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O Departamento de Educação do Trabalhador e o Ensino Profissionalizante

CAPÍTULO 1 CONTEXTO E IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA INTEGRADO

1.2 O PROGRAMA INTEGRADO DE QUALIFICAÇÃO NO CONTEXTO ATUAL

1.2.2 O Departamento de Educação do Trabalhador e o Ensino Profissionalizante

Com a finalidade de melhor compreender o processo de desenvolvimento do Programa, nos itens que seguem, além da descrição das ações e informações contidas nos documentos oficiais do Departamento de Educação do Trabalhador e de consultas a fontes bibliográficas, foram incluídas as entrevistas realizadas com a equipe da direção do DET, entendidas como pronunciamentos oficiais e institucionais que orientam as ações do Programa. Não só com relação à equipe diretiva, mas também no que toca aos outros participantes, serão preservadas suas identidades. Dessa maneira, as referências à equipe diretiva, composta por três pessoas que ocupam postos de maior ou menor decisão no DET, mas que atuam, em seu conjunto, na definição das resoluções tomadas, serão tratadas aqui como DET1, DET2 e DET3.

É importante considerar a estrutura e a organização do DET, o que permite melhor localizar os entrevistados e o local que ocupam no Programa. O Departamento se constitui pela Direção, diretamente assessorada pelo Observatório da Educação e do Trabalho, seguindo, em hierarquia decrescente, a Assistência de Direção, Gerência Financeira e Gerência de EJA, Coordenações do MOVA, SEJA e Profissionalizante. No caso dos Centros Públicos, a Coordenação do Profissionalizante atua junto às diretoras e estas junto aos seus núcleos pedagógicos.

É preciso me mencionar, também, que a direção do Departamento é constituída por membros do Partido dos Trabalhadores e do Partido Comunista do Brasil, o que pode imprimir certas particularidades à condução das políticas.

Foi no contexto da “nova” educação profissional, durante a vigência do PLANFOR, que o Departamento de Educação do Trabalhador - DET, no âmbito da Secretaria de Educação e Formação Profissional como passou a ser denominada, a partir de 1997, na Prefeitura de Santo André, iniciou seu trabalho com qualificação profissional. Esta nova denominação da Secretaria pretende expressar a compreensão do governo de que a formação profissional é uma ação que está no campo da educação, entendida como um direito, e, portanto, não a cargo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico ou da Assistência Social, como ocorria anteriormente. Nesse sentido, o governo instituído assume o papel de propor uma política diferenciada das precedentes. Esse período (1997-2000 e 2001-2004) correspondeu, respectivamente, à segunda e terceira gestão do Partido dos Trabalhadores no município. A princípio, em 1997, trabalhou apenas com “cursos livres”, como eram denominados os cursos de qualificação durante a vigência do PLANFOR, nas unidades dos

Centros Públicos de Formação Profissional existentes (Tamarutaca, Onze de Junho e Júlio de Grammont), iniciando, a partir de 1998, o projeto da Suplência Profissionalizante, experiência que possibilitou a criação do Programa Integrado de Qualificação. A Suplência Profissionalizante ocorria nas hoje denominadas EMEIEF’s17, em algumas salas do SEJA que trabalhavam com o primeiro segmento do ensino fundamental. Dos cinco dias de aula, quatro dias eram destinados às matérias da base comum, e um dia às profissionalizantes. Foram ofertados alguns cursos, como eletricidade, manicura, auxiliar administrativo, culinária e pintura residencial. A avaliação realizada em 2001 apontou que, apesar da iniciativa pioneira no município em integrar a educação de jovens e adultos à área de qualificação profissional, ação que contrariava, na época, as diretrizes da educação profissional, algumas dificuldades ocorreram, fazendo com que, em 2002, este projeto tivesse uma outra formatação.

