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A perspectiva dos professores: “A família deve participar”

6 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR

6.3 A perspectiva dos professores: “A família deve participar”

O importante papel da escola na formação de hábitos alimentares saudáveis é reconhecido cada vez mais pelos mais diversos segmentos, tanto da saúde quanto da educação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou, em 22 de maio de 2004, em Genebra, a Estratégia Global para a Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, em fase de adaptação em 192 países, dentre eles o Brasil, que sugere, dentre outras medidas, a promoção de atividade física e alimentação saudável nos ambientes domiciliares e escolares. Na Portaria nº. 1.010, de 08 de maio de 2006, citada na introdução deste estudo, os ministros da Saúde e da Educação consideram que a alimentação no ambiente escolar pode e deve ter função pedagógica, devendo encontrar-se no contexto curricular.

Estas medidas resultam do alarmante quadro de insegurança alimentar que a população mundial e, mais especificamente neste estudo, a população brasileira está sofrendo, sendo tanto a desnutrição quanto a obesidade demarcadores desta evidência. Nesta pesquisa, procuramos investigar qual a proposta pedagógica da escola em relação à educação alimentar, como os professores estavam lidando com este tema e quais os recursos que utilizavam para abordar a formação de hábitos alimentares saudáveis junto aos seus alunos.

Conforme já comentado, a escolha das três escolas deste estudo buscou contemplar três diferentes relações dos alunos, seus pais e professores, com aspectos relacionados à alimentação no ambiente escolar.

Foi possível constatar abordagens bem diversificadas, demarcando uma cultura alimentar permeada por valores e expectativas próprias de cada grupo, conforme já observado nas considerações dos alunos e de seus pais acerca da educação alimentar. Em entrevistas às coordenadoras pedagógicas da escola pública, da escola privada e da creche-escola, foi possível entrar em contato com a visão e a atitude que cada um destes estabelecimentos tinha acerca da questão alimentar dos seus alunos, além das experiências dos professores no dia-a-dia em sala de aula, que evidenciam aspectos importantes da compreensão e do comprometimento de cada um deles com a educação alimentar de seus alunos.

6.3.1 Na escola pública

Em entrevista com a coordenadora pedagógica da escola pública, comprovamos alguns aspectos que sugeriam a falta de apoio e de informações dos educadores no que concerne às questões relacionadas à alimentação na escola. Mesmo estando ciente de alguns movimentos de proibição de alguns alimentos no ambiente escolar, a coordenadora pedagógica queixou-se da falta de comunicação entre os responsáveis pela elaboração dos cardápios e distribuição da merenda e a escola, acerca de aspectos referentes à alimentação:

Aqui na nossa realidade, enquanto prefeitura, não se tem ainda uma linguagem clara, não foi definido ainda uma lei... eu acho que eles só estão lançando agora.

Essa é uma nova proposta que essa nova gestão está colocando agora, pras escolas. Eu percebi que eles estão tendo essa preocupação, esse novo cronograma de merenda. Eu creio que ainda não existe uma lei aqui, mas percebo que eles estão tentando se organizar nessa área da merenda escolar das crianças, com relação a essa parte alimentar.

As mudanças percebidas no cardápio da escola constituiram o referencial utilizado por esta educadora para sustentar as suas conclusões, pois os novos alimentos que passaram a fazer parte da merenda escolar pareciam mais nutritivos e regionalmente localizados:

A alimentação que nós estamos recebendo agora, a parte de merenda das crianças, a gente vê que já se tem uma preocupação maior em relação ao nutritivo pras crianças... Então já tem todo um cronograma da merenda que vai ser servido e, pelo que nós sabemos, esse cronograma tem o acompanhamento de uma nutricionista. Então o lanche das crianças, a merenda deles, às vezes é uma rapadura, feijão, coisas que são bem mais nutritivas... estão se preocupando com isso.

