarem um estilo de vida saudável.

ii) Formação sobre Cheque-Dentista

O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO) é um programa integrante no PNS 2004-2010, tendo mantido a sua continuidade e preconiza uma estratégia global de intervenção assente na promoção da saúde, prevenção e tratamento das doenças orais. Abrange todo o ciclo de vida com ênfase nos ambientes onde as crianças e jovens vivem e estudam, de forma a contribuir para a diminuição da incidência e da prevalência de cárie dentária e consolidação de melhores conhecimentos e comportamentos sobre alimentação e higiene oral (DGS, 2004).

A procura de cuidados de saúde oral pode ser condicionada pelos custos, relativamente elevados, dos tratamentos e neste sentido, as atividades do PNPSO são transversais aos programas de saúde materna, saúde infantil e juvenil e saúde escolar, desenvolvidas nos centros de saúde e em todos os estabelecimentos de educação pré-escolar e do ensino básico, público, privado ou dependentes de estruturas oficiais da segurança social, sendo indispensável o envolvimento dos profissionais de saúde, de educação, pais ou encarregados de educação e as autarquias (DGS, 2004). Estas atividades são lideradas pelos EEECSP que integram as equipas de saúde escolar, e que têm a responsabilidade de operacionalizar o cheque-dentista no âmbito da saúde escolar, como estratégia global de intervenção para a promoção da saúde e prevenção primária e secundária da cárie dentária. O cheque-dentista

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Capítulo I – Análise e reflexão crítica do desenvolvimento de competências

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tem regras adaptadas às necessidades de cada grupo de utentes beneficiários, garantindo a liberdade de escolha do médico dentista por parte do utente do SNS (Entidade Reguladora da Saúde, 2014).

Integrada no âmbito do PNPSO, foi realizada a ação de formação “cheque-dentista”

(Apêndice B) na USF Fénix do Centro de Saúde de Vila Real nº 2 - Mateus, dirigida aos

profissionais de saúde desta unidade. Tinha como objetivo informar e esclarecer estes profissionais no sentido de adotarem procedimentos padronizados para cada grupo da população alvo (grávidas, pessoas idosas, crianças e jovens e portadores de vírus de imunodeficiência humana [VIH]). Nesta sessão, os formandos (médicos, enfermeiros e administrativos) foram muito participativos, colocando dúvidas pertinentes quanto à gestão desta atividade. A troca de opiniões foi muito construtiva, dando origem à elaboração de um documento que estabeleceu e uniformizou os procedimentos a ser respeitados por todos os profissionais de saúde desta unidade.

iii) Dia mundial da alimentação no Centro Escolar da Araucária e de Mouçós

O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), integrante do PNS 2012-2016, como programa prioritário define como objetivos: aumentar o conhecimento sobre os consumos alimentares da população portuguesa, seus determinantes e consequências; modificar a disponibilidade de certos alimentos, nomeadamente em ambiente escolar, laboral e em espaços públicos; informar e capacitar para a compra, confecção e armazenamento de alimentos saudáveis, em especial nos grupos mais desfavorecidos; identificar e promover ações transversais que incentivem o consumo de alimentos de boa qualidade nutricional de forma articulada e integrada com outros setores, nomeadamente da agricultura, desporto, ambiente, educação, segurança social e autarquias (DGS, 2016). De facto, a alimentação, e sobretudo os comportamentos alimentares na população mais jovem, constitui uma preocupação central com potencial para inverter as principais causas de morbilidade e mortalidade. Portugal é um dos 44 países que integra o estudo HBSC/OMS (Health

Behaviour in School-aged Children), desenvolvido pela OMS de quatro em quatro anos,

representativo da população de cada país e pretende avaliar os estilos de vida dos adolescentes e os seus comportamentos, incluindo os hábitos alimentares. Os resultados, apesar de acentuarem um maior número de alunos que toma o pequeno-almoço todos os dias, evidenciam uma redução da qualidade alimentar, com a progressão no ano escolar e o

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consumo reduzido de frutas e hortícolas (DGS, 2016). Estes resultados evidenciam a importância do PNPAS e a necessidade da sua continuidade para melhorar a saúde da população.

