• Nenhum resultado encontrado

A liderança pelo diretor no desenvolvimento de pessoas e de equipe

A constituição da escola em uma organização de aprendizagem demanda efetiva e clara liderança do diretor escolar em estreita co-liderança com seus colaboradores. Consequentemente, o diretor escolar é líder educacional que mobiliza e orienta a todos os participantes da comunidade escolar na facilitação do desenvolvimento

de uma visão de conjunto sobre a educação, o papel da escola e de todos nela par- ticipantes; na articulação de esforços; no compartilhamento de responsabilidades conjuntas; na formação de uma cultura de aprendizagem; na integridade, na ética e na justiça expressas por equipes de trabalho continuamente acompanhadas, orientadas e estimuladas (Lück, 2008).

No exercício dessa liderança, o diretor leva em consideração, em conjunto, diversos aspectos da gestão de pessoas, a saber: motivação, formação de equipe e compar- tilhamento de responsabilidades, capacitação profissional, comunicação, relacio- namento interpessoal.

Motivação

Toda pessoa tem necessidade de alcançar sucesso e assumir responsabilidades como condição de elevação de sua auto-imagem e identidade social e profissional. Também tem necessidade de reconhecimento pelo esforço e trabalho diferenciado que realiza, assim como necessita ter perspectivas de aprendizagem e desenvolvimento. A este respeito, vale lembrar que em pesquisa com mais de 800 professores em diversos municípios5, a respeito de seus motivos para serem professores e manterem-se na

profissão, 75% deles afirmaram de forma espontânea, a partir de questão aberta, que permaneciam na profissão porque nela podiam ser úteis para os alunos e ao mesmo tempo podiam continuar aprendendo. Esse fator tem sido continuamente indicado como um valor motivacional importante para os professores continuarem na profis- são, apesar de identificarem nesse exercício dificuldades de diversas ordens.

Apesar de essas necessidades serem inerentes ao ser humano, o contrário da sua orientação pode ocorrer, em ambientes escolares em que não sejam reconheci- das, não sejam valorizadas e não estejam organizadas para atendê-las de forma a canalizá-las em proveito de todos e do bom desempenho educacional. É o que acontece em escolas burocratizadas, onde o cumprimento de formalidades é mais importante; em escolas desorganizadas, onde faltam parâmetros orientadores do desempenho, o reconhecimento deste e sua valorização; em escolas agitadas e ruidosas, onde não há a concentração necessária ao respeito interpessoal, cultivo de valores e comportamento focado na formação humana e social das pessoas; em escolas de gestão controladora, autoritária e centralizada, onde os professores não são estimulados a criar e a trocar experiências profissionais e estas não são valorizadas como condição de promover a melhoria dos processos educacionais. Nestas escolas é possível ver um corpo docente e funcional que realiza seu trabalho, porém sem espírito, vitalidade, entusiasmo e comprometimento pessoal e, o que é pior, sentindo-se lesado e diminuído, de que resulta o fortalecimento de interesses individuais e corporativistas, em detrimento dos educacionais e sociais, de que as pessoas são naturalmente capazes.

A motivação passa, portanto, pelo reconhecimento e adoção de estratégias capazes de criar na escola a pedagogia do sucesso, pela ação diferenciada de seus profissio- nais e a sua celebração: o compartilhamento das boas experiências; a organização compartilhada do esforço e orientação para melhores resultados; a tomada de decisão colegiada, de modo que todos se sintam, em conjunto e de forma associada, autores e autoridades em seu âmbito de responsabilidade.

Como líder da comunidade escolar, o diretor é responsável por orientar os participantes da comunidade escolar na realização de suas necessidades pessoais de desenvolvi- mento e a sentirem satisfação em seu trabalho e em participar de uma organização de aprendizagem dinâmica, viva, organizada, atuante e competente.

Observa-se que os níveis de motivação tendem a crescer na medida em que se des- taca o esforço de todos na construção de uma identidade positiva da escola, tanto entre os participantes da comunidade interna, como da comunidade externa. Criar as condições para que as pessoas sintam satisfação em sua participação na dinâmica da escola se assenta sobre a criação de condições de sucesso e que se constituem em elementos importantes da motivação extrínseca, ao mesmo tempo em que são fatores essenciais de um ambiente educativo. Isso porque, não são comuns as pessoas que demonstram elevada motivação intrínseca, isto é, o gosto por fazer alguma coisa, pelo prazer do seu resultado. Também porque, muitas vezes, chega-se à motivação intrínseca a partir da extrínseca e em associação a ela, como por exemplo, ter seu trabalho reconhecido e destacado por seus colegas e pelos gestores da escola.

A motivação extrínseca corresponde, pois, à orientação da pessoa para fazer alguma coisa mediante a estimulação externa à natureza da atividade realizada. Ela é um ponto de partida necessário para superar a falta de motivação intrínseca e um meio de se promovê-la gradualmente.

Compete, pois, ao diretor escolar, dentre outras ações para orientar e estimular a motivação da equipe escolar, promover:

i) uma boa organização do trabalho;

ii) concentração na aprendizagem e melhoria contínua;

iii) prevenção contra as condições de dispersão e desconcentração em relação aos objetivos educacionais;

iv) ambiente ordeiro e focado em objetivos; v) limpeza, segurança, tranqüilidade;

vi) relações interpessoais dinâmicas bi e multilaterais; vii) bom humor, entusiasmo, espírito de servir;

viii) participação e envolvimento, dentre outros aspectos.

Essas condições são desenvolvidas em conjunto, por toda a comunidade escolar, constituindo-se, por conseguinte, tanto em fator facilitador da participação nesse processo mobilizador e motivacional como em fator de promoção de ambiente educacional de alto potencial para garantir melhor formação dos alunos e suas aprendizagens. São, portanto, causa e conseqüência conquistáveis pela liderança

efetiva do diretor e sua co-liderança com a equipe de gestão escolar e membros dos colegiados escolares.