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ANÁLISE JURISPRUDENCIAL

3 DANO MORAL E DANO ESTÉTICO: A AUTONOMIA NA FIXAÇÃO DAS

3.3 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL

Partindo para a análise da fixação das verbas indenizatórias quando da cumulação do dano moral e do dano estético, delimitando-se a pesquisa entre janeiro de 2009 a março de 2010, constata-se que o Tribunal de Justiça de Santa Catarina posiciona-se de várias formas ao fixar o quantum indenizatório, haja vista a fixação unificada para ambos os danos e a fixação separada para da um destes.

Analisando alguns julgados entre o período acima delimitado, inicia-se a análise com o acórdão que reformou a sentença que fixou separadamente a verba indenizatória, quando da cumulação de dano moral e dano estético, passando a fixar em um único valor para ambos, como se verifica da Apelação Cível 2007.062400-7, onde o Desembargador Paulo Henrique Moritz Martins da Silva manifestou-se pela reforma da sentença e pela unicidade da indenização por dano moral e dano estético:

[...] b) CONDENO o requerido Município de Campos Novos ao pagamento ao menor P. P. V. da quantia de R$ 43.750,00 (quarenta e três mil, setecentos e cinqüenta reais) a título de danos morais [...]

[...] c) CONDENO o requerido Município de Campos Novos ao pagamento da quantia de R$ R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) ao autor/menor Pedro Portugal Vaz, a título de danos estéticos [...]

[...] De fato, a Corte Superior admite a cumulação de danos morais e estéticos oriundos de um mesmo fato, desde que separadamente identificados.

É a dicção da Súmula 387 do STJ: "É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral". [...]

[...] O ponto de contato entre o dano estético e o moral é o fato de configurarem dano pessoal, à pessoa, violação a direitos da personalidade (dano moral gênero) e não a coisas (os verdadeiros danos materiais). Evidente que nem sempre haverá dano estético quando presente o dano moral. Mas, resultando o fato lesivo em grave debilidade motora, fisiológica do indivíduo, que o faz dependente de cuidados especiais de que até então

não precisava, isso não pode ser inserido no espectro restrito do dano anímico. Diante disso, identificados separadamente, possível a cumulação. [...]

[...] Não obstante, em que pese a paraplegia, considero perfeitamente viável a mixagem do dano moral e estético num único e relevante patamar. [...] [...] Assim, pelo dano moral, que na hipótese corresponde ao dano anímico e estético, considerando o que foi articulado neste decisum, a indenização é arbitrada em R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). [...]

[...] Nos termos delineados neste voto, a sentença deve ser reformada para: [...]

[...] 3 - majorar a indenização por danos morais à vítima para, englobando os danos anímicos e os estéticos, R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais); [...]29

Desta forma, constata-se que na decisão supramencionada houve o reconhecimento da cumulação do dano moral e do dano estético, porém, quando da fixação da verba, o dano estético foi englobado no dano moral, modificando assim a sentença proferida pelo Juízo a quo. Manteve esse mesmo entendimento o Desembargador Sérgio Roberto Baasch Luz na Apelação Cível 2009.023756-3:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ATROPELAMENTO DE CRIANÇA .INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS/ ESTÉTICOS. [...]

[...] Trata-se de apelação cível interposta pelo município de Indaial, contra sentença proferida pela douta togada monocrática que, nos autos de ação de indenização por danos morais/estéticos. [...]

[...] julgou procedente o pedido contido na exordial, a fim de condenar o réu ao pagamento de: a) indenização por dano moral da quantia de R$ 124.500,00. [...]

[...] b) indenização por dano estético, da quantia de R$ 124.500,00. [...] [...] Assim, referente a cumulação de indenização por dano estético e moral, diz-se que o primeiro é espécie do gênero do segundo e, desta forma, indenizado o dano moral, o estético está nele incorporado. [...]

[...] Neste sentido, é de se afirmar a possibilidade de condenar cumulativamente os danos morais e estéticos, haja vista que este subsume-se daquele. Devendo-se, para tanto, serem fixados em valor único sobre o dano moral.

[...] Neste passo, em razão de enormes transtornos sofridos pela apelada, seja em toda a sua recuperação, sofrimento e sequelas ocasionadas pelo acidente, é que se entende por correto fixar a quantia de R$ 150.000,00. Deve-se frisar ainda que a presente ação pleiteou tão-somente a indenização pelo abalo moral/estético sofrido em razão do atropelamento da requerente. [...]

