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2.2 Brasil: ame-o?

2.2.2 A Linha Dura de Costa e Silva

Assumiu a Presidência da República, no dia 15 de março de 1967, o general Arthur da Costa e Silva. Seu mandato seria de quatro anos, mas por motivos de saúde, que o levaram à morte, se afastaria no segundo semestre de 1969. Seu governo foi tenso. Logo nos primeiros meses de governo, enfrentou vários protestos distribuídos por todo o país. O autoritarismo e a repressão aumentaram na mesma proporção em que a oposição se radicalizava.

Durante seu governo ocorreu o chamado milagre econômico. Houve uma aceleração no crescimento e expansão econômica do Brasil. A inflação diminuiu consideravelmente e flutuou em torno de 15% ao ano. Com a fase favorável da economia internacional, o Brasil fez empréstimos, diversificou as exportações, criou estatais (aproximadamente 46). Criaram- se órgãos de ajuda ao indígena – FUNAI e de desenvolvimento educacional, o MOBRAL.

Costa e Silva apresentava, no início de seu governo, um discurso no qual demonstrava sua disposição de governar dentro da legalidade. Falava de humanização e democracia. No entanto, aosurgirem as primeiras manifestações da oposição, o Presidente fez exatamente o contrário do que pregava.

O ano de 1968 seria de grande turbulência para o governo. A juventude, em várias partes do mundo se mobilizava em protestos. Nos Estados Unidos, contra a Guerra do Vietnã. Na França, pela melhoria da educação e contra o governo de De Gaulle. Esses movimentos, com idéias libertárias, influenciaram nos acontecimentos brasileiros, porque significavam o oposto dos valores pregados pelo regime militar. Foi um período em que dezenas de manifestações acarretariam a morte de muitas pessoas, vários seqüestros e, mesmo, assassinatos políticos.

Durante aquele ano, ficou mais evidente o discurso militar que apoiava e estimulava a prática da tortura. Segundo este mesmo discurso, havia uma ameaça terrorista pairando sobre o país, que precisava ser extirpada. Para isso, utilizava-se uma equação simples: “havendo terroristas, os militares entram em cena, o pau canta, os presos falam, e o terrorismo acaba”. (GASPARI, 2002b, p. 17)

Havia, apenas, um pequeno detalhe, uma simples indagação, que derrubava tão “estruturado e lógico” argumento: havia, de fato, um surto terrorista no Brasil? Gaspari (2002b, p. 18) nos ajuda a elucidar a questão:

No caso brasileiro, faltou ao surto terrorista a dimensão que lhe foi atribuída. Só no segundo semestre de 1970 explodiram 140 bombas nos Estados Unidos, número superior, de longe, a todas as explosões ocorridas no Brasil. Em 1971, na Irlanda, detonaram-se mais de mil bombas, e as forças de segurança perderam 59 homens em combate. Em nenhum dos dois países a tortura foi transformada em política de Estado. Ademais, essa argumentação confunde método com resultado. Apresenta o desfecho (o fim do terrorismo) como justificativa do meio que o regime não explicitava (a tortura). Arma um silogismo: é preciso acabar com o terrorismo, a tortura acabou com o terrorismo, logo fez-se o que era preciso.

O fato é que, independentemente das argumentações contrárias, durante quase todo o regime militar, a prisão e tortura foram práticas comuns. A tortura seria constantemente utilizada nos interrogatórios, com tal freqüência, que chegaria a ser considerada, por alguns agentes do regime, como “método”:

De abuso cometido pelos interrogadores sobre o preso, a tortura no Brasil passou, com o Regime Militar, à condição de “método científico”, incluído em currículos de formação de militares. O ensino deste método de arrancar confissões e informações não era meramente teórico. Era prático, com pessoas realmente torturadas, servindo de cobaias neste macabro aprendizado. (BRASIL NUNCA MAIS, 1985, p. 32)

A cultura da tortura chegou a tal ponto que alguns modos e instrumentos de tortura se popularizaram nos DOI-CODIs, como o “pau-de-arara”, um aparato no qual o prisioneiro ficava pendurado pelos pés e mãos amarrados a um tubo de ferro; o choque elétrico; a “pimentinha”: uma espécie de máquina geradora de energia, que podia dar choques de até 10 amperes de intensidade; o “afogamento”, a “cadeira do dragão”: cadeira cujo assento de zinco conduzia e liberava descargas elétricas; a “geladeira”, entre outros.

