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3. O conceito de Transporte a Pedido

3.4. A sustentabilidade de um Serviço de Transportes Flexíveis

3.4.1. A questão social

Os STF são, muitas das vezes, introduzidos para combater a exclusão, por norma, associada à falta de um serviço de Transportes públicos de qualidade, que está associado a uma fraca frequência de viagens, que por sua vez está fortemente ligada à pequena utilização do TP para outros fins que não sejam o acesso a serviços e instalações de saúde, centros de dia, etc. Tal como exemplifica Ambrosino et al., (2003), se um indivíduo tem a possibilidade de se deslocar até à cidade para visitar amigos, ir ao médico, realiza atividades sociais ou apenas para recreação, reunindo-se com outros indivíduos, torna-se mais independente e com menos necessidade de serviço de assistência social ao domicílio.

Segundo Ramazzotti & Lois (2009), existem cinco dimensões-chave que estão associadas à exclusão social, nomeadamente em relação ao consumo, à economia, à produção, às atividades políticas e às atividades sociais. Atualmente, a população idosa e os deficientes constituem uma importante parcela da nossa sociedade, podendo ter a capacidade de viajar facilmente e ter acesso às principais atrações, atividades e equipamentos de uma área. Por outro lado, há o grupo das crianças, que tem de ser considerado na definição de um STF dada a impossibilidade de se moverem sozinhas, sendo necessário garantir o acesso à educação, saúde e lazer, que são fundamentais para o seu desenvolvimento e participação na sociedade, sobretudo quando estas não têm capacidade para utilizar meios de transporte privados. Deste modo, a disponibilidade de serviços de Transportes públicos, em particular em áreas de baixa densidade, é um fator "vital" para garantir o acesso a equipamentos urbanos e serviços a todos os grupos da população. O fornecimento de soluções adaptadas às necessidades de grupos específicos é um complemento muito vantajoso à prestação do serviço de Transporte público convencional. Na Figura 23 é apresentada a dimensão sustentável que um STF acarreta, com ênfase nos benefícios que uma sociedade pode alcançar com a implementação de um serviço que vai de encontro às necessidades dos seus utilizadores.

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Figura 23 – Objetivos económicos, sociais e ambientais são considerados em conjunto (Ramazzotti & Lois, 2009)

Para combater a exclusão social e garantir a coesão social é indispensável desenvolver soluções de Transporte flexíveis, tendo em consideração a ausência de um enquadramento legal claro, para a implementação de um STF, promovendo soluções variadas e criativas, com competências que permitam dar resposta a diversos contextos socioeconómicos. O fator chave no desenvolvimento de um serviço inclusivo de STF em zonas rurais é o reconhecimento dos decisores políticos da importância da consagração dos direitos de todos os residentes terem acesso aos transportes, para que se garanta qualidade de vida a toda a população e sobretudo se possibilite uma maior inclusão social. É importante que este compromisso gerado pela formulação de políticas no setor dos transportes deva ocorrer, de preferência, a nível nacional, não sendo muito influenciados por disparidades inerentes aos locais, tornando a acessibilidade aos transportes mais homogénea (Mulley & Nelson, 2009).

É essencial haver uma redução da diferença dos níveis de oferta de serviços de mobilidade, isto é, ter em conta os limites dos benefícios sociais, atendendo às necessidades dos indivíduos, que por diversas razões, podem não ter acesso ao transporte privado ou ao Transporte público convencional. Para as pessoas que se encontram nesta categoria, as normas de acesso ao Transporte público indicam que certa percentagem de residentes deverá viver a uma

Práticas ambientais a longo prazo Uma melhor qualidade de vida para todos os membros da sociedade Desenvolvimento económico combinado com sistemas de transporte sustentáveis para trazer crescimento económico

sólido Economia Sociedade Ambiente Cidades habitáveis e comunidades

Inclusão social gerando prosperidade

econômica Práticas de negócios

com baixo impacto ambiental

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determinada distância de uma paragem de autocarro. Então, as pessoas que se encontram nestas condições e que não tenham possibilidade de ter acesso ao Transporte público por diversas razões não têm a garantia de acesso que lhes é imputada. Existem iniciativas que combatem esta redução na diferença de acesso a serviços de mobilidade, como sejam a

introdução de autocarros de piso rebaixado, melhor design da rede ou implementação de um

STF (e.g. um DRT).

As circunstâncias que apontam a necessidade de introduzir o STF atendendo às necessidades sociais, envolvem:

 Levantamento de indicadores de qualidade de vida – que definem a satisfação dos moradores com o ambiente global em que se inserem;

 Avaliação da satisfação do cliente - que assinala a satisfação dos utilizadores com os serviços de Transporte público;

 Garantia da igualdade de serviços de Transporte público – indicam a qualidade da oferta através de variáveis, como: a distância média à próxima paragem de autocarro; o tempo médio de viagem para um determinado equipamento coletivo; o preço médio por viagem, etc.;

 O desempenho do serviço de transportes – necessidade de estudos quanto, às solicitações não atendidas pela operadora local de transporte especial, onde são gravadas todas as viagens recusadas, porque é que a viagem foi recusada, a frequência de solicitação de viagem, quando e para onde é que o utilizador pretende viajar e em que datas.

 Identificação de áreas com défice de mobilidade – medidas de identificação de áreas

com baixa concentração de serviços de transportes especiais, reduzida utilização de transportes públicos e reduzido número de veículos privados.

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Na tabela 5 é apresentada uma síntese dos impactos positivos e negativos que estão associados a um STF de DRT, quanto aos impactos sociais.

Tabela 5 – Estrutura de custos em projetos DRT - Impactos sociais (Dias et al., 2011)

Impactos negativos Impactos positivos

Problemas de saúde devido à

poluição e resíduos Inclusão social

Tempo de viagem Melhorar a mobilidade e acessibilidade

Uso de passageiros Chegada mais fácil ao acesso médico

Diversidade de transporte Maior movimento de grupos

Serviços de tráfego -

Congestionamento -

Impactos de colisão -

Perda de cidades culturais devido à

infraestruturas rodoviárias -

Aumentar os custos de serviços

públicos -

Manter o acesso aos recursos -