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CAPÍTULO II E STUDO E MPÍRICO

2.2. Enquadramento Metodológico

2.2.4. Execução

No sentido de motivar os AO a participar no estudo, previamente foram realizadas reuniões para os sensibilizar para a relevância da problemática relativa aos primeiros socorros, apelando ao facto de que podem salvar vidas e, por outro lado, o conhecimento sobre estas

temáticas potencialmente contribuirão para processo de desenvolvimento profissional, relevando os valores de cidadania. Foram também apresentados os objetivos do estudo, para uma participação voluntária e informada.

O estudo empírico decorreu em três fases, a primeira e segunda desenvolvidas em fevereiro de 2015 e a terceira fase em junho de 2015 (Apêndice E).

Como mostra a figura 1, na primeira fase que corresponde ao momento 1, procedeu-se à recolha de dados, com a aplicação de um questionário para obter informação relativa a: características sociodemográficas e socioprofissionais, estilos de vida e conhecimentos em primeiros socorros; na segunda fase, desenvolveu-se o plano de formação em primeiros socorros designado “Formar para atuar”, com duas sessões teóricas e uma prática; na terceira fase, que diz respeito ao momento 2, foi realizada a recolha de dados através da aplicação do mesmo questionário e uma grelha específica de observação para registo das competências na execução de procedimentos relativos à DVA, PLS e SBV.

Figura 1. Esquema do estudo

Na primeira fase, os AO assinaram o consentimento informado e preencheram o questionário relativo ao momento 1 de recolha de dados no sentido de obter informação sobre: características sociodemográficas e socioprofissionais, estilos de vida e conhecimentos em primeiros socorros, mantendo-se os enfermeiros investigadores presentes durante o preenchimento do questionário para eventuais esclarecimentos.

Na segunda fase, implementou-se o plano de formação “Formar para atuar” com a duração de 360 minutos, distribuídos da seguinte forma: 120 minutos por cada sessão teórica e 120 minutos pela sessão prática. Foram replicadas as sessões teóricas e prática em cada uma das

2ª Fase

Plano de formação “Formar para atuar”

Sessão teórica (Primeiros socorros); Sessão prática: aprendizagem simulada (DVA, PLS, SBV); 3ª Fase

(momento 2 de recolha de dados)

Aplicação do questionário:

-Caracterização sociodemográfica e socioprofissional;

- Avaliação dos estilos vida; - Avaliação dos conhecimentos em primeiros socorros.

- Aplicação da grelha de

observação de competências (DVA, PLS, SBV); 1ª Fase (momento 1 de recolha de dados) Aplicação do questionário: - Caracterização sociodemográfica e socioprofissional; - Avaliação dos estilos de vida;

- Avaliação dos

conhecimentos em primeiros socorros.

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três escolas do 3º ciclo do ensino básico e ensino secundário que participaram no estudo.

A elaboração de um plano de formação implica um planeamento, escolha dos métodos bem como a conceção do plano de formação com um correto levantamento das necessidades até à conceção dos meios pedagógicos, são fatores preponderantes para o seu êxito. Assim, de uma forma global, de acordo com o diagnóstico efetuado durante o desenvolvimento do estágio de enfermagem comunitária, as sessões foram planeadas, o que implicou uma reflexão sobre a sua organização, tendo em conta a possibilidade de ocorrência de situações imprevistas, por forma a tomar decisões e proceder à escolha dos métodos para atingir os objetivos. Antes da sessão, foi necessário preparar o material para o seu desenvolvimento, selecionar os equipamentos, os métodos e as estratégias. O plano de formação foi também elaborado com recurso ao plano específico de primeiros socorros concebido pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 2014.

Previamente ao desenvolvimento das sessões teóricas, foi feita a avaliação dos conhecimentos prévios dos AO relacionados com os objetivos e procurou-se estimular os AO, o que não foi difícil, quer pela pertinência prática do tema quer por as sessões terem decorrido em horário laboral.

O desenvolvimento das sessões começou com uma introdução ao tema. A sessão teórica foi planeada e desenvolvida em dois tempos de 120 minutos, no primeiro foram apresentados os conteúdos teóricos referentes à temática primeiros socorros, dando continuidade a esta temática, a segunda foi subordinada ao tema SBV.

