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CAPÍTULO 1 CONTEXTO E IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA INTEGRADO

1.2 O PROGRAMA INTEGRADO DE QUALIFICAÇÃO NO CONTEXTO ATUAL

1.2.3 A implantação do Programa Integrado de Qualificação

1.2.3.2 A questão da qualificação

Um dos pontos chave do programa é a qualificação profissional. É importante considerar, inicialmente, que ele atua no campo da formação inicial e continuada de trabalhadores, e que os documentos oficiais não se referem ao ensino profissional como qualificação, mas como ensino profissionalizante. Não foi averiguado, nas entrevistas, se essa denominação foi utilizada por algum motivo especial, ou se ela está presente nos documentos pelo fato do serviço ter se constituído institucionalmente, em 1997, como “Profissionalizante” e, dessa maneira, mantido a denominação. Do mesmo modo, quando perguntado a DET2 se havia ocorrido um processo de discussão sobre os termos que o DET utilizaria formalmente, o porque de ter sido assumido a denominação “educação profissional”, como consta em alguns documentos e folders distribuídos na cidade, seu pronunciamento foi no sentido de que a escolha se deu muito mais em virtude do seu impacto de divulgação do Serviço, do que como resultado de uma escolha conceitual.

O uso da terminologia ensino profissionalizante, no entanto, não dispensa a concepção de qualificação, até por conta de sua designação nos dispositivos legais, sempre destinada aos processos informais de ensino, como é o caso de um dos programas desenvolvidos pelo DET, o “Programa de Qualificação e Requalificação Profissional”, do MTE. A idéia da qualificação está presente nos discursos dos entrevistados do DET, com

variantes na sua concepção. Antes, no entanto, de apresentar suas idéia sobre qualificação, é preciso mencionar, ainda que brevemente, o debate conceitual a respeito desta noção.

Segundo estudos de Tartuce (2004), duas correntes, na França, apresentavam o conceito de qualificação: a “essencialista”, baseada nas proposições de Georges Friedmann, e a “relativista”, baseada nas concepções de Pierre Naville. A primeira trata a qualificação do ponto de vista da qualidade do trabalho e do tempo de formação necessário para realizá-lo. Através da qualidade e complexidade da tarefa estabelecem-se os atributos necessários ao seu desempenho. A tarefa é determinada pela divisão social do trabalho e relaciona-se à tecnologia utilizada. Dessa maneira, estão presentes as idéias da qualificação do trabalho (conteúdos do trabalho) e da qualificação do trabalhador (o saber e o “saber fazer” para execução do trabalho).

A segunda visão, baseada em Naville, se opõe a essa, na medida em que ao considerar a técnica e o conteúdo do trabalho, apreende-os no contexto de um processo e como produto social resultante tanto da contradição entre capital e trabalho, quanto dos fatores socioculturais que interferem no julgamento que a sociedade realiza ao definir o que é um trabalho qualificado. A qualificação situa-se em um tempo e espaço determinados, não é algo que se define a priori. Não se pode medi-la por sua estreita relação com a realização do trabalho, uma vez que o reconhecimento social da qualificação ultrapassa o limite da técnica e se apresenta, também, em suas formas jurídicas e institucionais. Além disso, a qualificações não são produzidas no sistema educativo, mas no sistema produtivo, onde se realizam e são reconhecidas em termos de remuneração e prestígio social, sendo que a escola representa um momento na constituição dessas qualificações. Dessa maneira, Naville questiona a formulação anterior que define a qualificação pela qualidade do trabalho e tempo de formação que ela demanda.

Há que se considerar também que, em Friedmann, a caracterização da atividade de trabalho está mais vinculada a um posto de trabalho dentro da divisão taylorista. Para Naville, a noção de qualificação, que se constrói nas relações de embate permanente entre capital e trabalho, condicionada por elementos sociais e culturais, modifica -se de acordo não só com as mudanças tecnológicas, mas também com as formas de organização do trabalho.

Nessa perspectiva, é previsível que o conceito da qualificação seja deslocado pelo das competências, a partir dos novos requisitos da produção e da organização do trabalho. Diferentemente da organização taylorista, que exige o preparo para um determinado posto de trabalho ou tarefa, o novo paradigma de organização flexível do trabalho requisita, agora, um novo perfil de trabalhador, portador de “conhecimentos” mais amplos e de uma maior

predisposição para mobilizar habilidades e atitudes no enfrentamento de problemas. Torna-se necessário, do ponto de vista do mercado, um trabalhador que possua outros atributos, mais adaptáveis às necessidades das novas formas de produzir.

