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3. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA INVESTIGAÇÃO

3.1. Paradigmas de investigação em Educação

3.1.2 A DBR perspetivada de diferentes ângulos

3.1.2.2 A perspetiva Bannan-Ritland (2003)

Esta autora pormenoriza os processos metodológicos da DBR de forma pragmática. Segundo o modelo de Bannan-Ritland, (2003) o referencial The Integrative

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iterativo, integrador e interativo, estando totalmente ajustada a uma investigação de cariz virtual de aprendizagem. Bannan-Ritland (2003) propõe um modelo para o desenho de pesquisa em educação, que divide em três aspetos fulcrais:

a) As questões de investigação; b) Dados e métodos de pesquisa;

c) A necessidade inicial de os investigadores conceberem instrumentos e desenharem processos, pela sua utilidade na análise dos mesmos, em estados precoces da investigação.

A autora constata que os estudos de Desenho DBR enfatizam as narrativas que relatam as interações complexas e ciclos de feedback, as quais, de forma significativa, esbatem os papeis de investigadores, professores, construtores do currículo, designers de instrução e especialistas em avaliação (Lesh et al., 2000). Neste contexto, surgem questões sobre a adequação de métodos e processos a utilizar em cenários complexos e naturalistas. A proposta de Bannan-Ritland (2003) para responder a estas questões, ou seja, a ILD previamente aludida, consiste numa estrutura integradora do desenho de aprendizagem, que tenta propiciar linhas orientadoras a todos os intervenientes. Além disso, posiciona o desenho de pesquisa enquanto um processo socialmente contextualizado, de forma a produzir intervenções educativas de eficácia e com probabilidade elevada de transferência prática. Esta estrutura tem como objetivo ultrapassar investigações isoladas e conceber uma moldura ordenada logicamente, mas dinâmica, que inclui quer metodologias de trabalho de campo, quer de pesquisa experimental, tentando alcançar um impacto sistémico de investigação, nas áreas mais diversificadas. A estrutura ILD enraíza em tradições do desenho instrucional (Dick & Carey, 1996), desenho de produtos (Urlich & Eppinger, 2000), desenho focado na utilização (Constantine & Lockwood, 1999), bem como disseminação e inovação (Surry,

1997) e ainda, metodologias de investigação educativas já estabelecidas. Assim, a ILD tenta combinar a criatividade de comunidades de desenho com a adesão a métodos quantitativos e qualitativos padronizados em educação. Uma vez que almejava uma metodologia de investigação abrangente e generalista, Bannan-Ritland (2003) ampliou os estádios de Urlich & Eppinger (2000) e, com base noutras tipologias de desenhos, concebeu as fases mais estruturantes da ILD: i) exploração informada; ii) implementação; iii) avaliação: impacto isolado; iv) avaliação: impacto amplo. A autora ilustrou cada um destes estádios no seu projeto Literacy Access Online (LAO), ou seja, em ambiente virtual, com o objetivo de ajudar professores, mediadores e pais a utilizar tecnologia

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baseada na Web, para promover processos de leitura colaborativa com crianças (Bannan- Ritland, et al.,2000; Bannan-Ritland, 2002; Bannan-Ritland, Crook, & Korjus, 2002).

a) Exploração informada

Transversal às 4 fases do ILD e no que concerne à identificação e satisfação das necessidades dos utilizadores, existe uma preocupação inicial para que uma metodologia inovadora, porém amadurecida, possa ser adotada com sucesso e utilizada para apoiar os objetivos de aprendizagem. Por consequência, a primeira fase do ILD está enraizada em etapas essenciais da investigação, tais como a identificação da problemática, revisão da literatura e definição da questão central. A estes pilares, a estrutura ILD acrescenta atividades de análise das necessidades do campo de estudos e de desenvolvimento de sistemas de instrução e inovação. Além do mais, Bannan-Ritland (2003) defende que a pesquisa deve incidir na caracterização do público-alvo, a partir do desenho observado no campo de utilização e ilustrou a forma como aplicou estes princípios no seu projeto de leitura com crianças incapacitadas. A observação e análise das atividades num primeiro estádio, fez com que procedesse a um redesenho, para ir de encontro às necessidades dos utilizadores.

b) Implementação

A estrutura ILD perceciona uma implementação de investigação como um objeto construído socialmente, que deve ser revisto e articulado de forma sistemática, ao longo dos ciclos, ao invés de um tratamento padrão, com o objetivo de testar hipóteses. Esta fase abrange o desenho de intervenção inicial, a articulação do protótipo e o desenvolvimento subsequente de uma implementação mais aprofundada. O desenvolvimento nesta fase é, principalmente, influenciado pelas avaliações realizadas relativamente ao impacto da intervenção.

c) Avaliação: impacto isolado

Relativamente ao processo de avaliação, trata-se de um fenómeno duplo. O objetivo do primeiro estádio é avaliar o impacto isolado da implementação, nomeadamente averiguar a adequação do desenho da intervenção ao público-alvo. Os objetivos do segundo estádio (d) designado por “impacto amplo” estão ligados a questões de validade ecológica, disseminação de sucesso e adoção desta implementação em contextos mais amplos e para uma maior audiência. No processo de avaliação de âmbito mais restrito, a recolha e análise de dados constituem processos iterativos, em que a avaliação formativa da intervenção interage com o desenvolvimento de uma teoria ao longo da implementação prolongada; inclui, numa fase mais amadurecida, uma avaliação sumativa dos resultados

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e produtos da investigação. A autora sublinha que a recolha de dados durante esta fase pode conduzir a alterações substanciais na ação desenhada e conduzir a várias revisitações da implementação. No seu estudo, Bannan-Ritland (2003) conclui que a avaliação formativa iniciou um processo de natureza muito iterativa, sendo que na fase de avaliação informou e refinou, quer as teorias, quer os esforços de (re)desenho.

d) Avaliação: impacto amplo

Esta fase contempla a fase de disseminação em investigação educativa, não só através das publicações, mas também relativamente à adoção e adaptação de práticas e pesquisa já investigadas. Apesar dos avisos de Brown (1992), acerca dos impactos imprevisíveis em audiências mais amplas, a autora acredita que os dados da disseminação, divulgação, adoção e adaptação, bem como respetivas consequências, revestem-se de uma importância crucial para o desenho ou para o (re) desenho da implementação e até mesmo para o desenho de um programa de trabalho, que pode prolongar-se durante mais de uma década. A autora acrescenta que, dada a natureza iterativa do LAO, o desenho de investigação pode não terminar com a disseminação, antes com consequências do

feedback loop, quer positivas, quer negativas, expectáveis ou não expectáveis, mas que

originem novas teorias, processos e investigações. Por fim, Bannan-Ritland (2003) refere que a experiência ILD descreve uma tentativa de ir mais além na sua própria pesquisa sobre investigação em tecnologia educativa, concebendo um meta-modelo, que reúne métodos de tradições várias, as quais perspetivam os processos de desenho como fundamentais para os seus esforços, criando novos artefactos e conhecimentos. Este modelo não toma partido relativamente a métodos qualitativos ou quantitativos, utilizando e integrando técnicas de ambos.