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A Importância do P.E no âmbito da Avaliação Institucional

O Projecto Educativo surge de uma concepção de escola/comunidade educativa e é portanto mais abrangente do que o projecto pedagógico. Esta nova mentalidade vai permitir pensar a educação e as instituições educativas de forma diferente.

Carvalho & Diogo (2001) dizem-nos que “ o projecto educativo não deve confundir-se com ideário, postulados ideológicos, (projecto de uma direcção), projecto pedagógico, linhas metodológicas (definido pelo corpo docente) ou plano de actividades (conjunto de actividades que concorrem – ou não – para a concretização do projecto educativo). O Projecto Educativo operacionaliza-se através do Plano Anual de actividades, do Regulamento Interno e dos Planos Curriculares.

O Projecto Educativo é um documento de planificação estratégica a longo prazo, distinguindo-se dos outros documentos de planificação operatória que têm um período de concretização mais curto, nomeadamente – o plano de actividades, o regulamento interno, o projecto Curricular de escola/agrupamento e o projecto curricular de turma. Segundo Costa (1991, p. 10) o projecto educativo é um:

“Documento de carácter pedagógico que elaborado com a participação da comunidade educativa, estabelece a identidade própria de cada escola através da

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adequação do quadro legal em vigor à sua situação concreta, apresenta o modelo geral de organizações e os objectivos pretendidos pela instituição e enquanto instrumentos de gestão, é ponto de referência orientador na coerência e unidade da acção educativa.”

Concordamos que o PE é um instrumento de planeamento e gestão que deve orientar a acção educativa. O PE deve ultrapassar o cariz pedagógico e fazer a ponte entre o local e o nacional.

O PE deve traduzir valores, intenções, necessidades e aspirações da comunidade educativa (Macedo, 1995). O Projecto Educativo é também um documento orientador e estruturado, contendo segundo Marques (2001,p.90) os seguintes tópicos: concepção de educação e valores a defender, caracterização do meio e finalidades a atingir durante um período médio de tempo”.

Para a operacionalização do PE existem momentos fundamentais como a concepção, a elaboração, a implementação e a avaliação.

Perante uma escola que se supõe participada e partilhada, mais aberta e interactiva com a comunidade e entendendo a comunidade não só o conjunto da população abrangida pela escola, mas também todas as entidades implicadas no processo educativo, nomeadamente as associações, autarquias colectividades e outras, o projecto educativo deve constituir-se segundo Formosinho, no prefácio de Costa (1991, p.5) como “um instrumento organizacional da expressão da vontade colectiva ao serviço da escola e da comunidade educativa”.

Poderemos inferir, tal como Macedo (1995, p.162), que é “na riqueza dos actores e na sua interacção que se joga uma parte fundamental da coerência, pertinência e também eficácia dos projectos”. É necessário que haja uma atitude de participação democrática, mobilizadora de trabalho de equipa e geradora de consensos na concepção, desenvolvimento e avaliação do projecto educativo de escola/agrupamento, envolvendo todos os intervenientes.

É importante que a lógica do projecto consista em passar do sonho à realidade. O PE deve ser um documento que orienta a acção educativa, que diagnostica os problemas reais e os seus contextos, que exige a participação crítica e criativa, se não de todos os elementos da comunidade escolar, pelo menos da generalidade dos actores, que prevê e identifica os recursos necessários de forma realista, que descobre e desenvolve os factores capazes de empenharem os actores na consecução dos objectivos da escola e que sabe o que avaliar, para quê, como e quando (Alves, 1998).

A Auto – avaliação institucional – um processo de responsabilidade e autonomia 83 O Projecto Educativo deve constituir, como refere Leite (2002, p.13), “uma imagem antecipada do caminho a seguir para intervir positivamente numa dada realidade”.

Pensamos que só há vantagens para a comunidade educativa ter um Projecto Educativo, saber que concepção de escola quer promover, pois como refere Carvalho (1992,p.48) “Um barco sem rumo traçado não deixa de seguir um rumo, quanto mais não seja o rumo da corrente”.