No Brasil, a noção de competência é descrita no Parecer do Conselho Nacional de Educação nº 16/99: “entende-se por competência profissional a capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho”. Dessa maneira, o discurso oficial mostra, como já foi apontado neste texto, que apesar de não haver consenso sobre o significado de competência, o que as diferentes interpretações têm em comum é o fato de não considerar a relação social implícita no conceito de qualificação. (MORAES, 2001)

Para Tartuce (2004, p.373), o conceito de qualificação supera a noção de competência, uma vez que:

Um trabalho mais complexo, que demande competências variadas e elevadas, não será necessariamente mais qualificado, pois pode não ter, socialmente, reconhecimento simbólico e/ou financeiro. Dito de outro modo, as competências referem-se aos atributos dos trabalhadores, mas não dão conta de sua valorização efetiva.

Nesse sentido, o conceito de qualificação profissional também abarca a organização do trabalho em bases não tayloristas.

O debate sobre qualificação, como se viu, enfatiza as relações no plano do emprego formal. A questão é como tratar a qualificação dos trabalhadores em uma situação de ausência de emprego.

Ao abordar essa questão, Costa (2006) considera que, diante do quadro de desemprego estrutural, os governos adotaram em seus discursos a expressão políticas de geração de emprego e renda, incluindo a qualificação profissional como elemento dessa política. Segundo a autora, o Plano Nacional de Qualificação implementado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva traz, além do restabelecimento da formação integral do trabalhador, a concepção da política de qualificação como um direito, e uma maior ênfase na integração das políticas públicas. Dessa forma, é praticamente impossível tratar a qualificação profissional frente ao desemprego, sem que haja políticas de geração de emprego e renda.

No entanto, como já mencionado anteriormente, o município tem um limite para suas ações e, a não ser que se articule políticas municipais com políticas federais e estaduais, este problema torna-se de difícil resolução. Assim, é necessário observar que, muitas vezes, as

políticas municipais de geração de trabalho e renda, por meio das ações de apoio ao empreendedorismo, coletivo ou individual, pode vincular a idéia da qualificação profissional à idéia da empregabilidade, presente nos enunciados do PLANFOR/MTE. Nesse sentido é que se torna necessário vincular-se a políticas de outras esferas governamentais, com vistas não só ao trabalho autônomo, mas também à geração de empregos, através de políticas de crescimento e desenvolvimento econômico.

Tendo como um de seus principais objetivos a inserção ou a reinserção no mercado de trabalho, a maioria dos cursos propostos pelo Programa tende a desenvolver uma formação mais voltada para uma determinada ocupação, no sentido de ela propiciar a inserção no mercado formal, o exercício do serviço autônomo ou do pequeno negócio.

No que se refere às conseqüências da reestruturação produtiva para a cidade, ao quadro de emprego e desemprego gerado, DET3 faz a seguinte colocação:

Quer dizer, o que é a na verdade a terceirização, no que consiste a reestruturação produtiva? Ela consiste na diminuição de custos, tanto do ponto de vista da quantidade de postos de trabalho, ou seja, a produtividade de um trabalhador aumentou de forma muito profunda, quer dizer, se você precisava, pra produzir um determinado produto, de tantas pessoas, você reduziu isso pra um terço. E as pessoas que foram colocadas pra fora, elas tiveram que inclusive buscar novas ocupações, elas não conseguiram mais buscar emprego na mesma ocupação em que elas estavam trabalhando anteriormente. E isso gerou um tipo de política de formação profissional, algumas encetadas pelo governo estadual, outras pelo governo federal e outras iniciadas e depois continuadas pelos municípios, o que a gente chama de requalificação profissional, que é buscar ou aperfeiçoar essa pessoa, atualizando ela na mesma área em que estava, para ela tentar ainda, no mercado de trabalho, principalmente no espaço friccional do emprego; ou seja, sempre tem uma taxa entre a oferta e a demanda que fica ali, flutuando, com uma série de decorrências, porque as pessoas não estão no lugar correto, estão em cidades diferentes etc, então esses trabalhadores procuraram ocupar esse espaço, com base nessa formação de requalificação profissional. Outras, ao perceberem que não conseguiriam retornar aos seus postos de trabalho, buscaram novos cursos, novos postos. Então, essa é a forma com que se articula um pouco a formação profissional com a reestruturação produtiva. Agora, tendo claro, que a formação profissional não gera postos de trabalho, insisto nisso, e os postos de trabalho que foram perdidos por conta da reestruturação produtiva, pela implantação do plano neoliberal, em especial no ABC, dificilmente eles retornam, até porque caso haja o aumento da produtividade (que requeira trabalhadores de) uma ocupação as empresas tendem a utilizar as novas tecnologias, para ocupar esse espaço. Então, um trabalhador que vá fazer um curso que não considere o conhecimento das novas tecnologias, novas áreas de trabalho, está fadado a ficar excluído do mercado formal de trabalho. Então, é pensando nisso que a formação inicial e continuada se apresenta, principalmente de forma mais candente no PIQ aqui na cidade, buscando fazer com que esse trabalhador, ao mesmo tempo, tenha capacidade de efetuar pesquisa, capacidade de buscar outras alternativas e capacidade de buscar caminhos que leve ele a uma

emancipação fora dessa exigência do mercado formal de trabalho. Daí a articulação, também, com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e em especial o DGTR21, com a nova política econômica popular e solidária, quer dizer, procurando propiciar a esses trabalhadores a possibilidade da formação de cooperativas, empreendimentos populares, e até mesmo um trabalho autônomo mais estruturado, que ele não fique sozinho nessa luta pela sobrevivência. Então, daí a articulação dessa política. Qual é o cenário que a gente verifica? Que esse processo vai continuar se aprofundando, porque faz parte das tratativas de competitividade. Se você não consegue competir com seu produto no mercado internacional e mesmo no mercado nacional, uma vez que a economia está aberta para importados, você corre o risco de falência. O empreendimento, a empresa falindo, gera mais desemprego. Agora, nós temos claro que emprego direto é uma coisa, traz um rol de benefícios para o trabalhador, inclusive planos de saúde, e uma série de outras, alimentação, transporte, que o trabalhador autônomo não tem. Então quer dizer, compreendendo que dentro do cenário do mercado de trabalho você tem situações diferentes e complexas, você tem que preparar políticas que procurem dar conta dessas situações. Tendo claro que, na verdade você está fazendo uma política com vistas a contribuir com uma possível saída de forma mais efetiva. (2008)

No que se refere às propostas de itinerário formativo, eles eram planejados de maneira a que o itinerário iniciasse no PIQ I (primeiro segmento do ensino fundamental) e continuasse no PIQ II (segundo segmento do ensino fundamental) e PIQ III (ensino médio). Cada uma dessas etapas tinha um ano de duração e, caso o aluno não atingisse os objetivos escolares propostos para cada fase, deveria permanecer no ciclo. Como a certificação era desvinculada, um aluno poderia ser certificado na área profissionalizante e não ser na modalidade escolar correspondente e vice versa. Os itinerários não se encerravam no ensino médio, pois o aluno depois de concluí-lo poderia cursar os módulos ainda não cursados na forma de cursos livres. Um problema que o programa apresentava desde o início e que ainda não tem solução é a impossibilidade dos itinerários serem validados como etapa para os cursos técnicos, uma vez que, apesar de previsto na LDB, esses conhecimentos não são ainda reconhecidos e, por isso, não contam como créditos para a continuidade dos estudos. DET2, quando perguntado sobre a possibilidade de articulação com outras redes, argumenta ser essa uma questão de difícil solução:

Não tem, todas às vezes que a gente vai falar com outras instituições, com o próprio estado, a gente fez esse movimento de conversar com a Paula Souza, com o pessoal, não há vontade política para que isso ocorra. Hoje infelizmente governos diferentes, com perspectivas diferentes, não sentam para poder unir esforços. É triste, mas é realidade. (2007)

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A proposta, definição e planejamento dos cursos são descritas da seguinte maneira:

