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HISTÓRIA

“São seis horas na Casa Grande FM.” Que importa o que ocorre no resto do mundo? Importa muito. Mas, para os setenta meninos que participam dos projetos da Fundação Casa Grande, a estética da chamada aldeia global não se sobrepõe à cultura do Cariri. Ao contrário, as vozes que chegam a Nova Olinda pela televisão, rádio, revistas, jornais e pelos cerca de três mil turistas que passam por lá a cada mês, ajudam a ampliar o cardápio de estilos e o repertório de referências culturais e artísticas das crianças e adolescentes.

Das cinco horas da manhã às dez da noite, Nova Olinda e arredores podem ouvir programas de rádio feitos pelos adolescentes como o “Submarino Amarelo” (programa educativo), o “Escala de Sol” (Blues), o “Tribo Cidadã”, sobre educação ambiental, drogas e trabalho, o “Naquele Tempo” (a era do rádio), além dos programas de jornalismo, forró, MPB, rock e até música erudita. Nos primeiros anos do projeto a rádio funcionava apenas nos finais de semana, com três auto-falantes localizados em cima da casa. Depois passou a ser rádio por ondas, transmitida também durante a semana para Nova Olinda e cinco municípios vizinhos. “A rádio que educa” presta serviços à comunidade. Os moradores da zona rural nem sempre podem ir até a cidade na hora do

Terço da Igreja, mas ouvem a cerimônia pelo rádio sintonizando a Casa Grande FM.

Conhecer a Fundação Casa Grande nos faz indagar o que explica que um grupo de jovens do sertão do Cariri consiga equacionar de forma tão criativa questões complexas e centrais no mundo contemporâneo, como o poder da mídia de massa de ditar comportamentos e estéticas, a dificuldade das culturas locais de sobreviver a uma cultura global hegemônica e a impotência da escola frente a esses fenômenos.

A chapada do Araripe era um oásis no meio do Sertão, um grande entroncamento humano onde povos e mais povos passaram por aqui e brigaram por este oásis. Por isso a região do Cariri

é um celeiro cultural no Ceará. (Alemberg Quindins,

Presidente da Fundação Casa Grande)

Esse “celeiro cultural” engloba as cidades de Nova Olinda, Santana do Cariri, Assaré (cidade natal do poeta Patativa de Assaré), Crato, Juazeiro do Norte e Barbália, uma região riquíssima por sua história natural – no museu paleontológico de Santana do Cariri há resquícios arqueológicos de dinossauros encontrados lá.

Localizada em uma região de memórias, lendas, mitos, fósseis e pinturas rupestres, pode-se dizer

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Eram os narradores que constituíam a maior atração. Ao seu redor se formava o círculo de pessoas mais numeroso e fiel. (...) Suas palavras vinham de longe e permaneciam flutuando no ar por mais tempo do que as das pessoas comuns.

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que a Fundação Casa Grande também passou por um período “pré-histórico” de gestação quando, durante dez anos, Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde pesquisaram a música e a geografia da região e reuniram objetos, lendas e histórias. Ela nasce com o Memorial do Homem Kariri, que ocupa a primeira casa construída em Nova Olinda em 1717 e recuperada em 1992, como relata uma mãe de dois jovens que participam do projeto:

Outro dia eu ia passando em frente e eu vi umas pessoas filmando e disse “ih, parece que vão fazer alguma coisa aí”. Depois eu vi roçando, queimou os matos da frente aí terminou virando um museu... Só tinha gente grande, foi feito pra adultos. Mas os meninos é que foram chegando. Chegou Miguel, Luciano depois Samara... Aí eles prestavam atenção em como é que Rosiane e Alemberg recebiam as pessoas. Aí quando Rosiane e Alemberg se distanciavam um pouquinho, que chegavam pessoas, eles iam receber. Quando foi um dia, Rosiane e Alemberg perceberam eles dando aula, explicando as coisas. Aí eles foram ficando. (mãe de jovens e participante de uma cooperativa criada pelo projeto)

Do interesse espontâneo das crianças pelo museu se criou a “função” de monitor-mirim, ponto de partida para todas as atividades de comunicação que foram sendo criadas à medida que a Escola de Comunicação da Meninada do Sertão se estruturava. Com mais de dez anos de atividades, a Casa Grande vem recebendo a visita de pesquisadores, educadores, artistas de expressão nacional e turistas em geral, em um rico processo de intercâmbio artístico e cultural.