[...] Ante o exposto, por votação unânime, dá-se parcial provimento ao recurso da Municipalidade, a fim de considerar que os danos morais e estéticos serão fixados em valor único sobre o dano moral, bem como para diminuir referida verba para o valor de R$ 150.000,00. [...]30

Sustentou-se, nesta decisão, o argumento de que o dano estético é espécie do gênero dano moral, sendo que quando da fixação do dano moral o estético estará incorporado, fixando-se, assim, um único valor sobre o dano moral.

29

TJSC, Apelação Cível 2007.062400-7, Relator Paulo Henrique Moritz Martins da Silva

30

Desta mesma forma também, posiciona-se o Desembargador Sérgio Izidoro Heil, na Apelação Cível 2003.026399-3:

[...] julgou parcialmente procedente o pedido inicial, condenando a ré: [...] [...] 2) ao pagamento de indenização a título de danos morais, no valor de 40 vezes o salário percebido pelo autor [...]

[...] 3) ao custeio do tratamento de recuperação dos danos estéticos sofridos pelo autor. [...]

[...] Diante da comprovação dos danos estéticos, o Magistrado a quo condenou os requeridos ao pagamento de tratamento futuro a ser realizado pelo autor. Todavia, a condenação deve se dar em pecúnia, conforme requerido na exordial, em montante a ser definido juntamente com os danos morais. É passível nesta Corte e, de igual forma, no Superior Tribunal de Justiça, a possibilidade de cumulação das espécies de danos morais e estéticos, conforme decidiu o Magistrado de Primeiro Grau. [...] [...] Na hipótese, em observância dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, bem como de todos os aspectos acima delineados, entende-se que o valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) é adequado para ressarcir os danos estéticos e morais suportados pelo autor. [...]31

Neste entendimento, não houve definição específica para a unicidade dos danos morais e estéticos, baseando-se apenas nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, porém, argumentou a possibilidade de cumulação do dano moral e estético, reformando a sentença para arbitrar em R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) os danos estéticos e morais conjuntamente.

Com posicionamento diverso do demonstrado, o Desembargador Domingos Paludo mantém o entendimento da primeira instância que fixou separadamente a verba indenizatória quando da cumulação do dano moral e dano estético, como se verifica na Apelação Cível 2004.027022-1, sob a alegação de serem danos de modalidades distintas, cabendo a indenização individual de ambos:

[...] A sentença julgou procedente os pedidos e condenou o apelante ao pagamento de: [...]

[...] 3) indenização por danos morais no montante equivalente a 100 salários mínimos, e; 4) indenização por danos estéticos no valor equivalente a 50 salários mínimos. [...]

[...] Assim, sempre que do mesmo fato resultar danos de ordem estética e moral, cabe ao lesado o ressarcimento de ambos, por se assentarem em fundamentos diversos, mesmo sendo o dano estético modalidade do dano moral. [...]

[...] Diante do exposto, é o caso de conhecer da apelação e de dar-lhe parcial provimento, para reduzir os valores arbitrados a título de danos estéticos para R$ 10.000,00, e de dano moral para R$ 20.000,00 [...]32

31

TJSC, Apelação Cível 2003.026399-3, Relator Sérgio Izidoro Heil.

32

Nesse mesmo sentido é o entendimento da Desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta, ao manter na Apelação Cível 2008.058501-4, a fixação do Juízo de 1° grau que fixou em separado o quantum indenizatório para o dano moral e estético:

[...] DANOS ESTÉTICOS E DANOS MORAIS DEVIDOS. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. DISTINÇÃO ENTRE SI. CRITÉRIOS SUBJETIVOS PARA A FIXAÇÃO DO QUANTUM [...] [...] Não obstante o dano estético subsumir-se ao dano moral, tem-se a possibilidade da cumulação de ambas as indenizações, entendimento pacífico no STJ (Súmula n. 37), desde que uma e outra tenham causas diferentes. [...]

[...] o juízo monocrático o condenou ao pagamento de indenização por danos morais no montante equivalente a 150 salários mínimos [...]

[...] pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para os danos estéticos [...] [...] Passando ao dano estético, obtempera frisar que em face da deformidade física visível causada pelo sinistro é cabível também a verba pretendida a título de reparação pelo dano estético, autonomamente considerada em relação àquela que foi admitida por danos morais. [...]

[...] Essas causas distintas podem ser claramente verificadas. Enquanto os danos estéticos pretendem uma compensação pela lesão na perna da autora, vitimada no acidente de trânsito, os danos morais servem para amenizar a dor sofrida pelos demandantes em razão da perda de seu filho. [...]