Quanto ao plano da 1ª sessão do tema “Primeiros socorros na escola” (Apêndice F), foram especificados os objetivos: i) identificar os princípios gerais de primeiros socorros; ii) identificar os sinais de hemorragia e de fratura fechada dos membros superiores e inferiores, sinais de epistáxis, de solução de continuidade da pele e lipotimia; iii) descrever os procedimentos perante uma vítima nas seguintes situações: hemorragia e fratura fechada nos membros superiores e inferiores, epistáxis, solução de continuidade da pele e lipotimia. No sentido de concretização dos objetivos previamente definidos, foram abordados os seguintes conteúdos: conceitos relacionados com primeiros socorros; sinais e sintomas de hemorragia dos membros superiores e inferiores, de epistáxis, da solução de continuidade da pele, de fratura dos membros superiores e inferiores e lipotimia e os procedimentos específicos a desenvolver nestas situações (Brunet et al., 2014).

Quanto ao plano de sessão “Primeiros socorros - suporte básico de vida na escola” (Apêndice

G) definimos os seguintes objetivos: i) adquirir conhecimentos sobre SBV; ii) conhecer os sinais de PCR e OVA por corpo estranho; ii) descrever os procedimentos sobre SBV, PLS e DVA; iii) desenvolver competências em relação à avaliação de condições de segurança, avaliação do estado de consciência, pedido de ajuda, permeabilização da via aérea, avaliação da respiração, ligar 112, execução das compressões torácicas, execução das ventilações, execução da posição lateral de segurança, obstrução ligeira da via aérea execução de pancadas interescapulares; execução da manobra de Heimlich, através da aprendizagem simulada. No sentido de atingir os objetivos previamente definidos, foram desenvolvidos os seguintes conteúdos: etapas do algoritmo do SBV, interligando com a PLS; avaliação das condições de segurança; avaliação do estado de consciência e reconhecimento da situação de PCR; formulação do pedido de ajuda; abordagem da permeabilidade da via aérea; verificação da respiração espontânea (verificar o “VOS” - Ver movimentos torácicos, Ouvir sons respiratórios e Sentir o ar expirado na face do reanimador, durante 10 segundos). No caso da vítima inconsciente com respiração espontânea: colocação em PLS, se não respira, ligar o 112 e iniciar manobras do SBV, com procedimentos corretos nas 30 compressões torácicas e duas ventilações ao ritmo de 100 compressões por minuto durante cinco ciclos; procedimentos da DVA com obstrução ligeira por corpo estranho, incentivando a vítima a tossir, na obstrução grave da via aérea, executar pancadas interescapulares, se não forem eficazes iniciar as manobras de Heimlich segundo os autores Valente e Catarino (2012) e Brunet et al. (2014), seguindo as recomendações da AHA (2010) e do CPR (2010).

O desenvolvimento das sessões decorreu com recurso a uma apresentação em PowerPoint sobre as temáticas e, simultaneamente, formulavam-se perguntas relacionadas com os conteúdos apresentados, no sentido de monitorizar o processo e aquisição de conhecimentos e a participação dos formandos.

Na sequência das sessões teóricas foi desenvolvida uma sessão prática com a duração de 120 minutos. Tendo em conta os objetivos da sessão teórica em “Primeiros socorros - suporte básico de vida na escola”, procedeu-se nesta sessão à execução dos procedimentos relativos a DVA, PLS e SBV, através da aprendizagem simulada em manequim de suporte básico com base na apresentação de situações relevantes para a prestação de primeiros socorros. Optou-se pela metodologia aprendizagem simulada, pois no caso de participantes adultos, segundo Sardo e Dal Sasso (2008), permite ao formador avaliar a aprendizagem. O processo foi

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acompanhado pelo investigador que observava a execução individual dos formandos, fomentava a repetição dos procedimentos, quando necessário, até à execução correta dos mesmos.

