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TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO

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Academic year: 2022

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TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO

Centro Universitário Toledo Araçatuba

2019

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TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO

Trabalho apresentado como requisito parcial para aprovação no curso de Direito, sob orientação do Profº. Me. Valdir Garcia dos Santos Júnior.

Centro Universitário Toledo Araçatuba

2019

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TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO

Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito à Banca Examinadora do Centro Universitário Toledo, sob orientação do Prof. Me. Valdir Garcia dos Santos Júnior.

Aprovado em ____de ___________de ______.

Nota Final: ______.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Orientador: Valdir Garcia dos Santos Júnior

_______________________________________

Examinador 1

________________________________________

Examinador 2

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exemplo de profissional. Não posso deixar de agradecer meus pais por me motivarem e por me apoiarem, além da minha irmã, a qual tenho uma admiração imensurável. Por fim, agradeço aos meus amigos de faculdade pelo apoio e a todos os professores, os quais tenho uma dívida eterna. Gratidão por cada um, hoje sou uma pessoa melhor e sei que consigo ir mais além.

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Quando se fala em trabalho infantil geralmente associa-se à ideia de crianças trabalhando em carvoarias ou vendendo doces em praças e ruas, sendo submetidas a exploração a troco de pequenos salários. No entanto o fenômeno da exploração infantil consiste em um universo muito maior de possibilidade do que utilizar da mão de obra de crianças e adolescentes para a produção e geração de riquezas e bens de capital. Primeiramente será analisada a história do trabalho na menoridade, através da conceituação. Será dada uma breve explanação sobre a o trabalho infantil na história e na história brasileira. Logo após será analisada a legislação a respeito do trabalho infantil, conceituando e classificando-o através das disposições doutrinárias e convenções e tratados internacionais. Depois será feita uma abordagem específica e minuciosa sobre o trabalho infantil apresentando-se a questão social, bem como a doutrina da proteção integral dos menores. Por fim serão analisadas algumas consequências decorrentes da exploração do trabalho infantil, como a violação dos direitos fundamentais, prejuízo ao desenvolvimento físico e intelectual, jornadas exaustivas de ensaio e treinamento.

Remuneração compatível, atuação dos responsáveis, dentre outros efeitos decorrentes dessa prática. O trabalho infantil artístico, assim como todas as outras formas de exploração da mão de obra pueril é realizada em espetáculos circenses, peças teatrais e programas televisivos de uma maneira indiscriminada, até considerada como normal e não como ocorre em outras atividades. O dito trabalho artístico realizado e admitido no Brasil não é visto com os mesmos olhos, nem sob o mesmo prisma que aquele que se observa em carvoarias, minas, agricultura, fábricas. Estes são amplamente aceitos como terríveis, perniciosos e inaceitáveis. São considerados verdadeiras forma de exploração de crianças e adolescentes, sofrendo intenso combate da sociedade, bem como das autoridades constituídas pela legislação pátria. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Aponta-se a violação ao direito fundamental da dignidade da pessoa humana que garante o direito de desenvolver saudavelmente sem qualquer exploração. As crianças demandam que o seu desenvolvimento ocorra sem interferências. O trabalho infantil é uma forma de exploração da mão de obra de crianças e adolescentes que não deve ser admitida em nenhuma hipótese, já que constitui obrigação do Estado, da Família e da Sociedade o dever de ampará-los em todas as suas necessidades. Não se pode admitir, ainda que em nome da subsistência própria ou de terceiros a exploração do trabalho por crianças e adolescentes.

Palavras-Chave: Trabalho; Artístico; Infantil; Crianças; Adolescentes;

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When it comes to child labor, it is generally associated with the idea of children working in charcoal shops or selling candy in squares and streets, and they are subjected to exploitation in exchange for small salaries. However, the phenomenon of child exploitation consists of a much larger universe of possibility than using the labor of children and adolescents for the production and generation of wealth and capital goods. First, the history of work in the minority will be analyzed through conceptualization. A brief explanation will be given on child labor in Brazilian history and history. Soon after, the legislation on child labor will be analyzed, conceptualizing and classifying it through doctrinal provisions and international conventions and treaties. Then there will be a specific and thorough approach on child labor, presenting the social issue as well as the doctrine of the integral protection of minors. Finally, some of the consequences of exploitation of child labor, such as violation of fundamental rights, damage to physical and intellectual development, exhaustive days of testing and training will be analyzed. Compatible remuneration, actions of those responsible, among other effects resulting from this practice. Artistic child labor, as well as all other forms of exploitation of childish labor, is performed in circus shows, plays and television programs in an indiscriminate manner, even considered normal and not as in other activities. The said artistic work realized and admitted in Brazil is not seen with the same eyes, nor under the same prism as that observed in charcoal, mines, agriculture, factories. These are widely accepted as terrible, pernicious and unacceptable. They are considered true form of exploitation of children and adolescents, undergoing intense combat of the society, as well as of the authorities constituted by the native legislation. It is the duty of the family, the society and the State to ensure the right to life, health, food, education, leisure, professionalization, culture, dignity, respect, freedom and family and community coexistence, and to safeguard them from all forms of neglect, discrimination, exploitation, violence, cruelty and oppression.

A violation of the fundamental right of the dignity of the human person is guaranteed, which guarantees the right to develop healthily without exploitation. Children demand that their development occur without interference. Child labor is a form of exploitation of the workforce of children and adolescents that should not be admitted under any circumstances, since it is the obligation of the State, the Family and Society to support them in all their needs.

It can not be admitted, even in the name of self-subsistence or of third parties, the exploitation of work by children and adolescents.

Keywords: Work; Artistic; Infant; Children; Adolescents;

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INTRODUÇÃO ... 5

I A HISTÓRIA DO TRABALHO NA MENORIDADE ... 7

1.1 Conceito de trabalho ... 8

1.2 Trabalho infantil na história ... 9

1.2.1 Trabalho Infantil no Brasil ... 11

II LEGISLAÇÃO E CONCEITO ... 15

2.1 Conceito de Trabalho Infantil ... 17

2.2 Classificação ... 19

2.3 Convenções e Tratados Internacionais ... 20

2.4 Legislação Nacional ... 22

2.4.1 Consolidação das Leis do Trabalho ... 25

III TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO ... 27

3.1 A questão social ... 29

3.2 A proteção Integral ... 33

IV CONSEQUÊNCIAS ... 36

4.1 Violação a direitos fundamentais de crianças e adolescentes submetidos ao trabalho artístico? ... 37

4.2 Prejuízo ao desenvolvimento físico e intelectual dessas ... 37

4.3 Jornadas de ensaio, estudo ou treinamento, ... 38

4.4 Remuneração compatível ... 39

4.5 Atuação dos responsáveis. ... 39

4.6 Efeitos ... 40

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 44

REFERÊNCIAS ... 46

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INTRODUÇÃO

Quando se fala em trabalho infantil geralmente associa-se à ideia de crianças trabalhando em carvoarias ou vendendo doces em praças e ruas, sendo submetidas a exploração a troco de pequenos salários.