[...] Assim, não se enxerga dificuldade para o deferimento da indenização por dano estético em separado daquela por dano moral. [...]

[...] O magistrado singular levou em consideração as duas espécies de dano e expediu condenação autônoma para cada qual em valor que se revela apto a minorar os efeitos deletérios da violação aos bens jurídicos. Relativamente ao valor arbitrado para a indenização pelos danos estéticos, entende-se que a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) se revela adequada para cobrir eventual cirurgia reparadora, visto que os autores não trouxeram maiores elementos para demonstrar a insuficiência da verba para tal destinação. Permanece inalterado o quantum fixado, desprovendo-se o recurso dos autores. [...]33

Assim, diante do entendimento de possibilidade de cumulação do dano moral e estético e, considerando a existência do dano estético, possível é a fixação da verba autônoma àquela arbitrada ao dano moral, cabendo assim, indenização distinta para cada prejuízo causado.

Posiciona-se de igual forma o Desembargador Henry Petry Junior, na Apelação Cível 2008.013225-3:

[...] julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial, condenando a ré ao pagamento de: [...]

[...] 2) R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), referente aos danos morais; 3) R$ 12.000,00 (doze mil reais), quanto aos danos estéticos [...]

[...] Deve-se compreender que dano estético, resultante de uma deformidade física, não é igual a qualquer outra modalidade de dano moral, constituindo- se na mais grave e violenta das lesões contra a pessoa, pois lhe gera grande sofrimento ante a transformação física ocorrida, que é o dano moral à

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imagem social. Em decorrência disso admite-se a cumulação desses danos com os danos morais.[...]

[...] O dano moral decorre de todo o abalo sofrido durante e logo após o acidente, além dos infortúnios decorrentes da impossibilidade física após o sinistro. O dano estético, por sua vez, arbitrado isoladamente, diz respeito às seqüelas físicas perceptíveis com que conviverá diariamente a autora, constrangendo-a em situações mais íntimas ou em lugares públicos.[...] [...] No entanto, ainda que se entendesse de forma contrária ¿ não reconhecendo a possibilidade de cumulação das verbas indenizatórias relativas aos danos morais e estéticos ¿, os danos estéticos sofridos pela autora seriam levados em consideração quando da quantificação dos danos morais, alcançando o magistrado singular o mesmo patamar fixado.

Quanto aos valores fixados, tem-se como adequados em relação aos danos experimentados pela autora ¿ R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) por danos morais e R$ 12.000,00 (doze mil reais) por danos estéticos. [...]34 (grifos do original).

Deste modo, o dano estético é entendido como sendo mais grave que qualquer outra modalidade de dano moral, admitindo-se a cumulação entre eles. Em decorrência disso, o arbitramento isolado é cabível, já que o dano estético refere-se as lesões físicas e o dano moral aos abalos sofridos pela vítima.

O Desembargador Paulo Henrique Moritz Martins da Silva apesar de se posicionar pela unicidade da indenização do dano moral e estético, reformando a decisão monocrática do juiz de 1° grau que fixou a indenização separadamente para cada dano, como já visto na Apelação Cível 2007.062400-7, também se posiciona pela separação de ambos os danos, conforme se verifica da Apelação Cível 2005.022704-1:

[...] 2) Ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 30.000,00 ( trinta mil reais) e danos estéticos no quantum de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). [...]

[...] É que, enquanto o dano moral resulta da dor íntima causada pelos efeitos do acidente (tratamento hospitalar, reflexos na convivência familiar e profissional etc.), o dano estético é gerado pelas seqüelas físicas decorrentes do infortúnio, causando sentimentos como, por exemplo, compaixão, discriminação e rejeição, seja por parte da própria vítima ou de terceiros. [...] [...] No caso, a amputação do membro inferior direito do autor por óbvio lhe trouxe prejuízos permanentes, cujos efeitos se diferenciam daqueles abrangidos pelo dano moral enfrentado [...]

Logo, possível e devida a cumulação das duas espécies de indenização. [...] [...] Assim, atendendo-se aos parâmetros já mencionados, principalmente ao grau de culpa dos réus, foram razoáveis os montantes fixados na sentença (R$ 30.000,00 a título de danos morais e R$ 30.000,00 a título de danos estéticos) [...]35 (grifos do original).

Portanto, apesar de no acórdão anterior o Desembargador Paulo ter reformado a sentença unificando os valores do dano moral e estético, na decisão supracitada manteve o entendimento de 1° grau que fixou a verba indenizatória separadamente, conceituando em seu

34

TJSC, Apelação Cível 2008.013225-3, Relator Henry Petry Junior.

