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A IRREPETIBILIDADE DOS ALIMENTOS DOS FILHOS, ESTUDO BASEADO

Tratando-se de alimentos, a jurisprudência, reiteradamente,

tem decidido não ser exigível a prestação de contas do guardião de filho credor de

pensão alimentícia, em razão da irrepetibilidade dos alimentos, não havendo como o

alimentante pretender a eventual restituição de alimentos desviados ou mal

empregados. 178

Para José Carlos Teixeira Giorgis:

A jurisprudência abjura a pretensão por impossibilidade jurídica do

pedido, pois o crédito é do filho e não do seu guardião, sendo o

genitor acionado parte ilegítima para responder a ação de prestação

176 BRASIL. Apelação Cível Nº 598543668, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Eliseu Gomes Torres, Julgado Em 17/03/1999.

177 DIAS, Maria Berenice. Dois pesos e duas medidas para preservar a ética: irrepetibilidade e

retroatividade do encargo alimentar, Disponível em: http://www.professorallan.com.br/UserFiles/

Arquivo/Artigo/artigo_irrepetibilidade_e_retroatividade_do_encargo_alimentar.pdf. Acesso em: 07

de maio de 2010.

de contas, salvo requeira o próprio rebento as contas da mãe através

do Ministério Público. 179

Como a avaliação das necessidades do crédito a título de

pensão foi realizada na demanda de fixação do montante alimentar, ou mesmo

através de acordo das partes, é incabível pretender revisar posteriormente, por meio

de uma prestação de contas, em qual medida teriam sido utilizados os valores pagos

como alimentos e se o alimentante imagina estar elevado o valor dos alimentos deve

promover a competente ação revisional. 180

Quanto a prestação de contas, extrai-se da jurisprudência do

Estado de Santa Catarina:

PRESTAÇÃO DE CONTAS. ALIMENTOS. ACOLHIMENTO.

CONTAS CONSIDERADAS BOAS. 'DECISUM' CORRETO.

CONFIRMAÇÃO. IRRESIGNAÇÃO APELATÓRIA DESATENDIDA. I

O prestador de alimentos tem legitimação para ingressar com pedido

de prestação de contas, na modalidade rendição de contas, não com

o desiderato de obter uma apuração de débito ou de crédito, diante

da irrepetibilidade da verba, mas, apenas, para fiscalizar a exatidão e

a correteza das aplicações dos valores recebidos pela representante

legal da alimentária. [...] É a compreensão que, segundo os

intérpretes, resulta do art. 1.589 do CC/02, que confere aos pais que

não tenham os filhos sob sua guarda o direito de fiscalizar a

manutenção e a educação dos mesmos. II Não tendo o alimentante

produzido qualquer elemento probatório, por mínimo que fosse, a

fortalecer a alegação de estar a mãe da menor alimentanda se

utilizando da verba paga mensalmente para satisfazer suas

necessidades pessoais, há que se ter como boas as contas por ela

prestadas. E o só fato de ter a genitora da menor alimentária

comprovado documentalmente a feitura de gastos inferiores aos

importes recebidos mensalmente não assume relevância ímpar, vez

que, a par dos gastos passíveis de comprovação documental, outros

existem que não possibilitam essa comprovação, tais como, a

alimentação, o vestuário e o lazer, cujas despesas são presumidas,

mormente pelo fato de a menor estar em pleno desenvolvimento

físico, moral e intelectual. III Arbitrada a verba honorária dentro dos

critérios de proporcionalidade e equanimidade, observados a

contento os requisitos apontados nas alíneas 'a' a 'c' do art. 20, § 3º

179 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. p. 689- 690.

do CPC, não se entrevê razões de direito a recomendar-lhe a

redução. 181

De conformidade com os artigos 917 e 918182 do CPC, as

contas devem ser apresentadas na forma mercantil, especificando as receitas e a

aplicação das despesas, bem como o respectivo saldo, que sendo credor, consoante

declarado na respectiva sentença, poderia ser cobrado em execução forçada, não

fossem os alimentos dotados de caráter assistencial, destinados ao consumo desde

a sua percepção e, portanto, não podendo ser repetidos.183

Quanto a legitimidade sobre a interposição da ação de

prestação de contas, Nelson Nery Junior disciplina:

"interessado na ação de prestação de contas é a parte que não saiba

em quanto importa seu crédito ou débito líquido, nascido em virtude

de vínculo legal ou negocial gerado pela administração de bens ou

interesses alheios, levada a efeito por um em favor do outro".184

A doutrina e a jurisprudência pátria sempre se posicionaram

pela impossibilidade do manejo da ação de prestação de contas pelo alimentante em

razão da ausência das condições da ação, ou seja, pela falta do interesse de agir,

de legitimidade passiva 'ad causam' do guardião do alimentando e da possibilidade

jurídica do pedido, culminando sempre com a extinção do feito sem resolução do

mérito, nos termos do art. 267185, inc. VI do Código de Processo Civil. 186

Contudo, o entendimento acerca da impossibilidade da

proposição da ação de prestação de contas pelo alimentante contra o guardião do

alimentando credor dos alimentos vem sendo revista tanto pelos juristas como pelos

Tribunais do País. 187

181BRASIL. Apelação Cível n. 2007.028489-6, de São Miguel do Oeste . Relator: Trindade dos

Santos. Órgão Julgador: Quarta Câmara de Direito Civil. Data: 25/11/2008.

182BRASIL, Código de Processo Cvil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/

L5869.htm. Acesso em: 02 de Maio de 2010.

183 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. p. 689- 690.

184 NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil e legislação extravagante, 10 ed, São Paulo:

RT. 2008. p. 1.162

185BRASIL, Código de Processo Cvil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/

L5869.htm. Acesso em: 02 de Maio de 2010.

186 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. p. 689- 690.

O Código Civil de 2002 trouxe expresso, em seu art. 1.589,

que:

O pai e a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá

visitá-los e tê-visitá-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro

cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção

e educação.

Comentando o dispositivo, Yussef Said Cahali destaca que:

No "direito de fiscalização da guarda, criação, sustento e educação

da prole atribuída ao outro cônjuge, ou a terceiro, está ínsita a

faculdade de reclamar em juízo a prestação de contas daquele que

exerce a guarda dos filhos, relativamente ao numerário fornecido

pelo genitor alimentante".188

Yussef continua:

Parece-nos porém que induvidoso o direito do próprio filho de

reclamar as contas daquele [genitor ou terceiro] que o tem sob a sua

guarda e recebe, em seu nome, os alimentos prestados pelo

obrigado também o alimentante-genitor tem legitimidade para exigir

desta a prestação de contas, desde que: a] o beneficiário dos

alimentos seja exclusivamente o filho posto sob guarda, afastada,

assim, a hipótese de terem sido concedidos os alimentos

englobadamente, para a genitora e filhos sob sua guarda [...] b] a

prestação de contas não tenha por finalidade a apuração de crédito

ou débito, com vistas a uma eventual restituição ou execução forçada

[do artigo 918 do CPC], uma vez que, embora assim prestados por

intermediação da genitora ou de terceiro, os alimentos são

irrepetíveis; a pretensão, assim, terá natureza cautelar esvaindo-se a

ação cominatória em sua primeira fase [artigo 915 do CPC],

objetivando apenas a verificação e comprovação da exata e correta

aplicação das pensões recebidas do autor. 189

Ademais, nesse sentido, colhe-se da jurisprudência:

AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. PEDIDO AJUIZADO PELO

ALIMENTANTE EM FACE DA EX-MULHER, GUARDIÃ DA

ALIMENTÁRIA. Extinção do feito pronunciada em primeiro grau na

forma do artigo 267, VI, do Código de Processo Civil, reconhecida a

188 CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 4. ed., p. 572.

inadequação da via eleita. Desacerto do decisório. Se a cada direito

deve corresponder uma ação que o assegure, não há como negar ao

autor apelante o direito de exigir da acionada esclarecimentos

precisos acerca da administração da prestação alimentícia recebida

por conta da filha menor, máxime diante da fundada suspeita de

malversação. Incidência, no particular, do disposto no artigo 1.589 do

Código Civil de 2002. Direito de exigir contas que,Se a cada direito

deve corresponder uma ação que o assegure, não há como negar ao

autor apelante o direito de exigir da acionada esclarecimentos

precisos acerca da administração da prestação alimentícia recebida

por conta da filha menor, máxime diante da fundada suspeita de

malversação. Incidência, no particular, do disposto no artigo 1.589 do

Código Civil de 2002. Direito de exigir contas que, in casu, decorre

do chamado poder familiar, sendo certo que o divórcio em nada

modifica os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos [artigo

1.579, também do Código Civil de 2002]. Recurso provido.190

Assim, o alimentante que não esteja com a guarda do filho

menor tem o direito de fiscalizar sua manutenção, ou seja, detém ele legitimidade e

interesse para verificar se os recursos da verba alimentar estão sendo empregados

no atendimento das necessidades do alimentando.

