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CAPÍTULO IV METODOLOGIA DA PESQUISA

4.4 A observação participante

Dentre as estratégias de coleta de dados buscamos fazer a observação participante, que é “uma estratégia de campo que combina simultaneamente a análise documental, a entrevista de respondentes e informantes, a participação e a observação direta e a

instrospecção” (DENZIN, 197834 apud LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 28). Com esta buscou- se uma melhor retratação da realidade em estudo.

A nossa observação se deu no turno da manhã nas classes dos professores sujeitos da pesquisa, nos seus horários de aulas das turmas escolhidas, sem choques de horários. No período já citado anteriormente, participamos de todas as aulas dessas turmas perfazendo um total de 11 horas semanais, sendo que 3 horas na turma T1 e 4 horas nas turmas T2 eT3.

Ficou claro, depois de dois meses do primeiro contato, que muito dos alunos, ainda não estavam entendendo a nossa presença em sala de aula. Isto fez com que nós retomássemos para a turma toda os objetivos da pesquisa. Concluímos que, para uma boa inserção em sala de aula, o pesquisador deve distribuir um informe esclarecendo bem os objetivos da pesquisa em que ele está empenhado; isto pode levar a uma maior participação dos sujeitos com relação à mesma.

Além de observar o cotidiano da sala de aula, também observamos os momentos pedagógicos da escola, como discussões a respeito da implantação de uma novo diário de classe (vide anexo p. 153), sugerido pela Gerência de Ensino Médio da Sec. Estadual de Educação, e intervalos para o recreio, na sala dos professores. No papel de “observador como participante” que é “um papel em que a identidade do pesquisador e os objetivos do estudo são revelados ao grupo pesquisado desde o início” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 29), procuramos conhecer, no contexto da avaliação, a relação professor-aluno, impressões e manifestações dos alunos e professores quando falavam sobre assunto e/ou vivenciavam a prática avaliativa.

Esse trabalho foi de grande relevância para a nossa pesquisa, pois não só constatou o que outras pesquisas já haviam revelado no contexto geral da avaliação como forneceu informações para analisarmos especificamente o contexto da avaliação em Matemática, no ensino médio.

Além disso, esse estudo de caso se caracterizou por mostrar uma resistência às imposições determinadas pelo sistema, de cima para baixo, como foi o caso da implantação de uma nova caderneta de frequências e notas que implicava toda uma mudança de abordagens no que diz respeito à condução das práticas pedagógicas dos professores, inclusive em relação à forma de avaliar, o que revela que, no interior da escola, há sim uma

luta de resistência às imposições do sistema de ensino. Portanto, falta apenas haver uma perseverança para que essa luta seja vitoriosa em favor dos alunos que buscam a escola para se promoverem enquanto cidadãos.

Para nós, esse momento na escola se caracterizou como um inesperado (CARAÇA, 2002), pois passou-se a se pensar numa outra forma de avaliar os alunos a partir da nova caderneta de frequências e notas. Ao invés de avaliar os aspectos qualitativos e quantitativos como descritos pelos professores dessa pesquisa (veja análise dos dados, no próximo capítulo, p. 100, 111 e 123, falas dos professores), passar-se-ia a avaliar as competências e habilidades como sugerem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Isto nos traria outra forma de ver a escola e a prática avaliativa de seus professores, bem como a receptividade de seus alunos à esta nova maneira de fazer a avaliação na escola. Nos dados coletados nessa pesquisa, o leitor evidenciará que a avaliação que se faz nessa escola, no momento da pesquisa, ainda é dos aspectos qualitativos e quantitativos dos alunos referenciados por ela.

As categorias para análise dos dados surgiram de três movimentos: aquele próprio da revisão teórica sobre o tema; outros configurados com a elaboração das entrevistas e questionários; e um terceiro, fruto da observação participante.

Deste modo, tivemos as categorias gerais recorrentes para os três professores sujeitos (o que é avaliação; o que se observa quando avalia; quanto aos critérios; quanto

aos instrumentos; quanto à medida; quanto à tomada de decisão; e quanto ao vínculo da avaliação com a sociedade; a avaliação no processo ensino aprendizagem) e seus alunos

(como entendem a avaliação praticada pelo seu professor de Matemática; para que serve

a avaliação da aprendizagem de Matemática; e como a avaliação ajuda a aprendizagem de Matemática).

Considerando ainda a particularidade de cada professor e seus alunos, tivemos variações de análise segundo determinados movimentos singulares relativos a cada professor ou mesmo da escola como: um episódio com os alunos na sala de aula (prof. Pedro); meu diálogo com o Dédalo (prof. Tiago); aula de probabilidade e realização de

uma prova (profa. Abigail). Acrescenta-se a estes movimentos singulares a reunião na sala de professores sobre a nova cardeneta com a participação de todo o corpo pedagógico

A partir da análise dos dados, buscamos correlacionar a teoria com os dados obtidos na pesquisa de campo, dispostos na coluna direita das páginas que seguem, segundo as categorias em destaque, tentando encontrar na prática avaliativa dos professores sujeitos da pesquisa algum movimento na direção da avaliação formativa. Ressaltamos o movimento dialético entre as falas dos professores e de seus alunos, entre o que o professor fala o e o que ele pratica, bem como entre as intenções e os resultados/contradições da avaliação praticada na escola.