No entanto o fenômeno da exploração infantil consiste em um universo muito maior de possibilidade do que utilizar da mão de obra de crianças e adolescentes para a produção e geração de riquezas e bens de capital.

As crianças são exploradas, sejam por seus pais no ambiente doméstico, como também por empregadores em empregos informais, já que o ordenamento jurídico brasileiro não admite tal modalidade de relação de emprego.

Desde muito anos, as crianças são exploradas, no entanto, não se pode admitir essa modalidade de exploração que causa imensos prejuízos à formação física e psicológica de crianças e adolescentes.

Não há desculpas para a exploração do trabalho infantil, nem mesmo as recorrentes justificativas como as de necessidade de subsistência e contribuição do sustento familiar.

O trabalho infantil deve ser exterminado para que as crianças e adolescentes tenham respeitado seu direito constitucional à dignidade da pessoa humana, inerente a todas as pessoas.

O trabalho realizado por crianças e adolescentes no meio artístico atualmente, causa indubitável deslumbramento nas pessoas pela possibilidade de ganhar dinheiro e fama. Toda a sociedade simpatiza com esse fenômeno de exploração de crianças e adolescente em filmes, novelas, espetáculos teatrais e circenses, bem como em campanhas publicitárias.

Conquanto se debate sobre a prática de trabalho artístico infantil verifica-se permissão na legislação brasileira, sem a devida análise de que os menores de 16 anos não devem trabalhar, já que se lugar pertence ao seio familiar e escolar.

Primeiramente será analisada a história do trabalho na menoridade, através da conceituação. Será dada uma breve explanação sobre a o trabalho infantil na história e na história brasileira.

Logo após será analisada a legislação a respeito do trabalho infantil, conceituando e classificando-o através das disposições doutrinárias e convenções e tratados internacionais.

Depois será feita uma abordagem específica e minuciosa sobre o trabalho infantil

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apresentando-se a questão social, bem como a doutrina da proteção integral dos menores.

Por fim serão analisadas algumas consequências decorrentes da exploração do trabalho infantil, como a violação dos direitos fundamentais, prejuízo ao desenvolvimento físico e intelectual, jornadas exaustivas de ensaio e treinamento. Remuneração compatível, atuação dos responsáveis, dentre outros efeitos decorrentes dessa prática.

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I A HISTÓRIA DO TRABALHO NA MENORIDADE

Quando se fala em trabalho infantil trata-se de um conceito que sofreu variações de acordo com a evolução social em que se encontrava a humanidade. Há bastante variação do conceito de trabalho infantil de acordo com a cultura de cada sociedade em que se verifica.

Em certos momentos e locais, determinada pessoa poderia ser considerada ainda como uma criança, ao passo que em outros locais, já seria considerada como uma pessoa adulta e formada.

Independentemente de, neste momento, especificar-se, dentro da atual fase de desenvolvimento humano mundial, o que se compreende por trabalho infantil, certo é que ele existe e sempre existiu durante o decorrer das eras. É uma prática comum, embora não seja desejável, face aos inúmeros prejuízos e malefícios que provoca nas crianças e adolescente que são vitimizadas por essa prática exploratória da mão de obra pueril.

Cita-se que:

O trabalho infantil tem sido objeto de consideráveis discussões no que diz respeito ao combate das modalidades consideradas penosas e insalubres à criança e adolescente, bem como à normatização e regulamentação de outras medidas.

Azevedo (2000) afirma que fatores históricos têm realçado a problematização do tema, vez que esse problema deita raízes em questões sociais e econômicas das mais remotas. (MOURA, 2017, p. 15).

Durante certos interregnos temporais, até mesmo por questões históricas e culturais, ou inclusive pela falta de disponibilidade de mão de obra, as crianças e adolescentes sempre ajudaram na composição da força laboral à disposição dos fatores de produção.

Percebe-se em Moura (2017, p. 14) que “a primeira forma de trabalho foi à escravidão, em que o escravo era considerado apenas uma coisa, não tendo qualquer direito, muito menos trabalhista. O escravo, portanto, não era considerado sujeito de direito, pois era propriedade do dominus”.

Segundo Santos (2005, p. 01) “o trabalho infantil continua sendo um problema generalizado, apesar do maior compromisso dos governos e seus parceiros”.

Mendes (2018, p. 03) assevera que “o trabalho infantil toma um tempo que as crianças utilizariam para estudar, descansar ou, o que é muito importante: brincar! A falta de qualquer uma dessas atividades compromete o bom rendimento escolar”.

Assim, nota-se que a manutenção do trabalho infantil como um problema se deve ao

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fato de atrapalha no desenvolvimento da criança enquanto pessoa, pois brincar é algo imprescindível para tanto.

1.1 Conceito de trabalho

Segundo Ferreira (2009, p. 01) o trabalho significa “emprego; o ofício ou a profissão de alguém”. Segundo Barros (2016, p. 45) "o termo trabalho, segundo alguns dicionários etimológicos, deriva do latim vulgar tripaliare, que significa martirizar com tripalium (instrumento de tortura composto de três paus)".

Popularmente, o termo trabalho envolve significado como serviço, emprego de esforço, inclusive fadiga e ação.

Cita-se que:

Na Grécia antiga, era um castigo, das Sagradas escrituras tiramos que o trabalho seria o castigo imposto por Deus ao homem, representado por Adão, que ao ser decaído do paraíso, comeria o pão como o suor do seu rosto. De Plácido e Silva conceitua trabalho como sendo “todo o esforço físico, ou mesmo intelectual, na intenção de realizar ou fazer qualquer coisa. (SALDANHA, 2016, P. 01).

A penosidade associada ao trabalho também pode ser encontrada dentro da bíblia:

Em Mateus 2:16, “Vendo Herodes que tinha sido enganado pelos magos, temeroso que um novo rei nasceria em sua região, mandou matar todas as crianças em Belém e nos seus arredores, crianças de dois e menos de dois anos abaixo. Nesse mesmo sentido, Naum 3:10, afirma que quando o povo de Teba foi aprisionado “(...) as crianças foram massacradas nas esquinas das ruas. Outro tópico a se destacar é o sacrifício humano, prática constante entre os antigos, cujo ritual constante era sacrificar os filhos nos altares erigidos aos deuses pagãos, conforme Jeremias 32:35, que via com horror as honras consagradas a Baal e Moloque no vale de Bem-Hinon, pelos povos de Belém e Judá, que sumariamente executavam suas crianças e adolescentes. Resolve castigá-los não antes de dizer: “Eu não lhes dei ordem para isso e nunca pensei que eles fizessem uma coisa tão abominável quanto esta (...)”.A indução ao crime e a violência também era dirigida às crianças. Em Juízes 8:2, Gedeão disse a Jeter, seu filho primogênito: “Levanta-te e mata-os! (...) Mas o jovem não ousou tirar a espada, porque, sendo ainda muito novo, tinha medo”, conforme o texto bíblico. (MENDES, 2018, p. 03).