Fazendo interessante distinção entre a prestação de contas e a

rendição de contas, registra Rolf Madaleno191:

A ação de prestação de contas tem assento nos artigos 914 a 919 do

CPC, e está dotada de dupla função, por competir não somente a

quem tem o direito de exigir contas, mas também a quem se julga no

dever de prestá-las. A rendição de contas é uma operação contábil

efetivada por toda a pessoa atuando no interesse de outra,

detalhando em juízo os componentes contábeis de débito e crédito

exercidos a título de administração, gestão de negócios ou mandato.

Neste rumo, parece-nos surgir uma nova tendência na doutrina

pátria que, ainda que rechace a possibilidade de uma ação de prestação de contas

nos moldes e de acordo com o rito procedimental previsto nos arts. 914 a 919192 do

Código de Processo Civil, aceita e considera juridicamente admissível a propositura

190 BRASIL. TJSP, AC n. 262.041-4/3-00, rel. Des. Paulo Dimas Mascaretti, j. em 20 de maio de 2003.

191 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. p. 689.

192BRASIL, Código de Processo Cvil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/

L5869.htm . Acesso em: 02 de Maio de 2010.

de uma ação de rendição de contas, baseada no dever daquele que detém a guarda

do menor em apresentar de forma contábil e detalhada em juízo os débitos e

créditos existentes na administração da verba alimentar do infante.

O autor Rolf Madaleno apegando-se aos ensinamentos de

Yussef Said Cahali193, ainda ensina:

Para Yussef Said Cahali o alimentante pode pedir rendição de

contas, a serem prestadas pelo administrador dos alimentos contra o

ascendente guardião, salvo se tratem de alimentos concedidos

'intuito familiae', englobando pensão alimentícia para a genitora e

filhos, pois nesta hipótese estaria sendo exigida prestação de contas

dos alimentos igualmente endereçados ao ex-cônjuge que a tanto

não está obrigado.

Porém, sendo os alimentos prestados para a prole, o

alimentante tem legitimidade para exigir a prestação de contas, conquanto não tenha

a rendição de contas o escopo de apurar crédito ou débito diante da irrepetibilidade

dos alimentos, porque nada poderá ser restituído, muito embora possa se valer da

demanda para fiscalizar a exata e correta aplicação das pensões recebidas pelo

credor, cujo poder familiar o alimentante não perdeu, sendo dela co-titular. 194

Conforme ensinamentos de Yussef Said Cahali195:

Ocorrendo a redução da pensão pela sentença definitiva, o melhor

entendimento orienta-se no sentido de que, uma vez reduzida a

pensão provisional (cautelar ou provisória), a redução prevalece

desde a data da sentença contra a qual houve apelação com efeito

apenas devolutivo: como os alimentos provisoriamente fixados

podem ser revistos a qualquer tempo e como "em qualquer caso, os

alimentos fixados retroagem à data da citação" (art. 13, §§ 1º e 2º, da

Lei 5.478/68), também aqui a sentença opera substituição ex tunc

dos alimentos provisionais ou provisórios pelos definitivos,

ressalvada apenas a irrepetibilidade daquilo que já tiver sido pago

pelo devedor, segundo os princípios gerais da obrigação alimentar.

A má administração dos bens e recursos de filhos pode

importar na suspensão do poder familiar, quando o pai ou a mãe abusar de sua

autoridade e faltar aos deveres inerentes ao seu mister, bem assim se arruinar os

193 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. p. 691.

194 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. p. 691.

bens dos filhos, sendo direito do cônjuge não custodiante fiscalizar a manutenção e

evitar abusos, mas para proceder a prestação de contas. Como exceção, o

alimentante deve provar a má utilização da soma destinada aos filhos por parte do

genitor que convive com a prole.196

Na mesma direção, tem-se os ensinamentos de Belmiro Pedro

Welter:

O termo inicial de qualquer pensão, judicialmente estabelecida, é

fixado pela Lei n. 5.478/68, art. 13, § 2º, cujos dizeres são claros: Em

qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da citação".

