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4 AS OUTRAS LEGISLAÇÕES PORTUÁRIAS

4.4 A LEI N 9.719/98

Em vigor desde o dia 27 de novembro de 1998, a Lei n. 9.719/98 é uma das poucas leis que integram o Direito Portuário. Instituída após a Lei de Modernização dos Portos a Lei 9.719/98 visa dispor sobre as normas e condições gerais de proteção ao trabalho portuário, atribuindo multas pela falta de observância de seus preceitos.

O art. 2º, I e II, da presente lei, aduz quanto às competências tanto do operador portuário quanto do OGMO em realizar pagamentos, férias, décimo terceiro salários, e outros direitos trabalhistas:

Art. 2º. (...)

I - cabe ao operador portuário recolher ao órgão gestor de mão-de-obra os valores devidos pelos serviços executados, referentes à remuneração por navio, acrescidos dos percentuais relativos a décimo terceiro salário, férias, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, encargos fiscais e previdenciários, no prazo de vinte e quatro horas da realização do serviço, para viabilizar o pagamento ao trabalhador portuário avulso;

II - cabe ao órgão gestor de mão-de-obra efetuar o pagamento da remuneração pelos serviços executados e das parcelas referentes a décimo terceiro salário e férias, diretamente ao trabalhador portuário avulso (BRASIL, 1998).

Os parágrafos deste artigo resultam em algumas obrigações que precisam ser cumpridas, tais como o pagamento pelos serviços executados após quarenta e oito horas após o término deste (vide §1º); e ainda, quanto à responsabilidade solidária que o operador portuário e o OGMO terão perante o pagamento de “encargos trabalhistas, das contribuições previdenciárias e demais obrigações, inclusive acessórias, devidas à Seguridade Social, arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, vedada a invocação do benefício de ordem“, tal como preceitua o §5º.

Outro dispositivo de que trata a presente lei é referente ao registro do trabalho, que, mesmo quando “for cedido ao operador portuário para trabalhar em caráter permanente”, bem como “constituir ou se associar à cooperativa formada para se estabelecer qual operador portuário” (conforme o art. 17 da Lei de Modernização dos Portos), manter-se-á pelo OGMO (art. 3º, I e II), sendo embora vedado ao OGMO ceder trabalhador portuário avulso devidamente cadastrado ao operador portuário, em caráter permanente (art. 3º, §2º).

Quando exigido pela fiscalização do Ministério do Trabalho e do INSS, caberá ao OGMO exibir as listas de escalação diária dos trabalhadores portuários avulsos, por operador portuário e por navio, conforme o disposto no art. 7º, mediante o parágrafo único do mesmo artigo:

Art. 7º. (...)

Parágrafo Único: Caberá exclusivamente ao órgão gestor de mão-de-obra a responsabilidade pela exatidão dos dados lançados nas listas diárias referidas no caput deste artigo, assegurando que não haja preterição do

trabalhador regularmente registrado e simultaneidade na escalação (BRASIL, 1998).

Relata-se que no descumprimento destas normas, aplicar-se-á a penalidade na modalidade de multa, conforme preceitua o art. 10, I e III, cujo valor será:

Art. 10. (...)

I - de R$ 173,00 (cento e setenta e três reais) a R$ 1.730,00 (um mil, setecentos e trinta reais), por infração ao caput do art. 7°;

III - de R$ 345,00 (trezentos e quarenta e cinco reais) a R$ 3.450,00 (três mil, quatrocentos e cinqüenta reais), por trabalhador em situação irregular, por infração ao parágrafo único do art. 7° e aos de mais artigos (BRASIL, 1998).

Defende o art. 8º que deva ser sempre observado o intervalo mínimo de onze horas consecutivas entre as duas jornadas, na escalação diária do trabalhador portuário avulso, exceto em situações excepcionais, constantes de acordo ou convenção coletiva de trabalho. Importante ressaltar aqui que este artigo é baseado no art. 66 da CLT, que menciona o mesmo período de onze horas para descanso, e o art. 7º, XXXIV, da CF, no qual define a igualdade de direitos dos trabalhadores com vínculos empregatícios permanentes e os trabalhadores avulsos.

Além disso, define o art. 9º que será de competência do OGMO, do operador portuário e do empregador, conforme o caso, cumprir e fazer cumprir as normas concernentes à saúde e segurança do trabalho portuário, sendo estas definidas pelo Ministério do Trabalho através de normas regulamentadoras, mais especificamente, através da Norma Regulamentadora 29, demonstrada anteriormente.

Importante advertir que, caso ocorra qualquer descumprimento do disposto acima, segundo o art. 10, II, resultará em multa:

Art. 10. (...)

II - de R$ 575,00 (quinhentos e setenta e cinco reais) a R$ 5.750,00 (cinco mil, setecentos e cinqüenta reais), por infração às normas de segurança do trabalho portuário, e de R$ 345,00 (trezentos e quarenta e cinco reais) a R$ 3.450,00 (três mil, quatrocentos e cinqüenta reais), por infração às normas de saúde do trabalho, nos termos do art. 9° (BRASIL ; 1998);

Defende também o Parágrafo Único do art. 10 que as multas descritas serão graduadas conforme a natureza da infração, sua extensão e a intenção de

quem a praticou, sendo aplicadas duplamente em situações de reincidência, oposição à fiscalização e desacato à autoridade, sem quaisquer prejuízo das penalidades previstas na legislação previdenciária.

Menciona-se o art. 11, que igualmente elucida multas a serem aplicadas, no qual aduz que o “descumprimento dos arts. 22, 25 e 28 da Lei no 8.630, de 1993, sujeitarão o infrator à multa prevista no inciso I, e o dos arts. 26 e 45 da mesma Lei à multa prevista no inciso III do artigo anterior, sem prejuízo das demais sanções cabíveis”. Destarte, estas são aplicáveis quando ocorrem infrações nos artigos descritos na Lei de Modernização dos Portos.

Finalmente, cabe observar o art. 14, no qual ressalva, a propósito da competência do Ministério do Trabalho e ao INSS para fiscalizar, a devida observância das disposições contidas na presente lei, devendo ainda as autoridades descritas no art. 3° da Lei de Modernização dos Por tos virem a colaborar com os Agentes da Inspeção do Trabalho e Fiscais do INSS em sua ação fiscalizadora, nas instalações portuárias ou a bordo de navios.