O fato de a bíblia considerar o trabalho como castigo e punição em vários momentos fez com que fosse criado esse sentimento pejorativo em relação à necessidade de trabalhar. As

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pessoas trabalham pelo fato de sentirem estar sendo punidas por algo que fizeram ou que deveriam ter feito.

Hodiernamente, o trabalho sofreu significativa mudança conceitual desassociando-se de qualquer referência a castigo ou punição. Não se considera mais, atualmente, o trabalho como um castigo.

Haja vista a grande quantidade de significados que pode assumir o vocábulo trabalho na sociedade moderna atual, há certa abstrativização da palavra, e significativa aproximação de expressões como atividade e esforço em si mediante remuneração de salários.

1.2 Trabalho infantil na história

Desde o início da história da humanidade o ser humano sempre desempenhou tarefas primitivas as quais eram fundamentais para a manutenção da sobrevivência da espécie humana.

Atividades como coleta de alimentos, confecção de objetos de adornos, dentre um universo diverso de objetos que satisfaçam as suas necessidades peculiares e características.

Cada homem captava determinados bens e objetos que encontrava, os quais passaram a ser objeto de troca com as demais pessoas. Esse escambo primitivo, pode ser considerado como um antecedente do comercio atual praticado em lojas e supermercados.

Com o decorrer da evolução humana, houve assimilação e aquisição de técnicas que permitiram surgir a plantação de alimentos necessários, em vez de despender esforço na procura. Não havia mais a necessidade de procurar alimentos, já que eles podiam ser plantados.

Houve percepção de que somente a coleta de alimentos era demasiadamente insuficiente para que se mantivesse a sociedade que crescia rapidamente. Associado ao plantio, adquiriu-se também capacidade de lidar com animais e rebanhos para alimentação, troca e comércio, dando origem ao que se tornaria o conceito de trabalho.

Durante todas essas etapas evolucionárias, houve emprego tanto de mão de obra adulta, como de crianças e adolescentes.

Segundo Mendes (2018, p. 02) “no Egito, sob as dinastias XII a XX, sendo todos os cidadãos obrigados a trabalhar, sem distinção de nascimento ou fortuna, os menores estavam submetidos ao regime geral e, como as demais pessoas, trabalhavam desde que tivessem

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relativo desenvolvimento físico”.

Prossegue Mendes (2018, p. 02) que “na Grécia e em Roma, os filhos dos escravos pertenciam aos senhores e eram obrigados a trabalhar, quer diretamente para seus proprietários, quer de terceiros, em benefício dos seus donos”.

Aduz Mendes (2018, p. 02) ainda que “organizadas as corporações romanas, inicialmente para os trabalhadores livres, os seus filhos trabalhavam como aprendizes para, mais tarde, ingressar no mesmo ofício paterno”.

Na Idade Média, conforme se depreende em Mendes (2018, p. 02) “organizadas as corporações de ofício, durante anos o menor trabalhava, sem perceber qualquer salário e até muitas vezes pagando àquele ou ao senhor feudal uma determinada soma. O trabalho se fazia de sol a sol, com um descanso para refeição”.

Cita-se que:

Até a Idade Média, o trabalho infantil, com exceção do trabalho escravo, estava vinculado ao complemento da mão de obra para o sustento familiar, sendo pouco comum o desenvolvimento do trabalho infantil para benefício de terceiros (quando a criança não desfruta do lucro de seu trabalho). No período feudal, as crianças passaram a trabalhar nos feudos, para os senhores feudais, e com os mestres artesãos nas Companhias de Ofício, sendo muito comum, durante esse período, o trabalho infantil em troca do aprendizado de um novo ofício, comida ou moradia. (SILVA, 2014, p. 01).

Havia a crença de que a necessidade de alimentação e moradia eram elementos suficientes para justificar a prática do trabalho infantil. Já que os pais não tinham condições de sustentar os filhos, estes deveriam trabalhar. Havia a consciência coletiva e social de que todos os membros da família deveriam contribuir para o sustento de todos.

Sobre o auge de exploração infantil, destaca-se o advento da revolução industrial na Inglaterra.

Nesse sentido:

A exploração do trabalho infantil atingiu seu auge durante a Revolução Industrial.

Nas primeiras indústrias implantadas na Inglaterra, França, Alemanha e demais países da Europa, era comum a exploração da mão de obra infantil em razão de seu menor custo em comparação com a mão de obra masculina. Assim, crianças, a partir dos quatro anos de idade, eram submetidas a regimes de trabalho de cerca de 14 horas diárias, em locais insalubres, sem controle de acidentes, em troca de pouco mais do que alimentação e moradia. Em consequência dessa exploração da mão de obra infantil no início da Revolução Industrial, muitas crianças foram mutiladas ou perderam a vida em acidentes que aconteceram no interior de fábricas. Além disso, era comum o abuso infantil dentro dessas fábricas. Erros, brincadeiras ou até mesmo conversas durante o horário de trabalho recebiam punições, na maioria das vezes, muito severas. (SILVA, 2014, p. 01).

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Face à grande necessidade de mão de obra, atrelado ao fato da necessidade familiar de subsistência, recrudesceu exponencialmente a exploração do trabalho infantil de crianças e adolescentes.

1.2.1 Trabalho Infantil no Brasil

Segundo Silva (2013, p. 10) “o trabalho infantil no Brasil faz parte da história do país.

A cultura europeia de exploração da colônia recém-descoberta foi determinante para o subdesenvolvimento do país como um todo, e atingiu de forma violenta a classe infantil”.

Nesse sentido:

No Brasil, a exploração do trabalho da criança vem desde o Brasil-Colônia, quando eram retiradas de orfanatos ou de áreas urbanas pobres, sendo aproveitadas para todo o tipo de trabalho, desde serviços domésticos até os mais desgastantes. Segundo estatísticas de diversos órgãos, tais como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), se observa que na área rural encontra-se um número significativo de crianças fornecendo mão de obra, devido a renda das famílias rurais estar sujeita ao quantum estas produzem, o que torna um efeito cascata, pois para conseguir produzir mais e aumentar a renda mensal, as famílias mobilizam todos para o trabalho, inclusive crianças. (BUENO, 2010, p. 03).

A desigualdade social que predominava no Brasil, sobretudo atrelada à escravidão permitida e legalizada fazia com que o trabalho infantil fosse intensamente disseminado, já que os filhos de pais ricos estudavam ao passo que a prole de pais desprovidos de fortuna eram obrigado a encarar o labor para ajudar na manutenção da sobrevivência familiar.