No enquadramento do PNPAS e no sentido de melhorar os conhecimentos, atitudes e comportamentos na área alimentar, realizamos uma sessão de EpS, integrada nas comemorações do dia “Dia Mundial da Alimentação”, destinada aos alunos do ensino pré-escolar e primeiro ciclo do centro pré-escolar da Araucária e de Mouçós, com o objetivo de incentivar a adoção de uma alimentação saudável e a prática de atividade física. Esta atividade decorreu no espaço físico do centro escolar da Araucária e de Mouçós e contou com a colaboração das monitoras de dois ginásios (VivaFit e AquaFit) que, de forma muito proativa, envolveram os alunos em variados exercícios físicos, como dança e jogos. O ponto alto da sessão foi a realização de uma “roda viva” dos alimentos, atividade que contou com a participação ativa dos alunos, e para a qual foram distribuídos coletes de cores diferentes, solicitando-se aos alunos que se posicionassem de acordo com as cores, que correspondiam às diferentes divisões e porções da roda dos alimentos (Apêndice C). Nesta atividade, toda a comunidade escolar foi convidada a participar, nomeadamente, os professores, assistentes operacionais e encarregados de educação que, de forma alegre e descontraída, todos foram integrando a sequência dos exercícios.

Na continuidade desta sessão, os alunos realizaram trabalhos, em sala de aula, alusivos ao tema do “Dia Mundial da Alimentação” e que resultou numa exposição de trabalhos, nas duas escolas.

iv) Unidade Móvel de Saúde

As Unidades Móveis de Saúde (UMS) constituem um meio de acessibilidade para projetos de intervenção comunitária, procurando dar resposta às necessidades de saúde identificadas na comunidade. A sua finalidade é melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde, promovendo a redução das desigualdades, através da informação e promoção da saúde, particularmente em grupos vulneráveis como as pessoas em situações de dependência física, mental ou social, ou que se encontrem impossibilitadas de se deslocarem ao centro de saúde. Trata-se de uma intervenção de proximidade em situações de maior risco e, dada a sua natureza e complexidade, estabelece parcerias com diferentes instituições, nomeadamente centros de saúde, município, instituições locais e grupos da comunidade.

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Capítulo I – Análise e reflexão crítica do desenvolvimento de competências

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A UMS é também um dos projetos que integra o Programa Câmara Amiga, que resulta da parceria entre a Câmara Municipal de Vila Real e o ACeS Douro I - Marão Douro Norte. No decurso do estágio e no âmbito da realização das atividades desenvolvidas na UCC Mateus, tivemos oportunidade de efetuar visitas à comunidade com a UMS. Esta unidade percorre todas as freguesias de acordo com um calendário previamente elaborado. Nestas visitas, avaliamos as necessidades e parâmetros de saúde da população, referenciamos situações que requerem acompanhamento social e proporcionamos informação escrita sobre alguns cuidados elementares com a saúde, dirigida especialmente à população idosa. Trata-se de uma intervenção que, pela proximidade com a população, pode beneficiar do contributo do EEECSP pela capacidade que detém na leitura interpretativa dos fenómenos comunitários e da maximização dos recursos de saúde. Assim, esta experiência deu oportunidade de contactarmos de forma muito próxima com a população, ampliando a compreensão da realidade dos CSP e, neste sentido, foi promotora do nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

De uma forma sumária, fazendo uma reflexão crítica e reflexiva sobre as atividades desenvolvidas na UCC Mateus, foi-nos dada a oportunidade de atuar em conformidade com os programas prioritários preconizados pela DGS. A UCC desenvolve anualmente um plano de ação que traduz o seu programa de atividades na prestação de cuidados de saúde que integram a carteira de serviços, contendo o seu compromisso assistencial, objetivos, indicadores e metas a atingir. Na missão de contribuir para a melhoria do estado de saúde da

população da sua área geográfica de abrangência, assume como eixo estruturante a promoção da saúde, processo que visa aumentar o controlo das pessoas sobre a sua saúde e seus determinantes, contribuindo para a obtenção de ganhos em saúde.