35

voto o dano moral como sendo uma dor íntima e o dano estético como sendo o originado pelas lesões corporais, que podem causar discriminação, compaixão e etc.

Acrescenta-se ainda que admitiu em seu voto a possibilidade de cumulação do dano moral e estético.

Uma única exceção no período pesquisado foi da Apelação Cível 2004.005465-3, onde o Desembargador Carlos Prudêncio reformou a sentença que unificou o valor da indenização do dano moral e estético, individualizando-os com o seguinte argumento:

[...] Condenou, ainda, a ré ao pagamento de verba indenizatória por danos estéticos e morais, no importe de R$ 20.000,00 [...]

[...] Pois bem, deve-se compreender que dano estético, resultante de uma deformidade física, não é igual a qualquer outra modalidade de dano moral, constituindo-se na mais grave e violenta das lesões contra a pessoa, pois lhe gera grande sofrimento ante a transformação física ocorrida, que é o dano moral à imagem social. Em decorrência disso admite-se a cumulação desses danos com os danos morais. A fim de garantir a integralidade do ressarcimento dos danos sofridos, é que a indenização pelos danos estéticos deve ser apartada daquela devida pelos danos morais, pois, ainda que oriundas de um mesmo fato, são de natureza diversa. É certo que o acidente de trabalho e suas consequências, nas características em questão, geraram abalo moral ao autor-apelado, bem como deixou-lhe com seqüelas físicas permanentes (danos estéticos), perceptíveis facilmente ante o local onde se concentraram (mão esquerda), evidenciando a natureza diversa de cada uma das indenizações fixadas pelo Magistrado singular. O dano moral decorre de todo o abalo sofrido durante e logo após o acidente, além dos infortúnios decorrentes da impossibilidade física após o sinistro. O dano estético, por sua vez, arbitrado isoladamente, diz respeito às seqüelas físicas perceptíveis com que conviverá diariamente o autor, constrangendo-o em situações mais íntimas ou em lugares públicos. [...]

[...] Assim, tem-se como adequados em relação aos danos experimentados pelo autor R$ 10.000,00 (dez mil reais) por danos morais e R$ 10.000,00 (dez mil reais) por danos estéticos. [..]36

Neste contexto, houve a separação do dano moral e estético inicialmente pela individualização dos conceitos de ambos, salientando ainda que, para garantir o ressarcimento total dos danos necessária se torna a fixação separada destes, mesmo que decorrentes de um mesmo fato possuem natureza distinta, haja vista que a indenização pelo dano estético procura reparar o que foi fisicamente alterado e o moral busca ressarcir o que causou abalo emocional à vítima.

Por fim, analisa-se os julgados que mantém a unicidade do quantum indenizatório arbitrado na sentença do Juízo a quo, conforme se extrai do voto do Desembargador Stanley da Silva Braga, na Apelação Cível 2008.008259-4:

36

[...] VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E ESTÉTICO. MAJORAÇÃO. CONDENAÇÃO SIMULTÂNEA COM ORIGEM NO MESMO EVENTO. [...]

[...] o Magistrado a quo julgou procedente os pedidos formulados na ação indenizatória para: [...]

[...] condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais e estéticos, na quantia de R$ 3.800,00 [...]

[...] reputa-se comprovado o fato de que o dano moral sofrido pelo autor motivou-se pela conduta exclusiva do condutor do veículo, ora apelante. Diante disso, impõe-se o reconhecimento da conduta ilícita.

Já em relação ao dano estético e sua cumulação com o dano moral entende- se que o dano estético é uma espécie do gênero dano e não está expressamente positivado em nosso ordenamento jurídico. Entretanto, pode- se afirmar que tal espécie encontra-se inserida no art. 949 do novel Código Civil, que dispõe que o autor da ofensa indenizará o ofendido de outros prejuízos que, porventura, houver sofrido. O dano estético, diferentemente do dano moral, que está ligado a fatores psicológicos, relaciona-se exclusivamente às deformidades físicas. [...]

[...] Todos estes fatores, por si só, bastam para a ocorrência de seqüelas físicas e psicológicas capazes de pressupor a existência de danos passíveis de indenização.

Isso porque, com efeito, pode-se constatar, pelos documentos trazidos aos autos, que um dos autores sofreu não somente abalo moral como também danos estéticos, porquanto, além de ser submetido a tratamento, ficou com cicatrizes e seqüelas que lhe causam dificuldades de locomoção .

Totalmente possível, portanto, nesses casos, a cumulação do dano moral com o dano estético: [...]