Notamos, ainda, no seu depoimento a preocupação em transmitir os cuidados com a manipulação e higiene dos alimentos, fatores realmente imprescindíveis na elaboração e oferta da merenda escolar:

Aqui na nossa escola nós já começamos a nos preocupar com isso. Primeiro, com relação à merenda das crianças: como vai ser feito? Já é uma preocupação que a gente tem com as meninas da cantina, que a gente chama e conversa. Primeiro a questão da higiene. Elas têm um uniformezinho... tem que usar a touca, estar sempre com as mãos limpas, evitar ficar pegando a comida com as mãos... nós já compramos luvas, pra não tá pegando com as mãos... Então isso é uma questão já existente, nós temos esses cuidados.

A preocupação em preparar uma alimentação que seja apreciada pelos alunos também foi contemplada pela coordenadora pedagógica da escola pública, que, conforme pudemos constatar, ultrapassa os recursos oferecidos pela Prefeitura, buscando a parceria de quem tiver condições para poder dar mais sabor aos alimentos, de acordo com sua fala:

A parte de... temperar bem a comida deles... a gente faz o que pode, às vezes pede para os pais trazerem verduras, ou então nós mesmas compramos, junto com a comunidade. Hoje teve o Maria Isabel... então a gente comprou cheiro verde, tomate, pra fazer uma comida saudável pra eles né? Pra eles gostarem, se sentirem bem e comerem. Ontem mesmo, que eu sabia que hoje era Maria Isabel, eu vi ali a feirinha, aí a gente compra tomate, alho, cebola, cheiro verde, pimentão. Eu dou dinheiro, elas compram pra fazer a merenda. Aí às vezes quando a gente não tem

tempo de avisar pros pais... aí a gente pede às crianças, aí os pais mandam o cheiro verde, mandam um tomatezinho, um pimentão, e assim a gente vai organizando...

Diante deste seu depoimento, foi questionado acerca da aceitação dos pais quanto à esta estratégia utilizada para incrementar o sabor da comida, pois sabe-se que esta é, na realidade, uma obrigação da Prefeitura, e não dos professores e dos pais dos alunos. A mobilização desta comunidade em particular, segundo sua fala, é um fator que favorece medidas desta natureza:

A gente trabalha numa comunidade que ela é muito acolhedora... é uma comunidade muito pacata, apesar de existir uma área assim, que a gente sabe que gera muito coisa... em relação à prostituição, das drogas, mas a comunidade dentro da escola, é uma comunidade muito boa, muito tranqüila. E os pais são muito acessíveis em tudo. Tudo o que você pede, tudo o que você orienta... eles aceitam isso muito bem.

A boa vontade desta coordenadora pedagógica e a disposição em participar da comunidade, conforme seu discurso, encobrem certa atitude paternalista e cômoda, pela falta de questionamento e de protesto dirigidos às pessoas realmente responsáveis pelo provimento da alimentação satisfatória.

Fonseca (1996, p.626) comenta a denúncia que Paulo Freire faz do “assistencialismo amaciador”, da violência do “antidiálogo”, que impõe ao homem mutismo e passividade, impossibilitando-lhe a abertura de sua consciência que, nas democracias autênticas, há de ser cada vez mais crítica.

Atitudes deste tipo, apesar de louváveis pelo caráter humanitário que elas apresentam, são possíveis mantenedoras de uma situação de adequação do pobre à condição de carentes: de comida, de alimentação e, acima de tudo, de direitos também. Ainda na sua fala, é possível identificar o nível da repercussão que suas atitudes provocam:

Quando é dia de carne de charque, a gente escolhe uma turma pra no dia seguinte trazer... a cebola, pimentinha de cheiro, o alho... aí eles trazem. Então... é assim que a gente trabalha. Tem gente até que diz que eu sou boba, que gasto dinheiro à toa... eu não! Eu não penso assim! O que é que custa um ou dois maços de cheiro verde? Quando eles podem, eles trazem... mas quando eles não trazem, não custa nada fazer alguma coisa por eles, né? Isso não vai alterar em nada a vida... acho que só vai acrescentar... Eles já têm essa consciência aqui na escola... e eles gostam.

podemos inferir que a comunidade escolar ainda está pouco envolvida com a educação alimentar na escola. Parece não haver um programa claro, uma abordagem planejada que efetive a função pedagógica dos alimentos, conforme propõe a portaria interministerial retromencionada.

Isto pôde ser observado ainda no discurso dos professores desta escola, quando foram indagados se trabalhavam a educação alimentar e quais recursos utilizavam para este fim.