Constatamos que a UCC Mateus presta cuidados de saúde e apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário, especialmente às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis, em situação de maior risco ou dependência física e funcional ou doença e atua ainda na EpS, na integração em redes de apoio à família e dispõe de uma UMS, procurando garantir a proximidade, continuidade e qualidade dos cuidados prestados.

As atividades, projetos ou programas que integram a carteira de serviços da UCC, contratualizados no seu plano de ação, decorrem do diagnóstico de saúde da comunidade realizado em parceria com a USP. Em parcerias com outras instituições da comunidade, decorrem projetos de intervenção que procuram combater a pobreza e a exclusão social e,

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também, fomentar o desenvolvimento social, assegurando o acompanhamento de utentes e famílias de maior risco e vulnerabilidade. A UCC tem, ainda, um forte investimento na promoção de saúde e prevenção da doença da comunidade, através do PNSE e do PNPSO. Aposta na EpS dos utentes, familiares e cuidadores informais e na promoção de estilos de vida saudáveis, apostando no combate à obesidade e ao sedentarismo.

No âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, a UCC promove intervenções com pessoas dependentes e famílias/cuidadoras através de cuidados domiciliários médicos e de enfermagem, de natureza preventiva, curativa, reabilitação e cuidados paliativos.

Nesta unidade funcional, tendo como suporte científico a metodologia do planeamento em saúde e seguindo as suas diferentes etapas, foi-nos possível intervir e contribuir para a capacitação de um grupo de AO e desenvolver ações de EpS para grupos da comunidade.

1.2. No contexto da Unidade de Saúde Pública

Realizamos o estágio na USP do ACeS Douro I - Marão Douro Norte, no período compreendido entre 08 de setembro e 26 de outubro de 2014. Nesta unidade, procuramos desenvolver as competências do EEECSP, destacando-se as seguintes atividades.

Projeto “Cool & Safe”

O projeto “Cool & Safe” foi desenvolvido no âmbito do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção VIH/SIDA 2012-2016. Este programa foi elaborado a partir de um processo de reflexão interna e de consulta aos parceiros dos setores público e privado, numa perspetiva de dar resposta à infeção a nível nacional e prevenir novas infeções e mortes relacionadas com a SIDA, bem como ausência de casos de discriminação. Até ao final de 2016, tem como objetivo atingir as seguintes metas: reduzir em 25% o número de novas infeções por VIH; diminuir de 65% para 35% os diagnósticos tardios de infeção pelo VIH; diminuir em 50% o número de novos casos de SIDA; diminuir em 50% o número de mortes por SIDA; aumentar para 95% a proporção dos indivíduos que dizem usar preservativo em relações sexuais ocasionais; eliminar a transmissão da infeção por VIH da mãe para o filho (DGS, 2012b). Para concretizar as metas, definiram-se áreas prioritárias: prevenção da infeção pelo VIH; populações vulneráveis; diagnóstico da infeção; tratamento das pessoas que

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Capítulo I – Análise e reflexão crítica do desenvolvimento de competências

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vivem com a infeção; estigma e discriminação; investigação; cooperação e relações internacionais (DGS, 2012b).