Conforme Silva (2013, p. 10) apud Oliva (2006, p. 19) “o trabalho infantil era encarado com naturalidade. Escravos deveriam trabalhar logo que a compleição física permitisse. Muitos se viam arrancados da convivência dos pais ainda crianças e vendidos como mercadorias baratas”.

Durante os terríveis anos em que se permitiu a escravidão no Brasil não se fazia nenhuma distinção entre crianças e adultos, sendo que ambos realizavam os mesmos trabalhos nas mesmas condições.

Ensina Silva (2013, p. 10) que “o fim da escravidão trouxe uma crise muito grande no setor rural, pois os ex-escravos abandonaram os campos e se aglomeraram nas cidades atrás de empregos assalariados”.

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Destaca-se que o movimento imigratório que se verificou face aos temores da primeira grande guerra mundial, fez com que muitos imigrantes viessem buscar refúgio no Brasil.

Nesse sentido

Posteriormente, e fugindo da guerra, muitos imigrantes vieram para o Brasil, iludidos de que aqui seriam donos de suas próprias terras. Poucos conseguiram. A grande maioria não teve a mesma sorte e restou a estes trabalhar no meio rural (carente de mão-de-obra) em regime de semiescravidão, ou juntar-se aos ex-escravos nas cidades na disputa por empregos. A exploração da mão-de-obra dos imigrantes também não fez distinção de idade, e os filhos também serviram de mão-de-obra explorada, tanto nos campos quanto nas indústrias e comércios. (SILVA, 2013, p.

11).

Assevera ainda Dias (2013, p. 11) que “depois de uma revolução o poder foi entregue a Getúlio Vargas, que buscou promover o crescimento urbano e acelerou a industrialização o que automaticamente aumentou o número dos trabalhadores e a exploração infantil”.

Esse crescimento acelerado da industrialização demandou uma enorme quantidade de mão de obra. Pelo fato dessa demanda, as crianças e adolescentes preencheram essa necessidade mercadológica e industrial promovida pela industrialização.

O advento do fim da Segunda Guerra Mundial, seguido de movimentos constitucionais, sobretudo pelas Constituições brasileiras que sobrevieram flexionou consideravelmente a possibilidade de trabalho infantil.

Segundo o art. 157, IX da Constituição Federal de 1946:

Artigo 157 - A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores:

IX - proibição de trabalho a menores de quatorze anos; em indústrias insalubres, a mulheres e a menores, de dezoito anos; e de trabalho noturno a menores de dezoito anos, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente;

Nesse sentido:

A Constituição de 1946 não fez referência expressa à “juventude” e há apenas uma para “infância”. Todavia, pela primeira vez constou o termo “adolescência” ao instituir-se a obrigatoriedade de assistência, no capítulo “Da Família” e a previsão de obrigatoriedade de aprendizagem aos trabalhadores menores no capítulo “Da Educação e Da Cultura”. No título V “Da Ordem Econômica e Social”, além de retomar a redação da Constituição de 1934 na cabeça do artigo (referência a direitos mais favoráveis ao trabalhador), elevou a idade mínima para a execução de trabalho noturno de 16 para 18 anos, mantendo as demais proibições de qualquer trabalho para menores de 14 anos e em indústrias insalubres para menores de 18 anos, além de proibir a diferença de salário para o mesmo trabalho por motivo de idade.

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(ANDRADE, 2011, p. 04).

A constituição federal de 1946, permitia, dessa forma, o trabalho de menores em indústrias que não fossem insalubres, criando-se assim um regra permissiva do trabalho infantil. Caso o ambiente fosse, de certo modo, adequado, permitia-se a exploração do trabalho infantil.

Destaca-se que durante o regime militar brasileiro houve um grande retrocesso quanto aos direitos fundamentais, já que segundo a constituição federal de 1967 era proibido o trabalho de menores de 12 anos. Assim, criou-se uma regra constitucional deveras perniciosa.

Artigo 158 - A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem à melhoria, de sua condição social:

X - proibição de trabalho a menores de doze anos e de trabalho noturno a menores de dezoito anos, em indústrias insalubres a estes e às mulheres;

Sobre o assunto:

A Constituição de 1967, no Título Da Ordem Econômica e Social, embora tivesse mantido a proibição para o trabalho noturno e insalubre para menores de 18 anos, em verdadeiro retrocesso social, reduziu de 14 para 12 anos a idade mínima para qualquer trabalho. Além disso, manteve as mesmas disposições da Constituição anterior quanto à proteção da infância e da adolescência e à obrigatoriedade de aprendizagem aos trabalhadores menores no Título IV Da Família, Da Educação e Da Cultura. A Emenda Constitucional 1 de 1969 não alterou nenhuma disposição da matéria. (ANDRADE, 2011, p. 04).

Dessa forma, era permitido o trabalho de adolescente a partir dos 12 anos dentro do território brasileiro, sob o suporte da lei maior do ordenamento jurídico vigente no Brasil.

Durante o desenvolvimento socioeconômico do final do século XIX, segundo Saldanha (2016, p. 16) “com a imigração vinda da Europa e Japão, e a revolução industrial as formas de divisão de trabalho facilitaram o exercício do trabalho e a inclusão da mão-de-obra infantil na indústria têxtil a custos baixos”.

Em seguida, o êxodo rural permitiu a ampliação de oportunidades de trabalho infantil, mormente no setor informal, inclusive em atividades ilegais como o tráfico de drogas e prostituição.

Longe da proteção do governo, mormente pela situação de misérias, crianças e adolescente são submetidos a situações que lhe causam imensos prejuízos físicos e psíquicos.

Nos idos de 1980 começou-se um movimento de combate ao trabalho infantil, através da aprovação de medidas jurídicas, políticas e sociais, tanto no Brasil como em toda a

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comunidade internacional.

Assim, a sociedade iniciou o debate sobre os prejuízos que esse fenômeno social provoca.

Cita-se que:

Aos poucos, a sociedade e alguns órgãos internacionais começam a perceber a extensão do dano causado pela exploração infantil, tanto na criança trabalhadora quanto na desigualdade na livre concorrência dos tomadores desses serviços, como também na formação da sociedade futura no geral, considerando a saúde, a educação, enfim, todo o desenvolvimento de uma sociedade sadia e com senso de justiça e solidariedade. Começam, então, os primeiros movimentos sociais, as primeiras manifestações populares por melhores condições de trabalho. Não resistindo às pressões e, para tender as reivindicações da sociedade, o Estado passou a intervir nas relações de trabalho A situação era crítica, enquanto as fábricas estavam cheias de crianças trabalhando, adultos perambulavam desempregados, e, quando trabalhavam, o salário era baixíssimo. Os salários das crianças e das mulheres eram ainda mais baixos.

