• Nenhum resultado encontrado

2.5 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR – CARACTERÍSTICAS

2.5.1 Aspectos da administração escolar

Com relação à importância da educação, Lacerda (1977) cita, com muita

propriedade, uma frase de Marina Cintra:

[...] De todas as tarefas que exigem a atividade e a dedicação do homem, a mais digna, a mais nobre é, sem dúvida, a Educação, pois é através dela que se prepara, se alicerça, se eleva, se dignifica a Família, a Sociedade e a Pátria [...]. (MARINA CINTRA, apud LACERDA,1977).

Ele aborda pontos importantes relacionados com a administração escolar e as

atividades administrativas da escola. Mesmo sendo uma referência antiga sobre a

administração escolar, estando de certa maneira ultrapassada, muitos pontos ainda

estão atualizados, mesmo quase 30 anos depois.

Ao tratar da diferença entre a administração escolar e a administração de

empresas, Lacerda (1977, p. 2-11) destaca que existem princípios comuns a

qualquer administração, tais como:

- a previsão;

- a organização;

- o comando;

- a coordenação;

- o controle.

Porém, estes aspectos têm sido considerados de forma diferente, de um autor

para outro. Observa que Fayol, ao tratar de princípios que envolvem a

administração, enfatizou que deve haver a divisão do trabalho, a autoridade, a

disciplina, a união de comando, a união de direção, a subordinação dos interesses

particulares em prol do geral da organização, a remuneração e a centralização. Além

disso, a hierarquia, a ordem, a acuidade, a estabilidade, a iniciativa e a união de

organizacionais.

Ao enfocar diretamente a administração escolar, Lacerda (1977) orienta que

podem ser adotados, como princípios:

- o planejamento;

- a organização;

- a assistência;

- a execução;

- a avaliação dos resultados;

- o relatório.

Observa, ao discorrer sobre cada um, que o problema a ser resolvido é visto

no planejamento, a parte relacionada com a estruturação é vista na organização, os

comandos e as formas de tratamento são considerados na assistência à execução e

o acompanhamento e os resultados são considerados na avaliação de resultados. E,

ao final de cada período, elabora-se um relatório que analisa criticamente os fatos,

indicando o sucesso ou as falhas das previsões, do planejamento, e propondo

sugestões para sanear e ou melhorar o que foi planejado.

Na administração escolar do sistema educacional, ao final da década de 70,

os elementos que caracterizavam o sistema incluíam os órgãos docentes, de

cooperação, de administração, de articulação e de orientação.

Naquela época, quanto ao ensino superior (Lacerda, 1977, p. 86-87),

menciona que era raro o dia em que não aparecia uma novidade a respeito das

orientações sobre um ou mais aspectos, ao se referir às mudanças na legislação.

Percebe-se, então, que também existia a preocupação com as alterações freqüentes

da legislação, o que continua a acontecer nos dias atuais. Outro ponto, são as

e aperfeiçoamento, extensão e outros que não são muito diferentes das

modalidades hoje existentes.

Ao destacar as atividades necessárias à consecução dos objetivos de uma

organização educacional, Lacerda (1977, p. 93-95) observa que uma boa

organização se distingue quando cada grupo ou membro do grupo sabem o que

devem fazer, como fazer, quais as relações de autoridade, tudo sem quebra da

coordenação que deve existir entre as pessoas que trabalham para o mesmo fim.

Nesse ponto, a observação de Lacerda vem ao encontro com o que preconiza

Deming, especialista em qualidade, ao mencionar que em uma organização as

pessoas devem saber exatamente o que fazer para que possam desenvolver a sua

atividade, com qualidade.

O autor enfatiza que, na educação, muitas vezes, a improvisação não dá bons

resultados e menciona as questões relacionadas com material, instalações e

equipamentos, destacando o que é necessário para uma boa infra-estrutura, que é

uma das condições básicas de organização escolar para o bom funcionamento das

escolas. Ressalta, também, que é necessário um ambiente capaz de influir na

aquisição de bons hábitos pelos alunos. Enfatiza a localização, a conservação da

escola, os aspectos de construção no tocante às instalações, salas de aula,

iluminação e mobiliário que deve ser simples e funcional. Comenta, ainda, sobre as

salas especiais, enfim, sobre aspectos que ainda hoje são muito exigidos nas

avaliações para reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos.

Quanto aos serviços auxiliares na administração escolar são enfatizados

aqueles referentes a pessoal. Menciona que, ao se tratar da estrutura na

administração escolar e das questões relacionadas com os docentes, dados sobre a

de pessoal. Observa que o atendimento ao docente deve ser feito em ordem, em

ambiente de respeito e harmonia, mantendo a tranqüilidade nas questões

relacionadas ao tratamento e à seleção do mesmos.

Nesse ponto, se vê a atualidade das considerações, pois a qualidade no

atendimento ao docente é importante para a formação integral do aluno, consideran-

do que o docente é o responsável pela execução da principal tarefa da escola,

ensinar. Um clima favorável para o desempenho de suas atividades, leva o docente

a produzir com maior facilidade o bom ensino, a consciência e o bom aproveita-

mento do aprendizado dos alunos. Sem o clima adequado, de nada adiantam as

instalações perfeitas e a boa infra-estrutura.

