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A proteção Integral

No documento TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO (páginas 36-40)

liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Muito embora a criança e o adolescente sejam considerados como atores sociais, bem como sujeitos ativos de seus próprios direitos, eles demanda a adoção da doutrina da proteção integral.

Nesse contexto há a necessidade de que esses direitos e garantias previstos constitucionalmente sejam utilizados de maneira interdisciplinar, jamais de modo restrito.

Nesse sentido:

Em termos de estrutura jurídica trata-se de uma reviravolta no sistema menorista, uma inovação que até os dias de hoje não foi completamente implementada. Porém, em âmbito internacional não era uma novidade, ao contrário já estávamos atrasados várias décadas. A Declaração dos Direitos das Crianças foi publicada em 20 de inspiração para a positivação do artigo 3º do ECA, segundo o qual:

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.

Nesse contexto, pode se depreender que a criança e o adolescente alcançaram o status

de sujeitos de direito. São considerado cidadãos plenos como os demais, deixando de lado a pecha de objetos de direito.

As crianças e adolescente são possuidores de um direito de proteção, que decorre do próprio Democrático. São detentores também de cidadania, assim como demandam a garantia de direitos fundamentais como a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho.

Nesse sentido:

O reconhecimento de que a dignidade humana é inerente a todo ser humano – somente por portar essa condição –, ao consagrar a primazia da pessoa humana, não é incompatível com a especificação de categorias de sujeitos, quando esta tem como objetivo proporcionar a maior tutela possível dos direitos humanos. Ao se mencionar a dignidade humana da criança e do adolescente não se está afirmando que sua essência seja diferente das dos demais seres humanos, mas incrementando uma concepção de que a dignidade humana, para sua efetiva proteção, deve ser vista de acordo com as peculiaridades que se fazem notar em determinadas categorias de pessoas. Assim, do mesmo modo que se aponta para uma igualdade material em detrimento de uma igualdade formal, poder-se-ia falar de uma dignidade humana material para assinalar a diferença de enfoque na sua tutela em relação a certos grupos ou a determinadas situações. (SANTOS, 2007, p. 13/14).

Dessa forma, pode ser afirmado que as crianças e adolescentes são possuidoras dos direitos fundamentais em todas as suas gerações e dimensões de forma integral e não apenas parcialmente.

Quando se fala que há proteção integral aos direitos fundamentais das crianças, não comporta exceção. De modo que todos os direitos fundamentais estão garantidos, inclusive quanto à dignidade da pessoa humana, que na fase infantil, abarca o direito de brincar e se divertir.

Cita-se que:

Observa-se que a finalidade lucrativa destas atividades está sendo sobreposta à dignidade humana da criança e do adolescente, e o Estado deve agir. Diante deste cenário de riscos e incertezas, podem existir pais que exerçam a parentalidade responsável e que haja a conciliação do trabalho infantil com o pleno desenvolvimento de personalidade do menor. Contudo, o Estado não pode deixar de regular esta situação, que coloca em risco o direito de muitas crianças, uma vez comprovado a clandestinidade como tais atividades são praticadas e a falta de respeito pela doutrina de proteção integral da criança pelos pais e pelas empresas.

(DIAS, 2017, p. 19).

Conquanto se iluda com a promessa de uma vida muito melhor através dos lucros financeiros promovidos e proporcionados pelo trabalho artístico infantil, há perda do momento apropriado da vida para a diversão, descontração e desenvolvimento oportuno.

Quanto mais cedo uma criança começar a trabalhar, mais cedo também sentirá problemas colaterais como fadiga, estresse, cansaço, que certamente repercutirão na sua formação escolar, em que se encontra, mormente no seu desenvolvimento físico e mental.

Essa proteção integral de direitos fundamentais deve ser proporcionada pelo Estado, pela sociedade e pela família. Deve ser articulada toda as instituições para que se proporcione a proteção integral aos direitos fundamentais das crianças e adolescentes, mormente no que se refere ao princípio constitucional consistente na dignidade da pessoa humana.

Há necessidade de ação conjunta de todas as instituições no combate à exploração desenfreada do trabalho artístico realizado por crianças e adolescentes fora da idade permitida.

IV CONSEQUÊNCIAS

Segundo Brasil (2004, p. 42) "a sociedade brasileira ainda não assimilou a doutrina da proteção integral, que é o fundamento do marco legal vigente".

Destaca-se a existência de brechas na legislação vigente, bem como nos valores sociais aceitos que ainda permitem a exploração do trabalho infantil.

Citam-se-nos:

O estatuto da guarda do ECA pode facilitar situações de exploração do Trabalho Infantil Doméstico (TID), em um contexto em que o trabalho doméstico é desfavorecido segundo a legislação atual, o que se faz sentir de modo mais grave entre as crianças e adolescentes trabalhadores domésticos. Além do mais, o art. 7º da CLT dificulta as ações de combate ao TID, bem como não se discutiu ainda aprofundadamente se o TID deveria ou não ser incluso nas piores formas de trabalho infantil. (BRASIL, 2004, p. 42).

Sobre essa situação, foi promulgado o decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008, pelo qual no Art. 1º, de modo que fica aprovada a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), na forma do Anexo, de acordo com o disposto nos artigos 3o, “d”, e 4o da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho - OIT, aprovada pelo Decreto Legislativo no 178, de 14 de dezembro de 1999 e promulgada pelo Decreto no 3.597, de 12 de setembro de 2000. Ademais, o artigo 2º diz que fica proibido o trabalho do menor de dezoito anos nas atividades descritas na Lista TIP, salvo na hipótese de ser o emprego ou trabalho, a partir da idade de dezesseis anos, autorizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, após consulta às organizações de empregadores e de trabalhadores interessadas, desde que fiquem plenamente garantidas a saúde, a segurança e a moral dos adolescentes; e na hipótese de aceitação de parecer técnico circunstanciado, assinado por profissional legalmente habilitado em segurança e saúde no trabalho, que ateste a não exposição a riscos que possam comprometer a saúde, a segurança e a moral dos adolescentes, depositado na unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego da circunscrição onde ocorrerem as referidas atividades.

Segundo Brasil (2004, p. 42) "a exploração do trabalho infantil ainda não é criminalizada, levando em consideração os diferentes tipos de exploração infantil, e é baixo o valor das multas aplicadas quando é constatada a irregularidade, sendo que essas multas não são per capta".

Referindo-se diretamente ao mote deste trabalho afirma Brasil (2004, p. 42) que “o trabalho artístico e esportivo não é regulado por parâmetros legais claros”. Conquanto haja a ratificação da Convenção da Organização Internacional do Trabalho nº 138, o trabalho infantil

No documento TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO (páginas 36-40)

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