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A implantação da Avaliação Institucional Participativa

CAPÍTULO 3: HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA AÇÃO POLÍTICA DE

3.1 Contexto de constituição: antecedentes

3.1.2 A implantação da Avaliação Institucional Participativa

Em 2007, com o lançamento do Plano de Avaliação Institucional Participativa, ações de cunho mais estratégico foram realizadas, como as relacionadas à formação e a participação/mobilização de vários segmentos e no ano seguinte a AIP é institucionalizada na rede.

Foi entendido, nesse momento, que o Orientador Pedagógico de cada unidade de Ensino Fundamental seria o articulador do processo de Avaliação Institucional. Dessa forma, em 2008 a política de formação voltou-se para a capacitação técnica e política do Orientador Pedagógico (OP). Outros focos da formação são as famílias, os funcionários e os estudantes.

Uma das estratégias de formação adotadas foram os Encontros Gerais das Comissões Próprias de Avaliação (CPA) e os Encontros por segmentos. Em dezembro de 2008 foi realizado o Encontro Geral das CPAs precedido de Encontros dos segmentos: alunos, famílias, funcionários, professores e gestores e por Encontros setoriais por NAED. A realização desses Encontros tem sido mantida pelo executivo.

A SME abriu, nesse mesmo ano, concurso público para provimento do cargo de orientador pedagógico.

Outra estratégia adotada nesse período foi a publicação das experiências vividas pelos orientadores pedagógicos e das reflexões realizadas por eles no primeiro ano de implementação como forma de fornecer material e subsídios ao trabalho aos diversos atores constituídos no processo de Avaliação Institucional.

Em maio de 2008, por meio da Resolução SME n°05/200842, foram estabelecidas as diretrizes do processo de avaliação institucional das Unidades Escolares Municipais de Ensino Fundamental e a constituição das CPAs. Para assegurar as condições de participação de todos os segmentos para os docentes participantes da CPA, estabeleceu-

42 Disponível em: <http://www.campinas.sp.gov.br/arquivos/educacao/depto-pedagogico/avaliacaopedagogica/

se a atribuição de horas remuneradas em sua jornada semanal e aos funcionários ficou autorizada a inclusão das horas em sua jornada semanal para participar do processo. Enuncia o documento:

Art. 1º. A Avaliação Interna ou Autoavaliação das Unidades Municipais de Ensino Fundamental é o processo pelo qual a Unidade Educacional constrói conhecimento sobre sua própria realidade com a finalidade de planejar as ações destinadas ao aprimoramento institucional e à superação das dificuldades.

Art. 2º. O processo de Avaliação Interna em cada uma das Unidades Municipais de Ensino Fundamental deverá ser coordenado pela Comissão Própria de Avaliação – CPA e terá, obrigatoriamente, o Orientador Pedagógico da Unidade Educacional como membro e articulador deste processo.

Art. 3º. A partir das prioridades estabelecidas coletivamente e elencadas no Plano Escolar/Projeto Pedagógico, a CPA deverá: I - assumir a condução do processo de Avaliação Interna na Unidade Educacional;

II - sistematizar as informações obtidas no processo de Avaliação Interna para facilitar a interlocução com as ações desencadeadas por meio das políticas públicas da Secretaria Municipal de Educação – SME;

III - desenvolver o processo de Avaliação Interna de tal modo que haja superação das experiências avaliativas descontextualizadas e geradoras de comparações e competições entre os envolvidos;

IV - estimular a participação de todos os atores da Unidade Educacional nas diferentes etapas do processo de Avaliação Interna; V - incluir, co-responsabilizar e valorizar a comunidade escolar na análise dados coletados no processo de Avaliação Interna;

VI - manter informada a comunidade escolar sobre o processo de Avaliação Interna, seus encaminhamentos e resultados;

VII - identificar, no processo educativo, fragilidades e/ou potencialidades e estabelecer estratégias para superação das dificuldades observadas;

VIII - elaborar e sistematizar o Plano de Acompanhamento e de Avaliação do Plano Escolar/Projeto Pedagógico, expressando as metas a serem atingidas pela Unidade Educacional, as ações a serem adotadas para este fim e os indicadores que permitam o monitoramento das ações.

Art. 4º. O Diretor Educacional deverá co-responsabilizar-se pela composição da CPA e pela otimização de tempos e espaços para o desenvolvimento do processo de Avaliação Interna da Unidade Educacional.

Art. 5º. O número de docentes remunerados por meio de horas- projeto, de cada Escola Municipal de Ensino Fundamental, não poderá exceder a:

I - um docente para cada período de funcionamento da Unidade Educacional; mais

II - um docente para o grupo de 01 até 500 alunos; ou dois docentes para o grupo de 01 até 1000 alunos, ou três docentes para o grupo de 01 a 1500 alunos e assim sucessivamente.

Art. 6º. A CPA deverá ser constituída por, no mínimo, um representante dos segmentos de docentes, de alunos, de funcionários, das famílias e da equipe gestora.

§ 1º. No caso de mais de um participante por segmento, este deverá indicar o seu representante que terá direito a voto nas diferentes situações.

§ 2º. Aos docentes, participantes da CPA, nos termos do Art. 5º, incisos I e II, poderão ser atribuídas até 04 (quatro) horas-projeto e, ao representante deste segmento, até 09 (nove) horas-projeto.

§ 3º. O representante do segmento docente será escolhido por seus pares dentre aqueles escolhidos na forma do Art. 5º, incisos I e II. § 4º. O funcionário da Unidade Educacional, representante deste segmento, deverá participar do processo de Avaliação Interna em sua jornada semanal de trabalho.