Eis alguns relatos do que se passava nos subterrâneos do Regime. O primeiro, mais extenso, revela toda a trajetória de captura e tortura dos presos, os outros apenas as torturas nos porões dos Centros de Operação:

Chael Charles Schreier, estudante da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo, abandonara o curso em 1968 e tornara-se o Joaquim, da VAR-Palmares. Tinha 23 anos e participara de pelo menos um assalto a banco. Era um homem gordo e corpulento, com 120 quilos, vistoso demais para circular pelas ruas sabendo que a polícia o procurava. Vivia trancado.

Às nove horas da noite da sexta-feira, 21 de novembro de 1969, estava num aparelho da rua Aquidabã, 1053, no bairro do Lins de Vasconcelos, no Rio. Na casa de dois andares, sala e três quartos, fazia alguns meses morava o casal Mauro Cabral e Maria Carolina Montenegro (e Chael, que chegara no chão de um carro). Pagavam 400 cruzeiros de aluguel e fingiam viver a rotina dos casais jovens do bairro, mas alguma coisa neles chamava atenção. Alugaram a casa, oferecendo um depósito de três meses (preferência genérica das pessoas que não conseguem fiador e específica dos locatários de aparelhos, contraventores e dos caloteiros). Na época, a VAR tinha grandes planos; o maior deles era o seqüestro do ministro da Fazenda, Delfim Netto. No aparelho havia uma submetralhadora, uma espingarda, diversas pistolas e 3 mil cartuchos. A casa estava sendo observada. Àquela hora onze policiais do DOPS a rodeavam.

Mauro foi logo capturado, mas Chael e a jovem enfrentaram a polícia a bala e bombas feitas com canos de ferro recheados de pregos. Quando o aparelho estava tomado de gás lacrimogêneo, renderam-se e saíram da casa com os braços para cima. Mauro não teve tempo de abrir a tampa de caneta onde guardava uma cápsula de veneno. Chegaram ao DOPS com as roupas em frangalhos e algumas escoriações. Apanharam até o início da madrugada, quando os mandaram para a 1ª Companhia da PE, base operacional do CIE na Vila Militar. Com 23 anos, Mauro era Antonio Roberto Espinosa, o Bento, um dos seis comandantes nacionais da VAR, veterano dos primeiros assaltos. Maria Carolina era Maria Auxiliadora Lara Barcelos, a Francisca. Linda mulher, de olhos intensos, quintanista de Medicina, tinha 25 anos. No quartel foram entregues a dois capitães, um tenente, dois sargentos e um cabo. Era um combinado do CIE com a 2ª Seção da Companhia da PE. Os capitães João Luiz de Souza Fernandes e Celso Lauria eram do CIE. O tenente Ailton Joaquim e os sargentos Paulo Roberto Andrade e Atílio Rossoni serviam na 1ª Companhia da PE. Fazia pouco mais de um mês nela se realizara a aula de tortura para a “tigrada”. Dos seis, três tinham a Medalha do Pacificador. Ailton e o sargento Andrade haviam-na recebido oito dias antes, com palma, por serviços “à manutenção da ordem, da lei e das Instituições Democráticas brasileiras”.