(SILVA, 2013, 11/12).

Destaca-se que a finalidade desse movimento recrudescente, visa a não somente o combate ao trabalho infantil, mas, sim fazer nascer a consciência de que o trabalho infantil é errado e inadequada, já que as crianças e os adolescentes são cidadãos que também possuem direitos fundamentais a serem protegidos.

A constituição federal de 1988 ampliou a proteção do trabalho infantil:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Assim, proibiu-se o trabalho infantil ampliando-se o movimento de combate a essa chaga social tão nociva e inaceitável que fere gravemente os direitos fundamentais de crianças e adolescentes.

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II LEGISLAÇÃO E CONCEITO

Como sabido, a evolução da sociedade humana está intrinsecamente relacionada ao surgimento do trabalho e à exploração do trabalho de todas as pessoas, inclusive de homens, mulheres e crianças.

Não há como se desvincular simplesmente uma cultura que atrela os filhos ao labor praticado pelos pais, mormente fundamentado na ideologia de que a necessidade de subsistência justifica o trabalho. Está bastante enraizado na sociedade a ideia de que os filhos pobres devem contribuir com o sustento da família em que se encontram inseridos.

Seja através de práticas de contribuição na colheita de mantimentos e alimentos, bem como na realização de tarefas domésticas, inclusive como profissionais, as crianças e adolescentes são explorados por seus pais, empregadores e sociedade com certa facilidade e aceitação social.

Mormente em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, encontra-se com facilidade a exploração de crianças e adolescentes no trabalho formal e informal da sociedade.

Nesse cenário de miserabilidade em que se encontram essas sociedades, principalmente pela demanda de inserção no mercado de trabalho para a geração de renda familiar, aceita-se com naturalidade a prática de trabalho de crianças e adolescentes.

Seja por falta de força de vontade, ou até mesmo pela ausência de expectativa de crescimento social, econômico e educacional, admite-se o sacrifício praticado pelas crianças o qual sepulta por completo a esperança de um futuro melhor.

No caso de países em desenvolvimento, a existência tolerada de trabalho infantil por crianças e adolescentes reflete a inabilidade de criarem-se políticas públicas de transferência de tendas e desenvolvimento social/econômico.

Há várias desculpas para que as crianças tenham de trabalhar como a pobreza, fuga da exploração criminosas, ausência da atuação estatal, tudo como justificativas para uma praxe social arraigada por vários locais e aceita por muitos como correta e adequada, o que não se pode admitir.

Há outro problema a respeito do trabalho infantil que se verifica nos países desenvolvidos. Muitas pessoas ao imigrarem de seus países subdesenvolvidos para os desenvolvidos na busca de melhoria da condição social, aceitam qualquer trabalho que seja bem remunerado, de modo a poder promover os meios necessários à subsistência no novo

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país.

Geralmente esses trabalhos são rechaçados pelos nacionais desses países, não obstante sejam aceitos pelos estrangeiros.

Quando desse fenômeno de imigração, geralmente a família toda participa e aceita esses empregos, inclusive as crianças e adolescentes. Nesses casos não há a desculpa das dificuldades sociais, já que por se tratar de um país desenvolvido, essas mazelas já desapareceram.

O conjunto de leis brasileiras, segundo Conceição (2011, p. 05) “que protegem a criança e o adolescente associado aos programas sociais do governo, principalmente os destinados à família de baixa renda, deixam o Brasil numa posição de destaque ente os países que lutam pela erradicação do Trabalho Infantil."

Cita-se que:

Há forte consenso [...] quanto aos avanços da luta contra o trabalho infantil no Brasil. Todos são unânimes ao observar que esse tema era inexistente até o final dos anos 80, e que se tornou objeto de atenção generalizada durante os anos 90. O marco legal é citado como uma referência fundamental para as ações de erradicação, e a implementação dos grandes programas de combate, como o PETI e as campanhas de conscientização realizadas, deu um sinal concreto quanto à disposição de todos para solucionar o problema. O sensível decréscimo do trabalho infantil auferido pelas estatísticas entre 1992 e 2001 confirmou todo esse avanço. (BRASIL, 2004, p. 35).

Todavia, ainda assim, pela questão cultural, são admitidas práticas de trabalho infantil, como o realizado no meio artístico, sob a falácia de geração de lucros financeiros como justificativa para os desequilíbrios proporcionados.

Nesse sentido:

Muitas crianças e adolescentes vivem o fenômeno da profissionalização precoce nas atividades artísticas e esportivas. Crianças e adolescentes, muitos dos quais provenientes das classes média e alta, são expostos a intensas jornadas de treinamento, ensaio, preparo físico e estudo, a fim de atingir performances que podem estar além de suas capacidade normais. A fronteira entre o lúdico e o competitivo é difusa, o grau de tensão, estresse, cansaço e sacrifício envolvido nessas atividades obriga a analisá-las a partir de muitas das questões colocadas quando se fala do trabalho infantil como se apresenta nos segmentos mais pobres da sociedade. (BRASIL, 2004, p. 22).

Como forma de combate a esse fenômeno, já que a consciência social e dos pais não se mostra suficiente, há a necessidade de atuação do estado através da instituição de leis cogentes que proibirão a prática do trabalho infantil, através da imposição de severas penalidades àqueles que a praticarem.

(20)

Não se pode deixar apenas sob a consciência social, já que há vários fatores que desvirtuam os valores que moldam a tomada de decisão, como lucros exagerados e obtidos a qualquer custo.

2.1 Conceito de Trabalho Infantil

O Trabalho infantil pode ser preliminarmente conceituado como qualquer espécie de exploração de trabalho remunerado praticado seja por crianças ou adolescentes, que possuam idade mínima inferior à legalmente estipulada, de acordo com a legislação vigente em cada país.

Segundo Brasil (2016, p. 03) “é considerado trabalho infantil, no Brasil, aquele realizado por crianças ou adolescentes com idade inferior a 16 (dezesseis) anos, a não ser na condição de aprendiz, quando a idade mínima permitida passa a ser de 14 (catorze) anos”.

Dessa forma, nos termos do art. 208 da constituição federal 17 (dezessete anos), de acordo com o artigo 208 da Constituição Federal do Brasil, ainda que se permita o trabalho a partir dos 16 anos, há a obrigatoriedade de frequência ao ensino escolar.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

No mesmo sentido é o art. 4º da Lei 9.394/96.

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) c) ensino médio;

Destaca-se que a Organização Internacional do Trabalho (OIT), quando da elaboração da convenção de nº 138, fixou 15 anos como idade mínima recomendada para o trabalho em geral.

Nesse sentido, o art. 2º, item 3 da Convenção nº 138 da OIT diz que “a idade mínima

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fixada nos termos do parágrafo 1 deste Artigo não será inferior à idade de conclusão da escolaridade compulsória ou, em qualquer hipótese, não inferior a quinze anos”.

