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4 CAPÍTULO III: ELEMENTOS DO JORNALISMO IMPRESSO

4.1 A importância da primeira página

4.1.1 A importância da cor

A escolha de cores é prática diária no jornalismo. As cores desempenham um papel essencial no design gráfico de qualquer impresso. Decidir qual a melhor forma de destacar o

título ou o tom dos elementos gráficos utilizado em determinada matéria é parte do trabalho do profissional que exerce essa função num veículo de comunicação.

Dentro de uma reportagem, de uma matéria de capa ou mesmo de uma informação componente do interior de um jornal ou revista, as cores são incumbidas de responsabilidades, como organizar informações, sistematizar espaços e destacar o que há de mais importante na matéria, pois “quanto maior o potencial de informação das cores (força semântica e clareza na identificação dos matizes), maior será a antecipação da informação cromática em relação aos outros elementos figurativos e discursivos do padrão” (GUIMARÃES, 2003, p. 37).

As cores que captamos são produzidas pela luz. A luz do sol, constituída das sete cores do arco-íris, quando incidem em um objeto, são absorvidas ou refletidas por ele. Enquanto algumas dessas cores são absorvidas, outras são refletidas, sendo justamente essas últimas que irão definir as cores. A cor passa a assumir posição determinante no lugar onde vai atuar, pois por ser realidade sensorial, segundo os estudos de psicologia, age sobre a emotividade humana.

Mesmo não sendo estipuladas determinadas regras, algumas cores, de forma geral, são conhecidas por causar certas sensações. O vermelho, por exemplo, transmite intensidade, agressividade. Já o azul acalma. Para o preto, fica o papel de ser dramático e, às vezes, luxuoso. Todas as cores transmitem alguma sensação, pois segundo Harold Wohlfarth, presidente da Academia Alemã de Ciência da Cor e fotobiólogo da Universidade de Alberta no Canadá, a luz ao atingir a retina, influencia a síntese da melatonina, provoca a síntese da serotonina, um neurotransmissor que atua no sistema nervoso central, e impede ou ativa a ação dos neurônios do hipotálamo e sistema límbico, modificando, dessa forma, os aspectos emocionais e motivacionais físicos e psicológicos da pessoa (TISKI-FRANCKOWIAK, 2000, p. 131).

É conveniente relatar que, de acordo com Tiski-Franckowiak (2000, p. 151), a cor, às vezes, tem poder de criar o clima desejado e falar por si só, o que deve ser aproveitado como instrumento técnico. O ato de escolher uma cor fortuitamente no catálogo não garante, segundo a autora, uma composição colorística equilibrada e harmoniosa.

Há muitos profissionais que desconhecem a importância de escolher bem uma cor e levam em consideração na escolha somente o próprio senso estético, deixando de adotar critérios consensuais e objetivos, para fazer uso de escolhas singulares e subjetivas. É por isso que muitas questões são proferidas acerca do uso das cores. Entre elas está, por exemplo, o fato de discutir a presença ou não de uma linguagem própria referida a elas. Na verdade, o que se tem são várias

linguagens, já que as cores podem transmitir informações através de várias associações como: psicológica, fisiológica e sinestésica. Muitas dessas influências cromáticas são universais, outras estão relacionadas diretamente com a história pessoal de cada indivíduo, com o inconsciente coletivo ou até mesmo com o contexto cultural em que são apresentadas.

A linguagem psicológica ocorre, por exemplo, em virtude da relação entre uma cor e uma sensação, sentimento ou recordação. Podemos sentir tranqüilidade ou leveza ao vermos a cor azul, e dar a sensação de perigo, vibração ou euforia ao usarmos a cor vermelha. Em decorrência disso, o que se nota é que certas cores já são predispostas, segundo a tradição, para significar determinada situação. O uso das cores nos meios de comunicação impresso deve seguir um consenso já pré-estabelecido. As influências pessoais não devem ser levadas em conta na criação de um projeto gráfico ou design de alguma peça, já que causam influência somente na pessoa em questão.

Com relação às influências do inconsciente coletivo de uma sociedade, vemos que podem e devem influenciar no momento da escolha cromática de um projeto, pois possuem, muitas vezes, uma história relacionada ao fato. O vermelho, por exemplo, carrega consigo a conotação de cor vibrante, forte, muitas vezes, agressiva e provocante, por ser a cor do sangue, ou até mesmo porque muitos povos, como o caso dos judeus, passaram a repudiá-la, pelo fato de estar ligada diretamente ao nazismo. Tanto o repúdio como a sedução por essa cor passam a ser transmitidos de geração a geração de modo inconsciente.

No momento da produção de um projeto gráfico, um fator indispensável que deve ser observado é a relação da cor com o tema tratado, pois essa associação auxilia o cérebro a construir melhor a mensagem a ser propagada. A escolha da cor, ao ser agregada corretamente à informação que se deseja transmitir, completa um conjunto de informações, adicionando associações inconscientes que podem aumentar a assimilação e até manipular as sensações e reações dos leitores.

Paralelamente, ao se eleger a cor destinada a cada assunto tratado, devemos também observar outros fatores, como: o perfil do público-alvo, objetivo da publicação no mercado, projeto editorial da publicação, entre outros quesitos, para escolher cores que tenham associações psicológicas, fisiológicas ou sinestésicas, de acordo com os objetivos desejados.

É preciso pensar e pesquisar os propósitos de cada publicação, o porquê de se utilizar uma cor em detrimento de outra, o modo que ela foi empregada, pois a eleição de cores deve estar em

sintonia com a situação desejada, já que a má escolha ou a má utilização pode prejudicar a aceitação do material impresso no mercado.