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2.2 A QUALIDADE NO ENSINO

2.2.5 Avanços da qualidade na área da educação

Nos últimos oito anos, no Brasil, a educação vem, passo a passo, numa

crescente caminhada para a qualidade. Com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação, publicada em 1996, deu-se início a um processo que tem levado à

expansão da oferta de vagas na área da educação superior, principalmente nas

instituições particulares. Falando em rede nacional, o então Ministro de Estado da

Educação e do Desporto, Paulo Renato Souza destacou que, no governo do

Presidente Fernando Henrique Cardoso, houve um crescimento de 70% na oferta de

vagas para o Ensino Superior no Brasil.

Mesmo assim, está longe o momento em que a maioria da população jovem

possa fazer o curso superior pois, atualmente, cerca de apenas 12 porcento da

política atual é de realmente garantir a expansão de vagas e de cursos superiores,

ao mesmo tempo em que se busca garantir a qualidade dos cursos ofertados nas

instituições públicas e privadas, por meio da aplicação de mecanismos legais, da

atuação ativa do MEC e da CAPES nas áreas de reconhecimento de cursos de

graduação e de pós-graduação (mestrado e doutorado), renovação de

reconhecimento de cursos, credenciamento e recredenciamento de universidades e

de centros universitários.

Outras nações também estão buscando melhorar a qualidade na área da

educação. Desde o início dos anos 90, na Europa e nos EEUU, têm ocorrido

avanços no sentido de aplicar os conceitos de qualidade nas escolas. Porém, é

importante ressaltar o que significa a qualidade no contexto da educação. Segundo

Sallis (1994, p. 231), diferentes dimensões são necessárias para representar o

caminho para o desenvolvimento da qualidade em uma escola, pois existem

algumas contradições, tais como:

- a qualidade é um conceito estratégico e um conceito operacional;

- a qualidade é uma idéia visionária e uma idéia prática;

- a qualidade é, ao mesmo tempo, um conceito absoluto e um conceito

relativo;

- a qualidade tem influência em pessoas e em sistemas;

- a qualidade pode ser definida pela instituição e pelos clientes, porém a

visão de cada um pode ser diferente;

- a definição de qualidade não é estática, o que é alta qualidade hoje,

pode ser qualidade pobre, amanhã.

- As instituições de ensino definem qualidade de várias formas e Sallis

- qualidade é encantar o cliente;

- qualidade é eliminar erros e prevenir;

- qualidade é conformidade com a especificação;

- qualidade é melhorar a satisfação do cliente;

- qualidade é excelência, foco no cliente, flexibilidade, relevância, efetivi-

dade, eficiência e conformidade com padrões.

Colégios do Reino Unido e dos EEUU, em meados dos anos 90, procuraram

implantar sistemas da qualidade certificados, de acordo com padrões internacionais

do tipo ISO-9000, porém, o que se observa é que cada instituição tem suas

características e definem o sistema de acordo com essas características. A

implantação de sistemas da qualidade exige recursos e investimentos e ocupa o

tempo das pessoas da gerência. As instituições, junto com seus clientes, vão

desenvolvendo a cultura da qualidade. As atitudes e os relacionamentos da alta

administração são fundamentais para disseminar a cultura da qualidade. Em

resumo, a qualidade necessita de constante dispêndio de energia para manter-se

viva e melhorar continuamente. Muito trabalho é necessário para manter o clima

organizacional e a cultura afinados com a aplicação dos conceitos de qualidade.

Segundo Stott (1994, p. 196), citando E. Teodossin, na obra The Responsive

College, resultados de pesquisa realizada na Inglaterra, em 1987, envolvendo cinco

projetos em vários colégios, produziram resultados comparáveis. A pesquisa citada

colheu respostas a questionários aplicados para coletar a opinião de cerca de 1.500

empregados, principalmente da área de engenharia. Os resultados indicaram a

evidência de desaprovação de empregados de colégios, destacando-se quatro

aspectos:

dos negócios. O mundo das salas de aula e o mundo do local de trabalho são

diferentes, pois nos colégios as semanas e o período anual de trabalho são mais

curtos. A segurança no trabalho e o salário garantido protegem o staff dos riscos do

mercado de trabalho. Leituras defasadas do mundo dos negócios da atualidade;

equipamentos obsoletos; aspectos ideológicos e anticomerciais entram em conflito

com o mundo do trabalho;

2) Os procedimentos no nível operacional, nos colégios, são difíceis de

negociar e, normalmente, são desorganizados e não sistematizados. As tomadas de

decisão são tortuosas e envolvem uma elaborada estrutura de comitês, existindo

dificuldades de fazer contatos com os indivíduos que têm as respostas para as

questões que dependem de decisão;

3) Os colégios esperam que seus clientes busquem o que eles têm a

oferecer. Normalmente, os colégios vendem longos cursos, que duram vários anos,

são oferecidos em dias úteis, não funcionam nos períodos de finais de ano e nos

períodos de férias escolares, no meio do ano. São cursos que têm por objetivo "a

educação para uma vida", porém a indústria e as empresas de serviços precisam de

cursos mais curtos e adaptados as suas necessidades imediatas de treinamento;

4) Os colégios são um local apropriado para pessoas em idade escolar e

normalmente não oferecem um ambiente adequado para adultos. O ambiente é uma

evidência de outra cultura entre jovens e adultos e é mais voltado para

adolescentes.

O mesmo autor comenta como os colégios receberam o resultado do survey e

procuraram destacar que estavam tomando providências, efetuando melhorias e

investimentos na infra-estrutura e na qualidade dos cursos e do ensino oferecidos.

escolas, uma dificuldade que se apresenta é a definição do que é o produto e

surgem questões, como: o curso é o produto? Ou é o incremento no conhecimento

que é efetuado no período em que o estudante investe no estudo?. O produto foi

definido como ‘experiências de aprender’. Definido o produto, parte-se para definir a

variedade de clientes. Entre os clientes, podem se destacar:

- estudantes que seguem o programa de estudos que levam à

qualificação, graduação e pós-graduação;

- estudantes que seguem programas de estudos que podem ou não

envolver pesquisas;

- compradores de cursos de curta duração, consultorias ou projetos.

A lista de clientes destacada por Stott (1994) não é completa, pois numa

instituição de ensino incluem um conjunto maior, como visto anteriormente. Mesmo

assim, ela permitiu definir os requisitos para os clientes, definir critérios de qualidade

e as responsabilidades em cada estágio do processo do projeto. Proporcionou

também uma forma de validação e de revisão com o início de ações de melhorias

contínuas da qualidade. Com relação às dificuldades para implantar as melhorias da

qualidade observa-se que os custos com a implantação da melhoria contínua são

menores do que os custos dos desperdícios e das perdas relativas à falta de

qualidade.

É importante observar, que mesmo com as dificuldades encontradas para

implantar programas direcionados para a qualidade em escolas, decorrentes das

diferenças existentes com o mundo do trabalho industrial e de organizações voltadas

para produtos e ou serviços, o esforço é compensado, pois o custo da não

qualidade, dos desperdícios que ocorrem podem ser maiores que o investimento na

que Stott fez o estudo, houve uma evolução a respeito da qualidade na educação,

principalmente no Brasil. Embora existam basicamente as mesmas diferenças, há

um ambiente mais favorável em decorrência da política de governo e de exigências

legais que obrigam as IES a se preocuparem cada vez mais com a qualidade, para

terem seus cursos reconhecidos.