Despiram-nos, e a primeira sessão de tortura foi coletiva. Chael foi obrigado a beijar o corpo de Maria Auxiliadora. Espinosa teve a cabeça empurrada entre os seus seios. Levaram os dois rapazes para outra sala. Francisca foi deitada no chão molhado, e assim aplicaram-lhe os primeiros choques elétricos. Tinha começado aquilo que anos depois ela relembraria como os “intermináveis dias de Sodoma”. Recebia golpes de palmatória nos seios, e uma pancada abriu-lhe um ferimento na cabeça. Espinosa tomou choques com fios ligados à corrente elétrica de uma tomada da parede, amarraram-lhe a genitália numa corda e fizeram-no correr pela sala. A pancadaria cessou no fim da madrugada, quando Chael parou de gritar. Lauria mandou que Auxiliadora vestisse sua roupa e acompanhou-a à enfermaria, onde lhe deram um ponto no ferimento da cabeça. O soldado que tomava conta de Espinosa disse-lhe: “Mataram seu amigo”. (GASPARI, 2002b, pp. 163-165) Interrogaram-no [Roberto Cieto] durante três horas, no máximo. Às 18h 40 ele morreu de pancada. O cadáver tinha o olho direito roxo, com um corte na pálpebra, e ferimentos na testa, no tórax, num braço e numa perna. Foi sepultado como suicida. De acordo com as versões oficiais, era o 17º do regime, o sétimo a se enforcar numa cela, o sexto a fazê-lo num quartel. Segundo o laudo da perícia, asfixiou-se sentado. (GASPARI, 2002b, p. 91) Os torturadores não respeitavam menores ou mulheres e utilizavam tanto métodos físicos quanto psicológicos de tortura:

Na tentativa de fazerem falar o motorista César Augusto Teles, de 29 anos, e sua esposa, presos em São Paulo em 28 de dezembro de 1972, os agentes do DOI-CODI buscaram em casa os filhos menores deles e os levaram àquela dependência policial-militar, onde viram seus pais marcados pelas sevícias sofridas:

(...) na tarde desse dia, por volta das 7 horas, foram trazidos seqüestrados, também para a OBAN5, meus dois filhos, Janaína de Almeida Teles, de 5 anos, e Edson Luiz de Almeida Teles, de 4 anos, quando fomos mostrados a eles com as vestes rasgadas, sujos, pálidos, cobertos de hematomas. (...) Sofremos ameaças por algumas horas de que nossos filhos seriam molestados. (...) (BRASIL NUNCA MAIS, 1985, p. 45)

A bancária Inês Etienne Romeu, 29 anos, denunciou:

(...) a qualquer hora do dia ou da noite sofria agressões físicas e morais. “Márcio” invadia minha cela para “examinar” meu ânus e verificar se “Camarão” havia praticado sodomia comigo. Este mesmo “Márcio” obrigou- me a segurar o seu pênis, enquanto se contorcia obscenamente. Durante este período fui estuprada duas vezes por “Camarão” e era obrigada a limpar a cozinha completamente nua, ouvindo gracejos e obscenidades, os mais grosseiros. (...) (BRASIL NUNCA MAIS, 1985, p. 47)

Também foram várias as autoridades eclesiásticas seqüestradas e torturadas:

Às duas da tarde de 17 de fevereiro o Capitão Maurício Lopes Lima foi buscar em sua cela frei Tito de Alencar Lima, um dos dominicanos ligados à ALN, e avisou-o: “Você vai conhecer a sucursal do inferno”. Frei Tito foi para a OBan. Apanhou por três dias. Numa das sessões, agentes da equipe do capitão Benoni Albernaz, enfeitados com vestes litúrgicas, mandaram que abrisse a boca para receber “a hóstia sagrada”. Era o fio ligado ao magneto. De volta à carceragem, frei Tito conseguiu uma gilete e meteu-a na veia do antebraço. Acordou no pronto-socorro do hospital das Clínicas. (GASPARI, 2002b, p. 278)

As torturas sempre eram precedidas de prisões que ocorriam, na maioria das vezes, à noite. Famílias consideradas subversivas ou que supostamente possuíam membros subversivos tinham suas casas invadidas e seus objetos pessoais recolhidos. Em grande parte dos casos, alguém era agredido e os detidos jogados em um carro que não apresentava nenhuma identificação.

