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Projeto Político Pedagógico e a organização do calendário escolar

CAPÍTULO 2: A ESCOLA INVESTIGADA E OS PROCEDIMENTOS

2.1 A escola pesquisada

2.1.3 Projeto Político Pedagógico e a organização do calendário escolar

O Projeto Político Pedagógico (PPP) é a identidade da escola, traduz seus objetivos e o seu modo de organização. O PPP da EMEF parece ser fruto da participação de todos os que compõem a escola: funcionários, professores, alunos, gestores, comunidade, pais, etc. Tal documento parece ser parte integrante da agenda da escola, ser conhecido por seus partícipes e implementado de forma dinâmica e cotidiana.

De acordo com o PPP de 2013 da EMEF, a escola elegeu desde 2007 como missão trabalhar com alfabetização e letramento, se declarando como uma escola alfabetaletradora. Para desenvolver o propósito de escola alfabetaletradora a escola afirma ter planejado uma rotina de trabalho com muitos momentos para a leitura de diversos tipos de textos; para a produção escrita de vários gêneros de textos; momentos de argumentação oral e escrita; situações que envolvem uma integração com outras disciplinas, etc. A ideia se fundamenta em trabalhar diferentes gêneros textuais por ano, desenvolvendo trabalhos com música, poema, imagem, gráfico e/ou jogos. “Ao ler é preciso destrinchar os textos, entendê-los, ir além da decodificação. É preciso também que consigam se fazer entender quando escrevem, que tenham opinião crítica, que aprendam a argumentar, que incorporem a ‘leitura’ no seu dia-a-dia, na solução de problemas, buscando qualidade de vida” (CAMPINAS, PPP, 2009, p. 300).

Para sustentar essa concepção de educação, a EMEF declara utilizar algumas ideias da publicação “Preciso ‘ensinar’ o letramento? Não basta ensinar a ler e escrever?” (KLEIMAN, 2005) para corroborar com as intenções já declaradas ou sugerir que algumas fossem ampliadas: “letramento não é um método, nem sinônimo de alfabetização, nem habilidade, é um conjunto de práticas de uso da escrita que vinham modificando profundamente a sociedade, mais amplo do que as práticas escolares de uso da escrita, incluindo-as, porém” (CAMPINAS, PPP, 2009, p. 21).

Sobre os hábitos de leitura aferidos nos questionários associados da Prova Brasil, nota-se que 82% dos alunos do 5º ano responderam que sempre ou quase sempre utilizam a biblioteca ou sala de leitura. Contudo, no 9º ano, 57% dos alunos relataram que nunca ou quase nunca frequentam a biblioteca. Os dados indicam, ainda, que o contato com a leitura, bem como o incentivo para aprender a ler e estudar, também parte dos pais e/ou responsáveis. Entre os alunos do 5º ano, 99% responderam que os pais os incentivam a ler. Já entre os alunos do 9º ano, 92% responderam que pais e responsáveis incentivam a ler.

A leitura do PPP também indicou uma preocupação, tanto dos professores quanto da gestão, com o embasamento teórico para levar a cabo o eixo orientador do PPP. Houve iniciativas de convidar alguns autores que já tinham sido discutidos nos momentos de formação para dar palestra na escola.

Os trechos retirados do PPP de 2011 informam sobre os pressupostos consensuados pelos educadores e como eles situam este debate:

Partimos de uma ideia escrita por um professor, que se removeu ao final de 2010: “Quando a pessoa é capaz de interpretar/decodificar os sinais gráficos, meramente, não está, ainda, de fato alfabetizada”. A decodificação é apenas uma ferramenta para o letramento, que envolve diferentes práticas sociais relacionadas à escrita. Tanto a cartilha quanto a alfabetização tradicional não atingiam a todos. E, até hoje, muitos de nós, têm dificuldade para escrever... Algumas vezes, ainda subestimamos nossos alunos e nos subestimamos. Eles e nós, podemos mais. Sabemos que a experiência de vida é fundamental no processo ensino aprendizagem, não só da leitura e da escrita. Precisamos, então, parar para pensar quais são as nossas práticas de letramento; precisamos investigar quais as práticas de letramento que nossos alunos têm e partir daí...

Nossos alunos podem apresentar ‘seu’ mundo pra nós, podemos aprender com eles. Mas, sobretudo, precisamos aprender a conviver com o aluno crítico. Práticas de letramento envolvem, também, criticidade. É necessário que se valorize constantemente a leitura e a escrita; todos se comprometem a trabalhar com materiais diversos, ligados ou não à sua disciplina; vão ler o que gostam e perceber o que

os alunos gostam, pra começar. Ler o quê? Eles precisam conhecer todo tipo de material. Esse é o papel da escola.

Ler para quê? Precisamos entender tudo o que estamos fazendo. Resgatar conhecimentos, resgatar histórias. Ao ler, precisamos destrinchar os textos, entendê-los, ir além da decodificação...Ler para quem? Para si, para o outro...Leitura e escrita, muita escrita, precisam fazer parte de uma rotina de trabalho com os alunos, em todos os anos/termos.

É preciso também que consigam se fazer entender quando escrevem, que tenham opinião crítica, que aprendam a argumentar, que incorporem a “leitura” no seu dia-a-dia, na solução de problemas, buscando qualidade de vida.

Que se saibam fazedores da própria história. Que estabeleçam relações prazerosas entre textos, situações, ideias, contextos... Que sejam capazes de analisar o texto, se analisar e analisar o todo. Usando as experiências de leitura e escrita dentro e fora da escola, compondo novas ideias, analogias, extrapolações, ações; sabendo dançar com as palavras e, fazendo-as dançar, também (CAMPINAS, PPP, 2011, p. 49-50).

O calendário da unidade escolar é uma das formas de registrar o que foi pensado pela escola em seu PPP. Dentre os mecanismos/espaços de discussão pode-se observar que estão previstas: 4 Reuniões do Conselho de Escola; 4 reuniões do Conselho de Ciclo; 20 reuniões da Comissão Própria de Avaliação; 1 Assembleia de pais e educadores; 7 Reuniões Periódicas de Avaliação Institucional do PPP; 3 reuniões da Família e Educadores; e reuniões de Conselho de Ciclo Final e 2 Seminários Temáticos.

Nessa disposição chama atenção o evento Reuniões Periódicas de Avaliação Institucional (RPAI) e as 20 reuniões da CPA, o que garante a realização quinzenal da mesma e também porque, em certa medida, materializa a AI na escola.

Adicionalmente a esta caracterização da escola também são apresentadas algumas atividades desenvolvidas e implementadas nessa unidade.