• Nenhum resultado encontrado

Consolidação das Leis do Trabalho

No documento TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO (páginas 28-32)

2.4 Legislação Nacional

2.4.1 Consolidação das Leis do Trabalho

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) dedicou o capítulo IV para a proteção do trabalho do menor.

O Art. 402 da CLT diz que “considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de quatorze até dezoito anos”.

Ademais, o parágrafo único do referido artigo menciona que “o trabalho do menor reger-se-á pelas disposições do presente Capítulo, exceto no serviço em oficinas em que trabalhem exclusivamente pessoas da família do menor e esteja este sob a direção do pai, mãe ou tutor, observado, entretanto, o disposto nos arts. 404, 405 e na Seção II”.

Deve ser destacado que a Constituição Federal, intensificou consideravelmente a idade prevista no art. 02 da CLT, já que no art. 5º, XXXIII há expressa “proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”.

Como forma de ampliar ainda a proteção o Art. 403 da CLT, com a Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000 estipula ser “proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos”.

Assim o parágrafo único do referido artigo aduz que “o trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não permitam a frequência à escola”.

Por sua vez, o Art. 404 da CLT em perfeita harmonia com a constituição federal determina que “ao menor de 18 (dezoito) anos é vedado o trabalho noturno, considerado este o que for executado no período compreendido entre as 22 (vinte e duas) e as 5 (cinco) horas”.

Em que pese a regra seja a de permissão de trabalho aos menores, o art. 05 da CLT traz expressamente previstas hipóteses nas quais se proíbe terminantemente o trabalho de menores.

Art. 405 - Ao menor não será permitido o trabalho:

I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes de quadro para esse fim aprovado pelo Diretor Geral do Departamento de Segurança e Higiene do Trabalho;

II - em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade.

§ 1º Excetuam-se da proibição do item I os menores aprendizes maiores de 16 (dezesseis) anos, estagiários de cursos de aprendizagem, na forma da lei, desde que os locais de trabalho tenham sido previamente vistoriados e aprovados pela autoridade competente em matéria de Segurança e Higiene do Trabalho, com homologação pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, devendo os menores ser submetidos a exame médico semestralmente.

§ 2º O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros dependerá de prévia autorização do Juiz de Menores, ao qual cabe verificar se a ocupação é indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação não poderá advir prejuízo à sua formação moral. desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;

d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.

Em que pesem as proibições previstas no art. 405, o art. 406 prevê casos em que o juiz poderá autorizar o trabalho de menores, mesmo sendo uma das hipóteses proibidas.

Diz o Art. 406 que o Juiz de Menores poderá autorizar ao menor o trabalho a que se referem as letras "a" e "b" do § 3º do art. 405 desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe não possa ser prejudicial à sua formação moral, ou desde que se certifique ser a ocupação do menor indispensável à própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e não advir nenhum prejuízo à sua formação moral.

Ainda quando um menor esteja realizando trabalho dentro das hipóteses permitidas, nos termo do Art. 407 da CLT, “verificado pela autoridade competente que o trabalho executado pelo menor é prejudicial à sua saúde, ao seu desenvolvimento físico ou a sua moralidade, poderá ela obrigá-lo a abandonar o serviço, devendo a respectiva empresa, quando for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de funções”.

De acordo com os ditames constitucionais, já que o amparo ao menor é dever de todos, nos quais se incluem a família e a sociedade, os artigos 42 e 425 da CLT trazem responsabilidades aos pais e aos empregadores de menores.

Segundo o Art. 424 da CLT “é dever dos responsáveis legais de menores, pais, mães, ou tutores, afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudo, reduzam o tempo de repouso necessário à sua saúde e constituição física, ou prejudiquem a sua educação moral”.

Conforme determina o Art. 425 da CLT “os empregadores de menores de 18 (dezoito) anos são obrigados a velar pela observância, nos seus estabelecimentos ou empresas, dos bons costumes e da decência pública, bem como das regras da segurança e da medicina do trabalho”.

III TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO

O trabalho infantil artístico, assim como todas as outras formas de exploração da mão de obra pueril é realizada em espetáculos circenses, peças teatrais e programas televisivos de uma maneira indiscriminada, até considerada como normal e não como ocorre em outras atividades.

No entanto, ao se observar as disposições contidas dentro do artigo 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal de 1988, constata-se a existência de apenas uma exceção à regra da proibição do trabalho para os menores de 16 anos, consistente na qualidade de aprendiz.