Dos doze professores da escola pública entrevistados, oito afirmaram abordar o tema da educação saudável apenas em conversas cotidianas com os alunos. A partir de suas observações das escolhas alimentares dos alunos, procuravam orientá-los acerca do que era mais saudável comer, conforme alguns depoimentos:

Olha, eu sempre procuro conversar com as crianças... eu sempre procuro conversar com os maiores e com os pequenininhos também, em relação a esses xilitos, esses biscoitos recheados, que às vezes tem criança que vem com um recheado, um pacote daqueles salgadinhos industrializados, um suquinho daqueles industrializados... Eu sempre procuro conversar. (EPb/E1)

No momento, eu não estou trabalhando ainda a educação alimentar. Mas eu sempre tô falando pros meus alunos que é importante comer frutas e verduras. (EPb/E4) Bem, como a gente tem poucos recursos em sala de aula, a gente trabalha com o básico que a gente tem. Eu utilizo a palavra mesmo, já que a gente não tem o objeto na sala. Mas quando a gente conhece a fruta, o legume, a verdura, eu digo o nome e formas de utilizar o alimento. A gente utiliza o aluno, a alimentação dele por dia. O que ele alimenta, a gente fala o que é certo, o que é errado, principalmente esse xilitos, porque eles já chegam em sala de aula com esse xilitos aberto, comendo... ou com chicletes na boca, logo de manhãzinha... (EPb/E5)

Eu, aqui? Não. Eu incentivo assim: quando surge algum assunto. No livro de ciências, alguma coisa assim. Mas, diretamente? Não. (EPb/E11)

A utilização do livro de Ciências como recurso para trabalhar a educação alimentar foi citada pelos professores:

Só o livro. No livro tem um capítulo sobre os alimentos. Aí fala que é importante ter alimentos variados na alimentação. O prato, quanto mais colorido, mais saudável, né? (EPb/E3)

Apesar de contemplar o assunto, entretanto, os professores relataram ainda que o livro não trabalha satisfatoriamente o tema da alimentação saudável, provável motivo pelo qual a maior ênfase da abordagem deste tema é dada às conversas cotidianas:

Os livros falam muito pouco... é mais na vivência do dia-a-dia que a gente trabalha... (EPb/E2)

Tem no livro de ciências falando, mas é pouca coisa. (EPb/E7)

A gente percebe as frutas, verduras... e infelizmente, só assim, na época que tem no livro, conteúdo do livro, mas não sempre, né? A gente tem que ressaltar mais, mas fica assim, meio a desejar, sabe? Só em algumas épocas assim, que vem junto com o conteúdo do livro texto, do livro que a gente tem. (EPb/E12)

Em virtude desta carência de material que aborde a alimentação saudável mais satisfatoriamente, muitas vezes é preciso trazer material de casa, usar a criatividade. Segundo uma professora, porém, seria também necessário um preparo dos professores, a fim de trabalhar o tema de forma mais segura:

No meu livro de ciências nós temos, a boa alimentação. Mas o próprio livro mesmo, se for cobrar do livro, não tem não. Tem que preparar em casa e trazer, porque os livros não trazem de jeito nenhum. É aquele livro bem seco, que todo professor acha difícil de trabalhar... Você tem que ter uma noção e passar pros seus alunos, porque o livro mesmo, em si, só fala da boa alimentação, não diz mais nada. (EPb/E10)

E a partir deste comentário, a professora chega a uma conclusão que é objeto de estudos diversos acerca da influência dos meios de comunicação nos hábitos alimentares das crianças:

A televisão ensina muito mais! Toda criança gosta de um McDonald’s, toda criança gosta de um Bob’s, toda criança gosta de um Habib’s... de pequenininho já... a Coca-cola... E por aí vai... desse jeito.... (EPb/E10)

Podemos constatar, a partir do depoimento desta professora, a competência que as redes de fast-food (Mc Donald’s, Bob’s, Habib’s) têm quando se propõem a divulgar os seus produtos. Isto nos leva a pensar na competência que os pais e os professores precisam adquirir para proporcionar às crianças e adolescentes uma audiência mais crítica aos argumentos apresentados pelos meios de comunicação.

