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A ONG desenvolve ainda o projeto De

Comunicação e Cultura

1.3. A ONG desenvolve ainda o projeto De

Igual para Igual, que busca estimular o sexo

seguro e a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, além de uma mudança nas relações de gênero e a diminuição nos índices de gravidez na adolescência. Trata-se de um esforço de criação de um espaço editorial para temas relacionados à sexualidade, já que se constatou que a problemática da saúde reprodutiva era recorrente nos jornais escolares.

A presença de jovens de escolas diversas na sede da ONG, seja para participar de oficinas, levar os arquivos ou buscar os jornais impressos, gera possibilidades de troca e intercâmbio de experiências que são muito valorizadas pelos jovens.

A participação da Comunicação e Cultura em instituições e redes como a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (ABONG) e o Fórum Cearense pelos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA) evidenciam uma visão da importância da articulação e participação em questões sociais amplas.

GESTÃO

Embora a participação e a autonomia sejam conceitos-chave para todos os projetos e ações desenvolvidos junto aos adolescentes e à escola, a gestão da Comunicação e Cultura é centralizada e as principais decisões são tomadas em reuniões semanais entre presidente, coordenadores dos projetos e responsáveis pela área financeira. Nestas reuniões, a problemática levantada pelos assessores

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a partir do contato direto com os adolescentes, são levadas à presidência e à direção da ONG pelos coordenadores. Estes, por sua vez, realizam reuniões semanais com suas equipes.

A equipe do Clube do Jornal é formada por coordenadora, ouvidora, seis assessores e alguns bolsistas (em geral, sócios dos clubes). Já o Primeiras Letras conta apenas com uma coordenadora e uma assistente.

Essa gestão mais centralizada se comparada a grande parte das instituições da Sociedade Civil Organizada torna possível a atuação em um universo numeroso e o estabelecimento de uma relação orgânica com a rede pública de ensino. Todos os membros da equipe têm clareza sobre os objetivos e decisões e podem, assim, atuar com maior autonomia no dia-a-dia dos clubes e das escolas. Essa forma de organizar o trabalho também parece otimizar a relação com o tempo, fator importante quando se trabalha com um grande número de adolescentes e escolas.

SUSTENTABILIDADE

A Comunicação e Cultura conta com uma diversidade de financiadores (empresas grandes e pequenas, fundações, Secretaria da Educação etc.), o que contribui para a conquista de uma certa estabilidade institucional, se comparada à gestão financeira de grande parte das ONGs.

Quando não está imprimindo jornais dos clubes, a gráfica da organização é aberta à prestação de serviços externos cuja renda é revertida para os projetos.

Para atuar de maneira integrada à rede pública de ensino, a Comunicação e Cultura se preocupa em garantir custos reduzidos. A qualificação dos produtos e processos ocorre, assim, não só nas oficinas (atendimento direto), mas pela prática das trocas em rede. A equipe da ONG procura evitar a postura de tentar substituir os profissionais da rede e adolescentes na realização das atividades, procurando garantir sua autonomia e apoiando sua qualificação ao longo do tempo.

Os projetos exigem uma infra-estrutura simplificada, que pode ser encontrada em qualquer escola pública. O acesso ao computador é o único pré-requisito para que os adolescentes possam digitar suas matérias e fazer a diagramação do jornal, que será, mais tarde, impresso na gráfica da organização e distribuído na escola e comunidade.

“... a internet seria um meio maravilhoso porque todas as pessoas podem ter o seu site, podem criar uma página, podem divulgar o que elas acham que é interessante, criar uma notícia. Por outro lado a gente vê que tem toda a deficiência, tem locais que, mesmo quando tem internet os meninos não têm acesso. Será que vale a pena realmente trabalhar a internet se tem dois computadores por escola pública de dois mil alunos?” (Márcia, assessora do Clube do Jornal Escolar)

Os Clubes arcam com uma pequena parcela do custo dos jornais escolares: enquanto a impressão de mil exemplares de um jornal de 4 páginas custa mais de R$ 200 à Comunicação e Cultura, cada clube paga apenas R$ 21. Para obter este valor, os jovens são estimulados e capacitados a captar recursos, oferecendo em troca espaço publicitário em seu jornal. Foi criado ainda um material de apresentação do projeto – uma pasta – com o objetivo de fazer com que os membros dos clubes sintam maior segurança nos primeiros contatos com possíveis patrocinadores.