Segundo Conceição (2011, p. 01) "no mundo moderno, este fenômeno ainda existe e de forma alarmante. Basta olharmos com mais atenção nas cidades, que vemos crianças espalhadas em todos os lugares, vendendo algum produto nas praças, portas de lojas ou como pedintes nos semáforos".

Destaca-se que a finalidade proibitiva ao trabalho pueril tem por finalidade a necessária proteção ao direito de não trabalhar em determinado momento do desenvolvimento humano.

Sobre o trabalho, encontra amparo na Convenção da Organização Internacional do Trabalho nº 138 de 1978, a qual foi ratificada pelo governo brasileiro no Brasil, através do Decreto Presidencial nº 4.134, datado de 15 de fevereiro de 2002.

Segundo o artigo 8º da Convenção da Organização Internacional do Trabalho nº 138 de 1978 “a autoridade competente poderá conceder, mediante prévia consulta às organizações interessadas de empregadores e de trabalhadores, quando tais organizações existirem, por meio de permissões individuais, exceções à proibição de ser admitido ao emprego ou de trabalhar, que prevê o artigo 2 da presente Convenção, no caso de finalidades tais como as de participar em representações artísticas”.

No mais, o artigo 149, inciso II, itens “a” e “b” do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que Art. 149 diz que compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará a participação de criança e adolescente em espetáculos públicos e seus ensaios e certames de beleza.

Cita-se sobre o ECA que:

É apontado como um dos melhores do mundo, um parâmetro internacional em legislação para essa faixa etária e serviu de base para legislações semelhantes em

vários países. Não obstante, ainda hoje suas leis são desconhecidas pela maioria da população brasileira e em muitos municípios sua aplicação prática é descumprida.

(MENDES, 2018, p. 10).

Segundo ainda o já citado neste trabalho artigo 406 da Consolidação das Leis do Trabalho o Juiz de Menores poderá autorizar ao menor o trabalho estado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings e estabelecimentos análogos, em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes, desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe não possa ser prejudicial à sua formação moral e que se certifique ser a ocupação do menor indispensável à própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e não advir nenhum prejuízo à sua formação moral.

Segundo Conceição (2011, p. 01) "a tentativa das autoridades de proibirem oficialmente este tipo de fenômeno social, que é o trabalho infantil, criando legislação específica, ainda não é o suficiente para resolvê-los".

Ademais, há intensa aceitação social deste tipo de trabalho realizado, mormente pelo cinematográfico e televisivo no que se refere aos grandes lucros financeiros obtidos pelos pais e crianças, conquanto haja ainda maior prejuízo à formação e ao desenvolvimento físico e intelectual.

Nesse sentido, cita-se que:

A sociedade contemporânea valoriza, sobremaneira, a arte e os meios de comunicação, não só pela beleza das atividades ali desenvolvidas, mas principalmente pelo papel vital que elas ocupam no mundo atual. A TV, os espetáculos e anúncios publicitários inundam o cotidiano das pessoas, nas ruas onde transitam e dentro de suas casas. De uma atividade discriminada e mal vista há apenas algumas décadas, ser artista transformou-se em sonho de consumo, tornando-se uma das respostas favoritas à célebre pergunta: o que você quer tornando-ser quando você crescer? (COSME, 2014, p. 22).

Percebe-se recrudescer paulatinamente a cada dia uma enorme admiração pelo trabalho artístico, mormente se for realizado por crianças e adolescentes em filmes e novelas.

Há verdadeira supressão dos demais valores a serem observados sob a pseudo-possibilidade de oferecimento de benefícios a esses seres humanos em fase de desenvolvimento.

Nesse sentido, cita-se ainda que:

Queiramos ou não, tenhamos ou não consciência, sob olhar complacente ou de

indiferença, indignação ou como é comum – indisfarçável, irrefletida e pura admiração pelo estrelato prematuro, assistimos diariamente, ao trabalho infantil artístico invadir sem permissão nossos lares. E nem esforço é necessário para que isso ocorra, bastando acionar o controle remoto do televisor. (COSME, 2014, p. 22).

Embora não se deva desacreditar ou desmerecer o talento artístico das crianças e adolescentes há quem nem mesmo a repute como uma forma de trabalho, criando-se brechas para haja a exploração permissiva desta situação.

No documento TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO (páginas 28-32)

Documentos relacionados