Na Fundação a porta de entrada pra se chegar na comunicação é a Casa Grande [Museu]. Num machado daquele ou numa pintura rupestre daquela está o início da Comunicação. Você entra na Casa Grande e você vai ver as pinturas rupestres, que podiam ser os jornais de hoje. Você vai pegar os

machados, que são o design gráfico hoje. (Alemberg

Quindins, Presidente da Fundação Casa Grande)

A base do trabalho da Fundação parece estar na construção da identidade a partir da cultura de origem, estabelecendo-se uma relação entre passado e presente, entre as raízes da cultura local e os canais de comunicação desta cultura com o mundo. Assim, antes de aprender as técnicas de rádio ou TV, procura-se entender como era a comunicação na “pré-história” da região.

Em um mundo cujas fronteiras se dissolvem, a Casa Grande mostra que as raízes profundas em uma cultura local, com valores e estética próprios, são compatíveis com a abertura para o mundo. Possuir uma forte identidade própria parece ser justamente aquilo que permite o domínio de referências e estilos de outras culturas. Assim, há uma consciência do equívoco que representa a tentativa de cristalizar determinada cultura, congelá- la no tempo e valoriza-se as trocas culturais.

Na visão dos adolescentes, a Fundação Casa Grande possui um papel relevante no desenvolvimento do Cariri como pólo turístico. A Escola de Comunicação pode, segundo eles, contribuir para o desenvolvimento de um mapa turístico regional com ênfase para a diversidade de cada município, valorizando sua identidade própria. A idéia é que, daqui a algum tempo, cada um desses municípios conte com uma rádio comunitária oferecendo às pessoas a possibilidade de escolher entre os diversos estilos musicais, mas que respeite a vocação e as tradições de cada cidade. Rádio, vídeo, literatura de cordel, música e teatro: o plano dos adolescentes é articular essas atividades para fortalecer a cultura da região.

Admitamos que toda sociedade humana possa ser considerada um sistema de comunicações; cada um dos momentos sucessivos de sua existência se definirá em virtude de dois critérios: a natureza das técnicas de que se faz uso para a transmissão das

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mensagens e a natureza das formas que asseguram a diferenciação destas. (...) quanto às técnicas, serão a voz e a escrita; quanto às formas de diferenciação, serão as diversas estruturas sociais e mentais ou, mais restritivamente, políticas e estéticas 1.

GESTÃO

Enquanto a gestão financeira da organização é feita pelos diretores da ONG –Alemberg, Rosiane e uma diretora financeira – os adolescentes se responsabilizam, coletivamente, pela manutenção do patrimônio físico e pela definição dos bens a serem adquiridos: equipamentos, CDs, revistas e materiais diversos, enfim, tudo o que for necessário para seu funcionamento.

A liderança exercida pelos adolescentes tem um papel importante no projeto. Como os líderes da organização (diretores) moram em uma cidade vizinha, lideranças entre os adolescentes emergem quase que espontaneamente e passam a estruturar o trabalho e o dia-a-dia da Fundação.

SUSTENTABILIDADE

A Fundação Casa Grande opera com um orçamento bastante reduzido se compararmos à média dos projetos que integram este relatório, o que se explica pelo baixo custo das tecnologias exploradas e, também, por situar-se em uma pequena cidade, onde os custos são inferiores aos da metrópole. Grande parte dos investimentos iniciais no projeto foram feitos pelos próprios fundadores da Casa Grande, durante seus primeiros anos de existência.

Embora receba hoje apoio do Governo do Estado do Ceará, muitas vezes a relação com o poder público (particularmente o municipal) gerou problemas para a Casa Grande pois, sendo uma rádio comunitária, sofria constantes ameaças de fechamento.