As dificuldades apontadas indicaram que oferecer um curso de qualificação profissional apenas uma vez por semana não era motivador para os alunos e prejudicava o andamento do curso, além do que alguns alunos e professores do SEJA (os professores não participavam das discussões que o ensino profissionalizante propunha como formação) atribuíam ao curso de qualificação um aspecto secundário. Havia dificuldades para estabelecer momentos de planejamento coletivo e, com exceção do curso de elétrica, as aulas eram ministradas nas condições que as EMEIEF’s proporcionavam, sem a instalação de oficinas ou laboratórios, uma vez que uma dificuldade sempre presente era a orçamentária. Os cursos de qualificação profissional eram viabilizados através de verbas do FAT18, recebidas em determinados períodos do ano, o que comprometia a continuidade da oferta e forçou a utilização de recursos do tesouro municipal para a manutenção dos cursos. A educação de jovens e adultos, como já foi colocado, não recebia recursos federais, e também era mantida com recursos municipais, daí a dificuldade orçamentária que caracteriza os serviços oferecidos pelo DET, uma vez que os recursos que lhe eram destinados também deveriam atender as demandas da educação infantil.

Nesse período, a contratação dos professores que ministravam as aulas da profissionalização era feita diretamente pela Prefeitura. Eram chamados de monitores e um único concurso foi realizado. Em pouco tempo, o procedimento mostrou não ser a melhor forma administrativa de efetuar contratações, uma vez que as necessidades de qualificação se alteravam e os monitores concursados eram qualificados para uma única função, e não poderiam exercer outra, por caracterizar “desvio de função”. O exemplo mais significativo foi

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EMEIEF - Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental.

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o da monitora de datilografia que, em pouco tempo, teve seu curso de qualificação desativado em função da introdução da informática. Passou-se, então, a contratar monitores por seleção pública, o que trouxe o problema de rotatividade do quadro, uma vez que as contratações por seleção não poderiam se prolongar por mais de um ano, e os monitores contratados por uma seleção não poderiam ser recontratados por outra. A solução encontrada pelo Departamento de Educação do Trabalhador, em 2001, foi realizar parcerias com entidades conveniadas, ONG’s ou organizações sindicais, que reconhecidamente tivessem experiência no campo da formação profissional e que trabalhassem em uma perspectiva de formação voltada para a elevação das condições sociais dos trabalhadores, e pudessem contribuir com sua experiência e realizar a contratação do quadro dos instrutores, não mais chamados monitores, para a execução dos programas. Isso foi possibilitado pela Lei 8.142 de 22 de dezembro de 2000. Este dispositivo legal autoriza a celebração de convênios de cooperação técnica e financeira entre a Prefeitura de Santo André – através da Secretaria de Cidadania e Ação Social e Secretaria de Educação e Formação Profissional – e organizações não governamentais sem fins lucrativos e de interesse público, para a execução de programas, projetos e serviços pertinentes às suas áreas de atuação, com vistas à inclusão social da população demandatária, e em observância à Lei Orgânica de Assistência, Lei de Diretrizes e Bases da Educação e Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente. Apesar do termo do convênio incluir a Secretaria de Cidadania e Assistência Social, não há a intenção de que os convênios tenham uma ação assistencial no caso da formação profissional, a redação da lei para as duas Secretarias se deu em virtude da oportunidade legal de resolver algumas demandas que a prefeitura apresentava. O seu Artigo 3º determina que as despesas decorrentes da execução da lei serão respaldadas pelo Fundo Municipal de Assistência Social, Fundo de Apoio à Educação e de dotações orçamentárias próprias das Secretarias. O Termo de Convênio detalha as formas de execução e de acompanhamento desenvolvidas pelas Secretarias, às quais as entidades estão se conveniando. No que toca ao Termo de Convênio, serão feitos três destaques. No primeiro, em sua Cláusula 3ª, entre as obrigações do município, cabe ressaltar o item em que consta a assessoria, orientação, fiscalização e participação da implantação e do desenvolvimento do Plano de Trabalho, com indicação de parâmetros e requisitos para as atividades desenvolvidas, elaboradas em parceria com a entidade. O segundo e terceiro destaques, que constam da 4ª Cláusula e tratam das obrigações da entidade, apontam dois aspectos principais, dentre os vários que a compõem. O primeiro diz respeito à manutenção de um quadro de pessoal compatível com as especificações descritas no Plano de Trabalho, de

maneira a dar plenas condições de realização do objeto conveniado. O segundo aspecto trata da prestação de contas. Conforme consta do termo de convênio:

Apresentar trimestralmente, até o quinto dia útil do mês subseqüente, o demonstrativo, mês a mês, da correta aplicação dos recursos financeiros transferidos, compatível com o Plano de Trabalho, devidamente acompanhado de relatório circunstanciado das atividades desenvolvidas no período, bem como, e quando couber, da relação nominal dos atendidos com o número de seus respectivos documentos de identidade; prestar contas, nos moldes das instruções específicas pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, até 28 de fevereiro do exercício subseqüente, dos recursos repassados durante o exercício anterior. (SANTO ANDRÉ, 2000)

Tais exigências terão importantes desdobramentos no desenvolvimento das ações do DET e, por conseqüência, no desenvolvimento do PIQ.

No primeiro destaque, em que se chama atenção para o papel do município, o que se quer observar é a elaboração de parâmetros e requisitos para as atividades realizadas em parceria com as entidades.

O Capítulo 2 deste texto, que analisa o desenvolvimento do Programa e as representações que os agentes sociais construíram sobre ele, trata da visão dos coordenadores de convênios sobre a parceria com as entidades, cujas propostas, de uma ou outra forma, têm relação com as reivindicações presentes nas deliberações da CUT ou com outros espaços que apontam a necessidade de romper com a dualidade do ensino, bem como construir propostas mais participativas e democráticas de educação e de formação profissional voltadas para o atendimento das demandas dos trabalhadores. Os dois outros itens que foram destacados, dizem respeito respectivamente à “manutenção de um quadro de pessoal compatível com as especificações descritas no Plano de Trabalho, de maneira a dar plenas condições de realização do objeto conveniado”, e a questão da prestação de contas, fiscalizada pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. O problema da manutenção do quadro de pessoal também será um tema abordado no Capítulo 2, uma vez que, no início do Programa, cada entidade contratava seu pessoal e isso foi se modificando no decorrer dos anos, por uma série de dificuldades principalmente de ordem financeira, o que refletirá na visão que os professores, por exemplo, têm de sua atuação e do Programa. O segundo item, que se relaciona com este, diz respeito aos problemas de prestação de contas enfrentados pelas entidades e pelo DET, uma vez que estando em consonância com a legislação corrente (LDB e o decreto 2.208/97), a utilização das verbas da educação tanto para a formação profissional

quanto para o PIQ III (referente ao ensino médio) não estariam contemplados. Este problema será retomado no próximo item.

As entidades convidadas à parceria foram, na época, primeiramente o Centro de Educação, Estudos e Pesquisas - CEEP e, em seguida, a Escola Sindical São Paulo da CUT. O CEEP é uma instituição originária da Escola Nova Piratininga, que esteve ativa entre 1979 a 1996, e foi formada por um grupo de trabalhadores militantes da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo e oriundos dos processos de demissão ocorridos nas lutas operárias, no final da década de 1970, e que iniciaram uma experiência de ensino profissionalizante. Através dos desdobramentos positivos e da prática profissional desenvolvida puderam inaugurar, em 1984, o Núcleo de Ensino Profissional Livre - Nova Piratininga, na zona leste de São Paulo. Com o fechamento da Nova Piratininga, em 1996, por problemas financeiros, o mesmo ideário reuniu um grupo de pessoas que optaram por continuar o trabalho pautado na idéia de uma escola de trabalhadores para trabalhadores, que se opunham à idéia de separar o fazer do pensar e que acreditavam em uma formação para a classe trabalhadora que unisse uma sólida educação básica e geral com a formação técnica. O CEEP é herdeiro desta experiência, e em parceria com a REAP - Reconstrução, Educação, Assessoria e Pesquisa, é fundado em 1º de maio de 1998. Mantém uma posição crítica ao modelo social, político e econômico excludente e defende ações de justiça social para a classe trabalhadora. Desenvolve, hoje, ações relacionadas à formação profissional, elevação de escolaridade, economia solidária e formação de formadores. Desde seu início esteve vinculado ao Conselho de Escolas de Trabalhadores, trazendo em seus princípios e ações, as orientações dessa entidade.