Como nós detectamos que o mercado de trabalho é muito heterogêneo, nós procuramos atender essa heterogeneidade, lembrando sempre que nosso público alvo são exatamente aquelas pessoas mais carentes, as menos preparadas, nossos critérios para a entrada nos cursos são bastante específicos. São pessoas moradoras da cidade que estão desempregadas, em famílias desestruturadas, ou seja, as piores condições são essas em que se encontram. Dado isso, temos que trazê-los para cursos que contribuam na sua inserção, não no mercado de trabalho precário, mas no mercado de trabalho, que ele inclusive consiga vislumbrar perspectiva para sua vida futura. E como é um trabalho que consideramos recente, nós estamos assim no meio do caminho. Primeiro, tentando ofertar cursos que ajudem ele, de forma efetiva, a ficar um longo, o maior tempo possível, dentro do mercado de trabalho. Nós sabemos que a rotatividade do trabalhador é muito grande em diversas ocupações profissionais. (DET3, 2008)

[...] em primeiro lugar, a gente reafirma que não é o problema da formação profissional que vai gerar emprego, mas a gente também precisa ter um certo cuidado, no que a gente possa oferecer para a comunidade, para a sociedade e, de certa maneira, se não tivermos esse cuidado, nós criaríamos uma falsa expectativa. [...] Nós sabemos que o índice de desemprego por desalento, que foram aquelas pessoas que foram procurar trabalho várias vezes e não encontraram, desistiram de procurar, dentro da composição do índice de desemprego é um dos mais significativos; então, as pessoas perdem a sua perspectiva de vida, já que se sentem completamente incompetentes para buscar um trabalho. Então, o que a gente faz, como normativa fazemos, é de que possamos verificar todas as variáveis que compõem a possibilidade do emprego. Então, qual é o tipo de curso que as pessoas mais buscam? Cabeleireiro? Tem uma pontuação. O que é que as empresas mais buscam? A gente vai nos arquivos da Central de Trabalho e Renda, parceria que a gente tem, e aí vai dizer o que as empresas tem mais buscado nesse tipo de profissional. Qual é a tendência de crescimento do segmento em Santo André, com dados, avaliação? Em Santo André, com o incremento do pólo petroquímico, quase que vai triplicar a demanda por mão-de-obra, num primeiro momento da construção civil e num segundo momento do setor plástico. Então, o que nós pensamos, o que a gente já procura fazer, é direcionar os cursos pra esse segmento que está em tendência de crescimento. Então, a gente verifica o setor da indústria, do comércio e do serviço, vê em quais segmentos há uma tendência de crescimento com aporte de recursos, investimentos etc. Vimos, também, a tendência de consumo de outros tipos de serviço, artesanato, reciclagem, etc, todos esses elementos são elementos que constroem variáveis, que constroem a definição dos cursos que vão ser oferecidos. [...] O Departamento, junto com o Observatório, consulta os segmentos envolvidos, o trabalhador: qual é o curso que o trabalhador quer? Esse. Qual é o trabalhador que a indústria quer? Esse. Qual é a tendência de crescimento do setor? Essa. Então todas essas variáveis conjuntamente constituem a definição que o Departamento prioriza para oferecer cursos. Se o setor plástico vai crescer e o setor de hotelaria vai reduzir, a gente vai priorizar, a partir de agora oferecer cursos do setor plástico e não oferecer o de hotelaria. Então, isso é o que se constitui na definição dos cursos. (DET1, 2007)

Em 2003, os itinerários apresentados foram os seguintes:

Tabela 7 – Centro Público de Formação Profissional Júlio de Grammont – comércio e serviços.

PIQ I PIQ II PIQ III

TÉCNICAS DE EMBELEZAMENTO E ESTÉTICA I Auxiliar de cabeleireiro TÉCNICAS DE EMBELEZAMENTO E ESTÉTICA I Assistente de cabeleireiro Cabeleireiro Alongamento de cabelo Manicura e pedicuro Alongamento e Decoração de unhas Depilação Decoração e clareamento de virilha Maquilagem TÉCNICAS DE EMBELEZAMENTO E ESTÉTICA I

Assistente de esteticista facial Assistente de esteticista corporal Assistente em podologia HOTELARIA TURISMO E LAZER AMBIENTAL I Camareira Serviços de quarto HOTELARIA TURISMO E LAZER AMBIENTAL II Recepção em hotelaria Monitoria ambiental HOTELARIA TURISMO E LAZER AMBIENTAL III Monitoria de atrativos turísticos Monitoria de lazer e recreação Fonte: Observatório da Educação e do Trabalho/ DET/ SEFP.