No entanto, de modo a respeitar a soberania de cada país signatário da convenção, estipulou-se no Art. 2º, 1 que “todo país-membro que ratificar esta Convenção especificará, em declaração anexa à ratificação, uma idade mínima para admissão a emprego ou trabalho em seu território e nos meios de transporte registrados em seu território; ressalvado o disposto nos Artigos 4º e 8º desta Convenção, nenhuma pessoa com idade inferior a essa idade será admitida a emprego ou trabalho em qualquer ocupação”.

O Brasil, por sua vez, em perfeita harmonia com a convenção nº 138 da OIT, mas de maneira mais ampliada, definiu pelo art. 4º do decreto lei 4134/2002 que “para os efeitos do art. 2º, item 1, da Convenção, fica estabelecido que a idade mínima para admissão a emprego ou trabalho é de dezesseis anos

Percebe-se, portanto, que há a necessidade de que, para não ser caracterizado como infantil, o trabalho deve ser realizado por crianças e adolescentes com idade permitida e eu frequente indispensavelmente o ensino regular obrigatório fornecido pela rede pública ou pela particular.

No entanto, há certa contradição no ordenamento jurídico pátrio já que segundo o Art.

208, I da Constituição Federal “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade” e a idade mínima para início do trabalho ser de 16 anos.

Assevera-se ainda que não é todo trabalho que o adolescente maior de 16 anos poderá praticar, já que ficou claramente determinado no art. 5º, XXXIII da constituição federal brasileira a “proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito”.

Assim, a convenção nº 138 da OIT, no Art. 3º, 1 diz que “não será inferior a dezoito anos a idade mínima para admissão a qualquer tipo de emprego ou trabalho que, por sua natureza ou circunstâncias em que for executado, possa prejudicar a saúde, a segurança e a moral do jovem”.

Ademais, a convenção nº 138 da OIT, no Art. 3º, 2 assegura que “serão definidos por lei ou regulamentos nacionais ou pela autoridade competente, após consulta com as organizações de empregadores e de trabalhadores concernentes, se as houver, as categorias de emprego ou trabalho às quais se aplica o parágrafo 1 deste Artigo”.

Aponta-se ainda a convenção nº 182 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que aponta para as piores formas de trabalho infantil:

(22)

Art. 3º

Para efeitos da presente Convenção, a expressão "as piores formas de trabalho infantil" abrange:

a) todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, tais como a venda e tráfico de crianças, a servidão por dívida e a condição de servo, e o trabalho forçado ou obrigatório de crianças para serem utilizadas em conflitos armados:

b) a utilização, o recrutamento ou a oferta de crianças para a prostituição, a produção de pornografia ou atuações pornográficas;

c) a utilização, recrutamento ou a oferta de crianças para a realização de atividades ilícitas, em particular a produção e o tráfico de entorpecentes, tais como definidos nos tratados internacionais pertinentes; e

d) o trabalho que, por sua natureza ou pelas condições em que é realizado, e suscetível de prejudicar a saúde, a segurança ou a moral das crianças. (BRASIL, 1999).

Deve se destacar ainda, como forma de proteção à criança, que o artigo 227 da Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe princípios protetivos à crianças e adolescentes:

Nesse sentido:

Art. 277. E dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

(BRASIL, 1988).

Depreende-se, destarte, que incumbe ao povo brasileiro adotar postura protetiva no que se refere à exploração do trabalho da criança e do adolescente.

Cabe, da mesma forma, ao ordenamento jurídico, seja pela carta magna ou pela legislação ordinária protegê-los de qualquer forma de abuso ilegal, ainda que permitido pelos pais e aceito pela sociedade.

Através da criação e efetiva aplicabilidade das políticas públicas, orquestrando a atuação do Estado e servindo de baliza à sociedade, deverão ser criados projetos sociais que atinjam suas respectivas finalidades, combatendo eficazmente qualquer forma de exploração do trabalho infantil ilegal.

2.2 Classificação

Segundo art. 2º da convenção nº 182 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) “para efeitos da presente Convenção, o termo "criança" designa toda pessoa menor 18 anos”.

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No Brasil, coube ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8.069/90) definir o conceito de criança.

Segundo o referido diploma legal, Art. 2º, “considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”.

Dessa forma pode conceituar-se crianças aquela pessoa que possui até 11 anos, 11 meses e 29 dias de vida, e adolescente aquele que possuir idade entre 12 anos completos e 17 anos, 11 meses e 29 dias.

2.3 Convenções e Tratados Internacionais

Logo depois do término da Primeira Guerra Mundial, nos idos 1919 criou-se a Organização Internacional do Trabalho. Tal órgão é ligado à Organização das Nações Unidas – ONU – especialmente par assuntos referentes às questões trabalhistas.

Nesse sentido:

Fundada em 1919 como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem como objetivo promover a justiça social. Ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1969, a OIT é a única agência das Nações Unidas que tem estrutura tripartite, na qual representantes de governos, de organizações de empregadores e de trabalhadores de 183 Estados- membros participam em situação de igualdade das diversas instâncias da Organização. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho (Convenções e Recomendações) As Convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião. (OIT)

A Organização Internacional do Trabalho atua, dessa forma, no combate à exploração do trabalho infantil editando diversas convenções a respeito do tema.

Conforme o Artigo 1 da Convenção 138 da OIT “todo Membro, para o qual vigore a presente Convenção, compromete-se a seguir uma política nacional que assegure a abolição efetiva do trabalho de crianças e eleve, progressivamente, a idade mínima de admissão ao emprego ou ao trabalho a um nível que torne possível aos menores o seu desenvolvimento físico e mental mais completo”.

Ademais, o Artigo 2 da referida convenção diz que “todo Membro, que ratifique a presente Convenção, deverá especificar, em uma declaração anexa à sua ratificação, a idade

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mínima de admissão ao emprego ou ao trabalho em seu território e nos meios de transporte registrados em seu território; à exceção do disposto nos artigos 4 e 8 da presente Convenção, nenhuma pessoa com idade menor à idade declarada, deverá ser admitida ao emprego ou trabalhar em qualquer ocupação”.

Observa-se no site institucional da OIT no Brasil, que há 113 Convenções, das quais 96 foram ratificadas pelo Brasil.

Citam-se abaixo as principais Convenções ratificadas pelo Brasil:

Convenção 05: estabeleceu 14 anos como idade mínima para admissão nas indústrias.

Convenção 06: proibiu o trabalho noturno nas indústrias aos menores de 18 anos.

Convenção 07: fixou a idade mínima para admissão no trabalho marítimo em 14 anos.