A Escola Sindical São Paulo iniciou suas atividades em 1993, como demonstram Bastos e Manfredi (1998), após longo processo de discussão sobre a importância de sua criação, onde estavam envolvidas as Secretarias Nacional e Estadual de Formação da CUT, dirigentes, formadores de sindicatos filiados e equipe de formadores do Instituto Cajamar19. Desde esse período, vem desenvolvendo ações relativas à formação de formadores, e sua política de formação é oriunda da experiência anterior do Instituto Cajamar. Seu objetivo era o de constituir uma rede própria de formação, não dependente de pessoas ou instituições externas, no sentido de criar um quadro próprio envolvido com as reflexões sobre a formação sindical. Segundo informações institucionais, a partir de 1999, além do trabalho de formação

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O Istituto Cajamar foi o primeiro instituto de formação popular de caráter nacional. Foi fundado em 1986 sob a presidência de Paulo Freire e tinha como objetivo responder às demandas de formação das organizações dos moviementos populares, do Partido dos Trabalhadores e da CUT.

sindical passa a atuar também no campo das políticas públicas como elaboradora e executora de programas de educação do trabalhador (EJA e Movimento de Alfabetização), qualificação profissional, formação de conselheiros e economia solidária.

Ocorreram outras parcerias pontuais, como o caso da Confederação Nacional dos Metalúrgicos/CUT que utilizou algumas salas para o projeto Integrar, e o Sindicato dos Químicos do ABC, com o Projeto Alquimia. Estas parcerias ocorreram no período anterior a 2001.

A partir de 2001, as entidades conveniadas assumiram, juntamente com a Prefeitura de Santo André, a execução dos programas de formação profissional. Diferente de como está estruturado hoje, onde cada entidade atua em um único Centro Público, nesse período, as duas entidades atuavam nos três Centros Públicos existentes, onde, de acordo com a existência de demanda, cada entidade era chamada para acompanhar determinada turma ou curso. Os Centros Públicos trabalhavam no sentido de oferecer à população de uma dada região uma pluralidade de cursos, o que se modificou a partir de 2003.

Em 2001 foi instituído o Observatório da Educação e do Trabalho, que tinha como orientação levantar oportunidades de trabalho e corresponder a elas oportunidades de formação, o que seria realizado por meio da sistematização das realidades econômicas regionais e da educação profissional. Nessa perspectiva, propunha-se a organização de um Centro Experimental Público de Educação Profissional, cujos objetivos eram a implantação de cursos experimentais com monitoramento, de novos programas e metodologias, organização de seminários com instituições congêneres, e seminários de capacitação e reelaboração das experiências. A idéia era a de que depois desses experimentos testados, ocorresse um processo de disseminação da experiência. A tarefa seguinte seria a avaliação de egressos, que realimentaria todo o processo.

A necessidade da criação de observatórios que acompanhem o movimento do mercado de trabalho também é um item presente nas reivindicações da CUT. Os observatórios têm origem na década de 1980 na Europa. Basicamente, seu papel seria o de instrumentalizar as políticas públicas e corrigi-las. Consiste em importante instrumento de acompanhamento da realidade, a fim de subsidiar as ações da formação profissional com dados e análises, a fim de que as políticas de educação não fiquem a reboque do que indicam os grupos empresariais em termos de formação e de demandas do mercado de trabalho. Em entrevista com DET3, ele define qual é o papel do Observatório da Educação e do Trabalho hoje, a partir de cinco frentes: a) certificação de alunos: organiza a certificação dos alunos a partir dos resultados do Exame Nacional de Certificação de Competências da Educação de Jovens e Adultos -

ENCCEJA e da Ata de Resultados Finais, entregue pelos Centros Públicos ao final do ano letivo. É de sua responsabilidade o último parecer em relação à certificação dos alunos; b) monitoramento: consiste na organização dos mapas de movimento e dos bancos de consolidação20. O Observatório recebe estes dados e os sistematiza, transformando-os em dados estatísticos de aprovação, retenção, evasão e rendimento dos alunos nas diferentes disciplinas que compõe o Programa; c) planejamento: o Observatório apresenta pareceres relacionados ao contexto sócio-econômico, a fim de contribuir com as decisões e correções de rumo necessárias ao planejamento de uma ação, atividade ou programa; d) captação de recursos: elaboração de projetos que serão encaminhados a instituições de fomentos com o objetivo de trazer recursos para a cidade; e) avaliação dos programas: é a essência do trabalho do Observatório, ação que orientará alterações presentes e futuras dos programas, com vistas à efetividade social, inclusive articulado com o desenvolvimento econômico e com a geração de trabalho e renda para a população. A concepção presente, segundo sua definição, é a de que a educação por si só não gera trabalho ou emprego, mas contribui na evolução social e na organização da sociedade.

