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A QUANTIFICAÇÃO NA REPARAÇÃO POR DANO ESTÉTICO

3 DANO MORAL E DANO ESTÉTICO: A AUTONOMIA NA FIXAÇÃO DAS

3.2 A QUANTIFICAÇÃO NA REPARAÇÃO POR DANO ESTÉTICO

Partindo para a análise da quantificação do dano estético, como já referido anteriormente, não é admitida a retratação do ofensor, reparando-se o dano através do desembolso de valores por parte do agressor.

Entretanto, não é sempre que há a possibilidade de se alcançar uma quantia exata entre o dano e a indenização, devendo buscá-la a fim de se aproximar do prejuízo causado, evitando-se ainda, a tarifar a indenização, haja vista que poderá ocasionar injustiças irreparáveis. (RSTON, 2002, p. 99).

Nessa esteira é o entendimento de Cahali (2005, p. 270):

A questão pertinente à reparabilidade dos danos estéticos, e das formas possíveis de sua reparação, não se sujeita portanto a esquemas apriorísticos, tudo dependendo da apreciação do conjunto probatório, da extensão concreta dos danos padecidos e da maneira como podem ser recompostos.

Assim, tanto no dano moral como no dano estético, não há regras estabelecidas para a fixação do valor indenizatório, dependendo, portanto, da análise do caso concreto e do modo pelo qual o dano possa ser restabelecido.

Reparar o dano estético ocasiona uma série de dificuldades que também são encontradas em todos os casos de ressarcimento de um prejuízo a um bem não-patrimonial. Contudo, não é por ocasião desses obstáculos que tais danos devem ficar sem indenização, haja vista que se trata de prejuízos mais graves, por serem contra a própria pessoa, não se podendo deixar sem reparação esse tipo de agressão. (LOPEZ, 2004, 128).

Com relação à fixação da indenização, posiciona-se Rston (2002, p. 99) no sentido de que:

Não há razão para fixação de valor tarifado e tabelado, o mesmo acontecendo com o dano moral. Eles devem estar submetidos ao prudente arbítrio do juiz. É verdade, por outro lado, que o dano estético está se convertendo em dano material pela evolução das ciências médicas e clínicas especializadas, em especial no campo da cirurgia plástica. A verba concedida no julgado deve se enquadrar na indenização devida também a título de custeio de todas as cirurgias reparadoras necessárias.

Desta forma, inviável estabelecer um valor fixo para o dano estético, já que tal quantificação dependerá da avaliação do prejuízo causado, devendo ainda ser compreendida nesta indenização os valores dispensados para as cirurgias de reparação.

Segundo o posicionamento de Rston (2002, p. 100) a reparação do dano deve ser: “[...] a mais completa possível para não se cometerem injustiças. O Poder Judiciário, na prestação jurisdicional, deve procurar o equilíbrio social buscando reverter quando possível a lide ao status quo ante”.

Pretende-se, portanto, com a fixação da verba indenizatória restabelecer o estado em que a vítima se encontrava antes do fato que originou o dano estético.

Sintetiza Lopez (2004, p. 129):

O que se pretende, portanto, com a total reparação do dano estético é exatamente dar à pessoa lesada o que lhe é devido, isto é, o ressarcimento pelo mal sofrido injustamente. Em suma, o respeito à pessoa e aos seus direitos, em seu mais lato sentido, deve ser mantido, haja a dificuldade que houver.

Deste modo, o que se busca é reparar o dano na sua integralidade, com a finalidade de se respeitar o indivíduo e seus direitos.

Como no dano moral, o dano estético não tem fixação exata para as reparações, ficando ao arbítrio do magistrado, podendo se considerar ainda os mesmos parâmetros utilizados para a fixação do dano estético (LOPEZ, 2002, p. 129).

Em síntese, esses critérios tanto utilizados no dano moral como no dano estético, podem ser seguidos para embasar o preço da dor, sendo eles: a necessidade do dano à pessoa; a gravidade da lesão; as circunstâncias pessoais do ofendido e as condições do agressor. (LOPEZ, 2004, p. 131).

