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A importância da manchete, do título, do chapéu e da linha fina

4 CAPÍTULO III: ELEMENTOS DO JORNALISMO IMPRESSO

4.1 A importância da primeira página

4.1.2 A importância da manchete, do título, do chapéu e da linha fina

Em todos os meios de comunicação, o fator legibilidade deve ser priorizado. É justamente por isso, que o jornalismo impresso, vista a grande quantidade de texto trazido nos jornais, deve organizar e estruturar seus dizeres, de forma que atinja seu público de modo convincente. Quem assume, de imediato, a primordial responsabilidade de propiciar essa aproximação entre a notícia e o leitor são justamente as manchetes e os títulos das matérias.

As manchetes informam o que o jornal julga ser o mais importante assunto do dia. Já os títulos são utilizados no início das matérias, para que o leitor saiba do que trata o texto. Ambos são de extrema importância na composição do discurso, porque são eles que “têm alta capacidade de evocação mental, despertando, na maioria das vezes, associações (esquemas) que permitem inferências e possibilitam de imediato uma idéia geral do assunto tratado pelo texto” (COMASSETO, 1999, p. 19).

Manchetes, caracterizadas pelo principal título do periódico, tencionam despertar o interesse do leitor em ler a notícia; procuram apresentar a mensagem de forma mais condensada e breve e destacam-se graficamente do restante do texto. Pretendem ser o diferencial no todo da notícia, já que são elas que cumprem a função de ganhar o interesse do leitor. Segundo Sartori (1999), o exercício praticado pelas manchetes nem sempre foi assim, visto que foram se alterando conforme o passar do tempo, pois de acordo com seus dizeres:

A manchete jornalística de hoje não surgiu com a forma e função que conhecemos, mas foi tendo seu papel alterado e sendo aperfeiçoada na medida em que a atividade jornalística passou a acompanhar as transformações da sociedade, devido ao processo de industrialização (SARTORI, 1999, p. 113).

Consoante o mesmo autor, os títulos eram um simples método utilizado para distinguir os tipos de textos apresentados ou para designar as divergências temáticas dos mesmos. Só adquiriram valores estéticos altamente significativos no fim do século XIX, com o advento da “popularização” da imprensa norte-americana, segundo a denominação dada por Melo (apud SARTORI, 1999).

Embora existiram variações sofridas pelas manchetes ao longo da história, o que se deve ressaltar é que os títulos dos textos jornalísticos foram se consolidando de tal maneira que hoje são determinantes para se ler ou não uma notícia, pois como afirmou Douglas (1966, p. 24): “A vista do leitor percorre rapidamente a página, detendo-se momentaneamente em cada título. Quase instantaneamente ele decide, com fundamento nesse relance, se lerá ou não o texto”. Já para muitos autores, como Melo (1985), ele é uma peça publicitária que dispõe de todo o poder e força para se fazer vender uma notícia. Hoje muitos dos jornais estão em busca de pessoas especializadas nessa área a fim de melhor sistematizar suas idéias e aumentar as vendas.

Assim, a pergunta que mais se apresenta é a seguinte: Que é título atraente? Para Guimarães (1990, p. 51), o título “expressa a macroestrutura, pois lido em primeiro plano, orienta a compreensão para a estrutura de relevância na apresentação das notícias”. Funciona como instrumento para se decodificar o texto inserido na mensagem. Deve, portanto, ser bem atrativo, do ponto de vista do consumidor, pois segundo Burnett (1991, p. 43) “sem título atraente, o leitor não chega sequer ao lead”. Apenas para endossar esse rol de afirmações, Amaral (1978) acrescenta que, para que o título consiga despertar a atenção do leitor para a notícia, deve ser elaborado de forma clara, objetiva, apelativa, resumida.

O título não precisa “falar demais”, ser complexo e rebuscado; no entanto, precisa, sim, dizer muito com poucas palavras, ser claro, conciso, porém objetivo e sedutor, pois segundo algumas pesquisas já elaboradas por Van Dijk (1999), as pessoas acabam por não recordar o todo da notícia, mas se lembram da temática, muitas vezes, resumida no próprio título.

De acordo com Comasseto (2003, p. 61) a função do título é “dar equilíbrio estético à página, anunciar o fato, resumir a notícia e ativar fatores cognitivos que guiem a compreensão. É também pela importância que exerce na macroestrutura da notícia que ele aparece em corpo maior, comumente acima da matéria”.

Muitos manuais e cartilhas passam a ser produzidos discursando sobre o título, como forma de sistematizar e orientar o seu uso, exibindo regras, como as retiradas do Manual Geral da Redação de 1987 (apud COMASSETO, 2003), que aludem ao fato de o título ser exibido através de uma frase posta na ordem direta e sempre com a presença de verbo, pois este é que garante impacto e expressividade; a não-reprodução literal das palavras iniciais do texto, entre outras normas.

Sousa (2004), por seu turno, salienta que o título pode se alterar e apresentar-se de distintas maneiras e tipos, pois:

Uma matéria editada num jornal pode ter várias estruturas, mas normalmente é encabeçada por um título. Há vários tipos de título. Todos eles pretendem, em última instância, atrair o leitor para a matéria ou, quando surgem na primeira página, para o próprio jornal. O título noticioso tem ainda por função comprimir o aspecto principal da história em poucas palavras, de maneira a sinalizar a matéria e permitir ao leitor apreender o cerne da história num relance e decidir-se ou não pela continuação da leitura (...) uma análise qualitativa de um título pode atender ao visual (cor, tamanho do caracter, tipo de letra, etc.), ao posicionamento na página (em cima, embaixo, no meio, à esquerda, à direita...), ao vocabulário usado, à ordenação dos vocábulos, à utilização ou não de antetítulo ou subtítulo, etc (SOUSA, 2004, p. 69-70).

À guisa de conclusão, é que muitas informações inseridas no título ultrajam o simples ato informacional e alcançam o subjetivo despertando sentimentos no leitor, fazendo com que se interessar pelo conteúdo exposto, sendo, justamente, por isso que sua função exige respeito e atenção.

Relataremos rapidamente sobre a função destinada ao chapéu da notícia, que visa a caracterizar o assunto ou personagem trazido por ela. Palavra, expressão ou frase curta que antecede o título, o chapéu comporta dizeres que ajudam o leitor a interpretar melhor as informações trazidas nas matérias jornalísticas.

Para finalizar este tópico, relataremos rapidamente sobre a questão da linha fina (subtítulo), que, em determinados casos, é utilizada, devido ao fato de alguns conteúdos igualmente relevantes não poderem ser explicitados em uma mesma frase, pois por serem extensos, podem tornar o título exageradamente amplo e sem expressividade. Assim, muitos veículos de comunicação impressa adotaram o seu uso, e esta aparece redigida em corpo menor, sendo colocada abaixo do título, como forma de o detalhar, complementar, especificar ou mesmo explicar. Segundo Guimarães (1990, p. 51), é ela que auxilia o título “realçando os elementos de significação do texto e, facilitando a retenção do conteúdo”.