O Projecto Educativo pressupõe que haja o princípio de autonomia, cultura de participação, coerência e unidade de acção e também responsabilidade de todos os actores.

Enumeraremos de seguida as funções que o Projecto Educativo deve cumprir segundo Obin, J. & Cross, F.(1995, p.75):

“Estabelecer as linhas orientadoras do tipo de educação a proporcionar aos alunos Determinar os valores que devem ser trabalhados como currículo explícito e oculto Reconhecer os interesses dos elementos da comunidade escolar

Unificar os critérios de actuação tendo em vista uma maior coerência Reconhecer os alunos como sujeitos e principais interessados na educação Tornar singular a organização educativa

Introduzir uma direcção centrada na escola comunidade

Apelar à participação de todos os membros da escola salvaguardando as competências técnico pedagógicas dos profissionais de educação

Impor uma estratégia de inovação

Esclarecer as metas a atingir, os modos de avaliação dos processos e dos produtos Exigir uma liderança participativa, aberta mobilizadora

Apelar a uma actuação docente congruente com a filosofia do projecto Pressupor a adopção de tecnologias adequadas às necessidades dos alunos.”

O Projecto Educativo deverá ser uma resposta aos problemas, deverá ser uma acção investigativa e que se interroga a si mesma. O projecto só será singular e poderá mobilizar os actores da comunidade escolar para a construção de melhores processos e resultados educativos se permitir a investigação dos elementos da organização, o conhecimento dos modos e interacção e do funcionamento dessa totalidade bem como dos contextos que a condicionam.

Ao desenvolvimento da autonomia das organizações escolares tem-se associado a ideia de que cada escola construa o seu projecto educativo. O Projecto Educativo constitui assim um instrumento privilegiado para a escola atingir a sua autonomia (Canário, 1992, p.12). Reforçando a ideia de que cada escola deve ser singular, única para ser autónoma, Macedo (cit. por Vasconcelos, 1999,p.24) refere que:

“ É na construção da identidade e reconhecimento da diversidade de cada escola; na exploração de uma dependência diversificada; e ainda na capacidade de auto- organização da escola que se constrói também a autonomia”.

A Auto – avaliação institucional – um processo de responsabilidade e autonomia 84 Como já referimos, o Projecto Educativo deve ser um instrumento unificador de vontades e delineador das metas atingir, e assim o PE é assumido como um dos elementos fundamentais para a avaliação da escola. A este propósito Hayman e Napier referem que (cit. por Coimbra, 2002, p.149) “para se compreender a avaliação é essencial explorar o processo de planeamento, o estabelecimento de metas e objectivos operacionalmente definidos e o desenvolvimento do sentido de responsabilidade”.

O Projecto Educativo é um instrumento que aponta formas de resolução dos vários problemas diagnosticados na organização, e assim sendo o PE é o ponto de partida para a avaliação.

Consideramos que a autonomia é um processo contínuo de construção e de apropriação e não o resultado de uma liberalidade ou concessão política (Formosinho, 2005, p.60).

A autonomia da escola resulta de várias lógicas e interesses (políticas gestionárias, profissionais e pedagógicas) que é preciso saber gerir, integrar e negociar. A autonomia da escola não é autonomia dos professores, ou dos pais, ou dos gestores. A autonomia é algo que, só de modo dinâmico, as escolas podem construir. O Projecto Educativo de escola corresponde a esse tempo de construção de autonomia.

O grau de autonomia que cada escola pode alcançar, depende da sua capacidade em gerir a sua acção em função das balizas impostas pela Administração Central. Um dos domínios em que a margem de manobra é estreita é o da flexibilização do currículo em função dos programas nacionais.

A construção da autonomia não é uma tarefa fácil para as escolas. Depois de um longo tempo habituadas a dependerem do ME, falta-lhes hábitos de auto-avaliação, de auto-responsabilização pelos resultados da acção educativa, assim como promover acções concertadas entre os diversos membros da comunidade educativa.

II PARTE

A Auto-avaliação institucional – um processo de responsabilidade e autonomia

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CAPÍTULO IV

METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

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