A terceira e última fase decorreu após o momento 1 de recolha de dados nas escolas incluídas no estudo, que consistiu na aplicação do questionário e na observação dos procedimentos sobre DVA, SBV e PLS realizados pelos formandos a partir de situações simuladas. Nesta sessão, o investigador, presencialmente, preencheu as grelhas de observação de competências para cada um dos formandos sobre:

i) Na DVA, deverá ser efetuada de acordo com a obstrução ligeira, que consiste em incentivar

a tossir; ou a obstrução grave, em que o formando, perante uma vítima com sinais de dificuldade respiratória grave, executa as pancadas interescapulares, respeitando a sequência dos procedimentos descritos (AO coloca-se atrás da vítima, com um dos membros inferiores a suportar a vítima; seguidamente passa o braço por baixo da axila da vítima e suportando-a a nível do tórax com uma mão, mantem-na inclinada para a frente, de tal forma que se algum objeto for deslocado através das pancadas, possa sair livremente pela boca; aplica até cinco pancadas com a base da outra mão, na região interescapular; cada pancada deverá ser efetuada com a força adequada tendo como objetivo desobstruir a via aérea; após cada pancada deve verificar se a obstrução foi eficaz, aplicando no máximo cinco pancadas). Seguidamente, após as cinco pancadas interescapulares ineficazes, o AO executa a manobra de Heimlich, respeitando a sequência de procedimentos descritos (AO mantem-se atrás da vítima e circunda o abdómen com os seus membros superiores; inclina a vítima ligeiramente para a frente; fecha o punho de uma mão e posiciona-o abaixo do apêndice xifoide, com o polegar voltado para o abdómen da vítima e sobrepõe a 2ª mão à primeira; aplica as manobras de Heimlich [compressões abdominais] rápidas em profundidade com movimento separado e distinto; repete até cinco as manobras aumentando a força, até que o objeto seja expelido da via aérea; se não foi desobstruída a via aérea e a vítima ficar inconsciente, o AO liga ou pede para ligar o 112 e inicia o SBV) (Brunet et al., 2014; Valente & Catarino, 2012);

ii) A PLS deve ser aplicada quando uma vítima se encontra inconsciente com respiração. O

procedimento consiste: ajoelha-se ao lado da vítima e retira corpos estranhos, verifica se os membros inferiores estão em extensão; coloca o membro superior da vítima (do seu lado) em ângulo reto com o corpo, o cotovelo flexionado e a face palmar virada para cima;

segura o braço mais afastado da vítima e cruza o tórax, fixando o dorso dessa mão na face do seu lado; com a outra mão levanta o membro inferior do lado oposto acima do joelho fletindo-o, deixando o pé pousado no chão; rola a vítima para o seu lado, enquanto uma mão apoia a cabeça, a outra puxa o membro inferior do lado oposto; estabiliza o membro inferior, para que a anca e joelho formem ângulos retos e efetua a extensão da cabeça assegurando a permeabilidade da via aérea (Brunet et al., 2014; Valente & Catarino, 2012).

iii) O SBV exige a execução dos seguintes procedimentos, no manequim do SBV: avaliar as condições de segurança (AO refere em voz alta que estão reunidas as condições de segurança); avaliar o estado de consciência (AO demonstra avaliar do estado consciência da vítima através de: estimulação verbal (e.g. ”sentes-te bem?”; “o que aconteceu?”); estimulação tátil vigorosa (e.g. tocar nos ombros); pedir ajuda (AO grita por “ajuda/ “socorro, tenho uma vítima inconsciente”); avaliar permeabilidade da via aérea (verifica a existência de objetos móveis na cavidade oral, e orofaringe; executa a extensão da cabeça e elevação do mento); verificar a respiração (VOS: Ver movimentos torácicos; Ouvir sons respiratórios; Sentir o ar expirado na face do reanimador durante 10 segundos); ligar 112 (se a vítima não respira, o AO liga ou pede para ligar ao 112); executar 30 compressões torácicas (posiciona-se perpendicularmente ao tórax da vítima; coloca a face palmar da mão no centro do tórax da vítima; coloca os membros superiores em extensão; sobrepõe as mãos com os dedos entrelaçados sobre o externo da vítima; efetua 30 compressões durante cinco ciclos, perfazendo 100 compressões por minuto; verbaliza profundidade a que deve comprimir o tórax 5 cm e deve realizar duas ventilações (verifica a existência de objetos móveis na cavidade oral e orofaringe; executa a extensão da cabeça e a elevação do mento; executa a oclusão das narinas, comprimindo a cartilagem nasal com o indicador e o polegar; efetua duas ventilações) (Brunet et al., 2014; Valente & Catarino, 2012).

Todos os procedimentos sobre SBV seguiram as recomendações da AHA (2010) e da ERC (2010) e foram efetuados com recurso a situações simuladas. No final da terceira fase, foram entregues os certificados de participação no plano de formação “Formar para atuar”.

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