Segundo Guareschi e Biz (2005, p.19), a tarefa fundamental e imprescindível da educação é possibilitar a existência de seres humanos conscientes, livres e também responsáveis, constituindo estes aspectos – consciência, liberdade e responsabilidade – o tripé da dignidade humana.

um desafio aos pais e professores, a fim de proporcionar às crianças a condição de dignidade, visto que o que se come reflete decisivamente na capacidade de uma pessoa de viver, pensar e se desenvolver.

Muitas vezes, as orientações cotidianas aos alunos acerca da boa alimentação concernem à constatação de seus hábitos alimentares insatisfatórios e, conseqüentemente, sugestões são dadas enfatizando a substituição de alimentos não nutritivos por outros, que podem ser acessíveis e saudáveis ao mesmo tempo:

A gente sabe que muitas vezes falta o alimento. Aí, o dinheirinho que tem, compra xilitos, pirulitos, essas coisas, né? Eu explico pra eles que não é saudável pra se alimentar... seria melhor comprar uma banana, compre uma fruta, tome um leite! Mas eu acho que eles não são muito chegados a esse tipo de coisa... Laranja, limonada... Ave Maria! Pra que melhor que um suco de limão? Acerola, a gente tem bastante! Um caju, na época do caju, maracujá, que dá em todo canto! Manga... Tem muitas frutas nossas! (EPb/E10)

Porque eles compram um pacote de biscoito que custa um real. Com este real, eles podem comprar bananas, que é muito mais forte! Se um pacote custa um real, durante a semana são cinco reais. Com esses cinco reais, se comprasse frutas variadas, eles se alimentariam muito melhor! (EPb/E2)

A constatação da necessidade de orientação aos pais quanto à escolha do alimento que oferece ao filho foi comentada por algumas professoras, que têm a consciência de que, mesmo sendo pessoas carentes, com poucos recursos financeiros, os pais podem ser orientados quanto à alimentação saudável:

Eu toco muito nesse assunto... Mas, como para os pais que podem comprar é muito mais fácil ir na bodega comprar, e como eles também não tiveram uma educação nesse sentido, é muito mais prático comprar biscoito. Parte deles também, né? (EPb/E2)

Então, tem certas coisas que eles comem que não alimentam, mas matam a fome, né? Aí seria bom até mesmo trabalhar com os pais, porque... tá, eu não dou o xilitos, mas dou o quê? O que está ao meu alcance? (EPb/E1)

Por outro lado, o discurso de que a carência da clientela atendida pela escola pública não favorece falar sobre alimentação saudável também foi constatado entre os professores desta escola como justificativa do fato de não trabalharem a educação alimentar com seus alunos:

muito básica, né? A maioria deles, às vezes, não tem nem o almoço. Às vezes vem pra escola já por conta da merenda, e no dia que não tem a merenda, é muito complicado, porque eles voltam pra casa com fome, né? Então, você trabalhar a questão alimentar na escola pública, é muito complicado! Porque você vai falar de uma alimentação saudável, de alimentação variada, pra criança que às vezes sai de casa sem tomar o café da manhã. Aí é complicado... (EPb/E8)

Paugam (apud SAWAIA, 2004, p.10), ao discorrer acerca da exclusão pela pobreza, comenta que “o descrédito atormenta os excluídos tanto quanto a fome”. Esta é uma questão muito importante a ser ressaltada pois, conforme entendemos, o direito à alimentação e o direito à educação constituem conquistas efetivadas a partir de lutas e conscientização, sendo o papel do educador imprescindível neste contexto específico.

A maior valorização da necessidade de ensinar a ler e a escrever foi comentada por uma professora, pois, a partir de sua fala, é fácil inferir que trabalhar a educação alimentar não é uma prioridade do ambiente escolar:

Eu ainda não comecei a trabalhar essa parte... Porque a gente se envolve tanto com outras coisas, com outras atividades relacionadas à leitura e escrita... e a gente também tem... tem a matéria, né? (EPb/E6)

O discurso dos professores aponta para maior reflexão acerca do papel do educador na formação da sociedade. É imprescindível que os professores e professoras ultrapassem a noção de que sejam transmissores de informações, mas produtores culturais, conforme sugere Giroux (1992), com práticas pedagógicas que privilegiem a organização de experiências, através das quais os estudantes possam vislumbrar o caráter socialmente construído de seus conhecimentos e experiências, num mundo extremamente cambiante de representações e valores.