No projeto Primeiras Letras foi construída uma tabela de custo vs tiragem do jornal, facilitando o planejamento financeiro e estimulando a escola a refletir sobre o número de cópias efetivamente necessárias. Cada escola arca com uma contribuição simbólica para as despesas de impressão, como mostra a Tabela abaixo. A impressão de 100 exemplares custa, para a escola, R$ 11 e a impressão de 1.000 exemplares, R$ 28:

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Secretaria de Educação Básica do Ceará (Seduc) e as 15 Secretarias Municipais de Educação conveniadas financiam a capacitação dos professores de suas redes.

PARCERIA COM A ESCOLA

Podemos dizer que projetos como o Clube do

Jornal Escolar e o Primeiras Letras buscam

uma renovação da escola a partir da liberdade de expressão, do resgate da função social da escrita e da mobilização social para a mudança.

A figura do assessor – em geral um universitário que faz estágio de meio período no projeto – é fundamental para o funcionamento do Clube do

Jornal. O assessor apóia os clubes nas diferentes etapas

de produção do jornal. Respeitando a autonomia dos jovens, o assessor não dá sugestões ou indicações: procura apenas orientar os membros dos clubes sobre os caminhos possíveis. É muito comum que os alunos encontrem barreiras na escola, especialmente ao uso da sala de informática, dificultando os processos de produção do jornal, momentos em que contam com

o apoio dos assessores. A figura do assessor tem um impacto significativo nos resultados do projeto. No interior do Estado, por exemplo, acredita-se que um dos fatores que explicam resultados tão positivos em relação a Fortaleza é o fato de que o número de escolas por assessor é menor do que na capital.

O diálogo franco e aberto dos jovens com os assessores durante as discussões sobre o jornal faz emergir questões, muitas vezes delicadas, vivenciadas pelos jovens. Os educadores do projeto acreditam que é também papel da escola estabelecer trocas sobre temas significativos e preocupações dos jovens, mas acreditam que grande parte dos professores não está preparada para este tipo de relação. Com a experiência nos debates e nas discussões sobre os jornais, os jovens se desinibem e passam a “puxar” discussões na sala de aula sobre temas que consideram relevantes. Muitas vezes, por não fazerem parte do planejamento curricular, estas discussões são desestimuladas pelo professor. Nota- se a importância da inserção, nos programas de formação de professores, de dinâmicas que vão além das questões de conteúdo, capacitando professores para lidar com o jovem, reconhecê-lo como sujeito e estabelecer com ele canais de diálogo.

Se grande parte do corpo docente enxerga a mídia como concorrente do professor e das aulas, estes projetos procuram estimular um debate crítico sobre temas em pauta na mídia de massa. Um dos desafios que os educadores do projeto vêm encontrando é o impacto de programas jornalísticos de TV que exploram a violência de maneira sensacionalista. Para a escola, cujo currículo é organizado e encarado como um conjunto de aulas e onde cada disciplina tem conteúdos a serem “vencidos” pelo professor, é preciso refletir sobre como trazer os temas da mídia para dentro da escola de forma estruturada, tarefa importante para a formação de receptores críticos (ler “Introdução”).

De forma geral, os professores encaram erros no jornal como responsabilidade da ONG, e não da escola. Ao invés de questionar os processos de Tabela Participação nas

Despesas de Impressão

Tiragem Papel Branco – 4 páginas 200 12 300 13 400 14 500 15 600 18 700 20 800 23 900 25 1.000 28

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ensino-aprendizagem implementados na escola, muitos professores se omitem em colaborar com os alunos na construção do jornal e se limitam a criticar os alunos pelos erros quando o jornal chega à escola. Sobre os conflitos entre alunos e corpo docente intensificados com a presença dos jornais, há casos dramáticos em que a diretora queimou os jornais, tentou subornar alunos para pararem de fazer os jornais e ainda de professores que usaram os jornais para apagar a lousa.