Convenção 10: estabeleceu a idade mínima de 14 anos para trabalhar na agricultura Convenção 13: proibiu o trabalho do menor de 18 anos em serviços de pintura industrial, onde se utilize a alvaiade, o sulfato de chumbo ou qualquer produto que contenha esses elementos.

Convenção 15: vedou o trabalho de menores de 18 anos nas funções de paioleiro ou foguista.

Convenção 16: estabeleceu obrigatoriedade de exames médicos dos menores de 18 anos antes do ingresso em empregos na marinha mercante

Convenção 24: criou o seguro enfermidade aos trabalhadores das indústrias, do comércio e no serviço doméstico, estendendo aos aprendizes.

Convenção 33: consagrou a idade mínima de 14 anos para o início em trabalhos não industriais.

Convenção 38: estabeleceu os benefícios do seguro-invalidez para os menores agricultores.

Convenção 39: garantiu o seguro por morte aos menores na indústria.

Convenção 58: revisou a convenção nº07 e determinou a idade mínima para o trabalho marítimo em 15 anos.

Convenção 59: revisou a convenção nº05 estabelecendo a idade mínima para o trabalho nas indústrias em 15 anos.

Convenção 60: revisou a convenção nº33 e declarou como idade mínima para o trabalho em estabelecimentos não industriais em 15 anos.

Convenção 77: instituiu exame médico para aptidão ao emprego obrigatório aos menores na indústria.

Convenção 78: instituiu exame médico obrigatório para aptidão aos menores em empregos não industriais.

Convenção 79: limitou o trabalho noturno aos menores em trabalhos não-industriais.

Convenção 90: tratou sobre a idade mínima para o trabalho noturno nas indústrias.

Convenção 123: dispôs sobre a idade mínima para o trabalho nas mínimas.

Convenção 124: estabeleceu exame médico obrigatório aos menores trabalhadores em minas.

Convenção 136: atribuiu proteção contra riscos de intoxicação pelo benzeno e proibiu o trabalho e proibiu o trabalho de menores de 18 anos expostos a tal

substância, exceto se orientados dos riscos, tivessem treinamento de uso e controle médico.

Convenção 138: reuniu as disposições sobre idade mínima em setores diversos da economia das convenções anteriores, almejando a construção de um instrumento geral sobre o assunto. Determinou que todo país que ratificasse essa convenção estabelecesse a idade mínima para admissão ao emprego não inferior a conclusão da escolaridade, ou não inferior a 15 anos. E ainda, estabeleceu a idade mínima de 18 anos para admissão em trabalho que prejudique a saúde, segurança e moral do menor. Foi complementada pela recomendação 146.

(25)

Convenção 182: trata da proibição das piores formas de trabalho infantil e a ação imediata para sua eliminação; a recomendação nº190 complementou esta convenção.

(SILVA, 2013, p. 24/25)

Todas essas ferramentas estipuladas pela Organização Internacional do Trabalho não foram ratificados imediatamente por todos os países signatários, dentre os quais se inclui o Brasil.

Ademais, há ainda convenções que não foram ratificadas nem mesmo pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Essa falta de homogeneização a respeito do trabalho infantil ocorre porque há peculiares econômicas e culturais em cada país que impedem a adoção das convenções na íntegra em todos os países.

Do mesmo modo, há certas precariedades básicas em certos países que tornam completamente inócuas tentativas de fiscalização e controle das práticas abolidas pelas convenções.

Assim, as políticas assistenciais de desarraigamento da pobreza extremada, assim como a melhoria da educação e da qualidade que sejam harmônicos com o princípio da dignidade da pessoa humana, são difíceis de serem implantadas para suprimir totalmente a exploração do trabalho infantil no bojo da história humana mundial.

2.4 Legislação Nacional

Com a promulgação do Decreto nº 3.597, de 12 de setembro de 2000, o Brasil ratificou a Convenção 182 e a Recomendação 190 do Fundo das Nações Unidas para a Infância ampliando a proteção oferecida a crianças e adolescentes no território nacional de acordo com os padrões internacionais estipulados.

A rede de proteção internacional contra a exploração do trabalho infantil tem servido como base legislativa para o ordenamento jurídico brasileiro, já que a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente tomou por base a Convenção Internacional dos Direitos da Criança.

Quanto à questão do trabalho, cabe à Organização Internacional do Trabalho estipular as disposições necessárias para que os países de adeque às demandas padronizadas internacionalmente.

(26)

No artigo 2227 da Constituição Federal do Brasil de 1988, assegurou que ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Através da promulgação da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA) afirmou-se severamente este mandamento constitucional.

No mesmo sentido, em 1994 foi criado o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Nesse sentido:

O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil é uma estratégia da sociedade brasileira de articulação e aglutinação de atores sociais institucionais, envolvidos com políticas e programas de prevenção e erradicação do trabalho infantil no Brasil. Foi criado em 1994, com o apoio da Organização Internacional do Trabalho - OIT e do Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF. O FNPETI é uma instância autônoma de controle social, legitimado pelos segmentos que o compõem. São membros do Fórum os 27 Fóruns Estaduais de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, representantes do governo federal, dos trabalhadores, dos empregadores, entidades da sociedade civil (ONGs), do sistema de Justiça e organismos internacionais (OIT e UNICEF). É um espaço democrático, não institucionalizado, de discussão de propostas, definição de estratégias e construção de consensos entre governo e sociedade civil sobre a temática do trabalho infantil. O FNPETI coordena a Rede Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, formada pelos Fóruns de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador, presentes nas 27 unidades da Federação e 48 entidades membro. (FNPETI).

Segundo Brasil (2016, p. 02) o FNPETI é a “instância democrática de construção de consensos, formulação de diretrizes e promoção do diálogo social. Ator político com voz própria, legitimado por representações de trabalhadores, empregadores, governo, ONGs, sistema de Justiça e organismos internacionais”.

O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) possui o objetivo de sensibilizar, mobilizar e articular os agentes institucionais governamentais e da sociedade civil para prevenir e erradicar todas as formas de trabalho infantil e assegurar a proteção ao adolescente trabalhador.

Quer também promover a reflexão e a discussão sobre o tema, a construção de consensos e propor estratégias para o enfrentamento ao trabalho infantil.

(27)

Possui ademais, a finalidade de buscar compromissos do governo e da sociedade com o cumprimento dos dispositivos legais e com as convenções internacionais ratificadas pelo Brasil, referentes ao tema e dar apoio técnico e político aos Fóruns Estaduais de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.

O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) busca contribuir na elaboração de políticas públicas, programas e ações de prevenção e erradicação do trabalho infantil e proteção ao adolescente, bem como acompanhar o cumprimento das metas de erradicação do trabalho infantil, definidas no Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador.

Atua ainda o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) na tarefa de propor estratégias de sensibilização com vistas a desconstruir e mudar os padrões simbólico-culturais que naturalizam o trabalho infantil e defender a garantia dos direitos fundamentais e humanos de crianças e adolescentes e a proteção contra o trabalho infantil.