A parceria com o Instituto Ayrton Senna criou a possibilidade de investimentos em infra-estrutura, especialmente a aquisição de CDs que fizeram da discoteca da Casa Grande FM a maior e mais completa da região. Lojas de disco costumam

oferecer seus lançamentos aos adolescentes, para que veiculem na rádio.

Um importante passo rumo à autonomia dos projetos em relação aos grandes financiadores foi a criação da Cooperativa de Pais e Amigos da Casa Grande (Coopagran). Aproveitando o potencial turístico intensificado pela visibilidade do projeto, familiares dos adolescentes passam por uma formação no Sebrae, criam pousadas domiciliares e são capacitados a produzir materiais com a imagem da Casa Grande que podem ser vendidos aos turistas (camisetas, bolsas, canecas etc.), além de cuidarem da “bodeguinha”, que serve os lanches para os meninos e visitantes. As pousadas oferecem a oportunidade de intercâmbio cultural entre turistas e as famílias da cidade.

Violeta Arraes possui vínculos estreitos com a Casa Grande, tanto que o teatro recém-inaugurado pela ONG leva seu nome. Por ser uma figura de expressão nacional, vem contribuindo tanto em processos internos da ONG (é membro de seu Conselho) como no estabelecimento de canais importantes para sua sustentabilidade, abrindo portas dentro e fora do país, como uma espécie de “embaixadora”.

PARCERIA COM A ESCOLA

Os adolescentes do projeto capacitam alunos das escolas da cidade em uma iniciação ao cinema e à música, cujas oficinas ocorrem no Teatro Violeta Arraes.

A Fundação Casa Grande procura incentivar o bom desempenho escolar. Para que um adolescente participe no projeto, é necessário que ele freqüente a escola e tenha boas notas e bom comportamento, ainda que não exista uma regra ou um dispositivo que explique o que se entende por bom comportamento. Todavia, não são citados casos em que alguém teve que deixar o projeto por não atender a esses requisitos. Os adolescentes não vêm motivo para um menino que freqüenta a Casa Grande “ir mal” na escola, já que a ONG oferece espaços para o estudo à tarde e a criança pode

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contar com a ajuda dos mais velhos para resolver os problemas escolares.

PEDAGOGIA / METODOLOGIA

O rádio, carro-chefe entre os meios de comunicação da Casa Grande, mostra-se um meio particularmente “inclusivo”. É fácil fazer rádio. Se o jornal impresso exige o domínio da escrita2 e a produção de vídeo

envolve um processo complexo e custoso, o rádio, por sua simplicidade, favorece a autonomia dos adolescentes em relação aos adultos. A simplicidade da tecnologia permite que a criança opere equipamentos e apresente programas. Jovens-monitores organizam oficinas para os meninos menores, que ocorrem durante a “Voz do Brasil”, único momento do dia em que a Casa Grande FM fica fora do ar.

O rádio atrai o interesse das crianças. Aprende-se “no ar” e os erros inerentes ao processo de aprendizagem não ficam registrados, assumindo um peso menor sobre a auto-estima. O medo de errar não oprime tanto. O grande fascínio pelo rádio pode ser explicado, além deste fator, pelo prazer de “falar” e de criar programas musicais ou jornalísticos para a comunidade sem ter que, antes, dominar totalmente a técnica. Desde cedo os adolescentes sentem-se “radialistas profissionais”, pois fazem sozinhos programas que vão ao ar e têm grande impacto na cidade.

Embora apóie-se na oralidade, o rádio ajuda a qualificar a expressão escrita já que as crianças têm que escrever o roteiro de seu programa. Observa-se que, para construir um roteiro, o adolescente envolve um grupo maior nas discussões de idéias, o que qualifica seu modo de expressão e sua argumentação. Pessoas que visitam o projeto também são incorporadas nos programas jornalísticos, o que mostra uma flexibilidade do rádio como veículo que capta e reproduz a realidade em seu dinamismo. Mostra também a abertura dos jovens aos visitantes, a busca de integração.