O projeto “Cool & Safe” dirigido aos estudantes do ensino superior da UTAD propõe o desenvolvimento de competências pessoais e sociais, no sentido de promover fatores de proteção e prevenir comportamentos de risco associados à infeção VIH/SIDA e outras infeções sexualmente transmissíveis; também tem como objetivo diminuir o consumo de tabaco, álcool e outras substâncias psicoativas; bem como a prevenção de acidentes de viação. Uma das estratégias principais consiste na produção de materiais de informação, educação e comunicação e para o desenvolvimento desta estratégia (durante o decurso do estágio), criamos um jogo de cartas (Apêndice D), porque consideramos que é um instrumento lúdico, dinâmico e atrativo e fomenta interação com os estudantes. Foi necessário recolher informação específica sobre as temáticas supra enumeradas no sentido de atingir os objetivos do projeto “Cool & Safe”. A criação deste jogo decorreu ao longo do estágio, sendo que cada carta integrava questões relacionadas com as temáticas e respetivas opções de resposta; a As regras do jogo são similares ao jogo do monopólio, após o lançamento do dado, o estudante tinha oportunidade de progredir num mapa que continha figuras alusivas às temáticas e que de acordo com o resultado do lançamento e se a resposta do estudante estiver, permite a continuidade em jogo. Assim, os estudantes podem envolver-se ativamente na aquisição de conhecimentos, e de uma forma simples, os profissionais de saúde tem oportunidade de motivar para a adoção de comportamentos saudáveis e incentivados para a proteção e promoção de estilos de vida saudáveis, como a educação sexual, importante dimensão da promoção e proteção da saúde e do processo global de educação.

Na USP de Vila Real desenvolvemos um estágio de menor duração e, por conseguinte, não foi possível acompanhar algumas atividades em todas as fases do seu desenvolvimento. Foi-nos possível perceber de forma muito clara, a organização e funcionamento desta unidade. Compreendemos a importância dos planos do domínio da saúde pública e da monitorização do estado de saúde da população, vertido na função de observatório de saúde e na recolha e análise sistemática de informação para realização do diagnóstico de saúde da população, que se consubstancia no plano local de saúde. A pertinência deste documento é evidenciada na relação com as unidades funcionais do ACeS e as instituições da comunidade, no sentido de monitorizar os problemas de saúde e sistematizar e avaliar as intervenções preconizadas. Foi também importante perceber a importância da vigilância epidemiológica, quer das doenças

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transmissíveis (doenças de declaração obrigatória, doenças evitáveis pela vacinação e toxinfeções alimentares), quer no âmbito da saúde ambiental, através da vigilância sanitária da qualidade da água (consumo humano, balnear, piscinas, mineral natural e de nascente) e da segurança alimentar nas cantinas e refeitórios escolares.

Sublinhamos a importância da participação dos EEECSP nesta unidade, para o desenvolvimento de programas de intervenção no âmbito da prevenção da doença, promoção e proteção da saúde da população em geral, de grupos específicos e ainda de programas de saúde como o Programa Nacional de Vacinação, Plano Pós-Eliminação da Poliomielite, Programa de Vigilância e Controlo das Meningites na Comunidade, Plano de Contingência das Ondas de Calor, Programa de Avaliação das Condições de Segurança, Higiene e Saúde nos Estabelecimentos de Educação e Ensino, Programa de Saúde Ocupacional, e da sua contribuição para o desenvolvimento de programas de intervenção prioritários para a região.

Da apreciação geral, podemos salientar que este estágio realizado nas unidades funcionais UCC Mateus e USP de Vila Real, nos proporcionou um percurso promotor de enorme crescimento profissional, em resultado do investimento na diversidade e multiplicidade de áreas em que foi necessário aprofundar conhecimentos para uma intervenção profissional mais diferenciadora e qualificada. As atividades realizadas nestes contextos de atuação dos enfermeiros especialistas e supervisionados por estes profissionais, facilitaram o processo de apropriação das competências específicas do enfermeiro especialista.

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CAPÍTULO

II

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2.1. Enquadramento Teórico

Neste capítulo, iremos proceder a uma revisão bibliográfica dos aspectos fundamentais que suportam a intervenção da enfermagem comunitária. Abordamos o papel do EEECSP no que concerne à promoção da saúde em contexto escolar, em particular no que respeita à literacia em saúde. Centrar-nos-emos na intervenção da enfermagem comunitária para a capacitação dos AO no âmbito da formação no local de trabalho e desenvolvimento das competências, com uma breve caracterização e análise dos estilos de vida dos AO, os primeiros socorros no contexto de acidentes escolar e, por fim, o SBV.