O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) visa finalmente a promover a participação de crianças e adolescentes nos espaços de discussão e deliberação sobre os seus direitos.

Destaca-se que somente a atuação do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) mostra-se insuficiente para suprir toda a demanda que necessita esse amplo fenômeno social. Nesse sentido destaca-se a atuação de órgão como o Ministério Público do Trabalho como importante promotor de justiça às crianças e adolescentes no que se refere aos assuntos laborais.

Outro importante órgão de combate, não somente ao trabalho infantil, está previsto no art. 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.

Segundo o Art. 131 “o Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei”.

De forma a regular sua criação o Art. 132 do ECA diz que “em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha”.

(28)

2.4.1 Consolidação das Leis do Trabalho

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) dedicou o capítulo IV para a proteção do trabalho do menor.

O Art. 402 da CLT diz que “considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de quatorze até dezoito anos”.

Ademais, o parágrafo único do referido artigo menciona que “o trabalho do menor reger-se-á pelas disposições do presente Capítulo, exceto no serviço em oficinas em que trabalhem exclusivamente pessoas da família do menor e esteja este sob a direção do pai, mãe ou tutor, observado, entretanto, o disposto nos arts. 404, 405 e na Seção II”.

Deve ser destacado que a Constituição Federal, intensificou consideravelmente a idade prevista no art. 02 da CLT, já que no art. 5º, XXXIII há expressa “proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”.

Como forma de ampliar ainda a proteção o Art. 403 da CLT, com a Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000 estipula ser “proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos”.

Assim o parágrafo único do referido artigo aduz que “o trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não permitam a frequência à escola”.

Por sua vez, o Art. 404 da CLT em perfeita harmonia com a constituição federal determina que “ao menor de 18 (dezoito) anos é vedado o trabalho noturno, considerado este o que for executado no período compreendido entre as 22 (vinte e duas) e as 5 (cinco) horas”.

Em que pese a regra seja a de permissão de trabalho aos menores, o art. 05 da CLT traz expressamente previstas hipóteses nas quais se proíbe terminantemente o trabalho de menores.

Art. 405 - Ao menor não será permitido o trabalho:

I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes de quadro para esse fim aprovado pelo Diretor Geral do Departamento de Segurança e Higiene do Trabalho;

II - em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade.

§ 1º Excetuam-se da proibição do item I os menores aprendizes maiores de 16 (dezesseis) anos, estagiários de cursos de aprendizagem, na forma da lei, desde que os locais de trabalho tenham sido previamente vistoriados e aprovados pela autoridade competente em matéria de Segurança e Higiene do Trabalho, com homologação pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, devendo os menores ser submetidos a exame médico semestralmente.

(29)

§ 2º O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros dependerá de prévia autorização do Juiz de Menores, ao qual cabe verificar se a ocupação é indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação não poderá advir prejuízo à sua formação moral.

§ 3º Considera-se prejudicial à moralidade do menor o trabalho:

a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings e estabelecimentos análogos;

b) em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes;

c) de produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;

d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.

Em que pesem as proibições previstas no art. 405, o art. 406 prevê casos em que o juiz poderá autorizar o trabalho de menores, mesmo sendo uma das hipóteses proibidas.

Diz o Art. 406 que o Juiz de Menores poderá autorizar ao menor o trabalho a que se referem as letras "a" e "b" do § 3º do art. 405 desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe não possa ser prejudicial à sua formação moral, ou desde que se certifique ser a ocupação do menor indispensável à própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e não advir nenhum prejuízo à sua formação moral.

Ainda quando um menor esteja realizando trabalho dentro das hipóteses permitidas, nos termo do Art. 407 da CLT, “verificado pela autoridade competente que o trabalho executado pelo menor é prejudicial à sua saúde, ao seu desenvolvimento físico ou a sua moralidade, poderá ela obrigá-lo a abandonar o serviço, devendo a respectiva empresa, quando for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de funções”.

De acordo com os ditames constitucionais, já que o amparo ao menor é dever de todos, nos quais se incluem a família e a sociedade, os artigos 42 e 425 da CLT trazem responsabilidades aos pais e aos empregadores de menores.

Segundo o Art. 424 da CLT “é dever dos responsáveis legais de menores, pais, mães, ou tutores, afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudo, reduzam o tempo de repouso necessário à sua saúde e constituição física, ou prejudiquem a sua educação moral”.

Conforme determina o Art. 425 da CLT “os empregadores de menores de 18 (dezoito) anos são obrigados a velar pela observância, nos seus estabelecimentos ou empresas, dos bons costumes e da decência pública, bem como das regras da segurança e da medicina do trabalho”.

(30)

III TRABALHO INFANTIL ARTÍSTICO

O trabalho infantil artístico, assim como todas as outras formas de exploração da mão de obra pueril é realizada em espetáculos circenses, peças teatrais e programas televisivos de uma maneira indiscriminada, até considerada como normal e não como ocorre em outras atividades.

No entanto, ao se observar as disposições contidas dentro do artigo 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal de 1988, constata-se a existência de apenas uma exceção à regra da proibição do trabalho para os menores de 16 anos, consistente na qualidade de aprendiz.

Segundo Conceição (2011, p. 01) "no mundo moderno, este fenômeno ainda existe e de forma alarmante. Basta olharmos com mais atenção nas cidades, que vemos crianças espalhadas em todos os lugares, vendendo algum produto nas praças, portas de lojas ou como pedintes nos semáforos".

Destaca-se que a finalidade proibitiva ao trabalho pueril tem por finalidade a necessária proteção ao direito de não trabalhar em determinado momento do desenvolvimento humano.

Sobre o trabalho, encontra amparo na Convenção da Organização Internacional do Trabalho nº 138 de 1978, a qual foi ratificada pelo governo brasileiro no Brasil, através do Decreto Presidencial nº 4.134, datado de 15 de fevereiro de 2002.

Segundo o artigo 8º da Convenção da Organização Internacional do Trabalho nº 138 de 1978 “a autoridade competente poderá conceder, mediante prévia consulta às organizações interessadas de empregadores e de trabalhadores, quando tais organizações existirem, por meio de permissões individuais, exceções à proibição de ser admitido ao emprego ou de trabalhar, que prevê o artigo 2 da presente Convenção, no caso de finalidades tais como as de participar em representações artísticas”.

No mais, o artigo 149, inciso II, itens “a” e “b” do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que Art. 149 diz que compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará a participação de criança e adolescente em espetáculos públicos e seus ensaios e certames de beleza.

Cita-se sobre o ECA que:

É apontado como um dos melhores do mundo, um parâmetro internacional em legislação para essa faixa etária e serviu de base para legislações semelhantes em

Referências

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