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A PESQUISA DE CAMPO

No documento A biblioteca escolar e os nativos digitais (páginas 54-57)

O trabalho foi realizado em três escolas, nomeadas neste trabalho como escola A, escola B e escola C. A escola A é pública, enquanto as B e C são privadas.

A escola A é pública, municipal e se localiza na cidade de Belo Horizonte, na regional Pampulha. Foi fundada em 1990 por demanda dos moradores do bairro, atendendo inicialmente até a 5ª série do Ensino Fundamental. Apesar da inauguração da escola, o número de vagas era insuficiente, o que gerou muitas manifestações da comunidade. No ano de 1992, foi inaugurada a primeira Biblioteca Comunitária da Rede Municipal, nas dependências da escola. Atualmente, essa biblioteca é polo, ou seja, conforme a política da Prefeitura de Belo Horizonte, ela atende à comunidade escolar e também à comunidade em geral. O último Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola data de 2006, estando, portanto, defasado. Naquele ano, a informação que se tinha era que o acervo da biblioteca contava com mais de 05 (cinco) mil títulos, inclusive com assinatura de jornais e revistas.

Em seu PPP a escola estabelece a seguinte concepção de aluno:

O aluno é um sujeito ativo e participativo, envolvido pelo processo de ensino/aprendizagem. Traz seus questionamentos, soluções e diferentes formas de aprender, vivificando o processo de aprendizagem no convívio com a diversidade, com a interação e com os diversos segmentos do ambiente escolar. Constrói e se reconstrói, alinhavando as vivências do cotidiano escolar às outras, colhidas nos ambientes que frequenta e com as pessoas que tem contato. Cada aluno descobre e experimenta sua função, seu papel e sua influência nos grupos, desenvolvendo uma relação afetiva com a Escola, com a comunidade e com as pessoas e coletivos do qual participa (PPP, 2006, p. 13)1.

O PPP da escola deixa claro que o coletivo de professores se divide entre os que possuem uma tendência mais “conservadora” e outros com uma tendência mais “progressista”, mas ressalta que, apesar das divergências teóricas, os professores atuam conjuntamente, sem qualquer intercorrência.

Nessa escola, os alunos observados foram os do turno da tarde, que compreendiam os anos finais do Ensino Fundamental, a saber, do 5º ao 9º ano. Contudo, as entrevistas foram realizadas com alunos do 8º e 9º ano.

1 A referência do Projeto Político Pedagógico da escola não consta das referências do trabalho

A escola B é particular e oferece a Educação Infantil (Maternal I, II e III, 1º e 2º período), o Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) e o Ensino Médio (1º à 3º ano). Foi fundada em 1970, oferecendo, em seu início apenas a educação infantil e até a antiga 4ª série. No decorrer das décadas, até 2006, o colégio foi ampliando sua atuação nos anos e séries escolares.

Segundo o PPP2 da escola, seu objetivo geral é

Possibilitar aos nossos alunos a construção de si mesmos como seres humanos livres e éticos, críticos e responsáveis, comprometidos, felizes e inquietos na busca daquilo que mais e melhor conduza ao sentido pleno de sua existência. Tudo isso, fundamentado por um ensino sério, exigente e de qualidade (PPP, p. 4).

O PPP da escola se diz alinhado com as propostas da UNESCO para a educação do século XXI, onde o educando deve “aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a viver com os outros” e “aprender a ser”. O documento não cita, em nenhum momento, a biblioteca da escola.

Já a escola C é particular e oferece da educação infantil ao ensino médio. Sua ação pedagógica se baseia em princípios éticos, políticos e estéticos3. Dentre os objetivos da escola podemos citar: a capacidade de utilizar formas distintas de linguagem, de maneira crítica e criativa; desenvolver uma atitude de investigação, reflexão e crítica diante do conhecimento; o exercício da autonomia, cidadania; o desenvolvimento do autoconhecimento, autoestima, sensibilidade, introspecção e simplicidade; competência para prosseguir com sua própria educação.

Para possibilitar uma análise conjunta e comparativa com as escolas, foram pesquisados os alunos e atividades do terceiro ciclo (ou seja, do final do Fundamental 2) e do Ensino Médio (4º ciclo).

A escola C procura possibilitar aos jovens que concluem o Ensino Fundamental a complementação da Educação Básica fundada em princípios construtivistas. Propõem-se também oferecer à comunidade em geral uma alternativa aos modelos de Ensino Médio conteudistas e tecnicistas hegemônicos no país.

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Dados retirados do Projeto Político Pedagógico da escola, que não consta das referências para preservar o anonimato da mesma.

3 Dados retirados do Projeto Político Pedagógico da escola, que não consta das referências para

Um diferencial encontrado na Biblioteca da escola C é a reformulação promovida pelo Projeto Político Pedagógico em 2015. Nesta reformulação o espaço físico, centralizador do acervo (que conta com mais de 12.000 itens) foi desfeito. O acervo foi distribuído pelos ambientes de estudo, locais onde ocorrem as aulas, possibilitando um acesso direto aos alunos. O espaço que era destinado à biblioteca foi transformado em sala multiuso.

Assim, temos 03 (três) escolas distintas, com perspectivas diferentes sobre a formação dos alunos e com distinção também nas formulações de biblioteca. Esses ambientes se mostraram propícios à realização da pesquisa, principalmente no que concerne às concepções de biblioteca escolar elaboradas pelos nativos digitais.

Nesse momento é importante lembrar que a pesquisa não pode generalizar que suas conclusões refletem todo o universo dos nativos digitais, uma vez que foi realizada em 03 (três) escolas, localizadas em um município específico, no caso Belo Horizonte.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Como explicitado anteriormente, a coleta de dados foi realizada em dois momentos e de duas formas distintas. Em um primeiro momento, foi feita uma observação, a partir das premissas da etnografia. Esse processo pretendeu verificar como os alunos lidam com a produção do conhecimento e com o mundo da informação presente no ambiente da escola e da biblioteca. Esse período de observação serviu, também, como forma da pesquisadora se tornar uma pessoa da convivência desses jovens, a fim de contribuir para a realização da entrevista.

Portanto, após o período de observação, alguns alunos foram selecionados para a participação na entrevista. Na escola A, esses jovens foram selecionados a partir da observação dos que frequentavam a biblioteca. Na escola B, a partir da análise da observadora quanto ao comportamento que estes apresentavam em sala. Nessa escola muitos alunos se ofereceram para participar das entrevistas. Na escola C, os alunos foram indicados pelos professores.

Assim, segue-se, incialmente, os dados coletados no decorrer das observações.

No documento A biblioteca escolar e os nativos digitais (páginas 54-57)