[...] Diante do exposto, resta claramente demonstrado a ocorrência do dano estético, configurando, assim, o dever de pagamento da verba indenizatória pleiteada pelos autores. [...]37

Neste passo, a fundamentação utilizada para manter a sentença que unificou o dano moral e estético é praticamente idêntica àquelas que reformaram as decisões de 1° grau que admitiram a separação de tais danos.

Nesta decisão se mantém o entendimento de que o dano estético é espécie do dano moral, admitindo-se a cumulação e fixando os danos em uma única verba.

Corrobora o Desembargador Carlos Prudêncio, que apesar de anteriormente ter se manifestado pela separação da verba indenizatória na Apelação Cível 2004.005465-3, sustenta em seu voto na Apelação Cível n. 2007.017003-0, pela unificação de tais verbas:

[...] julgou procedente o pedido para condenar Zauer & Leonardo Ltda e Edson Zauer Leonardo ao pagamento de: a) a título de dano moral e estético no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) [...]

[...] Por outro lado, na doutrina, a possibilidade de cumulatividade do dano moral e estético não é bem definida. Há pensamentos conflitantes. Uns apregoam como espécie do gênero dano moral; outros como instituto diverso. Na minha ótica, dano moral e estético tem a mesma raiz. A distinção, me parece, é meramente de efeitos. O dano estético, hoje, em razão das avançadas técnicas de cirurgia plástica pode ser dividido em dano

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patrimonial e extrapatrimonial conforme a zona de produção do efeito seja externa ou interna. A dor vexatória é a gênese indenizatória. O dever de reparar o dano surge da vergonha experimentada em razão da modificação da aparência física indesejada pela vítima. Nesse caso parece-me se falar de dano estético moral e portanto sem possibilidade de cumulação.[...]

[...] Por esta via, fixo indenização única porque embora reconheça o dano estético apresentado nas fotografias - e diga-se foi expressivo- a consequência jurídica ( violação a direito da personalidade como bem delineado pelo Des. Volnei Carlin) engloba os dois conceitos. Assim, para satisfazer o dano moral (englobado o estético) defino como razoável e proporcional a quantia de R$20.000,00 (vinte mil reais).[...]38

Posiciona-se alegando que a cumulação do dano moral e estético não está bem definida pela doutrina, havendo entendimentos diversos, como os que definem que o dano estético e espécie do dano moral e outros que alegam ser danos distintos. No entendimento do Desembargador Carlos Prudêncio os danos estéticos e morais possuem a mesma raiz, distinguindo-se apenas pelos efeitos que produzem à vítima, não havendo possibilidade de cumulação. Assim, fixou a indenização única para ambos os danos.

Colhe-se ainda da Apelação Cível 2007.027133-2 o mesmo entendimento da unicidade dos danos, conforme o voto do relator Ricardo Roesler:

[...] A) ao pagamento, em favor do autor, da importância de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), a título de indenização por danos morais e estéticos [...] [...] O dano moral relaciona-se com o abalo anímico sofrido pela vítima de tal sorte que sua honra subjetiva fica gravemente ferida, conforme remansoso entendimento doutrinário e jurisprudencial. Já dano estético, consoante Teresa A. Lopes de Magalhães, "é qualquer modificação. Aqui não se trata apenas das horripilantes feridas, dos impressionantes olhos vazados, da falta de uma orelha, da amputação de um membro, das cicatrizes monstruosas ou mesmo do aleijão propriamente dito. Para a responsabilidade civil basta a pessoa ter sofrido uma 'transformação', não tendo mais aquela aparência que tinha. Há, agora, um desequilíbrio entre o passado e o presente, uma modificação para pior".(MAGALHÃES, Teresa A. Lopes de. O Dano Estético, Responsabilidade civil, São Paulo: RT, 1980, p.18-19).Infere-se dos conceitos supramencionados que estas verbas indenizatórias são separadas apenas por um tênue liame capaz de gerar as mais calorosas discussões.Dessa forma, adotando o entendimento de alguns doutrinadores, entendo ser possível a subdivisão dos chamados danos estéticos, que podem ser caracterizados pelos danos estéticos-morais e os danos estéticos-materiais.O primeiro, estaria diretamente relacionado com os valores inerentes ao impacto emocional e subjetivo que a mácula à integridade física de seu corpo é capaz de causar na alma humana. O segundo, diz respeito aos valores necessários, seja com procedimentos cirúrgicos, medicamentos ou tratamentos alternativos, para o retorno ao estado anterior ao evento danoso. Ou seja, a importância necessária para restabelecer a sua condição física perdida com o sinistro sofrido.Logo,

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