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Após a demonstração, por parte de uma entidade do interesse na criação de um Carrefour Rural, perante a Comissão Europeia, era-lhe remetido por esta um «Memorando sobre a criação de um Centro de Informação/Carrefour». Neste, eram fornecidas à entidade em causa, indicações do que deveria ser apresentado para a formulação de um projecto de criação de um Centro. Das indicações deste processo de candidatura destacamos a exigência de elementos que permitissem: a apresentação da(s) entidade(s) que subscrevesse(m) o projecto; a descrição sócio geográfica da região em que o Centro a criar fosse implantado, bem com a previsão do impacto que o mesmo iria ter junto das populações; a sistematização do que se pretendia com a criação do Centro em causa (razões da sua criação, objectivos a atingir e actividades a desenvolver); a indicação dos parceiros envolvidos e a natureza da sua envolvência (a nível financeiro e a outros níveis); a explanação das perspectivas de desenvolvimento futuro; e ainda, a indicação da possibilidade de serem anexados documentos considerados pertinentes no sentido de facultarem, a quem estivesse a analisar o projecto em causa, garantias de credibilidade e razões justificativas de viabilização do mesmo.

Para além destas exigências fazia parte deste processo a apresentação das dotações financeiras – Projecto de Orçamento –, no qual deviam constar, quer o montante a solicitar à Comissão Europeia quer as outras fontes de receitas consideradas neste projecto.

As entidades proponentes tinham de demonstrar a existência de experiência em diversas áreas como por exemplo, na prestação de apoio às comunidades rurais da sua área de intervenção; nas apetências para o desenvolvimento de laços de cooperação com outras entidades activas no mundo rural, nas apetências que lhes proporcionassem o estabelecimento de relações com as administrações nacionais e regionais; bem como com as redes de desenvolvimento rural existentes nas suas áreas de intervenção.

Após a recepção de um projecto, a Comissão Europeia efectuava todo um trabalho de análise, que a conduzia ou não à sua aprovação.

A necessidade de sistematizar os procedimentos relativos à criação dos novos projectos, bem como de estruturar as relações entre os seus colaboradores, fez com que fossem elaborados documentos de forma a estabelecer e a definir as obrigatoriedades entre a entidade hospedeira e a DG X – Informação, Comunicação e Cultura, Audiovisuais da Comissão Europeia. Surgiu

assim, pelo que conseguimos apurar, a partir de 1995, a chamada «Convenção»7. Esta constituía o suporte documental onde eram sumariados os compromissos assumidos entre a União Europeia, representada pela Comissão Europeia e pelo «Contratante» – a entidade que tinha apresentado o projecto de candidatura para a criação de um Carrefour Rural.

Quando se verificava a aprovação do projecto, era dado conhecimento à entidade em causa e iniciava-se o processo de preparação da «Convenção» que iria ser posteriormente assinada pelas partes envolvidas – Comissão Europeia e Entidade Hospedeira do respectivo Carrefour Rural.

A «Convenção» foi concebida como meio de consolidar e melhor enquadrar a colaboração entre as duas partes, dotando-a de bases mais sólidas. Era celebrada por um período de um ano, podendo ser renovada anualmente por acordo tácito entre as duas partes. Para a denunciar, cada uma das partes tinha de apresentar um aviso prévio antes três meses do seu término (Comissão Europeia, 1994c)).

Quando a DG X – Informação, Comunicação e Cultura, Audiovisuais da Comissão Europeia pretendia efectuar alterações na «Convenção» assinada apresentava aos Carrefours Rurais europeus ou Carrefour em causa um documento a dar conta das alterações pretendidas e, solicitava a sua assinatura. Este documento era posteriormente integrado na «Convenção». Apesar da renovação da «Convenção» ocorrer por acordo tácito entre as duas partes, a Direcção Geral X – Audiovisual, Informação, Comunicação e Cultura, instituiu a apresentação anual de uma «Declaração de Intenção» que precisava o propósito da entidade hospedeira continuar com as suas funções de informação e de animação rural, tal como definidas na Convenção assinada.

No final do ano de 2003, na sequência da entrada em vigor do novo regulamento financeiro da União Europeia (Regulamento (CE, Euratom) nº 1605/2002), foram enviadas informações para as entidades hospedeiras alertando para o facto de não haver a possibilidade de atribuição de uma subvenção anual para o ano de 2004. Esta alteração advinha do facto de o novo regulamento não permitir a atribuição de subvenções anuais, tal como vinha acontecer com os Carrefours Rurais europeus (Comunidades Económicas Europeias [J.O.], 2002).

7 «Convenção» era a designação dada ao documento assinado por um representante da Comissão Europeia e um

representante da entidade hospedeira do Carrefour Rural europeu criado.

O novo regulamento financeiro, fundamentado numa lógica de maior transparência e igualdade de oportunidades, restringia a possibilidade de atribuição de subvenções anuais por parte das instituições europeias. As subvenções atribuídas teriam que assentar em projectos públicos de candidatura, por períodos mais alargados. Para além destas razões, estava subjacente o princípio da diminuição de custos.

A Comissão Europeia tinha a gestão, na altura, de cerca de 1000 redes de natureza diversa, às quais atribuía subvenções anuais. Era necessário alterar esta situação e estabelecer regras específicas relativamente ao seu apoio financeiro, nomeadamente no que dizia respeito ao montante financeiro das subvenções e à forma como estas subvenções eram atribuídas.

Os Carrefours Rurais, apesar de poderem dar alguma continuidade ao trabalho até então desenvolvido não teriam, por parte da Comissão Europeia, a atribuição de nenhuma subvenção financeira. Na sequência do novo regulamento financeiro os Carrefours Rurais europeus no final do ano de 2004, deram por terminado o seu trabalho de difusão de informação europeia e de animação rural.