5

A Operação Bandeirante (OBAN) foi criada pelo Major Waldyr Coelho e os seus “tigres” paulistas. Seu objetivo era estabelecer normas que centralizavam o sistema de segurança, assim todas as informações coletadas pelas delegacias e mesmo pelos DOPS deveriam ser enviadas à OBAN. Lá ocorriam muitas das sessões de tortura registradas durante o regime ditatorial. “Subordinada à 2ª Seção do estado-maior das grandes unidades, essa célula repressiva era uma anomalia na estrutura militar convencional. Na originalidade e na autonomia, assemelhava-se ao dispositivo montado pelo General Massu em Argel. Num desvio doutrinário, essa unidade de centralização das atividades repressivas operava sob a coordenação do Centro de Informações do Exército, órgão do gabinete do Ministro” (GASPARI, 2002b, pp. 60-61).

Em decorrência destes atos, prisões e torturas, cresceram as manifestações de rua nas principais cidades do país. A maioria delas seria organizada por estudantes. Durante este tenebroso ano de 68, em uma destas manifestações contra a baixa qualidade da alimentação servida no restaurante Calabouço, mantido pelo governo, morreu o estudante secundarista Edson Luís de Lima e Couto, no Rio de Janeiro. Este fato será, inclusive, o mote para a construção do romance A voz submersa, de Salim Miguel. Em resposta, o movimento estudantil, setores da Igreja e da sociedade civil, promoveram a Passeata dos Cem Mil, a maior mobilização do período, contra a ditadura militar.

Para agravar ainda mais o quadro, em abril de 1968, o chamado “Caso Para-Sar” viraria notícia em todos os meios de comunicação brasileiros:

[...] a equipe do Para-Sar (1a Esquadrilha Aeroterrestre de Salvamento) se reusou a executar plano atribuído ao brigadeiro João Paulo Penido Bournier, da linha dura radical, então chefe do gabinete do ministro da Aeronáutica, brigadeiro Márcio de Souza Mello, também considerado um expoente da extrema direita militar, para assassinar lideranças estudantis e políticas. Entre elas Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Carlos Lacerda e Dom Hélder Câmara. O plano incluiria ainda atos terroristas, como a explosão do gasômetro de São Cristóvão e a destruição da represa de Ribeirão das Lajes, deixando o Rio de Janeiro em pânico e na escuridão. Os comunistas seriam responsabilizados por todas essas ações. O comandante do Para-Sar, capitão da Aeronáutica Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho – o Sérgio Macaco – denunciou o plano, abortando-o. Em decorrência, respondeu a Inquérito Policial Militar a partir de agosto de 1968, sofreu ameaças de morte e teve os direitos políticos cassados. (COUTO, 1999, p. 90)

No início de setembro, na Câmara Federal, o jovem deputado do MDB, Márcio Moreira Alves realizava discurso contra a violência militar e a ditadura e convocava a população a não comparecer às festividades do dia 7. Os militares exigiram sua punição. Costa e Silva reuniu-se com seus pares, no Rio de Janeiro, para analisar a situação e tomar providências.

Na seqüência da crise, decidiu pelo fechamento do Congresso por tempo indeterminado e, após reunião a portas fechadas com Pedro Aleixo, vice-presidente, almirante Augusto Rademaker, Lyra Tavares, chanceler Magalhães Pinto, Gama e Silva, Antônio Delfim Netto, Ivo Arzua, Jarbas Passarinho, General Orlando Geisel, general Médici e

Rondon Pacheco, decretou o Ato Institucional No 5, em 13 de dezembro. Este, ao contrário dos outros atos, teria vigência indefinida. Caía a máscara democrática do regime militar.

O AI-5 seria o mais terrível de todos os atos. Com ele, o Presidente podia tudo: estipular medidas repressivas específicas, decretar o fechamento do Congresso, das Assembléias estaduais e Câmaras municipais, intervir nos Estados e Municípios, censurar a imprensa, suspender direitos e garantias dos magistrados, cancelar hábeas corpus, caçar mandados e direitos políticos, limitar garantias individuais, dispensar e aposentar servidores públicos.