2.1.1. A enfermagem comunitária no contexto escolar

A escola é considerada um ambiente por excelência para a intervenção do enfermeiro, sobretudo no âmbito das atividades relacionadas com a promoção e EpS (Rocha et al., 2011). Toda a população que interage em contexto escolar, os membros da comunidade educativa (alunos, pais, pessoal docente/não docente) é alvo da preocupação dos profissionais de saúde, em particular dos EEECSP (OE, 2011).

É cada vez mais importante fomentar a participação proativa dos cidadãos na promoção da sua saúde e da saúde em geral e na EpS, em particular nas tarefas de cidadania e nos estilos vida saudáveis (Sousa & Trindade, 2013). Contudo, apesar desta necessidade de participação coletiva dos cidadãos, torna-se imprescindível coordenar sinergias para resultados efetivos, tendo os enfermeiros um papel relevante neste domínio enquanto agentes de EpS.

Na sua ação, o enfermeiro esforça-se para desenvolver a capacitação comunitária como forma de criar oportunidades de autonomia, reforçar convicções e competências, respeitando as decisões e os ritmos de aprendizagem, num processo de crescimento e desenvolvimento que é potenciado pela capacidade e experiência de educador para a saúde (Bernardino et al., 2010).

As escolas designadas de promotoras da saúde, enquanto espaço coletivo de aprendizagem e de promoção do bem-estar, são contextos favoráveis à promoção da saúde na comunidade (DGS, 2006). As escolas promovem a equidade em saúde, através da intervenção comunitária pela participação ativa na resolução de problemas sociais (Ferreira, 2005).

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Capítulo II – Estudo empírico

24

Durante todo o ciclo de vida escolar dos alunos, desde a educação pré-escolar ao ensino secundário, é necessário envolver a comunidade educativa como um todo, alunos, professores, pais, AO e outros profissionais (DGS, 2015).

A escola promotora da saúde incorpora uma visão integral do indivíduo e considera as pessoas, em especial as crianças e os adolescentes, dentro do seu ambiente familiar, comunitário e social, numa fase de vida em que é necessário atuar para incrementar o desenvolvimento humano saudável e as relações construtivas e harmónicas, promovendo aptidões e atitudes para a saúde, contando com um espaço físico seguro e confortável e uma atmosfera psicológica positiva para a aprendizagem, propícia à autonomia, à criatividade e à participação dos alunos e restante comunidade escolar (C. Silva, 2010). Os contextos escolares dão oportunidade aos enfermeiros para planearem intervenções, junto desta comunidade, atuando no sentido de desenvolver conhecimentos e competências incentivadoras de mudanças comportamentais favorecedoras da saúde, centradas nos estilos de vida, na saúde física e mental, na educação sexual e reprodutiva (Riso, 2013).

Também Rocha et al. (2011) afirmaram que:

…a escola constitui-se como o espaço ideal seguro e facilitador, para a adoção de comportamentos saudáveis e conscientes, encontrando-se numa posição de excelência para promover a saúde da comunidade educativa e, consequentemente, de toda a comunidade envolvente, o que contribuirá para ganhos em saúde da população, a médio e longo prazo. (p.97)

O ambiente escolar, enquanto espaço público, deve ter uma estrutura física e uma organização que permita a segurança da comunidade educativa. Uma cultura de segurança envolve reflexão e aprendizagem com vista ao desenvolvimento de sentimentos positivos, para que se torne uma responsabilidade partilhada, relativamente à qual a comunidade educativa deve assumir um papel ativo (Gala, 2014). Para tal, é necessário despertar a consciência crítica de todos, no âmbito da saúde da comunidade educativa, nomeadamente para a segurança, eixo relevante do PNSE (DGS, 2014b).

