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2.6 A QUALIDADE NO ENSINO SUPERIOR E A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL

2.6.2 A legislação educacional e a qualidade nas IES

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 208, prevê que deve haver

‘Garantia do Padrão de Qualidade’ no ensino e para conseguir um padrão de

qualidade, é necessário que as instituições de ensino se conscientizem de que a

tendência atual é a expansão do ensino privado, e a solução está na melhoria da

qualidade da educação das IES como um todo.

A competitividade influenciará o futuro das instituições no Brasil e a seleção

natural, decorrente da globalização e refinará cada vez mais o ensino. Cursos de

baixa qualidade ou de pouca demanda serão descontinuados para dar lugar a

cursos melhores e/ou mais adaptados à realidade.

A LDB, a cada dia que passa, consolida-se mais, e mesmo com as críticas e/ou

elogios está modificando a educação no país. Os reflexos desta consolidação

começam a produzir efeitos e tanto as IES públicas quanto as IES privadas estão se

é uma atuação forte do MEC em várias frentes e, em conseqüência das mudanças e

ajustes de percurso, um elenco de novas Leis, Decretos e Portarias detalham e

regulamentam a atuação do ensino.

O Decreto 2.306, de 19/08/97, no artigo 14 prevê que a autorização, o

reconhecimento de cursos e o credenciamento serão concedidos por tempo limitado

e renovados periodicamente depois de processo regular de avaliação.

A Portaria no. 2.175, de 27/11/97, estabelece vantagens para Universidades e

Centros Universitários integrantes do Sistema Federal de Ensino, conforme forem os

conceitos obtidos para os indicadores de avaliação de cursos e outros.

A Portaria 752, de 02/07/97, considera a análise de uma série de tópicos que

correspondem a indicadores a serem observados nos projetos para autorização de

funcionamento de cursos fora da sede, em universidades.

A Portaria 637, de 13/05/97, dispõe sobre o credenciamento de universidades

privadas através da comprovação de uma série de critérios, tais como: capacitação

financeira, administrativa e de infra-estrutura; cumprimento das exigências da

titulação e de tempo integral estabelecidos na LDB; atividades de pesquisa; pós-

graduação implantada; infra-estrutura adequada de pesquisa; existência de órgãos

colegiados, com a participação de docentes nas áreas de pesquisa e extensão;

existência de fundo de pesquisa para financiamentos de projetos acadêmicos,

científicos e tecnológicos.

O Decreto 2.026, de 10/10/96, Estabelece Procedimentos para o Processo e

Avaliação dos Cursos e Instituições de Ensino Superior e orienta que as IES serão

avaliadas externamente, por meio de:

- indicadores de desempenho globais;

- avaliação das condições de oferta dos cursos de graduação;

- avaliação dos programas de mestrado e doutorado.

A avaliação individual externa das IES (pelo SESU), prevista no Decreto

2.026, considera os seguintes aspectos e seus pontos importantes:

- a administração geral da IES incluindo as atividades-meio;

- a administração acadêmica;

- a integração social (extensão e prestação de serviços);

- a produção científica, cultural e tecnológica.

A avaliação dos cursos de graduação das IES, levará em conta:

- a organização didático-pedagógica;

- a adequação das instalações físicas, em geral;

- a adequação das instalações especiais (laboratórios, etc.);

- a qualificação do corpo docente;

- as bibliotecas.

Esse decreto também considera que o processo de avaliação dos cursos e

das IES, inclui:

- a análise dos indicadores de desempenho global do sistema nacional

de ensino superior;

- a avaliação do desempenho individual das instituições de ensino

superior compreendendo o Ensino, a Pesquisa e a Extensão;

- a avaliação do ensino de graduação, por curso, fazendo uma análise

das condições de oferta pelas diferentes instituições de ensino e uma análise dos

resultados do Exame Nacional de Cursos, que foi substituído na Lei 10.861, de

14/04/2004, pelo ENADE - Exame Nacional de Avaliação do Desempenho dos

- avaliação dos programas de mestrado e doutorado, por área de

conhecimento.

Ainda destaca, no art. 3o, os indicadores de desempenho global, e no art. 4o,

os aspectos considerados na avaliação individual, e ainda se refere à auto-

avaliação, realizada pela própria instituição. Outro ponto a considerar é que,

conforme o art. 5c, as comissões de especialistas do MEC estabelecem os

indicadores que serão considerados na avaliação dos cursos de graduação. O artigo

6o lista o que é considerado na análise das condições de oferta, para avaliação de

cursos de graduação.

O Decreto 3.860, de 9 de julho de 2001 (BRASIL, 2001), veio reforçar as

regras de organização e avaliação de cursos e de instituições de ensino superior,

destacando que a avaliação considera, dentre outros:

- o grau de autonomia assegurado pela entidade mantenedora;

- o plano de desenvolvimento institucional (PDI);

- a independência acadêmica dos órgãos colegiados da instituição;

- a capacidade de acesso a redes de comunicação e sistemas de

informação;

- a estrutura curricular adotada e sua adequação às diretrizes curricula-

res nacionais de cursos de graduação;

- os critérios e procedimentos adotados na avaliação do rendimento

escolar;

- os programas e ações de integração social;

- a produção científica, tecnológica e cultural;

- as condições de trabalho e qualificação docente;

para saneamento de deficiências identificadas; e

- os resultados de avaliações coordenadas pelo MEC.

Em resumo, a legislação educacional recente, que envolve autorização para

funcionamento de cursos, reconhecimento de cursos, credenciamento e

recredenciamento de instituições, está fortemente embasada em aspectos, critérios

e indicadores que avançam na busca da qualidade, tanto nas atividades-meio, como

nas atividades-fim das instituições. Isso, sem dúvida, leva as IES a considerar, como

ponto importante, a qualidade em todos os seus processos e justifica todo o esforço

possível nessa direção.

Recentemente, em 14 de abril de 2004, o governo federal aprovou a Lei

10.861 que criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES)

que tem, como objetivo, assegurar o processo nacional de avaliação para:

- avaliar as IES;

- avaliar os cursos de graduação;

- avaliar o desempenho acadêmico dos estudantes (art. 9º, VI, VIII e IX,

da LDB).

O SINAES integra três modalidades de avaliação:

1) Avaliação das IES (AVALIES), compreendendo:

(a) auto-avaliação pela CPA – Comissão Própria de Avaliação;

(b) avaliação externa pelo INEP.

2) Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG) que inclui visitas in loco.

3) Avaliação do Desempenho dos Estudantes (ENADE) aplicado a

alunos do final do primeiro e do último ano do curso (amostral).

Pode-se deduzir que todas as IES devem, cada vez mais, considerar o fato de

maneira pode ser efetivada por meio da adoção de uma metodologia que permita

definir e implantar um sistema da qualidade bem estruturado que priorize o

atendimento aos requisitos legais, a melhoria contínua dos processos e o

atendimento à expectativas dos clientes da instituição (alunos, docentes,

funcionários, MEC, CAPES, órgãos de classe e a comunidade em geral).

De acordo com a legislação as entidades mantenedoras de IES podem optar

por ter fins lucrativos (Decreto no. 2.306 de 19/08/97), e isto leva à necessidade das

IES considerarem seus procedimentos administrativos e aqueles correlatos ao

Ensino, à Pesquisa e à Extensão, com uma visão próxima da empresarial e com a

qual não estavam acostumadas até então. Desse modo, percebe-se que aspectos

que eram considerados apenas na iniciativa privada, agora chamam a atenção das

IES, e o uso de ferramentas da qualidade é um deles.