§ 5º. O representante de cada segmento deverá ter disponibilidade de horário para participação em reuniões e/ou encontros.

§ 6º. Caberá ao representante do segmento dos docentes a redação de relatórios sobre o processo de Avaliação Interna da Unidade Educacional (CAMPINAS, Resolução SME n°05/2008).

De acordo com Sordi e Souza (2012), a importância da CPA reside no fato de que: A CPA reúne as melhores condições para explicar o significado dos resultados, pois detém uma visão de totalidade das condições de funcionamento da escola exatamente porque reúne em um mesmo espaço, diferentes olhares e interesses comprometidos com uma escola de qualidade (SORDI e SOUZA, 2012, p. 26).

Para Sordi (2008), o processo de avaliação participativa dos segmentos que compõem a CPA, tendo referência o bem comum, deveria se basear em cinco pontos:

1.Participação na identificação dos problemas existentes na escola e distribuição de sua importância no planejamento anual do trabalho da escola.

2.Participação na produção de um banco de dados necessário para melhor entender os problemas selecionados (dados existentes ainda não consumidos e dados a serem produzidos).

3.Participação no processo de consumo dos dados levantados (interpretação dos significados à luz do PPP).

4.Participação no processo decisório (produção de sentido e atribuição de responsabilidades).

5.Participação no monitoramento das ações implementadas (SOUZA in CAMPINAS, 2012, p. 27).

Nos anos de 2010 e 2011, com o objetivo de intensificar a participação e dialogar com o conceito da qualidade negociada, a SME promove Encontros de Negociação. Sordi e Souza (2012) justificam a realização deste evento da seguinte forma:

Na fase de autoavaliação, as escolas produzem uma gama de demandas necessárias para a construção da qualidade social nas escolas; esses encontros devem estabelecer metas e prazos para a

solução das demandas negociadas entre as CPAs e a SME. (...) Ao possibilitarmos que tal espaço político seja viabilizado, a Avaliação Institucional Participativa, ganha legitimidade e compromete todos os atores institucionais com a construção de uma escola de qualidade dando visibilidade às demandas das escolas aos compromissos que os atores assumem o que permite o controle social dos trabalhos pelas CPAs e pela SME para que todos possam verificar se os recursos conquistados na escola estão sendo utilizados plenamente em favor da aprendizagem das crianças (SORDI e SOUZA in CAMPINAS, 2012, p. 13).

Em 2010 a Avaliação Institucional, por meio da Portaria SME n°114/201043, foi incorporada no Regimento Escolar Comum das Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino de Campinas, agregando o saldo dos anos de construção dessa ação política. Segundo Souza (2012), instituir em ato legal faz com que a política de avaliação institucional se torne “menos suscetível aos humores aos tempos de cada governo”.

Art. 177. A Avaliação Institucional é o instrumento de planejamento que visa, de forma legítima e democrática, ao aperfeiçoamento da qualidade da educação ofertada em cada unidade educacional da Rede Municipal de Ensino de Campinas mediante a elaboração de um Plano de Trabalho.

Art. 178. A Avaliação Institucional é realizada: I - na unidade educacional;

II - no NAED;

III - no Departamento Pedagógico; IV - no Departamento de Apoio à Escola; V - no Departamento Financeiro.

Art. 179. São objetivos específicos da Avaliação Institucional na U. E., dentre outros:

I - avaliar o processo ensino aprendizagem desenvolvido nas unidades educacionais;

II - explicitar as diferentes responsabilidades e corresponsabilidades de cada instância da SME no cumprimento da obrigação social de ofertar uma educação de qualidade;

III - construir um campo transparente, integrador e ético de interrelacionamento entre as diversas instâncias da SME;

IV - articular o caráter formativo da avaliação, no decorrer do processo, visando:

a) ao aperfeiçoamento profissional dos servidores que atuam na SME; b) à qualificação dos atos administrativos, do processo de tomada de decisões e da participação dos alunos e das famílias.

V - subsidiar a elaboração de políticas públicas pautadas em um padrão de qualidade negociada e na legislação vigente.

Art. 180. A Avaliação Institucional na U.E. compreende duas dimensões:

I - a interna, que corresponde à autoavaliação da instituição;

II - a externa, que corresponde à avaliação de desempenho escolar dos alunos realizada pelo órgão competente.

Art. 181. A autoavaliação é realizada pela CPA e visa à análise da gestão dos aspectos pedagógicos, financeiros e administrativos da instituição.

§ 1º A autoavaliação dos aspectos pedagógicos compreende, dentre outros:

I - a avaliação dos dados de desempenho dos alunos, que é realizada pela unidade educacional sob a coordenação do orientador pedagógico e/ou do diretor educacional, em consonância com o Projeto Pedagógico;

II - a avaliação dos dados de desempenho dos alunos que é realizada pelo Ministério da Educação e Cultura e pela SME, de acordo com o disposto nas Diretrizes Curriculares Nacionais.

§ 2º A autoavaliação deve ser publicizada mediante a emissão de relatórios anuais (Portaria SME n°114/2010, Título VIII).

Em agosto de 2011, a SME, visando aprimorar o modelo de avaliação já instituído, realizou em parceria com o LOED e com o Observatório da CAPES/MEC o Seminário: “Avaliação e Políticas Públicas Educacionais: ensaios contra regulatórios em debate”.

Para esse evento foram convidadas as 44 escolas de ensino fundamental para apresentar suas experiências, sendo que 11 escolas44 aceitaram expor durante o Seminário suas vivências com a política de Avaliação Institucional.