No início, a idéia de Rosiane e Alemberg era direcionar as atividades aos jovens da cidade, mas percebeu-se que as crianças é que se mostravam mais

interessadas na proposta. Envolver a criança desde pequena, garantir sua integração antes que ela cresça e seja “bombardeada” pelos conteúdos da mídia de massa parece ser um dos aspectos que explicam o sucesso do projeto. E o rádio tem essa qualidade de atrair imediatamente o interesse das crianças menores.

Os jovens não negam o impacto da mídia de massa sobre a sua vida. Se apropriam dela e procuram construir espaços de diálogo a partir, por exemplo de conteúdos das novelas. Um dos programas veiculados propôs discutir como os adolescentes tratam o idoso, discussão que se originou com uma personagem da novela das oito da Rede Globo, que tratava mal seus avós.

Não há seleção para ingressar na Casa Grande, que está aberta a qualquer criança da cidade que queira participar do projeto. Mas os diretores da ONG definiram, em conjunto com os jovens, que deve haver um período de adaptação no qual se cobra constância e qualidade. É fácil perceber quais os meninos que se encontram neste período: são aqueles que circulam pela Casa Grande sem o uniforme da Fundação. Para ganhar o uniforme (ou a “farda”, como dizem no Ceará), os meninos recém- chegados precisam demonstrar vontade de aprender e preocupação com qualidade, aspectos valorizadas no projeto. A criança que chega pequena, pode passar até dois anos freqüentando a “escolinha”. A partir dos 8 ou 9 anos eles já participam de outras atividades e laboratórios da escola de comunicação. Todos têm que passar, mais cedo ou mais tarde, pela função de “recepcionistas do museu”, considerada fundamental para a formação pelos líderes da ONG. Observa-se que, em geral, os recém chegados apenas executam as tarefas a eles atribuídas e, só depois de algum tempo, passam a demonstrar preocupação com os processos coletivos, dar idéias, argumentar e se envolver com os produtos de comunicação. Não há um período de tempo pré-definido entre a entrada no projeto e o recebimento do uniforme e as decisões a esse respeito dependem do desenvolvimento de cada menino e são tomadas coletivamente, por diretores e adolescentes.

2Como vimos em outros projetos que integram esta pesquisa, na mídia impressa os erros

adquirem uma dimensão significativa. Nas matérias assinadas pelos jovens, fica evidente suas dificuldades com a língua escrita.

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Se o ingressante já é um adolescente, ele começa trabalhando como recepcionista do Museu. Se é ainda criança, o ingresso ocorre pela chamada “escolinha”, a etapa inicial que dura cerca de dois anos, na qual a meninada deve conhecer a pré- história e a história da Região do Cariri. Nesta etapa, a criança vivencia a “contação” de histórias e lendas, os instrumentos musicais, as músicas e as brincadeiras. A aprendizagem ocorre coletivamente pelo contato, a conversa, as atividades em grupo, numa antítese do que vivemos hoje nas grandes cidades:

Vivemos hoje o advento de mecanismos de tecnologias para que o homem se isole mais e tenha tudo em casa. Isso é o que? Cortar a conversa, o contato humano. Esse contato humano...por exemplo, ce chega num banco hoje e não existe nenhum contato humano. ... “Seus problemas, resolva pelo telefone”. Cê precisa ter o contato humano. Acho que vai chegar ainda o tempo em que, o que vai fazer a diferença é a retomada desse contato humano. Eu tinha um tio que era contador de história. E na época do Natal ele ia para a Igreja e a cidade inteira depois da missa ia ouvir as histórias dele...(Alemberg Quindins, Presidente da Fundação Casa Grande)

As regras de convivência são flexíveis e estabelecidas pelos próprios adolescentes. Os jovens ficam no projeto durante o período oposto à escola. Cada um deles é responsável por um setor. Cada programa de rádio é feito integralmente por uma pessoa.

Há um incentivo para se traçar um projeto de vida e para os cuidados como a saúde. Não beber e não fumar são aspectos bastante valorizados pelos jovens do projeto, ao contrário do que ocorre com outros jovens da região, onde o alcoolismo é um problema grave.