Tabela 8 – Centro Público de Formação Profissional Onze de Junho - informática.

PIQ I PIQ II PIQ III

INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DE MICRO INFORMÁTICA Introdução ao mundo da informática

Noções de sistema operacional Sistema operacional e noções de aplicativos TÉCNICAS DE MICRO INFORMÁTICA Sistema operacional Aplicativos Aplicativos avançados TÉCNICAS AVANÇADAS DE MICRO INFORMÁTICA Noções de multimídia

Noções de hardware e software Técnicas avançadas de micro - informática

Tabela 9 – Centro Público de Formação Profissional Tamarutaca - construção civil.

PIQ I PIQ II PIQ III

TÉCNICAS E

PROCEDIMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NÍVEL I Fundação I Alvenaria I Hidráulica I Elétrica I Montador I Acabamento TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NÍVEL II Fundação II Alvenaria II Hidráulica II Elétrica II Montador II Acabamento II TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NÍVEL III Infra-estrutura Vigas e Pilares Alvenaria Acabamento e instalações hidráulicas e elétricas Cobertura Novas Tecnologias MARCENARIA I ARTESANAL Técnicas de fabricação de brinquedos pedagógicos e objetos em madeira Técnicas de pinturas e texturização em madeira MARCENARIA II

Reforma e restauro de móveis

MARCENARIA III Fabricação de móveis (comercial e industrial)

Fonte: Observatório da Educação e do Trabalho/ DET/ SEFP.

Como pode ser observado, na oferta dos itinerários e cursos, não há formação voltada para o setor industrial. Os cursos oferecidos nas ocupações selecionadas visam o acesso ao emprego formal, mas priorizam os serviços, com perspectivas para o trabalho autônomo.

Na área da construção civil, como já foi apontado, no município de Santo André, o trabalho é responsável por 11% do mercado informal.

Para poder “oferecer ensino profissionalizante estruturado em itinerários formativos segundo a ocupação demandada pelos setores econômicos da indústria, serviços e comércio”, o Departamento instituiu o Observatório da Educação e do Trabalho para desenvolver estudos e levantar as informações necessárias. Ao tratar dessa questão, DET3 afirma:

Nós tentamos implantar o PIQ de forma integral; começamos pelo primeiro eixo, elevação de escolaridade; o segundo eixo, o da formação profissional, e o terceiro eixo, que nós tentamos implantar a partir de sua institucionalização, a partir da Lei do PIQ do ano de 2005. O que nós nos deparamos: os recursos públicos, o nosso grande limitador e o que fez com que essa alteração fosse ocorrendo desde o início do projeto integral e integrado, como estava sendo posto, que fosse alterado ao longo desses anos, com vistas à institucionalização do Programa e com vistas a garantir uma sustentabilidade maior para atender nossos educandos. O Observatório realizou estudos com bases nessas necessidades e nessas alterações, sempre

apresentou proposição e alternativas que viessem a atender a implantação de forma integral, tal qual ela tinha sido proposta. Agora, as dificuldades foram se deparando, o DET foi tomando as decisões de ajustá-lo, não foi por orientação do Observatório. Ele fazia as ressalvas, olha é por aqui, mas vocês têm esses limitadores, mas apresentava as limitações e cabe sempre ao DET, no seu coletivo, ou, em última instância, na pessoa do diretor, tomar a decisão de continuar mantendo o Programa, quer dizer, perde-se os anéis, mas mantêm-se os dedos para ele continuar funcionando, sempre pensando em ganhar tempo para que lá na frente você consiga retomar ele tal qual estava proposto. Nosso papel é apresentar as limitações e como ele deve ser implementado. Isso sempre foi feito, em documento, em reuniões, em apresentações e mesmo no planejamento. Por exemplo, nós propusemos para o ano de 2005 e 2006 o curso de, que mexeria com calderaria, novos cursos, e o DET se deparou, que não tinha recursos suficientes para bancar máquinas, materiais para poder ofertar esse curso. Nós pressupomos que esses cursos poderiam ajudar melhor a população a se integrar no mercado