Estas últimas constatações sobre a postura autoritária de alguns professores e diretores levam-nos a pensar que projetos como o Clube

do Jornal Escolar, que transformam as relações

de poder dentro do sistema de ensino, não podem prescindir da existência de uma organização ou de articuladores externos à rede pública. Já o projeto

Primeiras Letras parece funcionar bem dentro da

dinâmica da rede, sem grandes conflitos éticos e, portanto, sem a necessidade de uma ouvidoria e de assessores externos à rede.

PEDAGOGIA / METODOLOGIA

A ação da Comunicação e Cultura não ocorre diretamente sobre o produto de comunicação, mas sobre os processos, as discussões, o incentivo a uma postura investigativa de professores (Primeiras Letras) e adolescentes (Clube do Jornal). Em lugar de resultados rápidos e imediatos relativos à qualidade dos jornais, o que se busca é um desenvolvimento ao longo do tempo, para o qual a autonomia dos sujeitos tem que ser respeitada. Os assessores do Clube do Jornal não corrigem erros ortográficos e gramaticais dos alunos-editores. O objetivo é que os jornais possam ser utilizados como recursos pedagógicos pelos professores e que, ao longo do tempo, o número de erros diminua. Para os assessores, o “erro a ser corrigido” diz respeito apenas às questões éticas e deve ser abordado no contato com a ouvidoria do projeto.

No Clube do Jornal Escolar não há reforço escolar ou formação específica para temas do currículo formal.

Por vezes, as aprendizagens curriculares entram em pauta nas conversas entre jovens e assessores, mas de maneira espontânea, quando os jovens trazem questionamentos. O projeto desenvolve atividades de capacitação e de assessoria aos adolescentes editores dos jornais. A capacitação abrange dois cursos, compostos de 12 oficinas cada, que ocorrem com freqüência de duas vezes por semana.

1) O “Curso Introdutório ao Jornalismo” procura sensibilizar os jovens para a importância do protagonismo, da liberdade de imprensa e do papel do jornal na sociedade.

2) O “Curso de Redação Jornalística” aborda as diferentes etapas de produção de textos de caráter jornalístico.

O projeto oferece ainda oficinas de diagramação, de captação de recursos e de realização de entrevistas.

A origem dos cursos foi motivada pela percepção de defasagem dos jovens em produção de texto, expressão oral e também em conhecimentos políticos e de conjuntura social. Diferentemente do que (em geral) ocorre na escola, os temas são abordados de maneira contextualizada. Os textos produzidos pelos próprios adolescentes são lidos para o grupo que, em conjunto, analisa e corrige aspectos de concordância verbal, conectivos etc. Alguns exemplos de temas abordados nestes cursos foram a Guerra no Iraque e o escândalo do desvio do dinheiro das merendas escolares por um deputado cearense. A discussão de temas como este último ajuda a ampliar a compreensão dos jovens sobre a complexidade dos problemas da educação. Os jovens passam a entender que a escola pública está inserida em um contexto amplo e que nem todos os problemas da escola são de responsabilidade apenas do diretor e dos professores. E o jornal torna-se um veículo para debater essas questões.

As oficinas de redação jornalística ocuparam o lugar de um curso de Língua Portuguesa que ocorria

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nos mesmo moldes das disciplinas escolares. Os educadores da ONG perceberam que, ao replicar a metodologia da escola, repetia-se o desinteresse dos jovens. O interesse aumentou quando se propôs usar os textos dos adolescentes como ponto de partida para as aprendizagens em Língua Portuguesa. Vale mencionar que a inscrição no curso não é obrigatória para os participantes dos clubes.