Nos ensinamentos de Albuquerque (2004, p.11), a escola favorece vivenciar “as dimensões do saber, do conhecimento, da beleza, da solidariedade e da cooperação”, no entanto, mesmo que de forma velada, também está presente “a maioria das dimensões do poder, do arbítrio, do mando, da submissão, da subordinação, do controle e da violência simbólica”.

Somente a educação que parte da reflexão (grifo do autor), do crescimento em consciência, pode ser uma educação verdadeiramente libertadora e que leve a uma autêntica responsabilidade, tornando o ser humano digno, isto é, merecedor, e não apenas receptor passivo de um paternalismo que domina o mais profundo da consciência.

Conforme entendemos, refletir acerca da dignidade humana pode constituir o primeiro passo para uma proposta educacional mais construtiva, e no caso específico deste estudo, para a conquista da segurança alimentar.

6.3.2 Na escola privada

A escola privada apresenta vivências alimentares diferenciadas da escola pública, pois oferece o serviço de cantina para a merenda de seus alunos, que têm a opção de utilizar este recurso ou trazer o alimento de casa. A proposta pedagógica da escola aborda a alimentação saudável a partir do conteúdo de ciências, conforme explicitado pela coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental:

A gente trabalha no próprio conteúdo de ciências. A gente trabalha... começa trabalhando a questão do corpo, do funcionamento das partes do corpo, com nível de dificuldade crescente, ou seja, de uma série para outra, a gente vai aumentando a complexidade da compreensão dos alunos, né? Com o próprio corpo... e como é que funciona esse sistema que é o corpo? Então, dentre eles o sistema digestório, como é que se dá a obtenção da energia, das calorias, do acúmulo de peso, como é que acontece? Por quê?... Então no próprio conteúdo de ciências isso já é trabalhado dentro da escola.

A idéia de trabalhar a formação de hábitos alimentares saudáveis é concretizada nesta escola por meio do projeto da sexta-feira saudável. Neste dia, os alunos são estimulados a comer coisas consideradas saudáveis, conforme descreve a coordenadora pedagógica:

Então se trabalha uma vez por semana na escola. A gente começa com um texto, explicando o valor dos alimentos, o valor energético, o valor de vitaminas... o valor... principalmente de frutas, de verduras, da carne magra, né? Isso tudo se trabalha com eles, e desde o início do ano se faz a conscientização mesmo com eles a esse respeito. E logo em seguida a gente começa a trabalhar. A partir da quinta- feira, todos os alunos de primeira a quarta recebem o recadinho lembrando que no dia seguinte é dia de lanche saudável. Então o que é que a gente pede? Que eles tragam o lanche de casa. Uma fruta... ou troque o refrigerante pelo suco... Troque o

sanduiche pela fruta. Ou então troque o salgadinho pelo que é mais saudável... Então, a gente faz esse trabalho, tem surtido um bom efeito, porque a gente conta com a colaboração dos professores nesse processo... Como é que se faz? É... na sexta-feira, o professor junta todos os alunos e faz um piquenique, então junta o que todos trouxeram, se reparte esse lanche, se trabalha dessa forma. Até para o que não é gostoso no paladar deles, nesse momento passa a ser porque é um momento de troca, de compartilhamento desse lanche entre eles. Então a gente faz isso toda sexta-feira, uma vez por semana, se trabalha dessa forma.

Em abordagem semelhante à da escola pública, indagamos aos professores da escola privada se trabalhavam a educação alimentar com seus alunos e quais os recursos que utilizavam. Dos onze professores entrevistados, oito apontaram o livro didático, principalmente o de Ciências, como o recurso por excelência utilizado na escola:

Na minha área, que é Ciências, a gente sempre tem na 3ª. Série uma parte dedicada a isso. Só pra trabalhar essa parte nutricional, de alimentação, dos alimentos, educação