Vejamos como Elio Gaspari (2002b, pp. 340-341) descreve o AI-5 e o momento de sua divulgação:

Horas mais tarde, Gama e Silva anunciou diante das câmeras de TV o texto do Ato Institucional No 5. Pela primeira vez desde 1937 e pela quinta vez na história do Brasil, o Congresso era fechado por tempo indeterminado. O ato era uma reedição dos conceitos trazidos para o léxico político de 1964. Restabeleciam-se as demissões sumárias, cassações de mandatos, suspensões de direitos políticos. Além disso, suspendiam-se as franquias constitucionais da liberdade de expressão e de reunião. Um artigo permitia que se proibisse ao cidadão o exercício de sua profissão. Outro patrocinava o confisco de bens. Pedro Aleixo queixara-se de que “pouco restava” da Constituição, pois o AI-5 de Gama e Silva ultrapassava de muito a essência ditatorial do AI-1: o que restasse, caso incomodasse, podia ser mudado pelo presidente da República, como ele bem entendesse. Quando o locutor da Agência Nacional terminou de ler o artigo 12 do Ato e se desfez a rede nacional de rádio e televisão, os ministros abraçaram-se.

A pior das marcas ditatoriais do Ato, aquela que haveria de ferir toda uma geração de brasileiros, encontrava-se no seu artigo 10: “Fica suspensa a garantia de habeas corpus nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional”. Estava atendida a reivindicação da máquina repressiva. O habeas

corpus é um inocente princípio do direito, pelo qual desde o alvorecer do

segundo milênio se reconhecia ao indivíduo a capacidade de livrar-se da coação ilegal do Estado. Toda vez que a Justiça concedia o habeas corpus a um suspeito, isso significava apenas que ele era vítima de perseguição inepta, mas desde os primeiros dias de 1964 esse intuito foi visto como um túnel por onde escapavam os inimigos do regime. Três meses depois da edição do AI-5, estabeleceu-se que os encarregados de inquéritos políticos podiam prender quaisquer cidadãos por sessenta dias, dez dos quais em regime de incomunicabilidade. Em termos práticos, esses prazos destinavam-se a favorecer o trabalho dos torturadores. Os dez dias de incomunicabilidade vinham a ser o dobro do tempo que a Coroa Portuguesa permitia pelo alvará de 1705. Estava montado o cenário para os crimes da ditadura.

Em fevereiro de 1969, o Presidente editou o AI-6, que reduzia de 16 para 11 o número de juízes do Supremo Tribunal Federal. No dia 26, saíram o AI-7, que proibia as eleições em 1969, e o Decreto-Lei No 477, que definia infrações disciplinares praticadas por professores, alunos e funcionários de estabelecimentos de ensino público e privado.

No Estado de São Paulo, seria criada a Operação Bandeirantes, em 1o de junho. Esta se tornaria uma das mais brutais armas de repressão e violência. Seria ela a responsável pela criação do primeiro CODI, em 1970. Depois surgiram DOI-CODI no Rio de Janeiro, Minas, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Ceará.

Em maio, Costa e Silva deu mostras de querer retomar o caminho constitucional. No entanto, um acidente cardiovascular o afastaria da presidência, em agosto de 1969. Em seu lugar, assumiu uma Junta Militar, impedindo, assim, a posse do Vice-Presidente Pedro Aleixo, político liberal, de Minas Gerais. A Junta Militar era composta por Lyra Tavares, ministro do Exército, Augusto Rademaker, da Marinha e Márcio da Silva e Mello, da Aeronáutica. Durante sua atuação, o regime militar endureceu ainda mais.

Como Costa e Silva dava mostras de não recuperação, os militares decidiram promover uma votação direta na cúpula das Forças Armadas e eleger, dessa forma, o novo Presidente da República. Em 7 de outubro, essa mesma cúpula anunciava o nome do general- de-exército Emílio Garrastazu Médici, como novo Presidente do Brasil, empossado em 30 de outubro do mesmo ano.