Por serem universitários, os assessores já trazem referências culturais importantes para o trabalho e, por serem jovens, mostram certa abertura para as dinâmicas participativas e a mobilização social. A capacitação para o projeto ocorre de maneira coletiva. A assessor recém-chegado passa por um período em que apenas acompanha o trabalho de outros assessores e as discussões da equipe. Só após algum tempo, assume um grupo de escolas. Nesse período, realiza leituras sobre o projeto, seus conceitos e princípios teóricos e sua metodologia.

O projeto Primeiras Letras conta com uma formação inicial de 16 horas1 para os professores das

escolas. Em cada escola são capacitados um professor e um coordenador pedagógico. Após esta etapa, há encontros de qualificação e trocas de experiência.

A ONG vem estudando junto com a Seduc possibilidades de estimular o uso do jornal como uma forma alternativa de avaliação escolar. A idéia, que partiu do Unicef-Ceará, é que a Seduc analise, no conteúdo dos jornais, a qualidade dos processos de ensino-aprendizagem na escola em relação às linguagens e códigos e aos aspectos de compreensão das questões sociais

Os processos de ensino-aprendizagem que a produção de um jornal propicia se diferenciam do ensino tradicional, que tem na nota seu principal mecanismo de reconhecimento. A abordagem de temas ligados ao contexto dos jovens e a consciência de que existem receptores da comunicação trazem a tona a função “social” do jornal e estimulam o abandono de uma escrita burocrática.

O jornal escolar aproxima o jovem do cotidiano da comunidade. Por exemplo, enquanto no Ceará o

currículo formal aborda as quatro estações do ano, os clubes tratam, no jornal, da problemática das chuvas, observando que o Estado possui apenas duas estações claramente perceptíveis durante o ano. Os questionamentos sempre partem da vida dos sujeitos para se ampliar para o bairro, a cidade, o país e o mundo.

A autoria é outro aspecto relevante na produção dos jornais. As educadoras do Primeiras Letras relatam um episódio em que uma aluna, ao notar que sua redação aparecia em outros exemplares do jornal, saiu correndo surpresa para conferir se todos os exemplares continham seu texto:

“... uma aluna, ela pegou o jornal e olhou assim: “ah! A matéria tá aqui! Tá no teu também! Tá no teu também! Então ela saiu na sala correndo. Na cabeça dela ela pensava que o jornal dela tinha só as matérias dela, o jornal do outro tinha as matérias do outro...que nem o caderno dela. Quando ela viu que todos os jornais tinham um texto dela, aí ela viu a disseminação, a multiplicação...” (Karina, Coordenadora do projeto Primeiras Letras)

O desafio atual da ONG é desenvolver uma produção de textos com enfoque jornalístico, o que envolve o conhecimento dos diferentes gêneros jornalísticos.

PARTICIPAÇÃO

A Redije (Rede de Integração de Jornais Estudantis) foi criada como forma de institucionalizar o conjunto dos Clubes de Jornais Escolares. Nasceu da necessidade de promover a autonomia dos adolescentes e criar uma identidade entre os clubes. Seu objetivo é dar apoio e promover trocas entre os diferentes clubes em todo o estado do Ceará. Trata-se de uma instituição formal, com seu próprio estatuto, seu código de ética, o que procura garantir sua existência de maneira independente da Comunicação e Cultura. Edita a publicação

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“Redige Informa” e realiza plantão de dúvidas e de apoio para a produção dos jornais, um processo em que os próprios jovens se organizam para qualificar o trabalho dos Clubes.

“Foi muito bom para fortalecer essa identidade dos Clubes, porque agora eles podem dizer: ‘olha, eu sou do clube Expressão, que faz parte da Redije, a Rede de Jornais Estudantis aqui do Ceará’. Então tem uma referência maior. E também porque a gente sabe que a bandeira principal da Redije é a liberdade de expressão. Então isso é muito bom porque quando acontece uma injustiça com um dos clubes filiados, (...) um jornal que está sendo censurado, um jornal que a diretora não quer aceitar na escola, que a gente sabe que essas coisas acontecem, a Redije também entra aí. Aquela história da liberdade de expressão: todo mundo tem direito a isso. Então a gente luta

para garantir essa liberdade dos Clubes.” (Aline,

coordenadora estadual da Redije)