[...] E quando os alimentos provisórios ou provisionais não tiverem

sido fixados liminarmente, e sim no decorrrer do processo, serão

devidos a contar da data de intimação do advogado, mas,

procedente a ação, os alimentos definitivos retroagirão a data da

citação.197

A partir dessa nova interpretação resta claro ser cabível

juridicamente ações que objetivem a prestação de contas por parte do guardião do

menor-alimentando, a fim de que o alimentante possa, com supedâneo no art. 1.589

do CC/02, exercer seu poder-dever de fiscalização.

Ainda que o apelante tenha ajuizado a denominada "ação de

prestação de contas", de acordo com o procedimento especial previsto na

codificação procedimental, não há como se entrever a ausência das condições da

ação, haja vista que seu objetivo primordial é fiscalizar o emprego da verba

alimentar paga por ele à seus filhos menores, que estão sob a guarda materna.

Trilhando esse novo rumo, expôs esta Corte:

Direito Civil. Família. Alimentos destinados à genitora e filha.

Prestação de contas. Ilegitimidade ativa 'ad causam'. Indeferimento

da inicial. Insurgência. Fiscalização. Direito protetivo do menor.

Legitimidade ativa do marido alimentante. Provimento parcial.

Sentença reformada em parte. Porque a má administração de

numerário destinado à manutenção e educação do filho alimentando

pode acarretar severas sanções legais ao mau administrador [arts.

1.637 e 1.638, IV, do CC], a Lei do Divórcio assegura ao alimentante

a fiscalização da respectiva verba alimentar. Não tem o marido

196 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. p. 691.

alimentante legitimidade ativa 'ad causam' para o ajuizamento de

prestação de contas no tocante à verba alimentar da ex-mulher.198

A respeito, elucida ainda Rolf Madaleno:

Sabido quão fértil se presta o Direito de Família para a prática do

abuso de direito, vedado pela legislação civil, inclusive no instituto

dos alimentos, quando os filhos são prejudicados pelos desvios ou

pela má gestão do seu crédito alimentar e se existe a intenção de

prejudicar, pelo exercício abusivo do genitor administrador da pensão

dos filhos, atenta este ascendente contra os interesses superiores

das crianças e dos adolescentes, ao encontrar no desvio dos

recursos da prole um meio propício às suas vantagens pessoais e a

prestação de contas exigidas pelo alimentante não destituído do

poder parental é a grande reserva a favor dos interesses superiores

do alimentante. 199

Pode existir abuso por parte do devedor de alimentos ao

encontrar na prestação de contas uma maneira de incomodar o ex-cônjuge com

reiterados pedidos processuais, por suspeitas inconsistentes de malversação dos

alimentos, devendo ser bem dosada a rendição de contas, cuja solução também

pode passar por uma demanda alternativa de inspeção judicial, realizada por

assistentes sociais em visita à residência do alimentando, e sua escola, escutando

outros familiares, amigos e vizinhos, até onde for possível e discreto, para apurar e

avaliar a realidade e dimensão da pretensão processual de rendição de contas,

correndo os custos desta diligência pela parte vencedora.200

Desta forma, mesmo existindo a aplicação do princípio da

irrepetibilidade dos alimentos em relação aos filhos, mesmo sendo possível a

aplicação da ação de prestação de contas em desfavor do alimentado, é impossível

a restituição dos valores pagos a título de alimentos.

198 BRASIL. Ap. Cív. n. 06.024243-1, rel. Des. Monteiro Rocha, j. 28-9-06

199 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. p. 691.

A pesquisa desenvolvida através desta monografia

demonstrou-se importante por ter como tema o direito de família focado no Instituto

dos Alimentos.

Com a pesquisa, constatou-se que embora não haja previsão

legal para Ação de Prestação de Contas por força do Princípio da Irrepetibilidade

dos alimentos, o ordenamento jurídico brasileiro, através da doutrina e

jurisprudência, possibilita o ajuizamento da Ação de Prestação de Contas com a

finalidade de apurar como estão sendo utilizados os valores referentes aos

alimentos.