Dentro desta visão, a DGS (2013) sublinha a importância de investir na formação da comunidade escolar para que se torne possível diminuir o número de acidentes neste contexto, e se gere um clima e uma cultura de exigência e de responsabilidade. Neste âmbito, caso se verifique a ocorrência de incidentes ou acidentes, a comunidade educativa deve estar preparada para saber agir, pelo que lhe é exigido o conhecimento das técnicas de prestação de

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primeiros socorros e de SBV de modo a contribuir para reduzir a gravidade e as consequências das lesões. Efetivamente, a educação da população de AO, cujo papel é relevante para a segurança da comunidade escolar, ao fortalecer os conhecimentos em primeiros socorros e SBV com relevância para os elos da cadeia de sobrevivência, como a ativação do número 112 e a capacitação para executar SBV, permite obter ganhos, com o aumento do nível de literacia em saúde, neste domínio.

No contexto escolar, os AO podem ser aliados importantes na área da EpS. A denominação de AO decorre do programa de reformas da administração pública, que teve como objetivo a racionalização e flexibilização de gestão dos recursos humanos e, para tal, procedeu à redução do número de carreiras, como foi o caso da carreira de auxiliar de ação educativa, cujos trabalhadores transitaram para a dos AO, de acordo com a lei nº 12-A/2008, de 27 de fevereiro. Estes profissionais podem ter um papel mais ativo e que deve ser reforçado porque ocupam uma posição de proximidade com a comunidade escolar, interagindo nas suas atividades diárias, constantemente, com os professores e alunos. Atuam na vigilância dos espaços escolares, como os recreios, refeitórios e no exterior da sala de aulas, espaços de potencial conflito onde podem ocorrer incidentes ou acidentes.

2.1.2. Empowerment e saúde

A OMS (2011) e o PNSE (DGS, 2015) e também as Estratégias Europeias de Saúde, Health 2020, sugerem a implementação de procedimentos e boas práticas com intervenções seguras nos espaços escolares, no que concerne à prevenção de acidentes por parte de quem supervisiona (Carvalho et al., 2015). A EpS nesta área e a formação é central para a resposta às necessidades dos professores e assistentes operacionais, que necessitam de conhecimentos em primeiros socorros para atuarem de forma rápida, eficaz e segura. Os AO, como atores chave na comunidade escolar, devem ser valorizados como elementos importantes nas ações de promoção da saúde, sendo necessário que os enfermeiros se foquem nestes profissionais e promovam o empowerment.

Empowerment é considerado como o processo de reconhecimento e criação na utilização de

recursos e instrumentos pelos indivíduos, grupos e comunidades, no seu meio envolvente, que conduz a um acréscimo do poder psicológico, sociocultural, político e económico, com vista a aumentar a eficácia do exercício de cidadania (Pinto, 1988). Segundo Schultz (1995),

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Capítulo II – Estudo empírico

26

cit. por Pereira (2010), o empowerment caracteriza-se pelo desenvolvimento de competências individuais para a tomada de decisão, na procura da resolução dos problemas através da concretização de objetivos, influenciando o sistema sociopolítico para o controlo de uma situação específica, ao intervir no ambiente de uma comunidade. Por sua vez, Silva e Martinez (2004), cit. por Pereira (2010), reforçam o empowerment como um processo educativo, um conceito motivacional, dando poder e autoridade no sentido de capacitar as pessoas para a sua autonomia, aquisição de competências de intervenção e obtenção de informações necessárias para a tomada de decisão coerente. Neste sentido a capacidade de tomada de decisão, contribui para o desenvolvimento de uma cultura participativa na área da Saúde (Neuhauser, 2003; World Health Organization, 2006).