Em 2001, iniciou-se também o processo de discussão para que a organização da formação profissional fosse oferecida na forma de itinerários formativos. Junto com essa discussão surge uma outra, que tratava da ampliação da Suplência Profissionalizante, com o objetivo de elevar a escolaridade da população usuária dos Centros integrando esse processo aos itinerários formativos das áreas profissionais propostas. Conforme consta de um documento do DET, intitulado “Projeto de implantação de itinerário formativo”, do ano de 2001, a proposição era a seguinte:

[...] ressaltamos a importância da revisão dos programas de formação profissional realizados, a ampliação de políticas de emprego e geração, com as quais, as iniciativas no campo da formação profissional possam ser sintonizadas. [...] Estes programas devem ser voltados para jovens e adultos de baixa renda e escolaridade residentes no Município, de modo que esta população tenha uma maior participação social, através da elevação da escolaridade e formação profissional que permita a inserção no mercado de trabalho e/ou o desenvolvimento de atividades que gerem renda, direta ou indiretamente e possa, ainda, estimular a consciência crítica acerca dos seus direitos e deveres, bem como do seu papel enquanto cidadão trabalhador. (PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2001)

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Mapa de movimento é um formulário entregue mensalmente pelos Centros Públicos com informações sobre nº de inscritos, matriculados, evasões e seus motivos, entre outras informações de cada turma. O banco de consolidação é um resumo das informações contidas no mapa de movimento, sistematizando um quadro de cada Centro.

Ao se referir aos itinerários formativos, o mesmo documento coloca:

[...] propomos a organização dos processos formativos com um plano de formação continuada através de módulos seqüenciais progressivos e flexíveis, que abarquem vários níveis de conhecimentos: dos básicos e técnicos gerais de uma área, aos profissionais mais específicos, incluindo-se saberes mais abrangentes, novos conhecimentos e conceitos relevantes da atualidade. [...] Os conteúdos profissionalizantes constituídos por módulos valorizarão o estágio de conhecimentos acumulados pelos alunos trabalhadores, respeitando o ritmo e o tempo disponível para o aprendizado [...] permitindo aos alunos trabalhadores a construção de seu próprio itinerário formativo, progredindo em termos de capacitação e obtendo a respectiva certificação, com o reconhecimento formal no processo de inserção e promoção ocupacional. (2001)

A idéia até aqui era a de organizar os cursos em módulos que constituíssem um itinerário em uma respectiva área profissional, de modo que a trajetória modular crescente de conhecimentos fosse acompanhada de uma maior escolaridade do aluno, o qual não teria a sua formação limitada somente aos cursos de qualificação e pudesse retomar o seu processo de escolarização. Dessa forma, para cada módulo que se tornava mais complexo, da formação básica à especialização, aumentava também a exigência de escolaridade como pré-requisito para ingresso. Enquanto essas medidas eram implantadas, o Departamento discutia a possibilidade da ampliação da Suplência Profissionalizante, como forma de garantir ao aluno dos cursos de qualificação, a sua formação geral, integrada à escolaridade.

No ano de 2002, o desenho do programa pautado nos itinerários formativos foi oferecido à população. Se, por um lado, essa organização oferecia aos alunos a possibilidade de escolher uma área profissional em que pudessem ampliar seus conhecimentos, evitando que os alunos passassem por diversos cursos, de diversas áreas, sem conseguir se estabelecer profissionalmente em nenhuma, situação bem comum anteriormente, por outro lado, alguns problemas surgiram. O principal deles era a questão da “vaga garantida”, ou seja, o aluno, ao