A importância do trabalho do professor destaca-se na formação da sociedade

de onde saem nossos dirigentes pois alunos bem formados são uma garantia para o

futuro. Segundo Lacerda(1977), algumas das virtudes que os docentes devem

cultivar são a compreensão, a paciência, o zelo, a justiça, a delicadeza, a dosagem

adequada nas sanções e avaliações, a cultura geral, o domínio da matéria, o

preparo adequado das aulas, o gosto pelos alunos e a freqüência. Além disso, o

docente deve ter equilíbrio, estabilidade emocional e autocontrole. Um bom docente

consegue sempre bons resultados com qualquer turma.

Outro ponto apropriadamente observado é o valor da liberdade do professor

na sua disciplina. Essa liberdade corresponde a uma boa doutrinação científica e ao

uso dos métodos adequados à ordem de desenvolvimento do programa planejado.

Ao refletir sobre esses pontos destacados pelo citado autor, pode-se verificar

que, na escola atual a capacitação adequada do docente contribui para melhorar a

interação entre o professor e o aluno com conseqüente melhoria no aprendizado e

Lacerda (1977, p. 108-109), menciona sobre a remuneração dos docentes,

naquela época, destacando o que devia ser observado tanto no ensino de primeiro

grau, no ensino de segundo grau e no ensino superior: o pagamento é feito por aula;

o cálculo é feito considerando o mês com quatro e meia semanas, previsto na lei,

mais o descanso semanal remunerado. Sobre férias destaca as integrais em julho e

em dezembro, janeiro e fevereiro, bem como o décimo terceiro salário.

Na época, os contratos iniciavam no ano letivo, geralmente em 1º de março,

até o dia 28 ou 29 de fevereiro do ano seguinte. Hoje, nas IES, o ano letivo depende

do semestre em que começa.

Pode-se comentar, em relação ao exposto, que atualmente o período de

férias é mais reduzido em função da maior carga horária para atender ao número de

dias letivos.

O autor observa, ainda, que os trabalhos desenvolvidos na secretaria do

estabelecimento de ensino são um ponto vital, pois mantêm todos os documentos

importantes dos alunos, dos professores, dos auxiliares e da própria instituição. É ali

que está parte do registro da alma da IES, portanto, quando a secretaria vai mal,

pode-se dizer que a IES vai mal.

É importante essa observação porque, embora utilizando a linguagem da

época, o autor chama a atenção para a qualidade que é necessária nos processos

administrativos da escola, principalmente nas áreas administrativas em que há o

atendimento aos alunos.

A secretaria, na sua área de atuação, garante parte da qualidade necessária,

pois existe interação com a direção, com os docentes, com os orientadores, com os

coordenadores, com os alunos e com a família deles. A secretaria sempre deve

Com relação à qualidade no relacionamento, destaca-se o atendimento, o

senso de responsabilidade, a discrição, o respeito às leis e as ordens superiores.

A qualidade na organização do serviço, na distribuição das tarefas aos

auxiliares, o controle na entrada e na saída da documentação, a exatidão dos

documentos, o controle de arquivos ativos e inativos, os livros de professores

(diários de classe), atas de reunião, etc. são importantes para garantir um bom

atendimento e um bom relacionamento na IES.

Observa-se, também, que os trabalhos efetuados repetem-se periodicamente

a cada mês, a cada semestre e a cada ano letivo.

Com relação ao controle da documentação formal que trata da educação, ou

seja as Leis, os Decretos, as Resoluções, etc., é importante uma rápida divulgação e

o conhecimento da legislação educacional, o que contribui para que a escola possa

se estruturar melhor para atender aos requisitos legais.

Lacerda (1977, p. 119-120), destaca que na biblioteca existe uma função

pedagógica do cargo de bibliotecário, quem tem capacidade de apoiar e ajudar na

pesquisa, na organização de fichas de cadastro e títulos de obras, visando facilitar

as buscas e consultas. Também reforça o atendimento aos alunos, a divulgação das

novas obras adquiridas e as estatísticas do movimento na biblioteca que envolve as

obras mais consultadas, os assuntos mais procurados, etc. Enfim, a qualidade do

atendimento na biblioteca, enquanto procedimento, é importante para a boa

formação do aluno e para a qualidade na instituição educacional.

Uma das diferenças, entre a administração escolar e a administração de

empresas, é que na escola não existe setor de produção, compras, vendas,

distribuição, mercado, como nas empresas e indústrias, onde o lucro é o principal

Na escola, o objetivo é mais elevado, pois formar pessoas ressalta uma

utilidade para a comunidade e para a sociedade, pois direciona os formados para o

futuro e haverá egressos que podem vir a dirigir os destinos do país. A matéria-

prima considerada são as pessoas, com suas diferenças individuais.

Na área educacional, se houver erro, é mais difícil de corrigir. Não se pode,

por exemplo, julgar a produtividade pela quantidade de alunos considerados

aprovados. Destaca-se que a boa qualidade do ensino, aliada a uma boa avaliação

da aprendizagem, podem ser bons indicadores de qualidade.

É importante na administração escolar o atendimento aos clientes da escola,

assim como a infra-estrutura adequada, a qualidade, o controle e a exatidão

relacionada com documentos, atitudes profissionais dos docentes, dos atendentes

na biblioteca, nos laboratórios, nas salas especiais, nas áreas de pessoal e demais

áreas de atendimentos existentes nas modernas instituições de ensino. Percebe-se

que uma boa organização dos processos, aliada à aplicação de conceitos e

ferramentas de qualidade, embora com diferenças daqueles aplicados na indústria,

são importantes para garantir na escola uma boa qualidade do ensino.