A música tem importância central entre as referências artísticas da Casa Grande. Há alguns anos foi organizado um “Fest-lata”, festival que reuniu bandinhas de lata da cidade, trazendo muitos adolescentes para o projeto. O primeiro

passo é aprender a tirar notas musicais de latas. A bandinha de lata faz sucesso por onde passa e teve participações em shows de artistas como Zeca Balero e o coreógrafo Ivaldo Bertazzo.

Estudantes de pedagogia da Universidade Federal de Ceará organizam mensalmente oficinas de rádio, vídeo e outros temas que sejam considerados relevantes pelos meninos. Observa-se que, em contraste com a maior parte dos conteúdos da escola, os saberes mobilizados no projeto são contextualizados e têm significado para os educandos. Parte-se sempre da cultura e geografia da região.

PARTICIPAÇÃO

A participação dos adolescentes ocorre em todas as dimensões do projeto. Eles são a voz oficial da Casa Grande, portanto um visitante que quer conhecer a ONG não busca informações junto aos diretores, mas fala diretamente com os meninos.

Como os adolescentes ficam responsáveis integralmente pelo dia-a-dia da Casa Grande, percebemos que o conceito de autonomia não se aplica apenas à participação nos programas e produtos, mas à própria gestão, aos cuidados com a limpeza e a organização do Museu e da Escola de Comunicação e à formação das crianças menores recém-chegadas ao projeto. Um aspecto interessante desta autonomia é que não há uma separação entre trabalho manual e intelectual. Todas as atividades são vistas com o mesmo grau de seriedade e responsabilidade. É uma concepção que vai na contra-mão do mundo dos especialistas. Aqui, todos participam em atividades que vão desde um programa de vídeo até a obra de construção do teatro.

[Na Fundação Casa Grande], desde o chão até o equipamento mais caro, quem administra um setor (TV, Rádio, Gibiteca etc.), tem que cuidar da limpeza, de tudo, até o equipamento mais caro, a dar uma entrevista para uma TV, a pessoa tem

que responder por aquele projeto em tudo. (jovem-

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Há também uma valorização do “coletivo”, da coletividade. Nos relatos, é comum o uso, pelos adolescentes, dos termos “a gente”, “nós”, mas do que “eu”, “meu”. Na pergunta sobre sugestões e alertas para outras instituições e pessoas que queiram desenvolver projetos de Educação, Comunicação &

Participação, uma das sugestões dos adolescentes foi

“trabalhar melhor a coletividade dos jovens (família, amigos, comunidade)”. Enfatizou-se o fato de que o jovem que faz rádio se sente responsável por todos os outros setores. Olha o todo. Trata-se da lógica oposta à competição empresarial.

Você está plugado na 104,9 (...) meu nome é Totonho, eu estou aqui na Casa Grande há oito anos, e o que me faz estar aqui é a experiência e as oportunidades que temos durante toda a

convivência com as outras pessoas (adolescente

participante do projeto).

O espírito de coletividade também se observa nos relatos contrários ao estabelecimento de bolsa- auxílio, quando os adolescentes afirmam que as bolsas deveriam se destinar aos meninos que vêm das zonas rurais e precisam de recursos para alimentação e transporte, ou ainda formar um fundo para jovens que quisessem entrar na faculdade e tivessem que mudar de cidade.

Fica evidente o sentimento de que a Casa Grande é deles, portanto eles são responsáveis por todos os cuidados. Valoriza-se, neste ponto, os rituais. Um dos marcos é a “Renovação”, em que os adolescentes em conjunto pintam e limpam a Casa Grande e realizam uma grande festa, no final do ano.

Os adolescentes parecem ter desenvolvido uma postura que vai além do envolvimento com as atividades, de um real comprometimento. Na oficina proposta como parte desta pesquisa (ver documento anexo) , os “veteranos” ajudaram a estruturar as idéias e a garantir que a dinâmica favoreceria a participação de todos os mais de trinta meninos presentes.

Começando aqui o grupo “um”, a parte d’agente foi colocar os conceitos e alguns alertas que agente daria a instituições, prefeituras e pessoas que queiram estimular um trabalho nesta área. E, a