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Capítulo 2 CSCW e o Contexto Organizacional

2.1 A Importância do Contexto Organizacional para CSCW

A expansão das redes de computadores tais como a Internet e a Intranet tornou possível a interação entre várias pessoas em diferentes lugares facilitando o desenvolvimento de trabalhos em conjunto. Até então, o enfoque à utilização de sistemas computacionais era tipicamente no trabalho individual. O advento das redes despertou a necessidade de se entender a interação de grupo de pessoas tendo o computador como meio de suporte dessa interação.

Em muitos casos tarefas que poderiam ser efetuadas de forma distribuída por um grupo de pessoas são realizadas individualmente e possuem custos elevados. Utilizando sistemas de CSCW, estes custos tendem a diminuir e viabilizar a realização destas tarefas à distância e ao mesmo tempo. Uma das principais causas desta redução refere-se ao impacto que estes sistemas têm sob os principais aspectos físicos que dificultariam a realização destas tarefas, como as variáveis tempo, espaço e distância. Este capítulo apresenta a motivação para uma abordagem ao desenvolvimento de sistemas de CSCW alinhada ao tratamento de questões organizacionais.

2.1 A Importância do Contexto Organizacional para

CSCW

Vários pesquisadores na comunidade de CSCW enfatizam a importância de compreender e descrever o contexto social (ou organizacional), explicitando-a em várias

definições de CSCW. A figura 2.1 exibe algumas definições de CSCW que apontam para a questão: “Como deveríamos compreender e modelar o contexto social?”.

Figura 2.1 - Definições de CSCW e o contexto social

A natureza multi e interdisciplinar da pesquisa envolvendo a criação de sistemas computacionais para o uso por grupos de pessoas é inegável. Para responder a questões como as sugeridas na figura 2.1, CSCW tem sido uma área de pesquisa aberta para uma grande variedade de disciplinas incluindo psicologia cognitiva e social, sociologia do trabalho e antropologia, entre outras.

Conforme destacado por Grudin (1994), não é a organização que deve ser adaptada a um sistema de groupware; mas, o sistema é que deve ser adaptado às práticas organizacionais. CSCW, que pode ser visto como um tipo particular de groupware, deveria portanto ser integrado ao sistema de informação da organização, respeitando as normas sociais instituídas no local de trabalho.

Nesta tese, é proposto que um novo contexto organizacional seja discutido e construído junto com o design do sistema, mantendo assim o sistema alinhado com as normas organizacionais (formais e informais) que ditam as práticas de trabalho. Por motivos práticos não é proposto (nesta tese) que a organização seja inteiramente

“ . . . the design of computer-based technologies with explicit

concern for the socially organized practices of their intended users” Suchman (1989, em Bannon (1992, p.509))

“an endeavour to understand the nature and characteristics of cooperative work with the objective of designing adequate computer-based technologies” Bannon & Schimidt (1989, em

Bannon (1992, p.509))

“an identifiable research field focused on the role of the computer in group work” Greif (1988, em Bannon (1992,

p.509))

“CSCW is neither solely a tool or technology business, no just a new way to study computer impact on the work place. Instead, in CSCW, equal emphasis is put on the distinctive qualities of co-operative work processes, and on questions of design:how would computer technology to fit into and support these work processes Due to the prominent role placed on the process of design, the issue in CSCW is not just how the work process is currently organised, but also how it could be organised” Lyytinen (1989, Bannon (1992, p.509))

Como deveríamos compreender e modelar o contexto social ?

???

reestruturada toda vez que um novo sistema é construído, mas somente as partes que os usuários considerem possíveis de serem aprimoradas pelo advento da nova tecnologia.

Grudin (1994) destaca oito desafios para o design de sistemas de groupware:

1. A disparidade entre quem faz o trabalho e quem tem o benefício. Uma aplicação de groupware não provê necessariamente o mesmo benefício para todos os membros do grupo. É esperado que se obtenha um benefício coletivo, porém, algumas pessoas devem ajustar-se ao novo sistema mais do que outras;

2. Massa crítica e o problema do dilema do prisioneiro. Uma aplicação de

groupware é útil somente se uma alta percentagem de membros do grupo

for utilizá-la. Se todo o grupo agir em função de seus interesses pessoais, o resultado final será pior não só para o grupo mas também para cada indivíduo;

3. Fatores sociais, políticos e motivacionais. Pode existir resistência, se o sistema interferir na delicada e complexa dinâmica social dos grupos de trabalho;

4. Tratamento de exceções nos grupos de trabalho. Um processo de trabalho pode ser descrito de duas maneiras: a maneira como as coisas deveriam ser ou a maneira como elas realmente são. Entretanto um sistema de groupware talvez não seja capaz de acomodar um grande número de tratamento de exceções e improvisações que caracterizam o trabalho em grupo;

5. O design para características não freqüentemente utilizadas. As características do sistema que não são freqüentemente utilizadas não devem obstruir e devem estar integradas com as características mais utilizadas e ao mesmo tempo estar acessíveis ao usuário;

6. A dificuldade subestimada para avaliar groupware. A análise, design e avaliação são muito mais árduos para aplicações multi-usuários, em função da dificuldade para capturar o dinamismo social, motivacional, econômico e político dos grupos;

7. A quebra da tomada de decisão intuitiva. O uso da intuição para tomar decisões de design em aplicações de groupware pode resultar em problemas;

8. O gerenciamento da aceitação. A introdução de um sistema de groupware no ambiente de trabalho pode ser muito mais complexa se comparada a de um sistema para uso individual. Em determinadas aplicações, se um usuário não a aceitar pode inviabilizar o uso do sistema para todo o grupo de usuários.

Várias abordagens foram desenvolvidas nas áreas de CSCW e HCI para lidar com problemas como os levantados por Grudin (1994). Na próxima seção são apresentados alguns trabalhos que destacam a importância de diferentes disciplinas e abordagens no design de sistemas de CSCW, lidando com a complexidade de entender e modelar o