Com um ano de funcionamento, a Redige ainda conta com o apoio financeiro do Comunicação e Cultura para seus custos fixos (sala, luz, telefone etc.) mas já vem conseguindo patrocínio para garantir a presença dos jovens em eventos organizados pela Rede. Sua forma de financiamento é, efetivamente, uma fonte de preocupação pois, se até mesmo ONGs com atuação consolidada na área social encontram dificuldades de financiamento (ler “Introdução”), desafio ainda maior encontram redes descentralizadas nas quais os próprios jovens se encarregam de captar recursos. Pela importância de associações como esta para a organização e mobilização juvenis, o tema do financiamento de redes formadas por jovens deve ser tratado com atenção pelos formuladores de políticas de juventude.

O jornal vai além dos espaços da escola, prestando um serviço à comunidade. Um entre muitos exemplos desse fato foi a denúncia de que o posto de saúde de um bairro pobre, localizado

dentro da escola, seria fechado e transferido para uma área “nobre” da cidade. Inicialmente a escola ficou apreensiva com a cobertura feita pelo jornal, com medo de que a comunidade a responsabilizasse pela mudança. Mas a repercussão da notícia fez com que moradores do bairro fossem até a escola para buscar informações, aumentando o diálogo entre escola e comunidade. A direção, por sua vez, passou a enxergar a função social do jornal e seu potencial de criação de canais de diálogo.

O jornal estimula a participação dos alunos em esferas da escola que seriam exclusivas de atuação do grêmio, pois expõe os desafios encontrados na estrutura escolar: acesso à sala de informática e à biblioteca, uso de máquinas e outros espaços na escola, canais de diálogo com os Centros Regionais de Desenvolvimento do Ensino (Credes) e a Seduc. Os projetos, particularmente o Clube do Jornal, procuram assim, mudar as relações de poder na escola, estabelecendo relações menos assimétricas:

“O diretor só pega no jornal quando o jornal chega na escola” (Sócio de Clube)

“O adolescente tem que ser uma pessoa tão importante quanto o professor dentro da escola.” (Daniel Raviolo, Presidente da Comunicação e Cultura)

Com o jornal, alguns alunos passam a participar da vida política de suas cidades. Alguns começaram a assistir as sessões da Câmara de Vereadores para escrever matérias para os jornais escolares. Um grupo de editores, que começou as atividades políticas em jornal escolar no interior do Ceará, quer colocar um jovem de seu grupo na Câmara de Vereadores, para que ele possa representar seus direitos e demandas. Muitos familiares de jovens editores mostram- se inicialmente contrários ao ingresso do filho no projeto, considerando que seria mais útil a procura de um emprego. Com o passar do tempo, ao perceber que filho produz um jornal que o próprio pai se interessa por ler, a postura da família se modifica

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e os pais passam a se orgulhar do envolvimento do adolescente no clube do jornal. O projeto desenvolve uma educação voltada para valores, autonomia e senso de responsabilidade, o que é valorizado pelos familiares, inseguros com a percepção de impotência da família na educação dos filhos. A mudança de postura do jovem acaba, por vezes, influenciando até mesmo uma mudança positiva na qualidade das relações familiares.

Fazer parte de um grupo é uma dimensão importante das ações da ONG. No projeto De Igual

para Igual, no qual são tratados temas delicados e

que muitas vezes são tabus no ambiente familiar, as próprias famílias passam a reconhecer a importância da comunicação “de jovem para jovem”:

“O adolescente se abre mais com outro adolescentes do que com os pais, porque os pais cobram muito dos filhos.” ( Juracir Figueiredo, mão de adolescente que participa do projeto)

O Clube do Jornal reflete a diversidade de interesses e graus de participação existente em grande parte dos grupos e movimentos juvenis. Entre os sócios há desde aqueles extremamente envolvidos, que planejam e cobram os demais pelas tarefas