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Primeiras aproximações: localização e infraestrutura

CAPÍTULO 2: A ESCOLA INVESTIGADA E OS PROCEDIMENTOS

2.1 A escola pesquisada

2.1.1 Primeiras aproximações: localização e infraestrutura

O bairro onde está localizada a escola pertence ao Distrito Industrial, que por sua vez se localiza às margens da rodovia Anhanguera. No entorno da escola há ruas asfaltadas e de terra, praticamente só há casas e estabelecimentos comerciais de pequeno e médio porte, não há prédios ou edifícios. Próximo à escola há uma igreja católica, assim como uma evangélica e uma boa praça. O bairro é abastecido por transporte coletivo e o tempo do trajeto até o centro de Campinas é em torno de 1h40, sem trânsito. Para melhor caracterizar o bairro, optou-se por fazê-lo por meio das informações fornecidas pelos alunos e professores da EMEF (embora mantendo os anonimatos) retiradas do Projeto Político Pedagógico de 2011.

Os relatos estão citados sem correções gramaticais ou ortográficas.

Eu moro no bairro (...) gosto muito do meu bairro, pois é um bairro tranquilo aonde eu ando de bicicleta na rua e é muito legal, brinco com minhas amigas na rua, nem todos os bairros dão essa liberdade. Gostaria de ter uma área de lazer, para brincar com minhas amigas sem utilizar a rua. Meu bairro não tem shopping, hospital, mas na região bem próxima tem mercado, escolas, posto de saúde, hipermercado, shopping, um hospital, terminal de ônibus eu acho que ele está bem localizado (CAMPINAS, PPP 2011, p. 10).

Ao redor da minha Escola há muitas chácaras, uma igreja, avenida onde tem um transito fluente. Na frente da escola á uma casa muito, bonita, lá também a muitas pessoas elegantes. Tem bazar, praças, bares, postos de saúde, etc. Ao redor da minha a Escola a lixo, a pessoas que faz coisas erradas, etc. (CAMPINAS, PPP 2011, p. 10). E também manifestação de uma professora obtida no mesmo documento:

Moro perto do centro, e a primeira vez que fui até a escola achei que estava chegando no fim do mundo. Peguei a Rodovia (...) e comecei a pensar que com um 14-Bis chegaria mais rápido. Deveria ir em direção ao (...), bendito Google maps! Entrei na rua indicada e comecei a ver muitas empresas, mas muitas mesmo. Árvores e empresas. Pensei novamente:- Não é aqui, não é possível, aqui não mora gente. Voltei todo o percurso que tinha feito com a certeza de que estava errada. Parei num posto de combustível, enchi o tanque e perguntei ao frentista:

- Preciso chegar numa escola...

Ele me interrompeu: - A EMEF? Estudei lá. É só seguir em frente. - Até quando? Perguntei.

-Você vai até o final das empresas, entra à sua esquerda, faz o “S” e continua. Vai chegar uma hora que vai começar a civilização. Você vai ver um monte de eucalipto, uma igreja e é lá.

Parecia que eu tinha entendido e não tinha entendido ao mesmo tempo. Achei melhor ir entendendo ao longo do caminho. Segui as instruções do ex-aluno até chegar à civilização novamente. Esta civilização me parecia simples, pobre, a típica classe baixa. Muitos idosos carregando sacolas, o mercadinho, a lojinha que vende de tudo um pouco, os vira-latas, muitas igrejas evangélicas. O tom verde, limpo e vazio do caminho se transformara em tom bege escuro povoado, nas duas avenidinhas com canteiro no meio que cortam o bairro.

Os dois momentos da minha jornada, empresas ricas e civilização pobre, me fizeram refletir sobre uma realidade brasileira. As pessoas deste bairro estão aqui para suprir as necessidades de mão de obra dessas empresas. Elas não têm consciência disso e é aí que entra a escola.

Do bairro conheço só este caminho que me leva até a escola, mas na escola pude conhecer um pouco mais do bairro através das pessoas. O caminho está ficando menor, já não acho mais tão longe. Mas sempre que saio de casa lembro de São Cristóvão e peço que me proteja de mais uma jornada” ( CAMPINAS, PPP, 2011, p. 17). Quanto aos aspectos da infraestrutura da escola, observa-se a presença de sanitários e vestiários, bem como 13 salas de aula, laboratório de informática, cozinha, refeitório, sala administrativa, biblioteca, sala de leitura, quadra de esportes, sala de professores, sala de reforço escolar, pátios (interno e externo), espaços livres externos e espaço físico para realização de projetos escolares. A escola é acessível aos deficientes e fornece alimentação e água potável.

Figura 3: Dependências da escola

Pintada com as cores branco e azul, a escola fica num terreno em declive dando a impressão de ter dois ou mais andares, mas possui apenas um andar. O prédio possui algumas rampas que dão acesso a diversos ambientes da escola. Aos poucos vai se descobrindo os espaços da escola: entre um bloco de salas de aula e outro há um parque ou um espaço gramado, há um parquinho para as crianças próximo à brinquedoteca e o acervo de música da escola. Há também uma quadra recém-inaugurada, de bom tamanho e um jardim interno onde parte das salas de aula fica ao redor; é um lugar bonito, pois ainda tem uma arvore frondosa bem à frente e uma boa iluminação. As paredes foram desenhadas ou grafitadas pelas próprias crianças – intervenção proveniente de projetos da escola. Logo na entrada há um mural com jornais que são diariamente removidos e trocados por edições mais atuais, segundo uma funcionária: “faz sentido porque somos uma escola alfabetaletradora”24.

Há bancos de alvenaria, muros baixos, rampas e pequenas escadarias por toda a escola; os alunos se acomodam nesses espaços. As salas de aula são bem iluminadas e ventiladas, as lousas não são novas, mas estão em bom estado de conservação, assim como as paredes. A escola não é suja, pois a limpeza também é objeto de aprendizagem de todos que frequentam o espaço, conforme informação obtida dos membros da CPA. Os espaços não ficam fechados ou inutilizados, por isso não é rara a necessidade de arrumação e organização dos materiais didáticos e pedagógicos.

Quanto aos materiais, a escola dispõe de equipamentos multimídia como DVD, impressora, copiadora, retroprojetor e televisão. Possui também 42 computadores, sendo 32 para uso dos alunos e 10 para uso administrativo, todos com internet e banda larga. Há também um bom acervo de fantasias e adereços típicos do imaginário infantil, instrumentos musicais – inclusive o grupo da escola já foi campeão de fanfarra –, além de duas máquinas de reciclagem que passaram a ser utilizadas a partir do segundo semestre de 2014.