Nesse diapasão, verificou-se também, que processo terá a

característica de rendição de contas pois não permitirá a devolução de valores

através da execução forçada, mas a verificação da correta aplicação dos valores em

relação as necessidades do alimentando.

Para uma melhor compreensão do tema em destaque, fez-se

necessário analisar outros institutos que permeiam o direito de Família e o instituto

dos alimentos. Desse modo, o trabalho restou estruturado em três capítulos.

Para tanto, principiou–se, no Capítulo 1, tratando-se do instituto

dos alimentos: conceito, natureza jurídica, seus caracteres, causa jurídica e

características de direito.

O segundo capítulo discorreu acerca da evolução histórica da

obrigação alimentar, da obrigação legal dos alimentos aos filhos e ao cônjuge, no

casamento e na união estável.

No terceiro capítulo, buscou-se solucionar o problema

elaborado, objetivando-se confirmar ou negar a referida hipótese, através da análise

da legislação que disciplina de forma específica sobre a irrepetibilidade dos

alimentos, bem como o entendimento doutrinário e jurisprudêncial pátrio.

A seguir, serão revistos os três mencionados problemas, bem

como as respectivas hipóteses, realizando-se as análises, em conformidade com o

resultado da pesquisa:

Primeiro problema: O menor, uma vez reconhecida a sua

filiação, tem seu direito de prestação alimentícia tutelado?

Primeira hipótese: O alimentando tem garantido no

ordenamento jurídico brasileiro seu direito à prestação alimentícia por envolver

interesse de subsistência, portanto mesmo quando gerado fora do casamento, terá

seu direito aos alimentos tutelado.

Análise da primeira hipótese: A primeira hipótese restou

comprovada, pois a Constituição Federal no artigo 3º fundamenta o instituto dos

alimentos no Princípio da Solidariedade, devendo outros proverem os necessitados

de meios indispensáveis para manter-se. A codificação de referido princípio

encontra-se expressa no artigo 1694 do Código Civil brasileiro.

Segundo problema: Havendo a minoração da pensão

alimentícia no decorrer do próprio processo de fixação dos alimentos, o alimentante

tem o direito de ter restituídos, os valores que durante a análise da decisão foram

pagos a mais ao alimentado ?

Segunda hipótese: Havendo a minoração da pensão

alimentícia no decorrer do próprio processo de fixação dos alimentos, o alimentante,

por ausência de previsão legal nesse sentido, não poderá pleitear a devolução dos

valores, tendo o alimentado apenas o dever moral de restituir os alimentos que, por

força de uma decisão temporária foram pagos durante um certo tempo num patamar

acima do necessário.

Análise da segunda hipótese : A segunda hipótese restou

negativa, pois, embora não haja previsão legal expressa, o princípio da

irrepetibilidade dos alimentos esta consagrado pela doutrina e pelos tribunais

tornando improvável a restituição de alimentos pagos pelo alimentante ao

alimentado, uma vez que são utilizados para satisfação das necessidades básicas e

manutenção da vida.

Terceiro problema: Poderá o alimentante pleitear a Prestação

de Contas dos alimentos pagos?

Terceira hipótese: Não há previsão legal de Prestação de

Contas para o instituto dos alimentos. Por tratar-se de valores pagos com a

finalidade de subsistência não há previsão de devolução (Princípio da

irrepetibilidade). O alimentante poderá ajuizar Ação Revisional de Alimentos,

compreendendo somente valores à pagar.

Análise da terceira hipótese: A possibilidade que se mostra

viável no ordenamento jurídico brasileiro é a de o próprio alimentando, titular do

direito, pleitear a prestação de contas em desfavor de seu guardião, sendo que,

neste caso, não será utilizado o princípio da irrepetibilidade. Há também uma

tendência de os tribunais, embora rechaçando a prestação de contas, receber a

ação nos moldes do art. 914 do Código de Processo Civil, desde que, como Ação

de Rendição de Contas, conquanto que não tenha o escopo de apurar crédito ou

débito diante da irrepetibilidade dos alimentos. Tal ação não se mostrará viável com

relação aos alimentos pagos à ex-cônjuge ou ex-companheiro. Isto posto a hipótese

restou negativa.

Com o término deste trabalho e diante de todas as exposições

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