Para Rodrigues, Pereira e Barroso (2005), empowerment está associado à palavra poder, no sentido de “dar poder para” e não “exercer poder sobre”. Segundo Roberts (1999), cit. por Viana (2010), verifica-se uma redistribuição do poder entre os intervenientes na decisão em saúde, exigindo uma participação ativa de todos. No processo de promoção da saúde,

empowerment leva ao desenvolvimento das capacidades individuais das pessoas,

promovendo as melhores escolhas para a sua saúde e bem-estar (Serra, Branco, Carmo & Amendoeira, 2014). Em síntese, empowerment promove um acréscimo de controlo na tomada de decisão relativa ao processo de saúde, sendo que o objetivo final da capacitação é o bem-estar (Nyatanga & Dann, 2002).

Empowerment pode ser considerado como processo ou como resultado, desenvolvido em contexto individual, familiar e comunitário (Ornelas, 2002).

A Rede Nacional de Escolas Promotoras da Saúde impulsionou a promoção do empowerment da comunidade ao apostar na formação através de um programa com diferentes domínios operacionais assente na capacitação da comunidade educativa, com a integração curricular das questões prioritárias direcionadas para a resolução de problemas baseados num diagnóstico de necessidades do seu contexto específico. Neste sentido, Loureiro e Natércia (2010) defendem que isto é possível com a realização de programas e projetos que integrem a participação, a liderança instituída, as estruturas organizacionais, a avaliação dos problemas levantados, a mobilização de recursos e a sua avaliação.

O PNSE (DGS, 2006) propôs o desafio aos profissionais de saúde de envolver diretamente os profissionais de educação para, em conjunto, agirem ativamente na promoção da saúde na

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escola, incentivando ao desenvolvimento de competências e empowement da comunidade educativa. Resultante do diagnóstico dos problemas reais e questões prioritárias foi identificada a necessidade de formação e capacitação da comunidade escolar em primeiros socorros, que preconiza a melhoria na resposta aos primeiros elos da cadeia de sobrevivência, nomeadamente na ativação do 112 e na realização das manobras do SBV. Os enfermeiros propuseram-se contribuir para a melhoria das condições de saúde em ambiente escolar, sendo a formação de primeiros socorros, nesta comunidade, uma necessidade atual, utilizando o

empowerment como ferramenta de capacitação.

2.1.3. A formação profissional para o desenvolvimento das competências

Nos últimos anos, a noção de competência tem evidenciado muita importância, sendo utilizada na linguagem quotidiana em diversas situações, tornando-se, por vezes, difícil compreender exatamente o significado que lhe está associado (Ceitil, 2007). Este autor refere que as competências são comportamentos específicos que as pessoas evidenciam com uma certa constância, no âmbito do seu exercício profissional, o que constitui fator determinante para que as ações possam ser consideradas competentes. Neste sentido, a competência traduz o conjunto das aprendizagens que exigem prévia apreensão, formação e avaliação para que, se necessário, possam ser introduzidas melhorias de modo a promover a sua atualização (Ceitil, 2007).

O desenvolvimento das competências profissionais assentes na autonomia, criatividade, polivalência e flexibilidade possibilitam a competente participação na tomada de decisão, fomentando a satisfação das pessoas que se sentem envolvidas, o que, por sua vez, contribuirá para a eficácia da organização numa sequência lógica entre mobilização de competência, envolvimento do indivíduo/participação e motivação (Almeida, 2007). Este autor reafirma que a mobilização das competências acarreta vontade e envolvimento pessoal de modo a inovar e colocar algo de si próprio na ação, por isso se compreende facilmente que a probabilidade de ação competente aumentará com o grau de satisfação da pessoa.

Neste contexto, apelando a uma gestão do trabalho que valorize as suas competências individuais, os AO tenderão a ser mais competentes e satisfeitos se tiverem formação adequada, e forem motivados para a envolvência da vida escolar, tal como preconiza o seu conteúdo funcional. Este, para a categoria de AO no grau de generalidade, deixou de ser um

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Figura 1. Esquema do estudo

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