Desta forma, o julgador poderá utilizar desses parâmetros para a fixação do dano estético causado, tendo em vista que não há regra estabelecida para o valor da indenização.

Pondera ainda Lopez (2004, p. 137):

Apesar de nessa matéria dominar o livre-arbítrio do juiz, deverá este sujeitar seu juízo a uma diretiva de caráter geral, surgida dos princípios básicos que presidem a instituição do dano moral: evitar que a indenização constitua para

a vítima um enriquecimento sem causa. Todavia, não se deve exagerar na aplicação dessa regra, pois pode haver o perigo de indenizar injustamente a vítima do dano.

Assim, mesmo com a possibilidade da utilização dos critérios para a fixação do dano estético, predomina o livre arbítrio do magistrado, devendo este impedir que a quantia fixada para reparar o dano possa enriquecer o ofendido, observando-se, porém, que a aplicabilidade exagerada desta regra poderá trazer prejuízos à vítima do dano.

Salienta-se ainda que com a fixação da reparação do dano estético não se busca a equivalência, mas a restauração que satisfaça o dano ocasionado. (LOPEZ, 2004, p. 137).

Segundo Lopez (2004, 137-138) após a constatação do prejuízo, necessária se faz a reparação, que pode se dar de três formas, quais sejam:

a) pela reposição ou reparação natural, isto é, a restituição das coisas da maneira mais perfeita possível ao status quo, como no caso do esbulhador que devolve o próprio objeto esbulhado ou daquele que danificou determinada coisa e a substitui por outra igual;

b) como a reposição natural, que é a ideal, não é possível na maioria dos casos, temos a indenização propriamente dita, isto é, o pagamento em dinheiro do equivalente ao dano causado. Aqui estamos diante da função de equivalência desempenhada pelo dinheiro;

c) se nada disso for possível, busca-se um sucedâneo, em dinheiro, do prejuízo. Esta seria a função satisfatória ou compensatória do dinheiro. A reparação natural, como o próprio nome diz, é a devolução do estado anterior ao dano causado. Já a indenização propriamente dita é a indenização que realmente equivale ao prejuízo causado. Por fim, com relação a reparação satisfatória, esta é compensação do dano causado mediante uma fixação em dinheiro.

Enfatiza ainda Lopez (2004, p. 138) que tanto com relação ao dano moral como ao dano estético “não se pode falar em reparação natural nem em indenização propriamente dita (restituto in integrum), pois indenizar significa tornar indene, isto é, eliminar o prejuízo e suas conseqüências”.

Assim, impossível nesses tipos de prejuízo o restabelecimento natural e a fixação exata do valor que deverá ser atribuído ao dano causado, tendo em vista que não há a possibilidade de se reparar totalmente o prejuízo.

Deste modo, não existe a equivalência da dor em pecúnia, havendo somente a compensação ou um benefício material, para que de algum modo possa se amenizar a dor da vítima. (LOPEZ, 2004, p. 138).

Em razão disso, assinala Jean Carrard (apud CAHALI, 2005, p. 270) no sentido de que:

A fixação da indenização por dano estético é coisa muito delicada, seja quando fundada sobre ofensa ao futuro econômico, seja quando baseada no

dano moral; com efeito, trata-se de “apreciar imponderáveis probabilidades”; o juiz deverá encarar cada caso particular e imaginar qual teria sido verdadeiramente a carreira da vítima, se ela não tivesse sido desfigurada; deveria também ter em conta o papel importante desempenhado pelo aspecto exterior nas relações humanas.

Diante disso, quando da quantificação do dano estético pelo magistrado, este deve analisar cada caso separadamente, podendo levar em consideração alguns aspectos como, por exemplo, a carreira do ofendido se este não tivesse sofrido o dano, bem como o desempenho da vítima pelo aspecto externo nas relações em sociedade.

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